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Coluna Vitor Vogas

Nésio defende apoio a Euclério e PCdoB estadual retira apoio a Célia

Presidente estadual do PCdoB muda de ideia, enquanto pré-candidata petista ganha inesperado adversário interno na federação de esquerda em Cariacica

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À esquerda, Nésio Fernandes com Neio Lúcio; à direita, Célia Tavares

À esquerda, Nésio Fernandes com Neio Lúcio; à direita, Célia Tavares

Pré-candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) a prefeita de Cariacica, a ex-secretária municipal de Educação Célia Tavares tem enfrentado complicações cada vez mais sérias para conseguir registrar a candidatura – todas elas, de ordem doméstica, no seio da Federação Brasil da Esperança (Fe Brasil).

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No âmbito municipal, os dois partidos que compõem com o PT a Federação Brasil da Esperança, PV e PCdoB, recusam-se a endossar a candidatura de Célia, preferem apoiar a reeleição do prefeito Euclério Sampaio (MDB) e, para embolar o meio de campo, lançaram e mantêm outro pré-candidato: o ex-vereador Heliomar Costa Novais, do PV.

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Agora, dificultando ainda mais as coisas para a petista, Célia acaba de ganhar um inesperado adversário interno: ninguém menos que o ex-secretário estadual de Saúde Nésio Fernandes.

Dirigente estadual e nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Nésio defende abertamente que, em Cariacica, a federação de esquerda não lance candidato próprio e apoie a reeleição de Euclério. Nésio tem se encarregado pessoalmente de fazer a defesa dessa tese junto à máxima instância decisória nesse caso: a Executiva Nacional da Federação Brasil da Esperança, formada por membros da cúpula nacional dos três partidos de esquerda.

Por conta do impasse, a Executiva Nacional da Federação ainda não homologou a candidatura de Célia em Cariacica. Segundo Nésio, nesta sexta-feira (19) houve reunião da Executiva para homologar diversas candidaturas Brasil afora, em cidades com mais de 100 mil eleitores. “Com o debate que abrimos, a decisão foi adiada.”

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Também sob a influência de Nésio, a direção estadual do PCdoB voltou atrás na decisão tomada há quase um mês.

No dia 26 de junho, o presidente estadual dos comunistas, Neio Lúcio, chegou a confirmar à coluna o apoio do PCdoB a Célia, em nível estadual. “Em Cariacica, a candidatura da nossa federação será a da Célia, com todas as dificuldades que ela tem e mesmo que não tenha o apoio de todos”, declarou ele neste espaço, após se reunir com os presidentes estaduais do PT, Jack Rocha, e do PV, Fabrício Machado.

Nesta sexta-feira (19), porém, perfilando-se com Nésio, Neio também defendeu que a Fe Brasil apoie a reeleição do atual prefeito: “Afastar-se de Euclério e ir para a oposição a ele é um erro de caráter estratégico e tático”.

O cavalo de pau do dirigente comunista retira de Célia, subitamente, um dos seus principais argumentos: o de que, no plano estadual, haveria consenso em torno do seu nome. Agora, não tem mais isso.

Médico como Nésio Fernandes, Neio Lúcio é muito próximo ao ex-secretário estadual de Saúde, dos pontos de vista político e pessoal.

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O que dizem Nésio e Neio

Sobre a eleição municipal em Cariacica, Nésio Fernandes afirma que o PCdoB definiu sua posição dentro da federação: trabalhará para que a federação apoie a reeleição de Euclério Sampaio. Ele explica os motivos:

“Os elementos da posição do PCdoB consideram a boa avaliação do prefeito na liderança das políticas públicas no município, sua capacidade de diálogo e de compor com forças diversas, por ser um dos principais aliados do governador Renato Casagrande e compor o MDB, partido da base do Governo Federal. Euclério tem sido bom para Cariacica. Ele defende a união e nós também. A base de apoio ao governador Renato Casagrande precisa buscar espaços de unidade e fortalecimento mútuo.”

Neio Lúcio complementa com fatores de caráter geopolítico. Assim como Euclério e o partido do prefeito – o MDB, dirigido no Estado pelo vice-governador Ricardo Ferraço –, a Federação Brasil da Esperança é aliada do governo Casagrande (PSB) e faz parte da mesma grande frente política liderada pelo atual governador. Para Neio, a manutenção da unidade desse conjunto de forças políticas será fundamental para a vitória dessa frente ampla nas eleições de 2026, que determinarão o pós-Casagrande na política capixaba.

“Olhando para 2026, Euclério cumpre papel fundamental na correlação de forças. Precisamos estar próximos do MDB e do vice-governador. Afastar-se de Euclério e ir para a oposição a ele é atrapalhar o desenho de frente ampla necessário para 2026. É um erro de caráter estratégico e tático”, formula Neio, valendo-se de termos caros à “esquerda raiz”.

Ainda segundo o presidente estadual do PCdoB, questões complementares com os diversos partidos da federação podem ser tratados nos próximos dias envolvendo outros municípios.

“Defendemos a continuidade da união das forças que elegeram Casagrande e Lula em 2022, nas eleições no Espírito Santo. E esta unidade deve se expressar principalmente nos municípios da Região Metropolitana, que concentra a metade dos eleitores do Estado. Precisamos construir reciprocidade entre estas forças numa construção conjunta já visando 2026”, finaliza Neio.

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Só para lembrar: Nésio apoiou Messias Donato, o candidato de Euclério, em 2022

Nas eleições estaduais de 2022 – em suas últimas semanas como secretário estadual de Saúde –, Nésio Fernandes apoiou pessoalmente a eleição de Messias Donato (Republicanos), candidato lançado e apoiado por Euclério para a Câmara dos Deputados. Nésio chegou a subir no palanque de Donato em Cariacica, em setembro de 2022.

Da esquerda para a direita: César Colnago, Nésio Fernandes e Messias Donato, no palanque do comício do último, em setembro de 2022. Foto: Reprodução do Facebook de César Colnago

Da esquerda para a direita: César Colnago, Nésio Fernandes e Messias Donato, no palanque do comício do último, em setembro de 2022. Foto: Reprodução do Facebook de César Colnago

Foi, à época, uma manifestação relativamente surpreendente por parte do então secretário. No plano ideológico, ele e Messias Donato não têm rigorosamente nada em comum. São perfeitos opostos.

Representante de uma direita ultraconservadora, principalmente na pauta de costumes, e defensor ferrenho de Jair Bolsonaro (PL), Donato, desde que chegou à Câmara, tem feito um mandato que poderia ser resumido como “Escola Damares Alves”. Sua oposição ao governo Lula e ao presidente da República é radical, como não deixam dúvida suas postagens nas redes sociais. Seu voto em plenário é sistematicamente contra o Governo Federal, mesmo em bons projetos.

Logo após tomar posse, no ano passado, o deputado de Euclério, apoiado por Nésio em 2022, chegou a afirmar que colocaria seu mandato “a serviço de Cariacica, de Deus e da religião”. E assim tem feito Donato (que também é pastor evangélico).

Desnecessário dizer que, como membro e dirigente do PCdoB, integrado ao PT na Fe Brasil, Nésio apoia ferreamente o governo Lula. Aliás, não apenas apoia. Entre novembro e dezembro de 2022, após ser exonerado por Casagrande durante o 2º turno em outubro, Nésio participou da equipe de transição de Lula. Em janeiro de 2023, assumiu o cargo de secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, no segundo escalão do Ministério da Saúde.

Ficou na função até fevereiro deste ano, quando foi exonerado pela ministra Nísia Trindade.

Atualmente, Nésio se dedica a uma empresa de consultoria particular aberta por ele. Decidiu não voltar para a administração pública.

Adendo: Nésio não apoiou só Donato

Após a publicação deste texto, Nésio Fernandes entrou em contato com a coluna para ponderar que, em 2022, Messias Donato não foi o único candidato apoiado por ele para deputado federal. O então secretário estadual de Saúde também subiu no palanque de Geiza Pinheiro (PCdoB), Givaldo Vieira (PSB), Jack Rocha (PT), Jacqueline Moraes (PSB), Paulo Foletto (PSB), Josias da Vitória (PP), entre outros.


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