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Coluna Vitor Vogas

A volta do MDB? Partido de Ricardo está montando um chapão de ex-prefeitos e da velha guarda

Com o objetivo de ajudar Ricardo na eleição ao governo e voltar a fazer uma bancada na Assembleia, movimento tem sido impulsionado por Guerino Balestrassi e Luciano Pingo. Saiba aqui quem está cotado para ingressar nessa chapa

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Da esquerda para a direita: Solange Lube, Luciano Pingo, Guerino Balestrassi e Sérgio Borges.

Da esquerda para a direita: Solange Lube, Luciano Pingo, Guerino Balestrassi e Sérgio Borges.

O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) já viveu dias mais gloriosos no Espírito Santo. Em 2022, não elegeu nenhum deputado estadual. Para a Câmara dos Deputados, nem teve chapa. Pela primeira vez na história, o partido de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães ficou sem representante na bancada do Espírito Santo no Congresso. Em 2023, após um impasse entre Rose de Freitas e Lelo Coimbra, o vice-governador Ricardo Ferraço assumiu a presidência estadual, por designação da Executiva Nacional. Desde então, está à frente de um órgão provisório, continuamente renovado, com a missão de reerguer o partido nesta sesmaria. Isso passa diretamente por 2026.

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Nos bastidores, está em curso um movimento visando à montagem de uma chapa competitiva de candidatos a deputado estadual pelo MDB no ano que vem. O objetivo é reunir, na mesma chapa, uma série de políticos conhecidos pelo eleitorado capixaba – especialmente, ex-prefeitos –, ainda influentes nas respectivas regiões, aliançados com o governo de Renato Casagrande (PSB) e comprometidos com a campanha de Ricardo para governador.

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À frente dessa construção estão três players: o ex-prefeito de Colatina e atual secretário estadual de Recuperação do Rio Doce, Guerino Balestrassi; o ex-prefeito de Ibatiba e ex-presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), Luciano Pingo; e Renato Borges Serrano, primo e braço-direito do ex-deputado estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES), Sérgio Borges.

Investigador da Polícia Civil e atual vice-presidente do MDB de Vitória, Renato, primo de Sérgio Borges, está inclusive lotado na Vice-Governadoria, colaborando diretamente com Ricardo. É a prova de que essa articulação tem um pé no gabinete do próprio vice-governador. Mas o movimento, reitere-se, também tem sido conduzido por dois ex-prefeitos, ambos emedebistas, um do sul, lá do Caparaó (Luciano Pingo) e outro da região noroeste (Guerino).

Outros ex-prefeitos cotados para a chapa são Gatinha (MDB), de Santa Maria de Jetibá, Solange Lube (MDB), de Viana, Fabrício Petri (PSB), de Anchieta, e André Fagundes (Podemos), de Nova Venécia. Os dois últimos estão no governo desde o início do ano: Petri é assessor especial da Casa Civil, enquanto Fagundes é o diretor-geral do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus.

Os arquitetos do projeto também apostam na secretária de Gestão Estratégica de Aracruz, Geesala Coutinho Coelho, membro da atual Executiva Estadual Provisória do MDB. Embora seja uma novidade nas urnas, ela é muito conhecida pelos moradores de Aracruz e municípios vizinhos, pois é filha do prefeito Doutor Coutinho (PP) e exerce grande influência (ou ascendência mesmo) na administração do pai.

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O próprio Sérgio Borges, hoje presidente do MDB em Vitória, quer tentar voltar à Assembleia por essa mesma chapa. “Há esse caminho no MDB. A princípio, estou colocando meu nome. Temos de ver se vai sair a federação [com o Republicanos]… Mas, a princípio, estou nessa parada. E é por isso que já estou visitando os amigos.”

O esboço da chapa

Alguns nomes citados por Guerino e Pingo que ou já estão inseridos ou têm boas chances de entrar na chapa do MDB para a Assembleia:

JÁ FILIADOS AO MDB

  • Guerino Balestrassi (MDB), ex-prefeito de Colatina
  • Luciano Pingo (MDB), ex-prefeito de Ibatiba
  • Sérgio Borges (MDB), ex-deputado estadual e ex-conselheiro do TCES
  • Gatinha (MDB), ex-prefeito de Santa Maria de Jetibá
  • Solange Lube (MDB), ex-prefeita de Viana
  • Jeesala Coutinho Coelho (MDB), secretária de Gestão Estratégica de Aracruz
  • Fábio Dias (MDB), vice-prefeito de Viana
  • Gracimeri Gaviorno (MDB), vice-prefeita da Serra

NÃO FILIADOS HOJE AO MDB

  • Fabrício Petri (PSB), ex-prefeito de Anchieta
  • André Fagundes (Podemos), ex-prefeito de Nova Venécia

Pode estar em nascimento, assim, um “chapão de ex-prefeitos” no MDB. Na coordenação do projeto, Guerino e Pingo acreditam que, se essa chapa se concretizar, com esses nomes, eles terão condições de eleger de três a quatro deputados estaduais em 2026.

“Estamos montando um grupo de ex-prefeitos. Quem já foi prefeito tem mais experiência executiva e já sofreu na pele. Vamos tentar botar alguns no Legislativo Estadual para ajudar nesse debate. Acredito que estejamos num grupo bom”, diz o atual secretário estadual de Recuperação do Rio Doce.

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A importância para Ricardo

Para o próprio Ricardo Ferraço, também é importante o lançamento de uma chapa forte para a Assembleia Legislativa, não só para reerguer politicamente o partido que ele mesmo comanda no Espírito Santo – hoje sem mandato parlamentar em nível estadual –, mas também pensando em fortalecer sua própria pré-candidatura a governador.

Os candidatos dessa chapa, naturalmente, pedirão votos para si mesmos e para ele na majoritária, com material casado, inserções no horário eleitoral etc. Conhecidos nos respectivos redutos, poderão atuar como cabos eleitorais, encorpando o palanque de Ricardo de Ibatiba a Nova Venécia. Somando as forças de cada um, a chapa, se concretizada, terá ramificações por todo o Espírito Santo. Isso é importante para qualquer candidato a governador. E a senador também, no caso de Casagrande. Assim diz Luciano Pingo:

“O MDB é o partido de Ricardo, que é o nosso candidato a governador. O trabalho do nosso partido é buscar fortalecer a chapa majoritária, focada na candidatura de Ricardo a governador e na de Casagrande a senador. Para isso, precisamos fazer uma boa chapa tanto na eleição de deputados federais como na eleição de deputados estaduais, respeitando, é claro, os partidos parceiros que fazem parte do amplo arco de alianças do governo. Nosso projeto é eleger de três a quatro estaduais. Com isso, após a eleição de Ricardo, também teremos na Assembleia uma bancada que o ajudará a conduzir o governo”, afirma Pingo, presidente estadual da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), órgão de formação política do MDB.

Petri: “Conversa embrionária”

Como visto na lista acima, os coordenadores do movimento estão buscando atrair, para a chapa do MDB, até ex-prefeitos que hoje estão filiados a outros partidos da base ferragrandista, como o PSB de Casagrande e o Podemos. Os dirigentes estaduais de ambos apoiam a pré-candidatura de Ricardo.

Mas Fabrício Petri, por exemplo, adota discurso mais cauteloso – justamente por não estar no MDB. Ele confirma já ter conversado com Guerino e Pingo sobre a ideia, mas diz que esta está em fase embrionária.

“Nosso foco é o projeto do governo, tanto com Renato quanto com Ricardo. Estamos no projeto do Palácio Anchieta. Já conversei com Guerino e Pingo, mas a conversa ainda é embrionária. Ainda não há nada concreto. Esta é a hora em que todo mundo conversa. A gente tem que entender. Todos os aliados que são pretendentes a deputado vão procurar a melhor acomodação partidária, num entendimento com o governo. As conversas vão continuar, em sintonia com o Palácio Anchieta”, afirma Petri, prefeito por dois mandatos da cidade do litoral sul, de 2017 a 2024, e, desde o início do ano, exercendo cargo de assessoria na Casa Civil do Governo do Estado.

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“É um movimento de ida e vinda. Assim como o PSB pode receber candidatos, candidatos do PSB podem ir para outros partidos da base. Tudo ainda está no campo das conversas”, pondera o ex-prefeito.

Encontro do MDB em setembro

Luciano Pingo informa que está previsto, para o dia 11 de setembro, um grande evento da Fundação Ulysses Guimarães em Vitória, intitulado “O Brasil precisa pensar o Brasil”. Serão convidados alguns líderes nacionais do MDB, incluindo o presidente nacional, Baleia Rossi, deputado federal por São Paulo.

Pingo atualmente ocupa cargo na Assembleia Legislativa: é subdiretor de Participação Cidadã da Casa dos Municípios. Ele tem vínculo partidário muito forte com o MDB. Foi presidente estadual da Juventude do MDB e vice-presidente nacional do mesmo segmento. Pelo partido, exerceu um mandato de vereador de Ibatiba, de 2013 a 2016. Em 2016, elegeu-se prefeito da cidade, também pelo MDB. Em 2020, reelegeu-se pelo Republicanos. Mas a passagem pela outra sigla foi curta. Antes do fim do mandato, ele voltou para o MDB.

Presidente do Incaper para federal

Outro ex-prefeito filiado ao MDB também quer ser candidato, mas a deputado federal. Alessandro Broedel planeja se candidatar a um lugar na Câmara, como ele mesmo informa à coluna. Prefeito de Sooretama por dois mandatos, de 2017 a 2024, ele é outro que foi incorporado ao governo Casagrande no começo do ano, mas num cargo de destaque: é o atual diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Broedel avalia que hoje a bancada do Espírito Santo na Câmara tem um vazio de representação de municípios acima de Colatina e Linhares (como Sooretama). Segundo ele, o único pré-candidato dessa região estabelecido no momento, para federal, é o presidente do DER-ES, Eustáquio de Freitas (PSB).

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