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Coluna Vitor Vogas

Arnaldinho: trabalha, corre e confia… que pode vir para governador

Se Casagrande decidir que seu candidato será mesmo Ricardo, Arnaldinho, será o maior apoiador do vice-governador. Do contrário…

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Na categoria “jovens líderes políticos”, dois prefeitos da Grande Vitória saíram muito fortalecidos das eleições municipais do ano passado: o de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e o de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (agora sem partido).

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Bem avaliado em pesquisas no ano eleitoral, o delegado licenciado prevaleceu, no 1º turno, sobre dois candidatos apoiados pelo governador Renato Casagrande (PSB), num pleito em que, de fato, houve disputa. Já Arnaldinho, em Vila Velha, estava ainda melhor avaliado, segundo os mesmos institutos, sobrou no processo eleitoral e atingiu a marca impressionante de quase 80% dos votos válidos, numa cidade conhecida até então como “cemitério de prefeitos”. Foi, no Espírito Santo, o recordista de votos, em números absolutos.

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Desde o dia 6 de outubro, quando as urnas foram abertas, já se sabia: os dois saíram do pleito municipal automaticamente guindados à condição de potenciais aspirantes muito fortes ao lugar de Renato Casagrande (PSB) na cadeira de governador na eleição seguinte, em 2026. Não somente pela ótima performance eleitoral nos respectivos redutos, mas pelo fator “juventude” e “renovação política”, num pleito que – se Paulo Hartung não se animar – sabemos de antemão que marcará o fim de um ciclo de 24 anos com os mesmos dois governadores, hoje sessentões, revezando-se no poder.

Se a busca por renovação for um fator realmente preponderante na próxima eleição estadual, se o eleitorado capixaba de fato priorizar esse critério após um quarto de século assistindo (e endossando) a alternância de Hartung com Casagrande, tanto Pazolini como Arnaldinho se credenciam como opções potencialmente muito competitivas.

Mas há uma diferença fundamental.

Enquanto Pazolini é tomado, hoje, como opositor e principal “ameaça” ao projeto de continuidade do grupo de Casagrande no poder, Arnaldinho é um dos maiores e mais estratégicos aliados do governador no tabuleiro geopolítico do Espírito Santo – seguramente, está no top 3. Pazolini, se for mesmo candidato, o será em oposição ao grupo de Casagrande. Arnaldinho, se o for, será pelo grupo de Casagrande, representando a situação e tendo no próprio governador seu principal cabo eleitoral.

Se isso se concretizar, teremos uma disputa assaz interessante, não só pela proximidade etária, como, por assim dizer, geográfica. Separados por um ano de idade, Arnaldinho (41) e Pazolini (42) são hoje, no Espírito Santo, expoentes de uma mesma geração de jovens políticos ascendentes situados do centro para a direita. Geograficamente, bem, seria um confronto direto – inédito, aliás, desde a redemocratização do país –, entre o prefeito de Vitória e o de Vila Velha pela “promoção” a governador do Estado.

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Malgrado as diferenças de estilo e, sobretudo, de posição no jogo, Pazolini e Arnaldinho também guardam algumas semelhanças quando se trata de hábitos e das estratégias usadas para inflarem a própria popularidade no campo que, possivelmente, mais importa hoje em dia para quem quer se manter em evidência: as redes sociais.

Com presença intensa (para não dizer asfixiante) no Instagram, os dois ostentam números altos, e bastante parecidos, em matéria de engajamento e interações. Transformam tudo em post. Acumulam likes e comentários – incluindo muita gente dos respectivos fã-clubes orgânicos a chamá-los afetuosamente de “meu prefeito” e já a celebrá-los, profeticamente, como “meu governador”, ou “futuro governador”.

Os homens dispararam

Outro ponto em comum: enquanto Pazolini é delegado licenciado da Polícia Civil, Arnaldinho é tenente da reserva do Exército brasileiro. Os dois, presume-se, sabem disparar armas de fogo. Mas não é só em stands de tiro que “disparam”. Ambos também são adeptos de práticas esportivas – especificamente, são corredores amadores.

Pazolini gosta muito de correr e de fazer musculação.

Já Arnaldinho, como não nega seu Insta, é uma espécie de atleta amador poliesportivo. Seu feed é de tirar o fôlego. Você fica cansado só de ver. O prefeito corre, nada, pedala, rema, chuta, arremessa, atira… (se bobear, também escala, sai voando e dá duplo twist carpado).

Na modalidade “corrida de rua”, a paixão de Arnaldinho se encontrou com um dos hobbies preferidos do seu maior aliado. Casagrande está despejando recursos em Vila Velha desde que ele tomou posse, portanto, em grande parte, é corresponsável pelo sucesso de sua administração municipal. Por acaso, o chefe do Executivo Estadual é um notório praticante da “corridinha de fim de semana”.

Numa boa sacada de marketing político, para ampliar as respectivas popularidades (nas ruas e nas redes sociais) e reforçar a parceria entre eles no imaginário coletivo, governador e prefeito passaram a praticar corrida juntos.

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Quando há qualquer evento oficial do Governo do Estado em Vitória, Pazolini, entre aspas, corre para o lado oposto. Enquanto isso, do outro lado da ponte, Arnaldinho e Casagrande estão até criando eventos esportivos para, literalmente, correrem lado a lado.

Foi assim no “Treinão do Casão”, da Casa do Governador à nova Ponte da Madalena, no dia 15 de fevereiro. Assim também está previsto para este domingo (6), num trajeto de sete quilômetros, da Praça do Ciclista à Casa do Governador. É a primeira edição da corrida “Trabalha, Corre e Confia”, promovida pelo governo e pela Prefeitura de Vila Velha.

No site da Secretaria de Cultura, lemos: “Mais que uma referência ao lema do Estado, o nome do evento é um chamado à ação: trabalhar pelo futuro, confiar no presente e correr, literalmente, por um propósito que une tradição e inovação”.

No caso de Arnaldinho, podemos dar ao mesmo “lema” outra interpretação, de cunho mais político e eleitoral:

1. Discreta e respeitosamente, sem atropelar outros corredores, com favoritismo e maior tradição (Casagrande e Ricardo Ferraço), o prefeito de Vila Velha começa a trabalhar de verdade para se viabilizar como possível candidato do governador à sucessão.

2. Ele começa a trabalhar nesse sentido por confiar, de verdade, que tem tudo para ser uma alternativa ao nome do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), caso este não vingue, como o candidato de Casagrande e do mesmo grupo ao Governo do Estado.

3. Arnaldinho entrou, sim, nessa corrida, e não pode ser subestimado. Está correndo por fora, numa raia bem aberta, mas está correndo. Correndo sem pressa alguma. Sabe que Ricardo tem a preferência, na vontade e na estratégia traçada por Casagrande, e respeita isso. Mas, se o vice-governador se mostrar um “coelho” – corredor que larga na frente para puxar o ritmo do pelotão, mas deixa a prova na metade –, aí ele poderá assumir a ponta no ano que vem… e dar o sprint na linha de chegada para vencer a corrida interna pelo posto de “candidato do governador”.

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Se não der certo para ele já nesse pleito de 2026, Arnaldinho também não tem pressa. Ainda jovem, poderá seguir correndo pelos quatro anos seguintes (dois deles ainda como prefeito, até o fim de 2028).

Se Ricardo se candidatar e vencer a eleição em 2026 (já sentado na cadeira de governador), a fila andará mais rápido em 2030. Sem poder dar outra volta na pista, Ricardo terá de passar o bastão para outro aliado. Arnaldinho poderá ser seu sucessor.

Por outro lado, se Casagrande fizer uma aposta frustrada e Pazolini (ou outro opositor) chegar ao Palácio Anchieta em 2026, a corrida para Arnaldinho passará a ser outra: mais longa, ou, no mínimo, com um percurso bem mais difícil até 2030. Ele e o grupo de Casagrande precisarão rever a estratégia de prova nos anos seguintes. Se a oposição chegar ao Palácio Anchieta, será difícil retirá-la do poder, a menos que o governo de 2027 a 2030 seja muito ruim.

Também por isso, Arnaldinho, no momento, faz a sua parte (“trabalha e corre”), enquanto acredita em suas chances: “confia”.

Como, exatamente? É o que veremos amanhã, na continuação desta coluna.

Errei de propósito”: um episódio de Arnaldinho que diz muito

Certa vez, Arnaldinho postou um vídeo em que ele mesmo jogava frescobol (como eu disse, o cara é “poliesportista”) com o próprio Casagrande, durante algum evento oficial em Vila Velha. O ano era 2022 ou 2023. Dias depois, em outro evento, no Palácio Anchieta, entreouvi o próprio prefeito comentando com alguém sobre o bate-bola e sugerindo risonhamente que, para encerrar a “exibição”, havia errado uma rebatida de propósito: “Ele é o chefe, pô! Você acha que eu realmente ia deixar ele ‘perder’?!? Quem tem juízo obedece!”.

Guardei esse fragmento de diálogo na memória e o compartilho agora por entender que diz muito a respeito da resolução de Arnaldo Borgo Filho para a eleição ao Governo do Espírito Santo em 2026.

Correndo politicamente ombro a ombro com Casagrande (por conseguinte, com Ricardo), ele será disciplinado. Não pretende ultrapassar, muito menos atropelar nenhum dos dois. Tem a “passada mais larga”, própria da juventude? Não importa. O prefeito respeitará o ritmo de Casagrande, bem como suas determinações.

Se o governador definir que seu candidato será mesmo Ricardo, Arnaldinho, hoje, está determinado a ser o maior apoiador do vice-governador, em Vila Velha e onde for preciso.

Se não, ele vai acelerar.

Bancando o “crítico teatral”

Escrevi acima que Pazolini e Arnaldinho “transformam tudo em post”. Nesse aspecto, quero deixar aqui registrada uma opinião pessoal. Muito pessoal. Questão de gosto, vá lá.

Acho, só acho, que Pazolini e sua vice, Cris Samorini (PP), estão exagerando um pouco, desde o início do ano, na “teatralização” dos vídeos postados (sobre tudo), com roteiros preparados pela assessoria e falas decoradas por ambos para criar situações aparentemente “diferentes”, inusitadas, protagonizadas pelos dois.

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Não dá para dizer de outra maneira: basicamente, não são bons atores. Não têm treinamento para isso.

A meu ver, fica artificial, flertando com o caricato.

Mas, a julgar pelas muitas curtidas e comentários positivos, alguns deles entusiasmados, em cada um dos referidos posts, esse tipo de encenação agrada ao público. Por evidente, para quem está no lugar deles, isso é o que realmente importa.

Não sou diretor de teatro nem aqui tenho a pretensão de me arvorar em marqueteiro. Então admito: ¿qué sé yo?

Ou, como se diz na língua dos ancestrais de Pazolini, Samorini (e de Borgo): che ne so?

O que sei, afinal?

No máximo, fiz um semestre do curso de iniciação teatral na Fafi, em 2006.

Fica a dica, aliás.

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Wanderson Bueno: “primo pobre”

Para fazer justiça, remontando ao primeiro parágrafo deste texto, outro prefeito da Grande Vitória que saiu muito fortalecido das últimas eleições municipais, na categoria “jovens líderes políticos”, foi o de Viana, Wanderson Bueno (Podemos). Na verdade, dependendo do recorte, foi ele o maior destaque, superando até Pazolini e Arnaldinho. Com mais de 90%, foi o campeão em percentual de votos válidos no Espírito Santo.

Isso naturalmente o credencia para, findo o segundo governo dele, em 2028, pleitear algo maior em sua trajetória política – talvez seguindo os passos de seu mentor, Gilson Daniel (Podemos), que, após dois mandatos bem avaliados na mesma Viana, chegou à Câmara dos Deputados em 2022.

Mas, já para a eleição do ano que vem, aspirações maiores ficam muito difíceis para Wanderson Bueno, limitadas que são pela pequena dimensão de Viana e da população do município, inferior a 100 mil habitantes.

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