Coluna Vitor Vogas

Como fica o novo comando do MDB, de Ricardo Ferraço, em Vitória

E mais: dirigente afirma que partido terá convenção estadual em julho para escolha do presidente estadual e da próxima Executiva Estadual permanente

Publicado

49 segundos atrás

14/05/2025

Por

Vitor Vogas

O MDB elegerá, nesta quinta-feira (15), um novo órgão de direção na capital do Espírito Santo. A Executiva Municipal, hoje provisória, passará a ser permanente, e muitos membros vão mudar. Mas o presidente do partido em Vitória seguirá sendo o mesmo: encabeçando a única chapa inscrita, o ex-deputado estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES) Sérgio Borges será reconduzido ao cargo.

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Borges chegou à presidência do MDB em Vitória em março de 2024, à frente de um órgão diretivo provisório. Isso após se aposentar do TCES (por ter completado 75 anos) e retomar sua vida partidária. Agora, ele assumirá a presidência de uma Executiva Municipal eleita, com mandato de dois anos, até 2027.

O MDB realizará a sua convenção municipal nesta quinta, das 17h30 às 20h30, na sede estadual do partido, em edifício na Enseada do Suá. Terão direito a voto todos os filiados ao partido em Vitória, convocados por edital publicado no dia 22 de abril. O voto será direto e secreto.

Pelo seu porte nacional e sua importância histórica, a definição dos dirigentes do Movimento Democrático Brasileiro já é, por si, fato relevante. No atual contexto político eleitoral capixaba, o fato adquire importância ainda maior. Apesar de vir claudicando nos últimos anos no Espírito Santo – com um resultado péssimo nas eleições gerais de 2022 e discreto nas municipais de 2024 –, trata-se, basicamente, do partido do vice-governador Ricardo Ferraço.

Ricardo não só é, desde outubro de 2023, o presidente estadual do MDB como é, explicitamente, o pré-candidato do Palácio Anchieta a governador do Espírito Santo em 2026. Em entrevistas – a primeira delas à coluna, concedida em janeiro –, ele já manifestou tal intenção e, desde então, tem trabalhado fortemente para se viabilizar.

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Sérgio Borges garante estar empenhadíssimo no projeto de eleger Ricardo. “Claro! Apoio a candidatura de Ricardo Ferraço a governador. Se é o candidato do MDB, é o nosso candidato!” Assim, com Borges à frente do MDB na capital do Espírito Santo, Ricardo seguirá tendo um aliado em posição estratégica, justamente no território governado por aquele que hoje é apontado como seu potencial adversário nas urnas: o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Borges afirma ter construído uma “chapa de união”. Em um primeiro momento, será eleito o novo Diretório Municipal, composto por 45 membros titulares e 15 suplentes. Do Diretório, serão retirados os 34 membros que formarão a nova Executiva Municipal, órgão máximo de decisão nessa esfera.

No cargo de vice-presidente, Borges escalou seu primo Renato Borges Serrano, seu antigo braço direito.

Já para o cargo de secretário-geral, o segundo na hierarquia de comando, Borges escolheu Chico Donato. Ex-prefeito de Conceição da Barra, Donato é morador de Vitória, já presidiu o MDB na Capital e foi o braço direito de Lelo Coimbra, na Executiva Estadual, durante os muitos anos em que o então deputado federal presidiu o MDB no Espírito Santo.

Historicamente, Lelo é aliado de Paulo Hartung e muito mais ligado ao ex-governador do que a Ricardo Ferraço e ao governador Renato Casagrande (PSB). Desse modo, a inclusão de Donato em cargo de destaque em sua chapa é um gesto de Borges no sentido de unificação do partido e conciliação das diferentes correntes internas.

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“Chamei as pessoas. Só não entrou na chapa quem não quis. Fiz um acordo com Lelo. Ele falou que não tinha interesse em participar da chapa municipal, mas que Chico Donato o representava. Quando me lancei, achei que eu tinha que conversar com Lelo, com Chico, com o pessoal… Nós chegamos à conclusão de que tinha de ser um consenso, e assim está. O MDB está fortalecido e se fortalecendo”, afirma Borges.

Já para o cargo de primeiro vogal da Executiva, Borges quer escalar o ex-vice-governador César Colnago. Outro histórico aliado de Hartung, Colnago hoje está bastante próximo politicamente de Ricardo Ferraço.

Convenção estadual à vista

Segundo Sérgio Borges, o MDB se prepara, no Espírito Santo, para a realização de sua convenção estadual, no próximo mês de julho, para eleição do presidente estadual e também de uma Executiva permanente.

Desde outubro de 2023, o partido é chefiado no Estado por Ricardo Ferraço. Até então no PSDB, ele já entrou no MDB, a convite do presidente nacional da sigla, Baleia Rossi, para presidi-la no Espírito Santo, à frente de uma Executiva Estadual provisória. Foi a solução encontrada para resolver uma crise interna que deixara o partido com um vácuo de comando em solo capixaba.

Na traumática convenção estadual realizada um mês antes, Lelo Coimbra desafiara a ex-senadora Rose de Freitas, então presidente estadual. A votação dos delegados na convenção acabou literalmente empatada, as duas chapas trocaram acusações e instaurou-se um grande impasse, até que a direção nacional interveio.

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Desde então, a Executiva provisória presidida por Ricardo tem sido sucessivamente renovada pela direção nacional, a cada 90 dias. Sua vigência atual vai até 18 de julho. Segundo Sérgio Borges, porém, haverá, enfim, nova convenção estadual, prevista para julho. “Precisamos ter um partido que não seja provisório”, defende o dirigente de Vitória.

Antes disso, as mais de 50 Executivas Municipais do MDB no Espírito Santo, provisórias ou permanentes, serão renovadas ou reeleitas, em convenções municipais. Cada município deverá enviar um determinado número de delegados com direito a voto na convenção estadual do MDB. Vitória, por exemplo, tem direito a quatro delegados.

Borges acredita que Ricardo será candidato à presidência estadual, como ele, à frente de chapa única. “O MDB de Vitória está bem unido em torno de Ricardo Ferraço. Ele é o nosso candidato e não vai ter concorrência. A maioria [dos delegados] é dele. Ter concorrência é burrice. Acredito que não haverá atrito, e sim uma chapa de consenso. O MDB tem que fazer uma convenção estadual que vire uma festa para Ricardo”, opina o presidente do partido em Vitória.

Luisinho Coutinho recua

Vereador de Vitória por três mandatos, Luisinho Coutinho chegou a ensaiar lançamento de candidatura à presidência do MDB em Vitória. Mas desistiu.

“Na verdade eu estava querendo me colocar como presidente municipal porque não havia manifestação oficial de ninguém querendo ser candidato. Mas Sérgio Borges preferiu continuar. O partido não pode entrar em choque. Minha intenção era unir, não dividir. E, como ele decidiu continuar, decidi me retirar. Assim que saiu o edital, conversamos e decidimos pela chapa única”, afirma Coutinho. Ele não está na chapa de Borges.

O ex-vereador afirma que seguirá no MDB e que também apoia Ricardo para governador. “Pretendo continuar no partido e, se Deus quiser, eleger o governador Ricardo Ferraço. Ele é o nosso candidato.”

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A versão de Sérgio Borges

Sérgio Borges conta uma versão diferente daquela de Luisinho. Segundo o presidente municipal, não houve propriamente um entendimento entre os dois. O que houve, segundo ele, é que Luisinho não conseguiu registrar uma chapa.

“Luisinho me ligou e disse que ia ser candidato para movimentar o partido. O que eu disse a ele é que era um direito dele, mas que minha chapa é de união e tinha lugar para ele. Mas ele disse que era candidato. Quando chegou o dia de registrar as chapas, ele não tinha chapa. Fez um discurso e foi embora. Ele é ex-vereador e filiado há muito tempo. Como tal, será respeitado”, afiança Borges.

Desde outubro de 2024, Luisinho Coutinho é assessor do deputado José Esmeraldo (PDT) na Assembleia Legislativa.