Coluna Vitor Vogas
PT: Coser, Helder e Iriny querem unir forças para derrotar Jack Rocha
Numa inflexão que pode até mudar os rumos do PT no Espírito Santo, a corrente de Coser está rompendo a aliança com a CNB, da atual presidente, e migrando para o lado da oposição interna. Eleição será em 6 de julho. Entenda aqui o que está em jogo

No sentido da leitura: Iriny Lopes, João Coser, Jack Rocha e Helder Salomão
Para derrotar a corrente da deputada federal Jack Rocha e chegar à presidência do PT no Espírito Santo, as correntes de João Coser, Iriny Lopes e Helder Salomão decidiram unir forças dessa vez. Estão forjando uma aliança com o objetivo de lançar uma candidatura unificada contra a da atual presidente estadual. No dia 6 de julho, os filiados do PT irão as urnas para escolher o/a próximo presidente e a próxima Executiva Estadual, no chamado Processo de Eleição Direta (PED). Candidaturas podem ser inscritas até 28 de abril.
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Quem chegar à presidência em julho comandará o PT no período de preparação para as próximas eleições estaduais e durante a campanha propriamente dita.
No multifacetado PT, a corrente de Jack Rocha, Construindo um Novo Brasil (CNB), já decidiu lançar a candidatura da deputada à reeleição. É a mesma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após chegar à presidência estadual, pelo PED, em 2019, Jack teve o mandato prorrogado pela Executiva Nacional do PT no começo de 2023.
Na última eleição interna, em 2019, a CNB fez uma aliança estratégica com a corrente do deputado estadual João Coser, chamada Alternativa Socialista (AS). O apoio do grupo de Coser a Jack foi fundamental para sua vitória e seu primado no PT-ES nos últimos anos. Pode-se dizer que, juntas, as correntes de Coser e de Jack têm “governado” o PT no Espírito Santo.
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Mas, para esse novo processo, a corrente de Coser vem com pensamento diferente. Fazendo uma inflexão que pode até mudar os rumos do PT em terras capixabas, a Alternativa Socialista está rompendo a aliança com a CNB de Jack Rocha e migrando para o lado da oposição interna.
Hoje, essa “oposição interna” está concentrada no campo Para Voltar a Sonhar, formado, entre outras, pela corrente do deputado federal Helder Salomão (Resistência Socialista) e pela da deputada estadual Iriny Lopes (Articulação de Esquerda). Em 2019, representado pela candidatura de Helder à presidência, esse grupo mediu forças com o de Jack Rocha. Esta derrotou Helder por incríveis dois votos. Como dito, o apoio da corrente de Coser foi decisivo naquela ocasião.
Agora, porém, a corrente de Coser está trocando a dobradinha com a CNB de Jack Rocha por uma nova aliança, com o campo Para Voltar a Sonhar. As reuniões das correntes de Coser, Iriny e Helder têm corrido a todo vapor. Em tais encontros, a expressão usada pelos participantes é a formação de uma “nova maioria” no PT. Acreditam que, unindo forças em torno de uma só candidatura, eles terão força numérica para derrotar a de Jack Rocha, isolando a CNB.
O único ponto em aberto, justamente o mais importante, é quem será o candidato que representará essa aliança no PED. Pela Alternativa Socialista, João Coser tem interesse. Pelo campo Para Voltar a Sonhar, Iriny apresenta o nome. Os dois únicos deputados do PT na Assembleia Legislativa terão de chegar a um consenso. O deputado federal Helder Salomão não quer concorrer dessa vez, mas está no mesmo movimento.
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E, se a aliança de oposição vingar, é bem provável que o senador Fabiano Contarato também venha a apoiar essa candidatura de oposição interna. Sem pertencer a nenhuma das correntes, o senador, em entrevista recente à coluna, criticou a atual condução do PT no Espírito Santo. Para ele, quem quer que seja o próximo presidente estadual do PT terá de se reconectar com as bases sociais do partido e fazer mais política partidária diuturnamente.
“Penso que o partido precisa fazer uma autoanálise. O PT precisa ser fortalecido nos 78 municípios capixabas. Vou lutar para que quem quer que esteja à frente do partido, a Jack ou algum outro companheiro, promova esse fortalecimento”, opinou Contarato.
É uma crítica recorrente nas reuniões da corrente de João Coser com o campo de oposição: a de que o PT, nos últimos anos, estaria muito “parado” e precisa recuperar a vivacidade.
No dia 6 de julho, o PED se dará simultaneamente em todos os níveis. No mesmo dia, será eleita a nova direção nacional e as direções nos estados e municípios, que terão mandato de quatro anos. A votação é direta e secreta. Poderão votar no PED todos os filiados ao PT registrados até 28 de fevereiro.
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