Coluna Vitor Vogas
Ramalho se desfilia do PL para ser secretário de Pazolini em Vitória
Ex-secretário estadual de Segurança de fato entrará na equipe do prefeito da Capital, mas não levará o PL junto. Palavra de Magno Malta foi decisiva

Ramalho discursa em seu lançamento para prefeito de Vila Velha (junho de 2024). Foto: PL-ES
O Coronel Alexandre Ramalho decidiu sair do Partido Liberal (PL) para ser secretário de Meio Ambiente de Vitória, na administração do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Como informado aqui, na última quarta-feira (26), o ex-secretário estadual de Segurança recebeu e aceitou o convite de Pazolini para assumir a pasta na Capital. Por respeito à hierarquia partidária, ele levou sua decisão ao presidente estadual do PL, o senador Magno Malta. Comunicou-a a Magno na noite de quinta-feira (27), por telefone.
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Magno respondeu a Ramalho que, neste momento, prefere que o PL não faça parte da gestão de Pazolini em Vitória. “No entendimento dele, o PL não estará em um governo municipal neste momento, então ele não gostaria de ter um filiado assumindo uma secretaria porque isso daria uma conotação de que o PL já está em determinado projeto. É Magno que está fazendo essas tratativas partidárias, que fogem à minha alçada”, explica o coronel.
O convite de Pazolini foi feito “ao CPF de Ramalho”, pessoa física (como diz o coronel), e não à direção do PL, nem foi feito para preencher alguma “cota partidária”. Porém, como analisamos aqui na última quarta-feira, a chegada de um quadro do PL ao secretariado de Vitória, ainda mais alguém muito conhecido como Ramalho, significaria, também, a entrada oficial do partido de Magno Malta na administração municipal. Não haveria como desvincular as duas coisas.

Da esquerda para a direita: Alexandre Ramalho, Lorenzo Pazolini e Erick Musso. Foto: reprodução Instagram
De fevereiro para cá, realinhando estratégia e discurso, Magno tem defendido publicamente a união de forças da direita conservadora para a formação de uma grande aliança nas eleições estaduais do ano que vem para o Governo do Estado e o Senado. Em fevereiro, o senador se reuniu com Erick Musso, presidente estadual do Republicanos, secretário de Governo de Vitória e articulador político de Pazolini. Os dois reabriram o diálogo político, interditado desde o pleito municipal de 2024.
A reaproximação entre PL e Republicanos é real, mas ainda é incipiente (baby steps). Magno preferiu não dar esse passo agora. O ingresso de Ramalho na gestão Pazolini, com ele filiado ao PL, poderia ser interpretado não só como apoio do partido ao governo do delegado em Vitória, mas também como apoio antecipado à pré-candidatura de Pazolini a governador do Espírito Santo em 2026. Magno não deseja isso agora. Por isso, respondeu a Ramalho que o PL não estará na gestão de ninguém neste momento.
Prevaleceu, então, o desejo pessoal de Ramalho. Com a decisão já tomada, ele resolveu seguir em frente e manter o sim a Pazolini. Para isso, então, decidiu sair do PL. Foi a forma encontrada por ele de fazer valer a sua vontade sem desrespeitar a hierarquia partidária e a posição de Magno Malta.
Em conclusão, Ramalho agora entra na administração de Pazolini em Vitória (e, de certo modo, no grupo político do prefeito). O PL, não. O “time Pazolini” ganha Ramalho, mas não leva o PL junto – ao menos, não agora.
“Por respeito à hierarquia, eu não vou assumir uma secretaria sendo que o partido não quer que um filiado do partido assuma. Por essa questão, a partir da decisão do Magno, entendo que a melhor decisão para mim neste momento é me desfiliar do PL. É uma decisão pessoal minha, pois entendo que é importante eu voltar a trabalhar e contribuir com o prefeito na Capital. Falou mais alto meu desejo pessoal de contribuir. É o CPF do Ramalho que vai para a Prefeitura de Vitória”, explica o Coronel.
Ramalho entrou no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a ficha abonada pelo próprio, em março do ano passado, após entregar o cargo de comando da Sesp ao governador Renato Casagrande (PSB) e se desfiliar do Podemos, para ser candidato a prefeito de Vila Velha. Em outubro passado, teve 17,2% dos votos válidos (42.096 no total) nas urnas do município. Ficou no PL por pouco mais de um ano.

Ramalho e Jair Bolsonaro (14/08/2024). Foto: Assessoria de Ramalho
Ele agradeceu a Magno Malta pela oportunidade: “Sou muito grato ao senador por ter acreditado em mim. Ele honrou todos os compromissos que assumiu comigo”.

Da esquerda para a direita: Sargento Fahur, Ramalho, Eduardo Bolsonaro e Gilvan da Federal. Foto: PL-ES
Ramalho cogita ser candidato a deputado estadual ou a deputado federal em 2026, por algum partido de direita. Para isso, deverá se filiar a uma sigla até abril do ano que vem. Ele ainda não tem definição quanto a filiação e candidatura. Se for mesmo candidato, terá de entregar o cargo na Prefeitura de Vitória, ficando por pouco mais de um ano à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A nomeação será publicada no Diário Oficial de Vitória na próxima segunda-feira (31). Ramalho substituirá o secretário Tarcísio Föeger, geógrafo e servidor de carreira da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
