Coluna Vitor Vogas
Pazolini anuncia Cris Samorini como sua candidata a vice-prefeita. Saiba por quê
Ao optar pela ex-presidente da Findes, prefeito prioriza uma mulher como companheira de chapa e, acima de tudo, prestigia o PP, principal partido de sua coligação
A chapa Pazorini está oficialmente formada. Ou, se preferirem, Samolini. O prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) acaba de dar a resposta mais aguardada pelo meio político capixaba nesta reta final de definições de candidaturas nas eleições municipais: sua candidata a vice-prefeita, completando sua chapa majoritária, será a empresária do setor gráfico Cristhine Samorini (PP), ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
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Cris Samorini, como é mais conhecida, filiou-se ao Republicanos, partido de Pazolini, em 2022. No começo de abril, bem perto do fim do prazo para filiação de interessados em disputar o pleito municipal deste ano, a empresária trocou de partido. Passou, então, para o Progressistas (PP), por orientação dos presidentes estaduais das duas agremiações, o ex-deputado estadual Erick Musso e o deputado federal Josias da Vitória, respectivamente. Assim, manteve-se politicamente habilitada a compor a chapa de Pazolini.
A escolha de Pazolini, assim, sedimenta sua aliança com o PP, partido mais forte de sua coligação, liderada pelo Republicanos e também formada por PSD, PRD, Novo e DC. Pode ser compreendida, antes de tudo, como uma forma de prestigiar seu mais forte aliado nesse feixe de partidos que o apoiam. Com uma das maiores bancadas eleitas na Câmara dos Deputados em 2022, o PP é o partido que mais agrega a Pazolini recursos de campanha e tempo de TV e rádio no horário eleitoral gratuito.
Pelas mãos de Da Vitória, o partido iniciou essa aproximação com o prefeito da Capital no primeiro semestre do ano passado, tão logo o deputado federal assumiu a presidência da legenda no Espírito Santo (em 1º de abril de 2023), por decisão da direção nacional, no lugar de Marcus Vicente. Ao lado do Novo, o PP foi o primeiro partido a se alinhar a Pazolini e a dar sustentação à sua candidatura à reeleição. Mas o PP é bem maior que o Novo. E o partido, desde o início dessa construção, fazia questão da vice.
Mas a escolha vai além disso.
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Na avaliação deste colunista, desde que decidiu entrar no PP – partido que sempre teve a prioridade na indicação da vice do atual prefeito –, Cris Samorini tornou-se automaticamente a favorita para preencher a posição estratégica ao lado de Pazolini. Isso não por uma questão de votos, mas por uma questão de imagem, ou melhor, complementação de imagem, fator que costuma ser preponderante na escolha de companheiros de chapa em disputas majoritárias.
Além da evidente complementação pelo fato de ser mulher (aportando à chapa mais “leveza” e equidade de gênero), a ex-presidente da Findes vem do meio empresarial e é uma voz conhecida e reconhecida nesse meio. Pode ajudar Pazolini a estabelecer, durante a campanha, uma melhor relação com o setor empresarial, servindo de elo político entre ele e empreendedores que eventualmente não se sintam tão entusiasmados com a ideia de reeleição do atual prefeito.
Como não é segredo para ninguém, tudo o que empresários buscam é previsibilidade e estabilidade política, econômica e institucional no local onde desenvolvem os seus empreendimentos.
Como também não é segredo para ninguém, alguns grandes empresários locais ficaram muito preocupados com a imagem de “imprevisibilidade” transmitida por Pazolini, sobretudo ao longo de 2022, devido a conflitos políticos mantidos com o governo Casagrande – notadamente no episódio em que, sem citar o governador pelo nome, o prefeito insinuou, durante discurso público, que o chefe do Executivo Estadual lhe teria feito uma proposta indecorosa dentro do Palácio Anchieta, relacionada a supostas fraudes licitatórias.
À época, Casagrande reagiu com veemência: “Ele precisa entender que é o prefeito de Vitória”.
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Bem relacionada também no Palácio Anchieta, a própria Cris Samorini entrou em campo oferecendo-se como ponte entre Pazolini e a cúpula do governo Casagrande, procurando restabelecer uma mínima relação de diálogo institucional para o bem dos empresários e moradores da cidade.
Desnecessário dizer que a presença da “Senhora Findes” ao seu lado na chapa e no palanque reforçará o vínculo e o compromisso de Pazolini com a pauta liberal e empresarial, da austeridade fiscal, do crescimento econômico, da facilitação dos negócios etc.
Em suma, Cris Samorini talvez não agregue um só voto para Pazolini. Mas sua contribuição pode se dar em outra dimensão, muito mais relacionada a discurso e, sobretudo, imagem.
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Ficaram de fora
Os nomes riscados da lista de Pazolini em sua escolha final foram três. O PP havia indicado a ele outros dois quadros: o presidente da Câmara de Vitória, Leandro Piquet (que também trocou, em março, o Republicanos pelo partido de Da Vitória), e o presidente municipal da sigla, Marcos Delmaestro.
O outro nome cotado, este com chances reais como Cris até o último momento, era o de Aridelmo Teixeira (Novo), homem de estrita confiança de Pazolini na atual administração.
O ex-secretário da Fazenda e também de Governo de Vitória seguirá como coordenador do plano de governo de Pazolini. Em caso de reeleição, tem grandes chances de continuar no alto escalão do prefeito em seu segundo mandato.
Piquet não será candidato à reeleição na Câmara de Vitória. Desse modo, não disputará nenhum mandato eletivo. É fortemente cotado para integrar futura equipe de Pazolini, em caso de sucesso nas urnas, na Secretaria Municipal de Segurança.
Quem é Cris Samorini
Natural de Vitória, Cris nasceu em 6 de outubro de 1978 (fará 46 anos no dia do 1º turno). Foi presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) de 2020 a 2024, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo em 65 anos de história da instituição. Ela é graduada em Administração de Empresas, com MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral e em Marketing pela FGV.
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