Coluna Vitor Vogas
Ao lado de Paulo Hartung, Aridelmo se filia ao PSD
Do partido Novo a um novo partido: leia aqui os detalhes e a nossa análise sobre esse movimento do antigo aliado de Hartung no encalço do ex-governador

Aridelmo assina sua ficha de filiação ao PSD, entre Paulo Hartung e Gilberto Kassab. Foto: Divulgação
O professor, contador e empresário Aridelmo Teixeira filiou-se, nesta terça-feira (29), ao Partido Social Democrático (PSD). A ficha foi assinada em São Paulo, na presença do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, e do ex-governador Paulo Hartung, de quem o novo filiado é um histórico aliado. O próprio Hartung participou diretamente da articulação que levou à filiação de Aridelmo. A informação, repassada pela assessoria de Aridelmo, é confirmada pelo governador. O prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos, presidente estadual do PSD, também participou da construção.
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Até então, Aridelmo estava filiado ao Novo. Sócio-fundador da Fucape Business School, faculdade particular em Vitória, ele foi secretário da Fazenda (2021/2022) e secretário de Governo (2023/2024) na primeira administração de Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Prefeitura de Vitória. Também já presidiu a ONG Espírito Santo em Ação, movimento que reúne algumas das maiores empresas em atividade no Estado.
Nunca exerceu mandato eletivo, mas já disputou duas eleições, ambas a governador do Estado: em 2018, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e em 2022, pelo Novo. Nessa última, não chegou a 1% dos votos. No 2º turno, apoiou Carlos Manato (PL) e foi anunciado por este como seu futuro secretário de Estado da Fazenda, em caso de vitória, mas o governador Renato Casagrande (PSB) se reelegeu.
Em 2024, Aridelmo foi um dos principais cotados para ser o candidato a vice-prefeito de Vitória na chapa de Pazolini, e trabalhou para isso. Entretanto, em agosto, Pazolini o preteriu na montagem da chapa, em favor da empresária (e hoje vice-prefeita) Cris Samorini (PP). Alguns dias depois, em entrevista exclusiva à coluna no campus da Fucape, Aridelmo afirmou que poderia até ser candidato a governador, novamente, em 2026.
Agora no PSD, ele não fala especificamente em planos de candidatura a nenhum cargo, mas se coloca à disposição para contribuir com o partido de centro-direita – muito grande em âmbito nacional, mas ainda relativamente pequeno no Espírito Santo. Nas eleições municipais do ano passado, o PSD foi o partido que elegeu mais prefeitos no país, mas, em solo capixaba, foram apenas três.
Segundo sua assessoria de imprensa, “Aridelmo entende a importância do momento político que o Espírito Santo e o Brasil atravessam. Como tem feito ao longo dos anos, ele se coloca à disposição para contribuir com responsabilidade. É importante deixar claro que não se trata de um projeto pessoal, mas da defesa de um legado e da aposta em um caminho político que rompa não só com a polarização, mas que também esteja à altura dos desafios impostos pelas reformas e pelos enfrentamentos que se avizinham”.
O discurso de Aridelmo, como se vê, está bem alinhado com o do próprio Paulo Hartung. Às vésperas de se filiar ao partido de Gilberto Kassab, o ex-governador nos concedeu uma entrevista na qual defendeu, precisamente, uma alternativa de projeto de país, na próxima eleição presidencial, que rompa com a polarização entre o petismo e o bolsonarismo. Defendeu, ainda, enfaticamente, a renovação política, tanto nacionalmente como no Espírito Santo.
Para a eleição presidencial, o PSD hoje tem dois pré-candidatos: os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do Paraná, Ratinho Júnior. Na disputa rumo ao Palácio Anchieta, o PSD, na pessoa de Renzo Vasconcelos, conversa bem com dois pré-candidatos: o já citado Pazolini – adversário do grupo político do governador Renato Casagrande – e o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), aliado de Casagrande. Na já mencionada entrevista de Hartung, ambos foram elogiados por ele, como jovens líderes “talentosos” e competitivos.
Ex-secretário defende novo ciclo
Assim como Hartung, Aridelmo defende um “novo ciclo político” – nas palavras dele, “com responsabilidade, diálogo e experiência”.
Ele conta que se inspirou em uma frase dita por Hartung em entrevistas concedidas a esta coluna no Portal ES 360 e a outros veículos de imprensa, por ocasião de sua entrada no PSD: “Grandes lideranças precisam estar em grandes partidos”.
Para Aridelmo, o Brasil – e, especialmente, o Espírito Santo – “vive um momento que exige preparo e maturidade diante de transformações profundas”. Ele cita a reforma tributária e os efeitos da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos, que impactam diretamente estados exportadores como o Espírito Santo. “Momentos como os que vivemos não admitem improviso. Exigem preparo, maturidade política e experiência coletiva”, afirma Aridelmo, deixando implícita uma alfinetada no governo de Casagrande, seu adversário nas urnas em 2018 e 2022.

Aridelmo exibe sua ficha de filiação ao PSD, entre Paulo Hartung e Gilberto Kassab. Foto: Divulgação
O ex-secretário da Fazenda de Vitória reforça o quanto acha importante superar a polarização política. “Só partidos com estrutura, história e compromisso com o diálogo serão capazes de furar essa bolha e abrir espaço para um novo ciclo político: mais estável, mais eficiente e mais conectado com os reais desafios do Brasil”, defende.
Sobre a saída do Novo, partido com o qual sempre se mostrou fortemente identificado, Aridelmo não faz nenhuma crítica à sua antiga casa. “Neste momento, é necessário somar forças com grupos políticos que reúnem experiência institucional e maior capacidade de articulação nacional”, justifica.
O Novo é um partido pequeno, bem menor que o PSD. Desde antes das últimas eleições municipais, Aridelmo mantinha relação fria e distante com o presidente estadual do Novo, Iuri Aguiar. Porém, segundo sua assessoria, não se trata de uma ruptura, mas da “reafirmação dos princípios que sempre nortearam sua trajetória: responsabilidade na gestão pública, compromisso com a educação de qualidade e a construção de um Espírito Santo mais justo, próspero e eficiente”.
Antes mesmo da confirmação da agenda com o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, Aridelmo conversou por telefone com Renzo Vasconcelos. Segundo ele, a articulação de Renzo, junto a Paulo Hartung, foi decisiva para a construção política que viabilizou o ingresso no PSD. “Foi um gesto importante de confiança e de visão de futuro. A política se faz com diálogo e com pontes – e é isso que estamos construindo”, salienta.
“Nosso grupo político já enfrentou crises, liderou reformas e entregou resultados. Não se trata apenas de saber o que fazer – mas de já ter feito, com credibilidade, equipe e histórico”, completa Arildemo, dando a ver dois pontos: continua fazendo parte, como sempre fez, do grupo político de Hartung e está disposto a fazer parte de um projeto eleitoral que inclua a defesa do legado do ex-governador.
No ato de filiação de Hartung ao PSD, em maio, em São Paulo, Aridelmo foi prestigiá-lo pessoalmente. Mantém-se como um dos mais leais aliados do ex-governador.
