Coluna Vitor Vogas
Impasse resolvido e terreno livre para novo hospital estadual no ES
Decisão anunciada pelo prefeito Renzo Vasconcelos destrava a execução de um projeto prioritário para a saúde pública de Colatina e de toda a Região Noroeste do Estado
O prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos (PSD), voltou atrás e decidiu: a Prefeitura Municipal doará para o Governo do Estado o terreno comprado e reservado pela gestão anterior para a construção do novo Hospital Estadual Sílvio Avidos. Um post feito pelo prefeito, ao lado do secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann (PSB), põe fim ao impasse que ameaçava retardar a execução de um projeto prioritário para a saúde pública municipal e estadual na Região Noroeste do Estado.
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Referência no atendimento à população de toda a região, o Hospital Estadual Sílvio Avidos foi inaugurado em 1949 pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Com mais de 70 anos de vida, seu prédio, no centro de Colatina, respira por aparelhos. A construção de um novo Sílvio Avidos, em outro ponto da cidade, é um antigo sonho partilhado não só pela comunidade médica, mas pela população da região. O sonho, porém, estava temporariamente suspenso, por conta do impasse relacionado ao terreno no qual o novo hospital será erguido.
Quando o antecessor de Renzo, Guerino Balestrassi (MDB), reassumiu a Prefeitura de Colatina, em 2021, ele e sua equipe fizeram o Plano Estratégico 2021-2040 para a cidade. O carro-chefe do plano é um complexo de equipamentos públicos a serem construídos, em um mesmo grande terreno, adquirido pela prefeitura, na região norte da cidade. Trata-se de uma área de 12 alqueires de terra, ou 600 mil metros quadrados, localizada no bairro Cidade Jardim e outrora pertencente aos herdeiros do senhor José Natal Lemos.
Com a ajuda do Governo do Estado, em 2023, a prefeitura adquiriu e desapropriou o terreno, apelidado de “área do Talim”, o qual passou a pertencer à municipalidade. A aquisição custou R$ 9 milhões aos cofres públicos, divididos em partes iguais por prefeitura e governo. Cada ente entrou com R$ 4,5 milhões.
Nesse grande terreno, a gestão de Guerino planejou construir uma série de equipamentos públicos: um novo estádio municipal, uma nova escola, quartel da PMES, quartel dos Bombeiros, um estacionamento para 1 mil veículos, a nova sede do Serviço de Verificação de Óbito (SVO)… e o novo prédio do Sílvio Avidos.
Além disso, o projeto do novo hospital deixado pela gestão anterior atende a uma estratégia maior de desenvolvimento e planejamento urbano, com três objetivos principais: desafogar o centro de Colatina, melhorar a mobilidade urbana e gerar dinamismo econômico para a região norte do município, criando uma nova fronteira de expansão da cidade.
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O complexo de equipamentos projetado para esse terreno está ligado a outro projeto legado pela administração passada: o da construção de uma nova ponte sobre o Rio Doce, justamente naquela região. O novo ramal, se construído, sairá na altura projetada para o novo hospital. É a chamada Terceira Ponte.
Pelo acordo verbal de Guerino com o governo Casagrande, a área deveria ser doada pelo município ao Governo do Estado, para que este possa dar início à construção do novo hospital, moderno e expandido. Para tanto, nos últimos dias de sua administração, no fim de dezembro, Guerino enviou para a Câmara de Colatina o projeto que autoriza a doação do terreno para o Estado (somente a parte reservada para a obra do hospital).
Já sob a influência do prefeito eleito, a Câmara Municipal não votou o projeto e o deixou engavetado desde então.
Inicialmente, a gestão de Renzo não mostrava interesse em concretizar a doação. Avaliava que aquele não seria o melhor local para a edificação do novo Sílvio Avidos. E chegou a sugerir ao Governo do Estado um terreno alternativo, pertencente à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – não disponível para a transação. No dia 4 de abril, publicamos a história aqui. Perguntamos à Prefeitura de Colatina por que a gestão de Renzo não concordava com a construção do Sílvio Avidos no terreno previsto pela administração anterior. O prefeito, então, preferiu não se manifestar sobre o assunto.
O imbróglio colocou o deputado federal Paulo Folletto (PSB), o mais experiente representante do interior capixaba em Brasília, em rota de colisão com o prefeito. No dia 2 de abril, da tribuna da Câmara dos Deputados, o parlamentar colatinense fez uma cobrança duríssima a Renzo, dirigindo-se ao prefeito:
“Precisamos resolver o problema do Hospital Sílvio Avidos, prefeito Renzo. Está na hora de liberar o terreno que está em posse da prefeitura e que ia ser liberado no fim do ano, para que possamos dar andamento na questão. O novo Hospital Sílvio Avidos não vai atrapalhar o Hospital São José! Eu não vou parar de botar emenda!”, discursou Folletto, em referência ao hospital filantrópico que pertence à família do prefeito.
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Na semana passada, a convite de Renzo, Tyago Hoffmann reuniu-se com Renzo em Colatina. Em uma postagem, na qual os dois estudam a planta do enorme terreno em Cidade Jardim (foto acima), o prefeito declarou que a Prefeitura vai doar a área, conforme o projeto original, e que “o novo Sílvio Avidos vai, finalmente, sair do papel e se tornar realidade”.
“Após um amplo e necessário diálogo, chegamos ao consenso: o novo hospital é uma necessidade urgente não só para Colatina, mas para todo o nosso estado. Ele vai transformar o atendimento à saúde, trazendo mais dignidade, humanização e agilidade para quem mais precisa”, postou o prefeito, que também agradeceu ao governador Renato Casagrande (PSB).
Questionada pela coluna sobre o motivo de ter voltado atrás, a Prefeitura de Colatina, por meio da assessoria de imprensa, enviou uma nota que relaciona a decisão aos acessos previstos para o novo hospital:
“A atual gestão buscou ampliar o diálogo com o Governo do Estado para viabilizar, principalmente, a infraestrutura de acessos ao novo hospital. No projeto original, esses acessos estavam previstos à construção da Terceira Ponte, o que poderia impactar diretamente o prazo de entrega e o funcionamento eficiente da nova unidade hospitalar”.
Segundo a Prefeitura de Colatina, o projeto de lei prevendo a doação do terreno ao Governo do Estado está em fase final de elaboração e será mandado à Câmara Municipal nos próximos dias.
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