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Coluna Vitor Vogas

Vidigal: “Se Weverson chegar ao 2º turno, será o próximo prefeito”

Prefeito fala sobre a estratégia para fazer seu sucessor na Serra, por que não quer o PT com Weverson e quem o PDT deve apoiar na disputa em Vitória

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Weverson Meireles discursa após ser apresentado pelo casal Vidigal como pré-candidato a prefeito da Serra. Foto: Samuel Chahoud

A estratégia já está traçada no time liderado pelo prefeito Sergio Vidigal (PDT), com a marqueteira Jane Mary Abreu e o coordenador-geral da campanha, Alessandro Comper (PDT). O grande desafio é fazer com que Weverson Meireles (PDT), candidato do time Vidigal, chegue ao 2º turno na eleição à Prefeitura da Serra. Se conseguirem fazer isso, Vidigal está convencido de que Weverson chegará a se eleger, derrotando, em confronto direto, quem quer que seja seu adversário: Audifax Barcelos (PP), Pablo Muribeca (Republicanos) ou Igor Elson (PL).

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“Se Weverson chegar ao 2º turno, ele é o próximo prefeito da Serra”, carimba Vidigal, com uma convicção embasada, segundo ele, em pesquisas qualitativas e quantitativas encomendadas pelo QG da pré-campanha. “O que precisamos é chegar no 2º turno. Esse é o nosso projeto.”

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Quando eu era garoto, um dos meus treinadores em times de futebol amador costumava dizer o seguinte: “Num torneio, temos sempre dois objetivos; o primeiro é chegar à final; o segundo, vencer à final”. Vidigal, pelo dito acima, entende que o objetivo mais difícil na verdade é o primeiro: uma vez na final, Weverson seguramente a vencerá. A “final” de Weverson, por esse prisma, será o 1º turno.

Em tese, é difícil para ele ficar entre os dois mais votados no 1º turno por causa do baixíssimo conhecimento que o eleitor da Serra tem sobre ele, em contraste com o altíssimo recall dos oponentes, sobretudo Audifax e Muribeca.

“A última pesquisa que fiz mostra que 92% dos entrevistados conhecem o Audifax e 62% conhecem o Pablo, enquanto somente 14% conhecem o Weverson. Em compensação, quando ele é colocado tocando um projeto de continuidade, ele tem um bom desempenho, não chegando ainda no tamanho de Audifax nem de Pablo, porque também está muito cedo e a população ainda não está ligada nem interessada no processo eleitoral”, conta Vidigal.

No entanto, no 2º turno, a campanha se resume à comparação entre dois adversários. E, nessas condições, os vetores “novidade política” + “força da máquina a empurrá-lo” + “transferência de prestígio e capital eleitoral de Vidigal” poderão fazer a diferença num duelo direto com Muribeca (que não tem os dois últimos) ou com Audifax (que não tem nenhum dos três).

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Em conversa com a coluna, Vidigal reafirma algo que disse no dia 16 de março – ao anunciar publicamente sua não candidatura à reeleição e o apoio a seu então chefe de gabinete –, depois foi reiterado por ele em entrevista ao EStúdio 360 e, no início deste mês, foi endossado pelo próprio Weverson em entrevista ao mesmo telejornal: não tem volta, o candidato do PDT é Weverson, e ponto final.

“Além de não ter mais volta, estou animado e trabalhando pela candidatura dele. O nosso candidato é ele.”

Segundo Vidigal, Weverson será seu candidato “independentemente de pesquisas”, qualquer que seja o tamanho dele às vésperas da campanha eleitoral, marcada para começar oficialmente na segunda quinzena de agosto. E se, no começo de agosto, ele tiver 1% das intenções de voto? “Vai ter que cair muito pra chegar a 1%. Vai ter que fazer muita besteira”, responde o prefeito. E se tiver 10%? “Dez por cento é ótimo”, emenda.

O fogo amigo do filho

Até fazendo aqui uma autocrítica, reservei-me o direito de manter até o último momento aqueles 5% de dúvida de que Vidigal talvez ainda pudesse recuar da decisão e lançar candidatura à reeleição. Isto se ele constatasse, lá para meados de julho, que Weverson não houvesse deslanchado nem desse sinais de ainda conseguir decolar. Se o projeto Weverson não vingasse, poderia ser abortado, foi o que escrevi aqui mais de uma vez.

Vidigal tira essa hipótese da mesa de uma vez por todas. Mas, para fazermos justiça, essa dúvida foi alimentada, em grande medida, pela postura mantida pelo próprio filho mais velho do prefeito, Eduardo Vidigal, que assumiu a presidência estadual do PDT no lugar de Weverson logo após o lançamento dele, no fim de março.

Em caso gritante de fogo amigo, Eduardo parecia o tempo todo jogar contra a resolução do próprio pai. Chegou a postar, em redes sociais, que “a Serra não é para amadores”, após Weverson aparecer com desempenho inicial muito fraco em pesquisa divulgada pela Rede Vitória em maio.

A situação ficou insustentável, a ponto de Vidigal ter precisado retomar a presidência estadual do PDT, no lugar do filho. O prefeito ficará à frente de uma Comissão Provisória em mandato tampão de seis meses, ao fim do qual convocará convenção para eleição de uma nova direção.

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Mas Vidigal alivia para o filho:

“Acho que o Dudu, tal qual uma grande parte de companheiros e aliados, tinha a expectativa de que eu poderia reavaliar minha posição e de repente mudar de posição. A política tem essas coisas: todo mundo gostaria de caminhar pelo caminho menos difícil. Nenhuma candidatura tem segurança de vitória. Mas uma candidatura minha talvez tivesse menos dificuldade de conseguir o êxito aqui na Serra. Era o caminho mais previsível. E talvez isso estimulasse algumas pessoas que tinham a expectativa de que isso acontecesse. Eu creio que isso deva ter acontecido com o Dudu, porque nós nunca conversamos sobre uma possibilidade de eu rever minha posição. Nunca. Nem com ele nem com ninguém.”

Vidigal parece até surpreso em ter de repetir tanto a mesma coisa:

“Achei que era uma fala minha e que isso estava consolidado. Mas entendo e respeito que, na política, às vezes a pessoa fala uma coisa e de repente faz outra diferente. É por isso que estamos tão desacreditados.”

Vitória: “Luiz Paulo ou João Coser”

Em Vitória, após a conflituosa desistência de Sergio Majeski, a Executiva Municipal do PDT e os pré-candidatos a vereador do partido já se reuniram com quatro postulantes ao cargo de prefeito, em uma “ciranda” visando escolher quem o partido apoiará.

Vidigal salienta que a Executiva Estadual do PDT não vai interferir na escolha, a qual, segundo ele, será toda dos dirigentes municipais. Ele esclarece, contudo: a decisão ficará entre João Coser (PT) e Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).

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O afunilamento entre os dois ex-prefeitos decorre da parceria entre o PDT e o governo Casagrande (PSB). O próprio governador já declarou que esses são os dois concorrentes apoiados por ele na Capital. O PDT pretende se manter leal ao projeto maior, com foco na “geopolítica estadual”.

“A partir do momento em que o Majeski declina, nós somos um parceiro do governador Renato Casagrande. Então é evidente que nós estaremos numa aliança de algum partido aliançado ao governador. Como ele já declarou, em Vitória o governo estará com Coser e Luiz Paulo. Então essas são as nossas alianças prioritárias. O PDT de Vitória terá autonomia para definir sobre Vitória, mas a orientação partidária em relação aos possíveis candidatos está exatamente nesse espectro de alianças do Governo do Estado. Será um dos dois.”

O favoritismo, como já discorri aqui, é de João Coser. Uma aliança entre PDT e PT pode ser costurada inclusive por Casagrande, até por uma questão de “divisão mais justa”, ou de “equilíbrio de forças”: uma partilha mais equilibrada, entre os dois aliados, das múltiplas forças partidárias integradas ao governo Casagrande. No momento, a balança está bem desnivelada a favor de Luiz Paulo.

O tucano já tem seis partidos aliados de Casagrande com ele, e o próprio Luiz Paulo calcula que pode ficar com mais de 4 minutos por bloco de 10 no horário eleitoral de TV. Enquanto isso, o petista no momento está à míngua, somente com PCdoB e PV, parceiros do PT na Federação Brasil da Esperança.

Sem contrapartida na Serra

Mas Vidigal adianta que, diferentemente do que se especulou logo após a retirada de Majeski, não haverá dobradinha Vitória-Serra, isto é, para concretizar eventual aliança com o PT em Vitória, o PDT não cobrará a retirada de Roberto Carlos (PT) e o apoio do PT a Weverson na Serra. Essa seria, na verdade, uma contrapartida indesejada, contrária aos interesses estratégicos do próprio PDT.

“Se porventura o PDT decidir ficar com o PT em Vitória, nós não vamos condicionar esse apoio a absolutamente nada. Não vamos pedir a retirada da pré-candidatura do Roberto Carlos na Serra”, sublinha Vidigal.

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Confirmando argumentos já expostos aqui, Vidigal avalia que, para o PDT, na realidade, é muito mais interessante a manutenção da candidatura de Roberto Carlos (PT) na Serra do que a absorção do PT na coligação de Weverson. Ter o petista como um “adversário amigo” convém bem mais que ter o PT como aliado oficial.

Com um candidato petista no páreo, este naturalmente atrairá e concentrará o antipetismo, deixando Weverson muito mais à vontade para driblar a polarização ideológica.

Isso é muito conveniente se pensarmos que há três adversários por partidos de direita (Audifax, Muribeca e Igor Elson), e este último, em especial, deve procurar levar a disputa para essa arena da polarização nacional, criticando a esquerda e buscando impingir em Weverson o selo de “esquerdista”, a fim de ampliar a rejeição ao candidato da situação entre eleitores da direita bolsonarista.

Com Roberto Carlos no jogo, Weverson pode tangenciar esse debate com bem mais comodidade, apesar de o PDT ser de esquerda e aliado do governo Lula. “Esquerda?!? O candidato de esquerda é esse aqui”, poderá se esquivar o pedetista, apontando o dedo para Roberto Carlos, que tenderá a absorver como uma esponja a rejeição advinda daí. No 2º turno, é claro – se Weverson chegar lá –, os dois se juntam.

“Acho que é um desserviço discutir uma eleição municipal com esse viés ideológico, já que o papel de uma prefeitura é ser uma prestadora de serviços. Não posso dizer que vai ter vagas num equipamento público para quem é de direita e não vai ter para quem é de esquerda, e vice-versa. A gente não quer entrar nesse debate. E, como na Serra existe a candidatura do PL e a Serra tem uma eleição de dois turnos, o debate ideológico, se houver, não perpassará a candidatura do Weverson”, enfatiza Vidigal.

“O PL já deixou claro que vai levar a eleição para esse lado da disputa ideológica. Por não terem nenhum conteúdo de proposta para a cidade, eles vão discutir essa pauta. [Com Roberto Carlos na páreo,] eu diria que não entraríamos nesse tipo de debate, que não somará nada para a cidade. Não vamos discutir política de gênero, armar ou não a população, ser a favor ou contra o aborto. Isso não passa por nós. Ficaríamos isentos desse debate nessa polarização que hoje existe no Brasil entre o PT e o PL”, visualiza o prefeito.


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