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Coluna Vitor Vogas

Luiz Paulo corre risco de perder partido importante em sua coligação

Enquanto isso, na Serra, Weverson/Vidigal também podem perder um grande aliado. Em Vila Velha, Arnaldinho negocia adesão de um hoje oponente de peso

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Luiz Paulo discursa em sua convenção. Foto: Chrystian Henrique/Candela

Luiz Paulo discursa em sua convenção (20/07/2024). Foto: Chrystian Henrique/Candela

O ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) oficializou no último sábado (20) sua pré-candidatura a prefeito de Vitória, na convenção da federação formada pelo PSDB com o Cidadania. Além de fincar as bases de seu discurso de campanha, Luiz Paulo dirigiu críticas à atual gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) – que, segundo ele, “não merece a reeleição”, por estar “na estrada errada” – e ao também pré-candidato João Coser, do PT – partido que, de acordo com o ex-prefeito, não é alternativa para a cidade, pois “não sabe fazer frente ampla”, já que “o sectarismo vem de nascença”.

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Para além de propostas e críticas, no quesito “política de alianças”, o que chamou a atenção na convenção de Luiz Paulo foi uma ausência muito sentida: a do Partido Social Democrático (PSD). Em 2022, a sigla de centro-direita elegeu a 5ª maior bancada da Câmara Federal, com 44 deputados. Tem recursos e tempo de TV. Presidido nacionalmente pelo ex-ministro Gilberto Kassab, o PSD é comandado no Espírito Santo pelo ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos, de Colatina. Em Vitória, desde 23 de janeiro, o comando está nas mãos do deputado estadual Fabrício Gandini, presidente da Executiva Municipal Provisória.

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Até o dia da convenção, o PSD era apontado pela assessoria de Luiz Paulo como um dos sete partidos garantidos em sua coligação na disputa em Vitória. Os outros são o União Brasil (do candidato a vice de Luiz Paulo, Victor Ricciardi), o PSB, o MDB e o Partido da Mulher Brasileira (PMB), além de PSDB e Cidadania. Na última quarta-feira (17), a assessoria de Luiz Paulo confirmou que, no sábado, o ato no Centro de Convenções de Vitória seria uma convenção conjunta dos sete partidos (contando, portanto, o PSD).

O PSD, contudo, não só não realizou sua convenção no mesmo horário e local como nem sequer participou do evento protagonizado por Luiz Paulo e simplesmente não mandou representante. Foi praticamente um bolo. Nem mesmo Gandini compareceu.

Não obstante a ausência, a assessoria de Luiz Paulo, em texto enviado à imprensa logo após a convenção, no início da tarde de sábado, reafirmou que o PSD está, sim, na aliança de Luiz Paulo e chamou o tucano de “candidato do G7” (grupo de sete partidos que o apoiariam, incluindo, novamente, o PSD).

Ocorre que, ainda no sábado, em resposta a esta coluna, não apenas Renzo Vasconcelos como o próprio Fabrício Gandini deram declarações que vão exatamente no sentido contrário: a julgar pelas palavras deles, a aliança com Luiz Paulo não é certa, muito menos já está resolvida. A fala de Renzo, presidente estadual do PSD, não deixa dúvidas:

“Estou dialogando com todos e vendo o melhor espaço para o PSD. Está combinado com o deputado Gandini de fazer a convenção no último dia.”

Mas o que chama ainda mais a atenção é a resposta de Gandini, transmitindo uma incerteza que não se via nele até então. Perguntamos ao deputado se há alguma chance de o PSD não seguir com Luiz Paulo em Vitória. Ele respondeu:

“Estou aguardando Renzo definir. Vamos fazer a convenção no último dia!”

Questionamos, então, se a decisão final será de Renzo.

“Estamos dialogando! O importante é o partido sair fortalecido e ter reciprocidade nos movimentos relevantes”, afirmou Gandini, de modo meio enigmático.

Renzo Vasconcelos e Fabrício Gandini. Foto: Reprodução Facebook

Renzo Vasconcelos e Fabrício Gandini. Foto: Reprodução Facebook

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Essa hesitação de Gandini, tocando a bola de volta para o presidente estadual de sua legenda, causa estranheza porque, até então, o deputado e presidente do PSD em Vitória se destacava não apenas como um dos principais apoiadores de Luiz Paulo, mas também como o fiador da presença do PSD na coligação do ex-prefeito.

Gandini sempre defendeu unificação

Filiado ao PSD em dezembro de 2023, Gandini entrou no partido sendo apontado pela imprensa e pelo meio político como potencial candidato a prefeito de Vitória. Mas não chegou a se articular de verdade tencionando lançar candidatura. No decorrer do processo, sempre esteve inserido justamente na mesa de negociações que culminou com a pré-candidatura de Luiz Paulo.

O próprio Gandini sempre defendeu que esse grupo de partidos mais ao centro (chamado de “G7” pela assessoria de Luiz Paulo e até então também integrado pelo PSD) tivesse uma só candidatura, unindo forças.

Em meados de maio, Gandini até chegou a se declarar pré-candidato a prefeito de Vitória, mas esse movimento não durou nem três semanas. Ele o fez muito mais para aumentar o peso de sua voz na negociação com Luiz Paulo e os partidos aliados. No começo de junho, o deputado retirou a pré-candidatura e declarou apoio a Luiz Paulo, para fazer prevalecer a tese encampada por ele: unificação de candidaturas, com a formação de uma coligação de centro para fazer frente a Pazolini e a João Coser.

Luiz Paulo e Gandini se abraçam, durante encontro em que selaram o apoio do segundo ao primeiro, no fim de maio

Luiz Paulo e Gandini se abraçam, durante encontro em que selaram o apoio do segundo ao primeiro, no fim de maio

Agora, como se vê, a coisa mudou de figura… e também pode mudar de “estrada” (como diria Luiz Paulo).

Por quê?

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Por causa de Colatina

A resposta está em outra disputa eleitoral, lá no maior município da Região Noroeste do Espírito Santo.

O presidente estadual do PSD, Renzo Vasconcelos, é pré-candidato a prefeito de Colatina. Na cidade, o PSD busca o apoio do Republicanos, partido do deputado estadual Sergio Meneguelli. Esse apoio do Republicanos a Renzo é até certo ponto “natural” e parecia até bem encaminhado, até porque a sigla é presidida em Colatina pelo pai dele, o empresário Pergentino Júnior.

Acontece que o Republicanos também é o partido do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini. O presidente estadual da legenda e articulador político de Pazolini é o ex-presidente da Assembleia Legislativa Erick Musso.

Erick, segundo informações de bastidores, está jogando pesado. Para consolidar o apoio do Republicanos a Renzo em Colatina, o PSD até já garantiu uma compensação: está apoiando Pablo Muribeca (Republicanos) a prefeito da Serra. Mas a direção estadual do Republicanos, conduzida por Erick, está requerendo de Renzo a maior das retribuições: o apoio do PSD também a Pazolini em Vitória.

Em vez de fazer a convenção municipal em Vitória de forma conjunta com os partidos fechados com Luiz Paulo, a direção do PSD a jogou bem mais para a frente: como disseram Renzo e Gandini, será no dia 5 de agosto, o último do calendário eleitoral para a realização de convenções partidárias. Deixar a convenção para o fim do prazo é medida típica de quem realmente deseja ganhar tempo para levar as negociações até o limite e esgotar todas as possibilidades.

Não será surpresa, enfim, se o G7 de Luiz Paulo ficar mesmo desfalcado e for reduzido a um G6.

Em tempo: se isso se confirmar, Gandini ficará em posição política delicadíssima. Não apoiará Pazolini de jeito nenhum. Poderá até manter o seu apoio pessoal a Luiz Paulo, mas para isso terá de ir contra a posição do próprio partido presidido por ele em Vitória.

MDB vai mesmo com Luiz Paulo

Outro partido da frente de Luiz Paulo que acabou não fazendo a convenção conjunta liderada por ele no sábado foi o MDB. Mas, diferentemente do PSD, o MDB enviou seu presidente municipal, Sérgio Borges. O ex-deputado estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES) teve lugar na mesa de autoridades.

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O próprio Borges afirmou à coluna que o MDB de Vitória fará sua convenção em separado, no próximo dia 30, em sua sede, e afiançou: o partido está mesmo fechadíssimo no apoio a Luiz Paulo.

União pode ir para Pablo Muribeca na Serra

Enquanto isso, na Serra, o pré-candidato a prefeito apoiado por Sergio Vidigal (PDT), Weverson Meireles (PDT), pode estar prestes a perder o apoio oficial do União Brasil.

Na cidade, um órgão provisório do União era presidido pelo secretário adjunto de Defesa Social da Serra, Antonio Carlos Barbosa Coutinho, aliado do presidente estadual do partido, Felipe Rigoni, que já havia se comprometido a reforçar a coligação encabeçada pelo PDT. A convenção municipal do União estava marcada para o último sábado (20).

Entretanto, na véspera da convenção (19), a Executiva Nacional do União, presidida pelo advogado Antônio de Rueda, decidiu intervir no comando local, dissolvendo o órgão provisório que até então tocava o partido na Serra. Em seu lugar, ainda não foi formalmente constituído um novo órgão, mas a tendência é que a Nacional nomeie um aliado do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, para assumir a direção no município.

Nesse caso, o novo órgão diretivo, por influência de Marcelo, tende a levar o União para a coligação e o palanque de Pablo Muribeca (Republicanos), apoiado pelo chefe do Legislativo Estadual.

O movimento de cima para baixo seria consequência da filiação de Marcelo ao União, no início do mês, em articulação direta com Antônio de Rueda e à revelia de Felipe Rigoni.

Rigoni continuou à frente do União no Espírito Santo. Mas dar o comando na Serra para Marcelo teria sido um “prêmio de consolo” da Nacional para o deputado, que, pelo menos por ora, ficou sem a presidência estadual (disputada nos bastidores por ele).

De todo modo, no último sábado (20), os membros da Comissão Municipal Provisória destituída, mesmo com o órgão tornado inativo pela direção nacional, realizaram normalmente sua “convenção”, conforme haviam marcado, reafirmando seu apoio a Weverson. Em primeira análise, o ato foi apenas simbólico, desprovido de valor legal.

Em protesto, também no sábado, pré-candidatos do União na Serra gravaram e fizeram circular um vídeo em que afirmam que, aconteça o que acontecer, seguirão apoiando a chapa da situação na Serra.

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Arnaldinho ainda tenta atrair o PP; Neucimar balança

Enquanto isso, em Vila Velha, o prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) e seus emissários políticos não desistiram de convencer o ex-prefeito Neucimar Fraga (PP) a jogar a toalha. Se Neucimar desistir de ser candidato novamente a prefeito, o PP entrará na coligação de Arnaldinho, mas Neucimar não necessariamente declarará apoio a ele.

O ex-prefeito tem sofrido pressões inclusive das bases do partido para se retirar. Um dos pré-candidatos a vereador da chapa do PP em Vila Velha é Lucas Fraga, filho de Neucimar. E, na disputa proporcional, a prioridade do ex-prefeito é ajudar o filho a se eleger para a Câmara Municipal. Ressabiados, os outros integrantes da chapa suspeitam de que não terão de Neucimar a mesma atenção a suas campanhas a vereador.

Além disso, até o momento, Neucimar está isolado, sem grandes partidos aliados em Vila Velha (Arnaldinho levou quase todos).

E, no que concerne à partilha do Fundo Eleitoral para financiamento de candidaturas, o PP já tem muito pinto para dar milho no Espírito Santo: as pré-candidaturas a prefeito de Audifax Barcelos (Serra), Zé Preto (Guarapari), Theodorico Ferraço (Cachoeiro) e Marcos Garcia (Linhares), para nos atermos aos maiores municípios.

Pré-candidato do Novo pode desistir na Serra

De volta à Serra, o Novo, a princípio, tem pré-candidato a prefeito: o empresário Wylson Zon. Mas, no último fim de semana, representantes do partido de direita conversaram com Audifax e Muribeca e podem levar o Novo para a coligação de um dos dois.

Estéfane: “Nunca o enganei”

Por fim, de volta a Vitória, como analisamos aqui na última sexta-feira (19), a vice-prefeita da Capital, Capitã Estéfane, seria a candidata a vice ideal para João Coser, por uma combinação de fatores. O PT ainda não desistiu de negociar uma aliança com o partido dela, o Podemos, e outros (como o MDB).

Questionada pela coluna sobre isso, Estéfane mais uma vez foi taxativa: reafirmou que será candidata a prefeita. “Nunca enganei João Coser.”


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