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Coluna Vitor Vogas

Rigoni x Marcelo Santos: Dia D na briga pelo comando do União no ES

Em pleno Dia dos Namorados, haverá rompimento da direção nacional com Rigoni ou o namoro vai evoluir para União estável? Analisamos aqui

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Marcelo Santos e Felipe Rigoni disputam presidência estadual do União Brasil no ES

Marcelo Santos e Felipe Rigoni disputam presidência estadual do União Brasil no ES

Na Segunda Guerra Mundial, o Dia D, marcado pelo desembarque das tropas aliadas na costa da Normandia, ocorreu em 6 de junho. Foi o ponto de virada da Segunda Guerra Mundial, rumo à derrota da Alemanha nazista. Seis dias depois no calendário, neste 12 de junho de 2024, o União Brasil no Espírito Santo também pode viver um “Dia D”.

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Na véspera, Felipe Rigoni e Marcelo Santos desembarcaram com os respectivos aliados em Brasília, com objetivos opostos: o ex-deputado federal pretende se manter na presidência do poderoso partido no Espírito Santo; já o presidente da Assembleia Legislativa (Ales), como antecipado aqui no dia 24 de maio, pretende assumir a presidência no lugar de Rigoni.

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Quem decidirá a disputa, ao fim e ao cabo, é a nova diretoria executiva nacional do partido, a qual literalmente acaba de ser empossada. Presidida pelo advogado Antonio de Rueda – vencedor de uma longa batalha interna com o ex-presidente nacional Luciano Bivar, de quem foi vice –, a nova cúpula foi eleita em fevereiro e tomou posse na noite de terça-feira (11), em cerimônia seguida de festa no Iate Clube de Brasília, no setor de clubes norte da capital federal (a Normandia fica no norte da França…).

Tanto Rigoni como Marcelo fizeram questão de prestigiar a posse de Rueda e posar para fotos ao seu lado, publicadas nas respectivas redes sociais. Aliado do novo presidente nacional, Rigoni se fez acompanhar do deputado estadual Bruno Resende, forte aliado dele em nível local e último remanescente da bancada do partido na Ales (Denninho Silva está de saída). Marcelo foi acompanhado por colaboradores dele na Assembleia.

Os dois devem ter reunião, nesta quarta-feira (12), em Brasília mesmo, com Antonio de Rueda, para tratar do mesmo tema: como e com quem, afinal, ficará o comando do União Brasil no Espírito Santo?

Rigoni é o presidente estadual do partido desde março de 2022. Em abril de 2023, foi eleito presidente de um Diretório Estadual permanente, com mandato até 2027. Após muitas investidas jurídicas, principalmente por parte da Amarildo Lovato, o Tribunal de Justiça do Estado (TJES) confirmou e validou o resultado da convenção.

Isso significa que, para tirar Rigoni do cargo e passar o comando estadual para Marcelo, a Executiva Nacional recém-empossada teria de fazer uma intervenção federal no Espírito Santo, dissolvendo o Diretório Estadual eleito para nomear Marcelo à frente de um órgão diretivo provisório.

Falando em hipótese, aliados de Rigoni classificam essa alternativa como uma “intervenção grosseira”. Vale frisar que o ex-deputado também é membro, como suplente, do novo Diretório Nacional definitivo, com mandato até 2028. Mas a carta realmente está na mesa de Rueda e demais dirigentes nacionais.

Marcelo, cumpre registrar, não está filiado – pelo menos não ainda – ao União Brasil. Mas, como não é segredo para ninguém, procura um novo partido para chamar de seu no Espírito Santo.

Tecnicamente, o presidente da Assembleia ainda está filiado ao Podemos, mas isso é só um detalhe que em breve será removido. Após receber carta de anuência da direção do Podemos, Marcelo ajuizou ação no TRE-ES no último dia 3 pedindo reconhecimento de justa causa para se desfiliar sem perder o mandato de deputado estadual. Está sob a relatoria de Renan Sales. Com a carta de anuência anexada, o êxito da ação é certo.

Uma vez livre das amarras do Podemos, ele poderá se filiar a outra sigla. Mas só quer entrar em um partido que possa ser comandado por ele no Espírito Santo. É o caso do União Brasil: Marcelo Santos só topa se filiar se for para assumir a presidência estadual – “tomando o partido” de Rigoni, como se diz no jargão político.

Como não dá ponto sem nó, antes mesmo de receber a carta de anuência do Podemos, Marcelo abriu, em meados de abril, as tratativas com Rueda e com outro personagem influente nesta história: o deputado federal Fabio Schiochet, do União Brasil de Santa Catarina.

No novo Diretório Nacional do partido, o parlamentar catarinense é tesoureiro-adjunto. Sintomaticamente, antes de seguir para a festa de posse da nova direção nacional, Marcelo visitou ontem Schiochet na Câmara Federal e registrou a visita em seus stories. Na fachada, foi tratar da defesa do consumidor, já que o dirigente do União preside a comissão temática afim na Câmara dos Deputados.

Print do post de Marcelo Santos com Antonio de Rueda

Print do post de Marcelo Santos com Antonio de Rueda (11/06/2024)

Os prós e contras de Marcelo e de Rigoni

O que Marcelo tem a oferecer à nova direção nacional do União, para convencê-la a substituir Rigoni por ele? Em três palavras, expectativa de crescimento. Tem a promessa de que, com ele na presidência estadual, o partido poderá enfim crescer no Espírito Santo, nas eleições gerais de 2026 (elegendo deputados estaduais e federais) e quiçá já nas municipais deste ano (elegendo mais prefeitos e vereadores).

Marcelo, como é sabido, lidera uma extensa rede de aliados de norte a sul do Estado e tem planos próprios de crescimento político: em 2026, a priori, lançará candidatura a deputado federal, mas, à frente de um partido do porte do União Brasil, poderá passar a sonhar até com algo maior.

E aqui precisamos falar do maior “contra” de Rigoni neste cabo de guerra: desempenho numérico. Desde que ele assumiu a presidência estadual do União, o partido tem números tímidos a exibir para a direção nacional. Hoje só tem um deputado estadual e nenhum federal pelo Espírito Santo. Proporcionalmente, em solo capixaba, o partido ficou muito aquém do tamanho que tem em escala nacional. Esse é um ponto.

Por outro lado, Rigoni também reúne fortes argumentos a favor da sua manutenção na presidência estadual.

O primeiro deles é sua lealdade a Rueda. Na traumática disputa interna entre o agora presidente nacional e Luciano Bivar, Rigoni foi um dos principais aliados do primeiro. Foi, desde o início, um dos presidentes estaduais do União a se postar ao lado de Rueda, e dali jamais arredou pé. (O grupo de Bivar, a propósito, preferia ter dado o partido para Amarildo Lovato no Espírito Santo no ano passado).

Conversamos com um aliado de Rigoni. Segundo sua avaliação, se a nova direção nacional derrubar um aliado como ele logo após tomar posse, passará a todo o partido, dirigentes regionais incluídos, uma mensagem muito ruim ligada a deslealdade, instabilidade e imprevisibilidade:

Print do post de Felipe Rigoni com Antonio de Rueda

Print do post de Felipe Rigoni com Antonio de Rueda (11/06/2024)

“Rigoni sempre esteve ao lado de Rueda… Aí, no primeiro dia após a posse, Rueda joga ao mar um aliado como ele? Isso causa um trauma que vai reverberar em nível nacional. Não sei se a nova direção nacional vai comprar um barulho como esse tendo acabado de assumir…”

Casagrande entra em campo na defesa de Rigoni

O segundo e principal argumento de Rigoni tem nome e sobrenome: chama-se Renato Casagrande. Em declaração à coluna, publicada aqui no dia 24 de maio, o governador já havia se manifestado vigorosamente contra a ideia da “tomada do União” por Marcelo:

“Ninguém tratou desse tema comigo. A eleição está próxima. Acho muito importante todos terem equilíbrio e bom senso. Qualquer cavalo de pau agora pode provocar reações. Minha posição como governador está sendo nessa direção. Espero não precisar sair dela.”

Mas ele não ficou só nas palavras. O governador também agiu, entrando pessoalmente no circuito para interceder a favor de Rigoni e ajudá-lo a se segurar na presidência estadual do União. Em Nova Iorque, durante a Semana do Brasil (de 13 a 15 de maio), Casagrande e Rigoni conversaram pessoalmente com Rueda, que estava no mesmo evento.

O governador disse ao dirigente nacional do União que, com Rigoni à presidência, ele mesmo ajudará o partido a crescer no Espírito Santo. Um exemplo recente foi a desincompatibilização do agora ex-presidente do Incaper Franco Fiorot para ser, possivelmente, candidato a vice-prefeito de Linhares (terra de Rigoni) pelo União, na chapa do deputado estadual Lucas Scaramussa (Podemos).

Vale ressaltar que a conversa de Casagrande com Rueda se deu antes de vir à tona a articulação de Marcelo Santos visando assumir o lugar de Rigoni.

Marcelo Santos é aliado de Casagrande. Mas o governador prefere que Rigoni siga à frente do partido porque, além de hoje estar mais próximo a ele politicamente, o secretário estadual do Meio Ambiente inspira nele maior estabilidade e previsibilidade.

O efeito Marcelo: Luiz Paulo x Pazolini em Vitória

Com Rigoni no leme, o governador tem a certeza de que o União Brasil é mais um partido no seu leque, mais um para se somar às coligações de seus aliados agora, nas eleições municipais. Já com Marcelo Santos, há receio de que o presidente da Ales leve o União para palanques adversários do Palanque Anchieta. O exemplo maior é, justamente, o mais importante.

Em Vitória, hoje, o União está fechadíssimo com a candidatura do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), aliado de Casagrande e de Rigoni. Marcelo, por sua vez, apoia a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), adversário do Palácio Anchieta.

Ora, se Marcelo assumir subitamente a presidência estadual do União, antes das convenções partidárias, que garantias tem o Palácio Anchieta de que não haverá cavalo de pau em Vitória e em outros municípios? Em tese, Marcelo poderia desfazer e refazer acordos que já haviam sido costurados há meses por Rigoni.

“É muito complexo mudar tão bruscamente uma direção estadual sem fazer um alinhamento que não sei se é possível neste momento, porque estamos em pleno período eleitoral. Em alguns municípios, Marcelo Santos apoia candidatos a prefeito que não são os do União Brasil. Como se dará isso? Um presidente estadual contra seu próprio candidato?”, formula o interlocutor de Rigoni ouvido pela coluna.

“Já vi muita gente derrubar o Felipe, mas nunca o vi cair…”, pondera a mesma fonte.

A conferir.

Em tempo

Marcelo e Rigoni não desembarcaram em Brasília “só” para tratar do União Brasil. O secretário estadual do Meio Ambiente participa, nesta quarta-feira (12), do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Já a agenda de Marcelo está tão cheia que precisaríamos de uma coluna à parte só para publicar a lista. Entre muitos outros encontros, ele esteve com o deputado federal Josias da Vitória (PP), um velho parceiro, e com o prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi (MDB)


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