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Coluna Vitor Vogas

Por que aposto que Sergio Meneguelli não será candidato em Colatina?

O partido Republicanos, ao qual ele está atado, tem o compromisso muito sólido de apoiar a candidatura a prefeito de Renzo Vasconcelos em Colatina

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Sergio Meneguelli. Crédito: Lucas S. Costa

A seca castiga o Espírito Santo, a ponto de o Governo do estado declarar Estado de Atenção, mas uma nuvem de dúvida paira sobre Colatina: o deputado estadual Sergio Meneguelli pode ou não se candidatar para tentar voltar à prefeitura da cidade, governada por ele de 2017 a 2020?

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Busquei, sem sucesso, falar com o próprio Meneguelli nos últimos dias. E há muito tempo não consigo escutá-lo. Mas, da última vez que nos falamos (no dia 1º de abril), o ex-prefeito seguia jogando com o fator tempo e alimentando a especulação, prolongada até estes derradeiros dias de definição de candidaturas e alianças. O período de convenções partidárias se inicia no sábado (20).

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Tecnicamente, Meneguelli está habilitado a concorrer. Já do ponto de vista político, para não dizer que isso é impossível, vamos dizer que é muito pouco provável. Meneguelli esbarra em sérias dificuldades, as quais começam dentro do próprio partido: o Republicanos simplesmente tem planos diferentes na maior cidade da Região Noroeste do Estado.

O partido, ao qual Meneguelli está atado, tem o compromisso muito sólido de apoiar a candidatura a prefeito de Renzo Vasconcelos em Colatina. O ex-deputado estadual é presidente do Partido Social Democrático (PSD) no Espírito Santo. A aliança do Republicanos com o PSD está bem amarrada há meses, envolvendo a cúpula estadual e municipal da sigla de Meneguelli.

A costura passa por outros municípios, como a Serra, onde é o PSD de Renzo quem vai apoiar o candidato a prefeito do Republicanos, Pablo Muribeca. Uma mão lava a outra.

Questionado sobre o tema em entrevista à coluna no dia 1º de maio, o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, chegou a afirmar que, se Meneguelli quisesse ser candidato, o partido não lhe negaria legenda. Disse isso num gesto de cortesia ao seu deputado estadual – com quem teve muitos atritos ao longo do processo eleitoral de 2022.

Mas não se trata apenas de Erick. No âmbito municipal, Meneguelli, alguém poderia apontar, é o vice-presidente do Republicanos. Ora, logo acima dele, o presidente do partido em Colatina é ninguém menos que o empresário Pergentino Júnior. Trata-se, simplesmente, do pai de Renzo Vasconcelos. Na cadeia de comando do Republicanos, é mais um avalista da aliança com o PSD e do apoio do partido de Meneguelli à candidatura de Renzo.

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Para jogar mais luz sobre a questão, consegui ouvir o próprio Pergentino, justamente o personagem situado nesta história entre Meneguelli (pelos laços partidários) e Renzo (pelos laços sanguíneos). Ele foi categórico: “Hoje ó candidato é o Renzo”.

Ele desenvolve: “Existe um acordo que envolve Erick Musso e Sergio Meneguelli. É um acordo entre essas partes todas. O que existe de certo em Colatina é que Republicanos e PSD caminharão juntos na eleição municipal”.

Segundo Pergentino, Republicanos e PSD inclusive realizarão convenção municipal unificada na cidade, no dia 4 de agosto.

Variáveis

A única possibilidade de Meneguelli ser alçado de repente à cabeça dessa chapa do Republicanos com o PSD seria Renzo, seu pai e a família Vasconcelos – poderosa política e economicamente em Colatina – desistir do projeto de chegar à prefeitura, cedendo o lugar para o deputado e o ex-prefeito. Mas agentes políticos do município afirmam que Renzo e Pergentino não indicam a menor propensão a fazer isso. Pelo contrário.

Meneguelli ainda é muito competitivo eleitoralmente. Pesquisa da Rede Vitória, realizada pela Futura Inteligência e publicada na última quinta-feira (11), mostra que ele lidera com pouco mais de 30% das intenções de voto nos três cenários estimulados em que seu nome é incluído, enquanto Renzo e o atual prefeito, Guerino Balestrassi (MDB), oscilam perto dos 25%. Tecnicamente, os três estão empatados no limite da ampla margem de erro (4,9 pontos percentuais para mais ou para menos).

A rejeição de Meneguelli é bem baixa: 14,3%. A de Renzo também: 17,4%. A de Guerino, bem mais alta: 32,7%.

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Mas a verdade é que, apesar de alcançar bons índices nas simulações e de manter viva a especulação em torno dele com declarações aqui e ali na imprensa, Meneguelli não fez nenhum movimento concreto com o objetivo de viabilizar candidatura. Como é de seu estilo – lobo solitário, ou Menguelli Futebol Clube –, não construiu alianças, não se articulou com líderes locais, não estabeleceu relações políticas, partidárias e institucionais desde que se elegeu deputado estadual.

Enquanto isso, justamente visando pavimentar candidatura a prefeito, Renzo Vasconcelos se articula há mais de um ano em ritmo intenso, para não dizer alucinante, como não mentem suas redes sociais. Se alguém duvidar, basta entrar no Instagram dele: verá uma profusão de registros de encontros com quase todos os líderes políticos do Espírito Santo, da extrema-esquerda à extrema-direita.

Meneguelli, a bem da verdade, não vive o seu melhor momento político. Parece ter perdido o timing e entrado em curva descendente.

Na Assembleia, chegou cercado de grandes expectativas, infladas pelos mais de 130 mil votos com que se elegeu – recorde absoluto para o Parlamento Estadual. A realidade porém é que, desde que ali chegou, tem realizado um mandato muito tímido, desprovido de uma marca e mesmo de um direcionamento. A sua causa mais “marcante” até agora, se é que se pode dizer assim, foi a briga que comprou (e perdeu) com o presidente da Casa, Marcelo Santos (União Brasil), para não ter de trajar terno e gravata em plenário.

O grande momento de Serginho, como é mais conhecido, era mesmo 2022. No auge da popularidade, ele tinha tudo para ficar com a única vaga em disputa do Espírito Santo no Senado, a qual acabou voltando para as mãos de Magno Malta (PL).

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É bem verdade que ele sangrou pelo fogo amigo, tendo a candidatura ao Senado barrada pelo próprio partido. O candidato do Republicanos ao Senado virou Erick Musso, presidente estadual da sigla, o mesmo que agora avaliza o acordo de apoio a Renzo Vasconcelos. Por outro lado, naquele traumático episódio, Serginho também pagou por carecer do mesmo ativo que lhe falta agora: capacidade de articulação política.

Quem ele apoiará?

A segunda grande pergunta, derivada da primeira, é: em não sendo candidato a prefeito, o que fará Sergio Meneguelli na eleição municipal em Colatina? Por acaso apoiará alguém? E, nesse caso, quem?

De pronto, é possível afirmar que ele imediatamente passará à condição de cabo eleitoral mais cobiçado da cidade. Seu apoio valerá ouro. Com plena consciência disso, Serginho poderá fazer aquilo que, notadamente, ele sabe fazer como poucos: valorizar-se no processo.

Não acredito de modo algum que ele declare apoio a Renzo, o candidato do seu partido. É possível (e não descarto) que ele venha a compor com Guerino Balestrassi (MDB), declarando, no tempo dele, apoio à reeleição do atual prefeito.

Mas também é bastante plausível que ele adie esse anúncio até o último instante, mantendo a imprensa e o público em geral na expectativa da sua decisão, como espectadores cativos de mais um suspense dirigido por ele, para, no fim do filme, não apoiar ninguém – oferecendo um anticlímax antes de subirem os créditos. Também será uma forma de se manter no centro das atenções.