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Coluna Vitor Vogas

Rigoni joga a toalha e renuncia à presidência estadual do União Brasil

Marcelo Santos assume oficialmente o comando do partido no Espírito Santo, confirmando uma troca de guarda que já estava anunciada desde janeiro. Recapitulamos aqui a cronologia da mudança

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Marcelo Santos e Felipe Rigoni

Marcelo Santos e Felipe Rigoni

Nos próximos dias, o Espírito Santo verá a confirmação oficial de uma pedra cantada, inclusive aqui, desde janeiro: o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, assumirá oficialmente a presidência do União Brasil, no lugar do secretário estadual do Meio Ambiente, Felipe Rigoni.

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Presidente estadual do União desde março de 2022, Rigoni concordou em renunciar voluntariamente ao cargo, em favor de Marcelo, num acordo selado nos bastidores. O ex-deputado federal assumirá o cargo de vice-presidente estadual, abaixo de Marcelo.

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Transmitindo ao mercado político a ideia de uma transição harmônica e consensual, os dois emitiram uma nota conjunta comunicando a mudança, em nome do próprio partido:

“O União Brasil Espírito Santo comunica que o deputado estadual Marcelo Santos assumirá a presidência estadual do partido. A transição ocorre em clima de diálogo e união, reforçando o compromisso coletivo de fortalecer a sigla em todo o estado. Felipe Rigoni, que conduziu o partido nos últimos anos com dedicação e espírito democrático, seguirá atuando como vice-presidente estadual, contribuindo de forma ativa para o crescimento do União Brasil e para a construção de um projeto político sólido e integrado”.

Marcelo Santos já almejava a presidência do União no Espírito Santo desde que se filiou à legenda, a convite do presidente nacional, Antônio de Rueda, em junho de 2024. Sua primeira investida, naquele momento, foi bloqueada pelo governador Renato Casagrande (PSB). Às vésperas das eleições municipais, o governador temia um desarranjo em acordos já firmados por Rigoni em nome do União Brasil. Em Vitória, por exemplo, Marcelo apoiou a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), enquanto Rigoni levou o União para o palanque de Luiz Paulo (PSDB).

Assim, por gestões de Casagrande junto à direção nacional, Rigoni ganhou uma sobrevida. Mas vieram as urnas em outubro e, mais uma vez, o União Brasil teve resultado ruim no Espírito Santo. A permanência de Rigoni no cargo tornou-se insustentável. No fim de 2024, a direção nacional do partido já queria transferir a presidência estadual para Marcelo Santos, intervindo no comando estadual e instituindo uma Comissão Executiva Provisória.

Em janeiro, a condução do União Brasil no Espírito Santo foi um dos ingredientes mais importantes da reeleição de Marcelo na presidência da Assembleia Legislativa. O governador reeditou o seu apoio a Marcelo. Mas uma das condições para isso foi a presença do União Brasil no movimento governista, encabeçado por Ricardo Ferraço (MDB), na eleição para governador do Estado em 2026.

No fim de janeiro, Marcelo, Ricardo e Casagrande foram juntos a Brasília, ao encontro de Antônio de Rueda, e fizeram uma foto com o presidente nacional. No mesmo dia, Marcelo divulgou uma nota informando o compromisso do União em estar no palanque do governo Casagrande nas eleições de 2026. Na prática, isso assegurou a ele sua recondução, sem sustos, à presidência do Poder Legislativo Estadual.

No entanto, àquela altura, Casagrande preferia não ter Marcelo na presidência do União (seria poder demais para ele), e sim um aliado em comum. A solução encontrada, provisoriamente, foi a passagem do comando do partido no Espírito Santo para o prefeito Euclério Sampaio (MDB). Tal movimento chegou a ser anunciado, e o próprio Euclério confirmou ter sido convidado a se filiar ao União para assumir a presidência estadual. Mas ele nunca chegou a fazer isso. Continua até hoje no MDB.

Antes que Euclério pudesse concretizar a mudança, veio o anúncio da federação do União Brasil com o Progressistas (PP). No Espírito Santo, a federação ficará sob a presidência do deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP. Euclério perdeu o interesse em se filiar ao União – já que não teria ascendência sobre a federação. Isso reabriu o caminho para Marcelo voltar a ser a bola da vez.

Enquanto isso, Rigoni seguia como presidente estadual do União. Ele e Marcelo conversaram algumas vezes, em busca da construção de uma saída pacífica – que importaria, inevitavelmente, na renúncia voluntária de Rigoni. Pode-se dizer, porém, que o ex-deputado esticou um pouco a corda, e as tratativas se estenderam por meses, sem um desfecho amigável entre as partes.

Na semana passada, diante do impasse, foi colocada na mesa uma carta para pressionar Rigoni a tomar a atitude esperada pela direção nacional. No ano passado, um dirigente local do União protocolou junto à Executiva Nacional um pedido de intervenção na direção estadual do partido. Esse processo, até então, encontrava-se na gaveta de Antônio de Rueda. Mas os dirigentes nacionais ameaçaram pautar o pedido para análise. Se isso fosse levado a rigor, Rigoni correria o risco de ser destituído na marra, por ordem da direção nacional. Ou seja: poderia sair pela porta dos fundos, em vez de entregar de bom grado a presidência, em uma saída pacífica, permanecendo nos quadros do União.

Segundo a apuração da coluna, Marcelo Santos pediu à direção nacional para não pautar o pedido de intervenção e dar a Rigoni mais alguns dias. É claro que tudo isso foi usado para pressionar Rigoni nas cordas, mas, também para Marcelo, era muito mais interessante uma saída pacífica para o imbróglio. Afinal, ele prefere que Rigoni permaneça no União Brasil.

Os dois são pré-candidatos a deputado federal. Marcelo quer chegar à Câmara; Rigoni quer voltar para lá. Para Marcelo, a permanência de Rigoni no partido é importante porque fortalecerá a chapa da federação União Progressista e seus votos a ajudarão a eleger mais deputados no Espírito Santo. Marcello não queria nem podia impor a Rigoni algum tipo de humilhação pública.

Encurralado, Rigoni enfim aceitou passar o bastão voluntariamente para Marcelo. Como referido acima, na prática, ele já não tinha condições políticas de continuar no comando estadual, pelo menos, desde o fim do ano passado.

A bola (de guizos) estava nos seus pés há alguns meses. E ele enfim deu o aguardado chute.

Agora, o primeiro grande desafio de Marcelo é segurar Rigoni ao seu lado, no partido. O secretário estadual do Meio Ambiente tem convites e conversas com outras siglas da base de Casagrande – entre elas, o Podemos, cujo presidente estadual, Gilson Daniel, também busca fortalecer a sua chapa para a Câmara Federal.

A nota conjunta de Rigoni com Marcelo indica que, pelo menos por enquanto, o primeiro não tenciona sair. Sem mandato, ele pode fazê-lo a qualquer tempo. Mas, para ser candidato, terá de definir seu partido até o começo de abril do ano que vem – o que vale para todos os pré-candidatos.