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Coluna Vitor Vogas

Desunião Progressista no ES? Euclério e Arnaldinho não cabem no mesmo movimento

Mais que dar sinais trocados, União Brasil (Marcelo Santos) e PP (Da Vitória) estão fazendo movimentos eleitorais que se anulam mutuamente

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Em agosto, o União Brasil e o Progressistas (PP) formalizaram a composição da Federação União Progressista, para as eleições gerias de 2026, com reprodução obrigatória em todos os estados. Os presidentes nacionais dos dois partidos são, respectivamente, o advogado Antônio de Rueda e o senador Ciro Nogueira. Os presidentes no Espírito Santo são, respectivamente, o deputado federal Josias da Vitória (PP) e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União).

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Nos últimos dias, no Espírito Santo, tem-se ouvido um clamoroso ruído entre União Brasil/Rueda/Marcelo e PP/Ciro Nogueira/Da Vitória no que concerne, respectivamente, às possíveis filiações e pré-candidaturas de Euclério Sampaio a senador e de Arnaldinho Borgo a governador.

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Na noite de terça-feira (30), os deputados Da Vitória e Victor Linhalis (Podemos) saíram de reunião com Ciro Nogueira, em Brasília, dizendo que Arnaldinho tem a chancela da direção nacional do PP para entrar no partido e ser pré-candidato a governador do ES. Mas, se isso se concretizar, o prefeito de Vila Velha não será o pré-candidato a governador só do PP, mas o pré-candidato da Federação União Progressista, também formada pelo União Brasil.

Aí “é preciso combinar” com a outra metade da federação. E é aqui que está havendo um ruído, uma desconexão, um visível desencaixe entre as duas partes…

Ao mesmo tempo que Da Vitória faz esse movimento e Arnaldinho põe um pé e meio dentro do PP, Marcelo Santos vai ao presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, para tratar especificamente da possível filiação de Euclério ao partido. E sai da reunião postando que a entrada do prefeito de Cariacica no União Brasil foi chancelada por Rueda. O post de Marcelo foi feito na manhã desta quarta-feira (1º), como se fosse uma resposta veloz ao movimento do PP:

“Estive com Antônio de Rueda, presidente nacional do União Brasil e também da Federação União Progressista, para tratar da filiação do prefeito Euclério Sampaio ao partido, com garantia de legenda para disputar o Senado, e da chegada de Messias Donato ao União” (grifo da coluna).

Ora, enquanto a condição de Arnaldinho para entrar no PP (logo, na federação) é a garantia de legenda para ele mesmo disputar o Governo do Estado, uma das condições de Euclério para entrar no União Brasil (logo, na federação) é a garantia de que tal federação apoiará a candidatura de Ricardo Ferraço (MDB) para o Palácio Anchieta. Como sabemos, o prefeito de Vila Velha e o vice-governador disputam, no momento, o posto de candidato oficial do governo Casagrande (PSB).

Pelo que apurei, Rueda prefere que a federação fique mesmo no “Projeto Ricardo” a abraçar o projeto de Arnaldinho. O próprio Marcelo Santos se posiciona, desde o primeiro semestre, como um dos principais apoiadores da pré-campanha de Ricardo, com direito a declarações de apoio e participação em atos públicos ao lado do vice-governador.

Ora, os dois movimentos, com as respectivas “condições”, invalidam um ao outro; excluem-se mutuamente. É a lei da Física aplicada à política: dois corpos (querendo coisas opostas) não podem ocupar o mesmo espaço.

Não dá para a Federação União Progressista filiar Arnaldinho ao PP e abrigar sua pré-candidatura a governador (como o PP está dizendo), ao mesmo tempo que filia Euclério ao União Brasil, abriga sua pré-candidatura a senador e firma apoio a Ricardo Ferraço (como o União Brasil está dizendo). Das duas, uma, não é?

Diante de todo o exposto, as perguntas que precisam ser respondidas tanto por Da Vitória como por Marcelo Santos são as seguintes:

1) O movimento de convite de filiação de Euclério ao União Brasil, por parte de Marcelo, com endosso da direção nacional do União Brasil para ele se candidatar a senador, está devidamente combinado com Da Vitória e Ciro Nogueira? O PP está de acordo?

2) O movimento de convite de filiação de Arnaldinho ao PP, por parte de Da Vitória, com endosso da direção nacional do PP para ele se candidatar a governador, está devidamente combinado com Marcelo e Antônio de Rueda? Os dirigentes estaduais e nacionais do União Brasil estão de acordo com isso?

3) É realmente possível que a federação filie, ao mesmo tempo, Arnaldinho Borgo (no PP) e Euclério Sampaio (no União Brasil), absorvendo e mantendo as respectivas pré-candidaturas majoritárias? Em outras palavras, o colunista está equivocado?

No início da tarde de quarta-feira (1º), encaminhei as mesmas perguntas para as respectivas assessoria de imprensa. Não houve respostas até o momento desta publicação. O espaço segue aberto para os devidos esclarecimentos de parte a parte.

Em tempo: por ora, Arnaldinho segue sem partido. Euclério filiado ao MDB.

Almoço de Ferração para Euclério não cai bem a Da Vitória

Como noticiei aqui na terça-feira (30), o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico Ferraço, ofereceu, nesta quarta-feira (1º), um almoço num grande restaurante de sua cidade, para cerca de 200 convidados, com o objetivo de expressar e arregimentar apoios à pré-candidatura de Euclério Sampaio ao Senado. O almoço de fato ocorreu, com a presença de Euclério. Antes, o prefeito de Cariacica foi levado por seu anfitrião para visitar um asilo de idosos (foto abaixo). Entre os comensais, prefeitos de municípios do sul, vice-prefeitos, vereadores e deputados estaduais.

Aos presentes, Theodorico declarou seu apoio a Euclério: “Eu quero apresentar o Euclério para o povo de Cachoeiro. Um prefeito histórico, trabalhador incansável, homem de bem. Cariacica lhe deu na última eleição 88% dos votos, porque reconhece o seu trabalho. Agora ele coloca o nome como pré-candidato a senador, e eu quero dizer: aonde você for, eu vou com você, porque você merece o nosso apoio”, declarou Ferração, sob aplausos dos presentes.

O prefeito de Cachoeiro é pai de Ricardo Ferraço, que tem em Euclério um dos principais apoiadores para o governo em 2026. A retribuição é, de certo modo, natural. Ou seria, se não fosse por um motivo.

Theodorico é filiado ao PP, partido comandado no Espírito Santo por Da Vitória. Nas eleições municipais de 2024, a convite de Da Vitória, o próprio Ciro Nogueira prestigiou a campanha de Theodorico em Cachoeiro.

Da Vitória não esconde de ninguém que ele próprio tem disposição em disputar um lugar no Senado. Por esse ângulo, ele e Euclério são, no momento, concorrentes diretos em potencial – não obstante a boa relação mantida entre os dois.

Indagado pela coluna na noite de terça-feira (30), Da Vitória também não disfarçou que não ficou plenamente satisfeito com a iniciativa de Ferração.

“O prefeito Theodorico não fez contato comigo para tratar desse almoço. Entendo com muita naturalidade, mas entendo que ainda tem um processo. Não recebi o contato. Todo movimento tem que ser muito bem pensado. Tem tempo de fazer tudo.”

Mais um “desencontro” dentro da Federação União Progressista no Espírito Santo. Mas esse é ainda mais específico: no interior do PP.

A lista VIP (Very Important Politicians)

Comeram um bom rango à custa de Ferração:

  • Prefeito de Itapemirim, Geninho
  • Prefeito de Bom Jesus do Norte, Toninho Gualhano
  • Prefeito de de Alegre, Nirrô Emerick
  • Prefeito de Marataízes, Toninho Bitencourt
  • Vice-prefeito de Cachoeiro, Júnior Corrêa
  • Vice-prefeito de Rio Novo do Sul, Jocelino Monti
  • Ex-deputada federal e primeira-dama de Cachoeiro, Norma Ayub (PP)
  • Ex-prefeita de Mimoso do Sul, Flávia Cisne;
  • Ex-prefeito de Rio Novo do Sul, Thiago Fiorio
  • Deputado estadual Marcos Madureira (PP)
  • Deputado estadual Allan Ferreira (Podemos)
  • Deputado estadual Bruno Resende (União Brasil)