Coluna Vitor Vogas
Vitória: as críticas dos adversários de Pazolini para minar o prefeito
Resumimos aqui as principais críticas de cada oponente nos últimos dias de campanha, que devem ecoar hoje no debate da TV Gazeta
Levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nessa quarta-feira (2) informa que, se a eleição para a Prefeitura de Vitória fosse ontem, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) estaria reeleito no 1º turno, com 55,2% dos votos válidos. A margem não é tão confortável, não dá ao prefeito muita “gordura para queimar”. A eleição é só no domingo, e muitos estrategistas políticos consideram que as últimas 72 horas de campanha costumam ser decisivas em qualquer processo eleitoral.
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Na noite desta quinta, há o debate final da TV Gazeta, com a presença de todos confirmada, logo após a novela das 21 horas. Em tese, o cenário trazido ontem pela Paraná pode mudar nos próximos dias, com Pazolini não superando a metade dos votos válidos no domingo. Em tese.
Para isso, não adianta os adversários de Pazolini ficarem tirando votos entre si, roubando votos um do outro. Não adianta nada para João Coser (PT), por exemplo, tirar todos os votos de Camila Valadão (PSol), em eventual desaguamento dos votos úteis da esquerda de Vitória no petista. De igual modo, de nada serve a Luiz Paulo (PSDB) tirar de Coser os votos dos eleitores que já reprovam Pazolini, convencendo-os de que é o opositor mais preparado para derrotar o atual prefeito no 2º turno.
Todos os adversários, incluindo Assumção (PL), precisam urgentemente “virar votos” de Pazolini. Como? Convencendo os poucos indecisos e também aqueles eleitores não tão fãs do atual prefeito, mas que tendem a votar nele por inércia.
E aí não tem alternativa: o caminho é a crítica política e administrativa. É expor para o eleitorado os eventuais problemas de Pazolini como prefeito e os de sua administração. Desde o início da temporada de debates, com o da TV Capixaba/Band, em 16 de setembro, essa estratégia tem sido intensificada e deverá ser ainda mais nestas derradeiras 72 horas de campanha.
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Abaixo, resumimos as principais críticas que Coser, Luiz Paulo, Camila e Assumção têm feito a Pazolini. É muito curioso constatar como, em muitos pontos, elas se equivalem, tanto no discurso de Camila e Coser (esquerda) como até no de Assumção (extrema-direita). O discurso é o dos próprios candidatos, reproduzindo as suas palavras:
Coser sobre Pazolini
. Isolamento político (na segurança, inclusive); não se articula com ninguém; brigou com todo mundo, com o governador e a vice-prefeita
. Vitória perdeu protagonismo para cidades vizinhas na Região Metropolitana
. Só fez “asfalto em cima de asfalto bom”, e de maneira eleitoreira
. Excesso de contratos sem licitação nos três primeiros anos de governo
. Não tem projeto real para a cidade
. Tratou o tema da segurança com demagogia, dizendo em 2020 que o resolveria do gabinete do prefeito
Luiz Paulo sobre Pazolini
. Isolamento político (na segurança, inclusive)
. Não tem projeto real para a cidade
. “Qual foi a grande entrega e a grande realização do governo Pazolini?”
. É político “carreirista”; “só pensa na própria carreira”; será candidato a governador do ES em 2026
. “Populismo fiscal”: juntou dinheiro nos três primeiros anos para gastar no último (o ano eleitoral)
. Tratou o tema da segurança com demagogia, dizendo em 2020 que o resolveria do gabinete do prefeito
Camila sobre Pazolini
. Isolamento político (na segurança, inclusive), “por pirraça”
. Não escuta as comunidades; só dialoga com quem concorda com ele
. Reforma da Previdência foi “covardia”
. Servidores estão sendo “perseguidos”
. Abriu mão de recursos federais que poderiam ter sido investidos em Vitória
. Praticou violência política de gênero contra a Capitã Estéfane, numa “cena lamentável”
Assumção sobre Pazolini
. Isolamento político (na segurança, inclusive)
. Violência explodiu na cidade, com a guerra entre quatro facções criminosas
. “Pazolini não é direita de verdade”; é “transdireita”
. Não apoiou Bolsonaro para presidente em 2022
. Desperdiçou recursos estaduais que poderiam ser investidos em Vitória
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Ironia das ironias: Assumção é quem mais pode ajudar Coser a esta altura
Numa senhora ironia, quem mais pode “virar votos” de Pazolini, a esta altura do campeonato, não é nem Coser nem Luiz Paulo – candidatos do arco de alianças do governador Renato Casagrande (PSB) –, mas Assumção, que é, ao contrário, um grande opositor de Casagrande.
Em ironia ainda maior, se Assumção realmente conseguir tirar de Pazolini alguns pontos percentuais preciosos até domingo, ele poderá ajudar ninguém menos que João Coser a ir para o 2º turno contra o atual prefeito. A ironia reside no fato de que Assumção, o candidato do PL, é, ideologicamente, o reverso da moeda do PT. São representantes de polos antagônicos.
Mas a água, nesse caso, pode ajudar o óleo. Involuntariamente, o bolsonarista pode beneficiar o petista com eventual crescimento dele mesmo. A Paraná Pesquisas já mostrou um espasmo muscular: na pesquisa anterior do instituto, publicada em 17 de setembro, ele tinha 4,9% dos votos válidos. Na dessa quarta-feira (2), apareceu com 8,8%.
De todos os candidatos a prefeito, Assumção é quem, no plano ideológico, está mais próximo de Pazolini. Excetuando Du (o candidato café com leite), os dois são os únicos representantes do campo da direita conservadora na disputa em Vitória. Pazolini, porém, é bem mais moderado e pragmático, enquanto Assumção é genuíno representante da direita radical bolsonarista.
A princípio, muitos votos da “bolha bolsonarista”, que “deveriam” ir para Assumção, podem estar se revertendo para o atual prefeito – por voto útil e pragmático. Mas Assumção redirecionou drasticamente sua estratégia de campanha nas últimas duas semanas e está trabalhando com afinco para conseguir reverter isso e chegar, pelo menos, a 10% dos votos válidos no domingo.
Se isso se confirmar, as chances de 2º turno aumentam muito, mas não com ele presente.
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A guinada da guinada de Assumção
A esta altura, é possível afirmar: a tentativa de suavizar a imagem do candidato bolsonarista, no início da campanha eleitoral, foi uma estratégia equivocada. Por quê? Porque ele é e sempre foi um candidato de bolha. Qual bolha? A da extrema-direita, do bolsonarismo nível hard. Quem gosta de Assumção e vota nele, gosta dele e vota nele exatamente por conta daquele seu jeito radical de fazer política.
O próprio deputado do PL parece ter chegado a essa conclusão – se tarde demais, não sabemos. Há três semanas, substituiu sua equipe de marketing e reorientou radicalmente a estratégia, voltando a apostar na polarização e na radicalização ideológica.
Neste caso, como o alvo maior é Pazolini, a radicalização não é propriamente contra a esquerda, mas contra o atual prefeito. Ele não chega ao cúmulo de tratar Pazolini como representante da esquerda (como tem feito, por exemplo, Ramalho em relação a Arnaldinho em Vila Velha), pois seria apelar demais, mas o tem tratado como “falsa direita”, “transdireita” (expressão lançada por Assumção no debate da Rede Tribuna) etc.
A propaganda eleitoral de Assumção também ficou bem mais pesada. Numa delas, um ator afirma, por exemplo, que “Pazolini não apoiou Bolsonaro em 2022 porque o partido dele está no governo Lula”. Na última segunda-feira (30), o Instagram derrubou a conta do deputado do PL.
Assumção também passou a investir mais fortemente no discurso de que a violência urbana explodiu em Vitória durante a administração de Pazolini. Tem oferecido ao público um banquete de cenas de programas e reportagens policiais que mostram, por exemplo, confrontos entre bandidos e operações policiais à luz do dia na Avenida Leitão da Silva.
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Assumção “tabelando” com a esquerda: a ironia maior desta eleição em Vitória
Assim como os adversários situados do centro para a esquerda e que são efetivamente aliados do governo Casagrande, Assumção tem martelado a tecla de que Pazolini condenou Vitória ao isolamento político. Afirma, por exemplo, que o atual prefeito teria chegado a recusar e devolver dezenas de milhões em recursos estaduais.
Mais que uma grande ironia, é surreal ver Assumção falando como se fosse um aliado do governo Casagrande, com discurso republicano de parceria institucional; defendendo o cultivo de um bom relacionamento entre os entes administrativos para o bem maior do município e dos munícipes de Vitória.
Afinal, o capitão da reserva da PMES se esforçou muito, nos últimos seis anos, para se estabelecer como inimigo nº 1 de Casagrande e de seu governo na Assembleia Legislativa.
O governador, pessoa física, tem pelo menos sete ações por danos morais movidas contra o deputado do PL. Em março de 2021, no auge da pandemia, Assumção foi o “puxador” do trio elétrico que se postou em frente ao prédio onde mora a mãe de Casagrande, no bairro Bento Ferreira, para protestar contra medidas de isolamento social. A PMES precisou intervir.
Esse “todos contra Pazolini” deu origem a algumas situações insólitas, da série “cenas impossíveis”, ou que você não imaginava viver para ver: em debates, Coser e Assumção se pouparam e, mais que isso, tabelaram algumas vezes nas críticas ao atual prefeito e à sua administração, como se fossem aliados políticos.
Veremos como se portarão na noite desta quinta-feira (3), no debate da TV Gazeta.
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