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Coluna Vitor Vogas

Bruno Lorenzutti: “Não farei campanha para Arnaldinho em Vila Velha”

Exclusivo: preterido pelo prefeito na escolha do vice, presidente da CMVV quebra silêncio sobre o assunto. Se ainda se considera aliado de Arnaldinho? “Desejo que Deus o abençoe”

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Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Na política de Vila Velha, o presidente da Câmara Municipal, Bruno Lorenzutti (MDB), é considerado um dos mais antigos e leais parceiros do prefeito Arnaldinho Borgo, desde os tempos em que os dois eram vereadores. Quando Arnaldinho migrou para o Podemos e se candidatou a prefeito em 2020, o então colega de plenário, filiado ao mesmo partido, foi um dos poucos que estiveram com ele desde o início da campanha.

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Agora, na busca pela reeleição, por muito pouco Lorenzutti não ficou literalmente ao lado de Arnaldinho, no material de campanha, como seu candidato a vice-prefeito. Mas Arnaldinho preferiu outro nome para essa posição, em detrimento do antigo parceiro: seu ex-secretário de Planejamento Carlos Aurélio Linhalis, o Cael, indicado pelo PSB do governador Renato Casagrande (PSB), principal apoiador da administração e da reeleição de Arnaldinho.

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Preterido pelo prefeito, o mesmo Bruno Lorenzutti que sempre esteve ao lado dele e que tão perto chegou de figurar ao lado dele na chapa, não será visto ao lado dele na campanha à reeleição. Aliás, passará longe do palanque de Arnaldinho.

“Não participarei da campanha dele e de nenhum outro candidato a prefeito”, afirma Bruno Lorenzutti, categoricamente, em sua primeira entrevista sobre a escolha de Arnaldinho para o posto de candidato a vice.

Se ele continua se considerando aliado do atual prefeito?

“Desejo que Deus o abençoe”, limita-se a responder Lorenzutti.

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De quebras e quebras

Ao quebrar o silêncio, Lorenzutti afirma que Arnaldinho quebrou a palavra que lhe deu “diversas vezes” de que ele seria, sim, seu candidato a vice. Atenção, pois isto é muito importante: na versão do presidente da Câmara de Vila Velha, o que houve não foi mera quebra de expectativa, mas realmente uma quebra de acordo por parte do prefeito. Segundo ele, Arnaldinho havia firmado com ele, reiteradamente, o compromisso de o escolher como vice.

“Sim, foi-me dada a palavra diversas vezes de que eu seria o vice. Fiz todo o movimento político que [ele] me pediu, agi em grupo, mudei de partido, ajudei a montar as chapas proporcionais. Sempre fui uma pessoa pronta para ajudar. Quem me conhece pessoalmente sabe que sou uma pessoa discreta, com pouca vaidade, e sempre pensando no coletivo.”

Em março, Lorenzutti trocou o Podemos de Arnaldinho pelo MDB, como forma de cimentar o apoio do partido do vice-governador Ricardo Ferraço à reeleição do prefeito e viabilizar a si mesmo como companheiro de chapa do prefeito. Esta última parte não deu certo…

Lorenzutti evita dizer que tenha faltado gratidão ou reconhecimento a ele por parte de Arnaldinho por seus anos de parceria, lealdade e bons serviços prestados como presidente da Câmara. Mas afirma que faltou, sim, “transparência” nos movimentos do prefeito.

“O que faltou foi ser transparente nas ações. Não quero entrar nas particularidades. Mas a cidade de Vila Velha e os movimentos políticos têm esse sentimento. Recebi milhares de mensagens e ligações tanto de eleitores de Vila Velha como da classe política”, relata o vereador, que mantém a sua palavra de não ser candidato à reeleição e, sendo assim, não disputará mandato neste pleito.

Por falar em “manter a palavra”, ele também evita dizer que se sinta “traído” por Arnaldinho ou enganado de algum modo, mas, diante dessa pergunta, deixa uma alfinetada no prefeito:

“Acredito que essa resposta tem que ser dada por ele. O que posso dizer é que sou e sempre serei um homem cumpridor de palavra, e ela nunca faltou a ele e ninguém na minha vida pública. Faço política por convicção e não por conveniência particular ou de momentos”.

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Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Enfermeira Laryssa e Ramalho

Como se pode notar, Bruno Lorenzutti ainda está com a ferida muito aberta. Precisará de tempo para cicatrizar.

Cuidar de feridas vem a ser precisamente a especialidade da candidata a vice-prefeita escolhida não por Arnaldinho, mas por aquele que é, potencialmente, o principal adversário do prefeito: Alexandre Ramalho (PL). Também filiada ao PL, a vice do coronel é Laryssa Rodrigues, enfermeira dermatológica autônoma, pós-graduada em Dermatologia com Ênfase em Feridas.

Mas Lorenzutti não vai procurar a companheira de chapa de Ramalho para tratar de suas feridas políticas. Tampouco pretende buscar o próprio Ramalho para tratar de política. “Meu foco é terminar meu mandato como vereador e presidente da Câmara até dezembro 2024. Não vou me envolver politicamente no pleito.”

O quase vice de Arnaldinho dirige palavras afáveis a Ramalho: “Já tinha um apreço e carinho pelo Coronel Ramalho, um profissional de muitos anos consolidado na área da segurança. Considero ele um homem de bem e desejo sucesso na vida dele. Mas não vou participar do pleito de prefeito, como disse”.

Assim, está fora de questão, para Lorenzutti, passar para qualquer outro lado. O que ele não quer é estar ao lado de Arnaldinho na campanha. Ainda assim, ele opina que a reeleição do antigo aliado é importante para Vila Velha:

“Acho que o povo de Vila Velha é que vai se manifestar. Acredito que o prefeito, pelo mandato atual desenvolvido, fruto de apoio de muita gente, inclusive da Câmara Municipal, fez um bom mandato. Pensando na cidade, seria importante a reeleição, para que as ações positivas continuem”.

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Judas e “traição”

Uma delas citava uma passagem bíblica, falando em “traição” e no apóstolo Judas, sinônimo universal de traição até para quem não é cristão. Evangélico, Lorenzutti evoca a vontade divina:

“Estou em Paz. Deus não permitiu de eu estar nessa chapa. Acredito nisso de verdade e sei que o que Ele fez é porque tem um propósito na minha vida. E esse propósito não estava nesse projeto.”

Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Arnaldinho Borgo e Bruno Lorenzutti

Sobre se tornar secretário de Estado

O “propósito”, no caso, poderia ser ele se tornar secretário de Estado no governo Casagrande a partir de janeiro, após encerrar o seu mandato na Câmara de Vila Velha? Logo após o anúncio de Arnaldinho no último dia 2, circularam rumores de que emissários do Palácio Anchieta teriam lhe apresentado essa possibilidade como forma de “compensação” por ele ter ficado de fora da chapa governista em Vila Velha.

Lorenzutti nega isso peremptoriamente. “Ninguém me procurou a respeito disso. Muitos boatos. Respeito muito o governador Casagrande.”

Indagado pela coluna sobre isso, o próprio Casagrande também disse que jamais tratou desse tema.


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