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Coluna Inovação

Por que vocês escondem isso tudo?

O turismo no Espírito Santo reúne montanhas, praias, cultura e gastronomia que surpreendem visitantes de todo o Brasil

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Turismo no Espírito Santo. Foto: Arquivo Pessoal

Turismo no Espírito Santo. Foto: Arquivo Pessoal

Ouvimos essa pergunta muitas vezes, ditas por visitantes de passagem pelo Espírito Santo. E eles viram pouca coisa. Faz vinte e seis anos que cheguei por aqui, fugindo da violência do Rio de Janeiro, onde tinha morado a maior parte da vida. Recém-casado com uma capixaba, tinha poucas referências daqui. Ao longo da vida ouvi pouco sobre o estado: as praias de Guarapari, as areias monazíticas, o pico da Bandeira, Roberto Carlos e Cachoeiro, Rubem Braga, a fábrica da Garoto, a pajelança de Augusto Ruschi e as indústrias da época: Vale, CST e Aracruz. Só isso.

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Longe de mim conhecer todo o estado hoje, como meu amigo Ruy Dias conhece e descreve cada distrito, onde certamente levou uma linha telefônica anos atrás. Mas já dá para falar do que me impressionou pela beleza, pelo charme, pela exuberância ou pelo paladar. Vou certamente deixar de fora muita coisa, por falta de espaço, esquecimento ou desconhecimento, mas que ainda pretendo conhecer um dia.
Vou começar por Pedra Azul e região, que me lembrou Itaipava no Rio, há muitos anos, antes de ser invadida pela desordem urbana. Mas lá não tem a Pedra, e isso é fundamental. O charme do quadrado, que Lilian Melo batizou para lembrar Trancoso, preservado por uns abnegados, os restaurantes sofisticados, o agroturismo de palmitos, cogumelos e morangos.

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As rotas, com novos restaurantes charmosos. Todo dia surge um novo. E o clima. Alguns locais reivindicam o título de terceiro melhor clima do país, mas ninguém sabe quem são os dois primeiros. Pedra Azul deveria assumir com autoridade. A BR 262 é a penitência que se paga por isso tudo. Já me deslumbrei com as montanhas do Caparaó – espetáculo visual, mas o Pico da Bandeira não tem o protagonismo que merecia, muita gente ainda acha que fica em Minas. A Toca da Truta em Ibitirama é imperdível. Preciso voltar lá. Santa Teresa é especial. Pode-se esquecer da vida na Rua do Lazer e dá vontade de decolar da rampa no final do circuito Caravaggio.

Não lembro de ter visto o tipo de praia e dunas de Itaúnas em outro lugar, fora o charme da vila. Na Prefeitura de Linhares vi uma foto aérea deslumbrante das lagoas de Linhares, todas na mesma foto, não achei no Google. Aquilo tudo pede um resort. Rodei em um barco na bucólica Lagoa Juara na Serra e me senti fora do país. Manguinhos é um charme, mas merece um projeto. As badaladas e exuberantes praias de Peracanga e Bacutia pedem que se faça alguma coisa para acabar com a sazonalidade. Tal patrimônio não pode ser curtido só dois meses por ano. O astral de Meaípe, com sua praia recomposta, e o sossego de Ubu me atraem. E não vi, nem em Búzios, algo como as Três Praias – um escândalo escondido. Quando cheguei aqui, vindo do Leblon, achei que meu destino natural era a Praia da Costa, sem dúvida. Infelizmente não deu por circunstâncias.

Fui para a Praia do Canto com o astral de Ipanema. Um amigo gaúcho passou calado pela Beira Mar, observando embevecido a curva da terceira ponte. Ela não é reta como as outras, dizia ele. E ele ainda não viu a mais bonita ciclovia do mundo. Outro se espantou com um enorme navio entrando no porto. A combinação de mar, verde e montanhas é referência de beleza como são os ícones Rio e Cidade do Cabo. Lembro da fantástica corrida de rua que batizou Vitória como a Mônaco brasileira. Agora que a cidade está conseguindo se virar para o mar, fica melhor ainda. E com o título recém conquistado de cidade mais inteligente do país. E encerro com a moqueca, a palha italiana e o pé de moleque de macadâmia de Castelo. Não é fácil estar espremido entre Bahia, Minas e Rio com histórias e culturas expressivas. Felizmente, boas administrações seguidas chamaram a atenção do país para o estado pelo lado da política e agora da logística. Não dá mais para esconder isso tudo.

Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração pelo IBGC, Membro da Academia Brasileira da Qualidade-ABQ, Membro do Conselho de Curadores do Ibef/ES e membro do Conselho de Política Industrial e Inovação da Findes. Foi Presidente da Dataprev, Diretor da Finep e do Sebrae/ES, Conselheiro do Serpro e Banestes. Tem extensa atuação como empresário, executivo e consultor em inovação, estratégia, gestão e qualidade, além de investidor e mentor de startups, principalmente deeptechs. Tem participação em programas de rádio e TV sobre inovação. É atualmente Presidente do Cdmec-Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-Mecânico.

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