Coluna Vitor Vogas
Maguinha Malta perde emprego com a suspensão de Gilvan da Federal
E mais: pai de Armandinho Fontoura também estava lotado no gabinete de Gilvan e também foi exonerado pela direção da Câmara dos Deputados

Gilvan da Federal e Maguinha Malta. Foto: PL-ES
A decisão do Conselho de Ética da Câmara Federal de suspender por três meses o mandato do deputado Gilvan da Federal (PL) gerou um contratempo para uma nova personagem política no campo da direita bolsonarista capixaba: a publicitária Magda Santos Malta, 40 anos, filha do senador Magno Malta, recém-lançada por ele como pré-candidata do Partido Liberal (PL) ao Senado pelo Espírito Santo em 2026. Temporariamente, ela perdeu o emprego e, com este, o salário que recebia da Câmara dos Deputados.
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Desde o começo do atual mandato de Gilvan, em 2023, Maguinha, como é mais conhecida, estava lotada como assessora comissionada no gabinete de representação parlamentar do deputado e aliado de Magno Malta, por sua vez presidente do PL no Espírito Santo. Como secretária parlamentar de Gilvan, ela faz jus a um salário bruto de R$ 8.231,54 por mês, mais R$ 1.494,40 a título de auxílio.
No entanto, em consequência da decisão que suspendeu o mandato do deputado por um trimestre, Maguinha foi exonerada do cargo, assim como todos os 22 assessores até então lotados no gabinete de Gilvan, em Brasília ou no Espírito Santo.
Portanto, até princípios de agosto, Maguinha e os demais terão de passar sem essa fonte de renda. A decisão de suspender Gilvan por quebra de decoro parlamentar teve efeito imediato. Tomada pelo Conselho de Ética no dia 6 de maio, foi recebida e publicada no mesmo dia, pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em edição extraordinária do Diário Oficial da Câmara dos Deputados. Desde então, a medida já está valendo e o prazo de 90 dias, contando.
Durante o período de afastamento forçado, Gilvan será um cidadão comum. Não receberá o salário bruto mensal de R$ 46.366,19 de um deputado federal – cerca de R$ 139 mil, em três meses – nem poderá exercer suas prerrogativas parlamentares.
Tampouco receberá a cota de gabinete para custeio de despesas relacionadas ao mandato, como passagens aéreas e conta de celular (R$ 43.217,71 por mês para deputados do Espírito Santo), nem a verba de gabinete de R$ 133.170,54 por mês a que cada deputado tem direito para pagar salários de até 25 assessores em Brasília ou nos respectivos estados. Tais assessores, tecnicamente denominados “secretários parlamentares”, são contratados diretamente pelos deputados, com salários de R$ 1.548,10 a R$ 18.719,88 pagos pela Câmara – logo, pelo cidadão brasileiro – por meio dessa verba.
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Pois bem: como Gilvan perdeu automaticamente o direito à verba de gabinete para pagar seus assessores, a consequência natural foi a exoneração imediata de todos eles pela direção da Câmara. De fato, os atos de exoneração dos 22, incluindo Maguinha Malta, foram publicados na última segunda-feira (12), em suplemento ao Boletim Informativo nº 86 da Câmara dos Deputados. As portarias foram assinadas pelo diretor de Coordenação de Secretariado Parlamentar, Carlos Augusto Lima de Azevêdo. Todas têm efeito retroativo ao dia 6 de maio, data da suspensão de Gilvan.
Pai de Armandinho também na barca
Mas Maguinha não foi a única “parente de político famoso do PL-ES” que perdeu o emprego, ao menos temporariamente. O senhor Armando Fontoura Borges foi levado na mesma barca. Ele é pai do vereador de Vitória Armandinho Fontoura, um dos principais aliados de Gilvan, desde princípios de 2024, no cenário político local. Desde o dia 28 de março deste ano, Armando Fontoura, o pai, também estava vinculado ao gabinete de Gilvan.
Só deu tempo para receber um holerite cheio. No mês de abril, ele recebeu da Câmara a remuneração líquida de R$ 3.945,75 (após os descontos obrigatórios), além de um auxílio no valor de R$ 1.595,73.
Na última quarta-feira (7), “em protesto” contra a suspensão de Gilvan, o vereador Armandinho solicitou ao presidente da Câmara de Vitória, Anderson Goggi (PP), por ofício, a troca do seu nome no painel de votações do plenário para “Armandinho da Federal”. Na última segunda-feira (12), no Diário Oficial do Poder Legislativo, Goggi autorizou a mudança do nome parlamentar no painel eletrônico e em documentos oficiais da Câmara.
A “alteração vigorará até ulterior comunicação do parlamentar”, ou seja, até o vereador pedir para voltar a usar o nome antigo: Armandinho Fontoura. O bolsonarista informou que manterá “Armandinho da Federal” enquanto perdurar a suspensão de Gilvan – portanto, até o início do mês de agosto.
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Contexto
Gilvan da Federal foi suspenso por três meses, pelo placar de 15 votos a 4, em votação realizada no dia 6 de maio, a partir de uma representação por quebra de decoro parlamentar formulada contra ele ao Conselho de Ética pela própria Mesa Diretora da Câmara. A denúncia foi assinada pelo presidente Hugo Motta e por outros quatro membros da Mesa.
Eles alegaram que o deputado do Espírito Santo apresentou conduta incompatível com o decoro esperado de um representante do povo, no exercício do mandato, ao se referir à ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), pelos termos “amante” e “prostituta do caramba”.
Gilvan proferiu tais palavras durante audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Na mesma reunião, ele bateu boca com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), companheiro de Gleisi, e quase chegou às vias de fato com ele.
A nota oficial da Câmara dos Deputados
Eis a nota oficial da assessoria da Câmara, enviada à coluna, a partir de nossos questionamentos sobre o caso concreto.
O documento que estabelece a data de suspensão do deputado foi publicado no Diário da Câmara dos Deputados no dia 06/05/25.
Durante a suspensão do mandato parlamentar, o deputado Gilvan da Federal não receberá subsídio, não poderá solicitar reembolso pela Cota para o Exercício do Mandato Parlamentar de gastos realizados nesse período, nem poderá utilizar a verba de gabinete para pagamento de secretários parlamentares. Todos os funcionários do gabinete (secretários parlamentares) serão exonerados.
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