Coluna Vitor Vogas
Quem são os candidatos a prefeito apoiados pessoalmente por Casagrande
Os candidatos em cuja campanha o governador entrou de cabeça; os aliados para quem ele gravou pedidos de voto e os respectivos municípios; as cidades onde ele não entrará na campanha de jeito nenhum e os motivos dessa resolução; afinal, qual é a posição dele em Vitória e por quê
Até este momento, faltando exatamente uma semana para o encerramento oficial do período de propaganda eleitoral, o governador Renato Casagrande (PSB) esteve pessoalmente em atos de campanha de quatro candidatos a prefeito no Espírito Santo, incluindo comícios e atividades de rua. Todos são da Grande Vitória:
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. O prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), em Vila Velha
. O prefeito Euclério Sampaio (MDB), em Cariacica
. O prefeito Wanderson Bueno (Podemos), em Viana
. Weverson Meireles (PDT), candidato do prefeito Sergio Vidigal (PDT), na Serra
Além disso, Casagrande gravou declarações pedindo votos para muitos candidatos a prefeito do PSB ou de partidos aliados. Entre eles, Lorena Vasques (candidata do PSB à Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim), Fernanda Milanese (candidata do Podemos a prefeita de Boa Esperança), Dr. Abílio (candidato do União Brasil a prefeito de Castelo, cidade natal do governador).
Nos próximos dias, ele também gravará para Zé Preto (PP), candidato mais alinhado com o Palácio Anchieta em Guarapari. Alguns secretários de Estado também já gravaram para o deputado estadual, como o de Turismo, Philipe Lemos (PDT), e o de Agricultura, Enio Bergoli.
Por outro lado, o governador evitou se posicionar em municípios “conflituosos”, aqueles onde há dois ou mais aliados dele disputando a prefeitura, como Colatina (Guerino Balestrassi x Renzo Vasconcelos), ou onde muitos deputados de sua base aliada na Assembleia apoiam candidatos adversários.
Um exemplo do último caso é Santa Teresa, onde Claumir Zamprogno é o candidato do PSB a prefeito, mas muitos deputados governistas apoiam a reeleição do prefeito Kleber Medici (PSDB).
Em Linhares, há uma apertada disputa em curso entre o atual prefeito, Bruno Marianelli (Republicanos), e o deputado estadual Lucas Scaramussa (Podemos). Casagrande não apoiará ninguém. Marianelli não é seu aliado. Tem como padrinho político o ex-prefeito e antecessor, Guerino Zanon, adversário do governador na eleição de 2022. Scaramussa até pertence à base de Casagrande na Assembleia, mas não declarou apoio ao governador no 2º turno contra Manato (PL), após garantir a própria eleição para a Assembleia.
Em outros municípios mais relevantes do interior, como São Mateus, Aracruz, Nova Venécia e Barra de São Francisco, Casagrande ainda não gravou para ninguém.
E em Vitória?
Na Capital, o governador mantém a “distância prudente” com a qual entrou no processo. Em junho, salomonicamente, declarou à Rádio BandNews que recomenda voto em dois candidatos: os ex-prefeitos João Coser (PT) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). A quem lhe pede opinião, é essa a sua indicação.
Até agora, Casagrande conserva a postura discreta e equidistante entre Coser e Luiz Paulo. Não entrou pessoalmente na campanha de nenhum dos dois, ou seja, não gravou para nenhum dos dois nem participou de nenhum ato ou evento de campanha do petista ou do tucano.
A tendência é que Casagrande se mantenha assim até o dia 6 de outubro não só para não desequilibrar a balança governista a favor de Coser ou de Luiz Paulo (favorecendo um aliado em detrimento do outro), mas também porque, nesta equação política, entrou um componente novo, inesperado pelo Palácio Anchieta: o favoritismo de Lorenzo Pazolini (Republicanos), solidificado pelas pesquisas eleitorais mais recentes, para ganhar a eleição em Vitória já no 1º turno.
Até pouco antes do começo do período oficial de campanha (16 de agosto), praticamente todos os aliados palacianos estavam convencidos de que a disputa eleitoral em Vitória seria decidida em dois turnos. Isso dava a Casagrande até certa comodidade para entrar pessoalmente na campanha apenas no 2º turno, ao lado do aliado dele que passasse de fase contra Pazolini, fosse ele João Coser ou Luiz Paulo. Se confirmado esse cenário, desenhava-se uma grande união de forças governistas para enfrentar o atual prefeito no escrutínio final.
Mas, de modo relativamente surpreendente, Pazolini seguiu firme e forte com mais de 60% dos votos válidos nas últimas pesquisas da Quaest para a Rede Gazeta e da Futura para a Rede Vitória (esta última, publicada na última terça, a menos de duas semanas do pleito). Mesmo após a exposição maciça dos candidatos no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, nas redes sociais, na maratona de entrevistas e debates, o quadro segue inalterado, praticamente “estático”, tal como estava no início da campanha.
Até o momento, essa superexposição midiática dos candidatos não abalou em nada o favoritismo de Pazolini, não teve efeito prático algum sobre um cenário eleitoral hoje muito favorável ao atual prefeito. Os números de todos os candidatos praticamente não se moveram.
Ora, a esta altura, com Pazolini tão perto da “vitória antecipada”, eventual ingresso pessoal do governador na campanha seria um risco muito grande para ele mesmo.
Por um lado, a entrada de Casagrande poderia sim, em teoria, dar um impulso final à campanha do aliado escolhido por ele, ajudando-o a chegar ao 2º turno. Levantamento da Paraná Pesquisas divulgado bem no início do período de campanha mostrou que Casagrande, potencialmente, seria o melhor “cabo eleitoral” em Vitória, muito mais que o presidente Lula (PT) e que o ex-presidente Bolsonaro (PL).
Por outro lado, se Casagrande entrar na campanha de um ou de outro aliado na reta final e ainda assim Pazolini se sagrar vitorioso no dia 6, a vitória eleitoral do atual prefeito passará a ser também uma derrota pessoal do governador nas urnas. Será debitada de sua conta política. É algo de que talvez ele prefira se poupar, não só porque assim aconselha a prudência, mas porque ele mesmo sempre foi notadamente um político pragmático e, a esta altura, o voto da grande maioria dos eleitores tende a estar bem consolidado.
O rolimã
Casagrande esteve, porém, ao lado de Luiz Paulo em mais de uma ocasião durante o período de campanha, em circunstâncias informais. Uma delas foi na ArteSanto (Feira de Artesanato do ES). A mais recente foi no último domingo (22), durante tradicional corrida de carrinhos de rolimã realizada no Bairro da Penha, na Grande Maruípe. Luiz Paulo postou uma foto ao lado de Casagrande. O governador apresentou Luiz Paulo como candidato a pessoas no local. Mas não postou nenhum registro do encontro.
Alguns interpretaram o gesto como “a entrada de Casagrande na campanha de Luiz Paulo”, mas isso é um exagero. Não chegou a tanto.
Em compensação, o PSB de Casagrande faz parte da coligação de Luiz Paulo, o governador liberou seus secretários e a maioria deles está mesmo, aí sim, pessoalmente na campanha do tucano, com destaque para o vice-governador e secretário estadual do Desenvolvimento, Ricardo Ferraço (MDB).
Ladeira capixaba
Para não perder a pitada de humor ácido, o carrinho de rolimã não é bom agouro nem para Casagrande nem muito menos para Luiz Paulo, até porque ele só vai ladeira abaixo… É só uma brincadeira, é claro, mesmo porque a última Futura/Rede Vitória na verdade mostrou um pequeno crescimento por parte de Luiz Paulo em relação à rodada anterior, ainda que dentro da margem de erro.
“Decepcionado, não. Triste, sim”
Em entrevista à TV Gazeta na última terça-feira (24), João Coser precisou responder se ele se sente decepcionado pelo fato de Casagrande não ter entrado em sua campanha. O ex-prefeito deu uma resposta meio contraditória: “Decepcionado, não. Triste, sim”.
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