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Coluna Vitor Vogas

Vidigal procurou Paulo Hartung: “Precisamos de dois bons candidatos ao Senado”

Em “missão pessoal” de paz, sem avisar a Casagrande nem a Ricardo, ex-prefeito da Serra foi ao encontro do ex-governador e conversou longamente a sós com ele na última segunda. O objetivo surpreende. Saiba aqui o que pretende Vidigal e a ideia que ele levou a Hartung

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Sérgio Vidigal procurou Paulo Hartung para conversar sobre as eleições 2026

Sérgio Vidigal procurou Paulo Hartung para conversar sobre as eleições 2026

De volta ao exercício da medicina e não mais no Governo do Estado, o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT) fez, por iniciativa própria, um movimento inesperado, surpreendente e ousado. Na última segunda-feira (18), bateu à porta de Paulo Hartung (PSD). A porta, para ser mais preciso, foi a do professor e advogado Henrique Herkenhoff, amigo e aliado de Hartung. Procurado por Vidigal, o ex-governador o recebeu no escritório de advocacia de Herkenhoff, na Enseada do Suá. E os dois tiveram uma longa conversa. Nela, Vidigal fez a Hartung uma sondagem, ou melhor, um chamamento: encorajou o ex-governador a se candidatar ao Senado em 2026 pelo PSD.

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Para pôr tudo na devida moldura, Vidigal é um dos aliados de primeira grandeza do governador Renato Casagrande (PSB) e do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB). Expressamente, apoia o primeiro para senador e o segundo para governador do Estado no ano que vem. Está mergulhado até o pescoço nesse projeto eleitoral. Hartung, ao contrário, é, desde 2014, o mais notório adversário de Casagrande e de Ricardo no contexto político capixaba. Portanto, na atual armação do tabuleiro de xadrez, Vidigal está posicionado em um lado diferente, oposto ao de Paulo Hartung. E é peça-chave do projeto eleitoral de Casagrande e Ricardo.

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Nada disso mudou nem mudará, explica o ex-prefeito da Serra.

Vidigal, porém – repito: por conta própria –, foi ao encontro de Paulo Hartung movido, segundo ele, pelo interesse maior do Espírito Santo. Ele está convencido de que o Estado não pode perder a chance ímpar de eleger dois excelentes senadores em 2026, com currículo, preparo técnico e capacidade política comprovada para representar os interesses capixabas na Câmara Alta do Congresso Nacional em um período que se anuncia muito duro, especialmente para o Espírito Santo, considerando o início dos efeitos da reforma tributária sobre a arrecadação estadual. Se for desperdiçada essa “chance dupla”, só haverá outra como essa em 2034, com os impactos da reforma bem avançados.

Vidigal não tem dúvida alguma de que Casagrande, seu candidato, está à altura dos desafios que se impõem: tem a experiência, a qualificação, as credenciais, uma folha de serviços prestados ao Espírito Santo, enfim, toda a bagagem necessária para ser um desses senadores. Mas o ex-prefeito também vê em Paulo Hartung os mesmos predicativos. E acha que seria uma boa eventual candidatura de Hartung, em paralelo à de Casagrande… – “boa” não propriamente para o grupo político de Casagrande, do qual ele mesmo faz parte, mas para a população capixaba.

“Acho que o Espírito Santo precisa de dois bons senadores, até porque vamos passar um desafio muito grande, com essa questão da reforma tributária, então deveríamos ter dois nomes muito bons para a população capixaba escolher. Na minha visão pessoal, o Paulo é um cara que tem conhecimento, bom trânsito, já foi senador como o Renato [Casagrande] já foi… São pessoas respeitadas nacionalmente.”

E foi isso que Vidigal defendeu, olhando no branco dos olhos de Hartung, em seu colóquio reservado com o ex-governador, testemunhado só (em parte) por Herkenhoff. Ele entende que Paulo Hartung deveria avaliar com carinho essa ideia.

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Vidigal não comunicou nem a Casagrande nem a Ricardo que faria esse gesto, definido por ele como “uma ação muito pessoal”. E faz questão de esclarecer: “Não fui lá a mando de ninguém”.

Falando com a coluna sobre o encontro, o pedetista traça até um paralelo entre ele e o também ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (PP). Respeitada a escala, no microcosmo político da Serra, a relação conflituosa entre Vidigal e Audifax é comparável àquela mantida entre Casagrande e Hartung. Os dois ex-prefeitos estão, para a Serra, como Casagrande e Hartung estão para o Espírito Santo. Mas isso não impede Vidigal de reconhecer méritos em seu arquirrival, bem como sua importância na história do município mais populoso do Estado.

“Cansei de falar que, ali na Serra, Audifax e eu podemos ter nossas diferenças, mas tanto um como o outro contribuímos para o desenvolvimento da cidade. Sou aliado de Renato [Casagrande] e de Ricardo. Estarei no palanque deles. Mas gostaria muito que o Espírito Santo pudesse ter bons candidatos. Como o Senado tem duas vagas e o Renato é meu candidato a senador, acho que o Espírito Santo precisa ter mais um candidato desse gabarito.”

“Fui ouvir o Paulo. Se ele tem interesse, como é que está avaliando o processo… Falei para ele da importância de buscarmos pessoas que têm capacidade de interlocução em Brasília. Ele é uma liderança importante. Não fui a mando de Ricardo nem de Renato. Aliás, falei muito bem dos dois para o Paulo. Foi uma iniciativa muto pessoal minha”, relata Vidigal.

Segundo o maior líder do PDT no Espírito Santo, psiquiatra apaixonado e praticante, Hartung não ficou só ouvindo. Falou bastante também. “Foi uma sessão com o psiquiatra (risos)”, gracejou Vidigal.

Sobre o teor dos comentários de Hartung e os planos abertos por Hartung, não tenho grandes detalhes. Mas posso dizer que, confirmando prognósticos já feitos aqui, hoje a inclinação do ex-governador, filiado em maio ao PSD, está mais ligada a um projeto político nacional.

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Vidigal não tem a ilusão – creio que pouca gente deva ter – de tentar reconciliar o irreconciliável. Não acredita que Hartung e Casagrande possam voltar a cultivar um bom relacionamento pessoal – nem é isso o que pretende com esse gesto. Mas é um dos poucos líderes políticos importantes do Espírito Santo que transita muito bem entre o atual governador e seu antecessor no cargo. Como tal, espontaneamente, está disposto a operar como um elo, uma ponte entre os dois, um “mediador do conflito”.

O objetivo: incentivar Paulo Hartung a também vir candidato a senador e, em eventual candidatura concorrente à de Casagrande – cada um, claro está, na própria coligação –, que pelo menos eles possam manter entre si uma relação cordial e respeitosa, de mútuo reconhecimento. “Não imagino o PSB e o PSD na mesma coligação… claro que não, não é isso. Os dois podem ser candidatos a senador, cada um do seu lado. Tem duas cadeiras em jogo.”

O relacionamento pessoal entre Renato e Paulo, como todo mundo os chama no meio político, está implodido desde a visceral campanha a governador de 2014, que descambou para questões familiares etc. Mas o que Vidigal está se propondo fazer é iniciar as tratativas para a assinatura, quem sabe, de um acordo de paz, um pacto de não agressão política.

Em voluntária missão de paz, o ex-prefeito da Serra agiu como aquele mensageiro do exército real que atravessa o tabuleiro de xadrez e pede passagem no castelo fortificado do rei adversário, para lhe entregar uma proposta de armistício.

E para convencer esse outro rei a concorrer ao mesmo cargo do seu. A lealdade de Vidigal a Casagrande e a Ricardo, ele destaca, está intacta.

Mas, neste “Game of Thrones”, há dois tronos a serem ocupados.

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