Coluna Vitor Vogas
Da Vitória quer ser candidato a governador, se Ricardo não deslanchar
E mais: pré-candidatura do vice-governador ganhou um UP da Federação União Progressista, mas indicativo de apoio vem com condições. Presidente estadual quer precedência sobre outros aliados se Ricardo não for o candidato do governo Casagrande à sucessão. Entenda aqui esse jogo

Ricardo Ferraço, Da Vitória, Renato Casagrande e Marcelo Santos. Foto: Reprodução Instagram
O deputado federal Josias da Vitória (PP) entrou de uma vez por todas na corrida rumo ao Palácio Anchieta. Futuro presidente estadual da Federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e Progressistas (PP), Da Vitória afirmou à coluna, na manhã desta terça-feira (27), que a federação faz questão de participar da chapa majoritária que vai representar o governo de Renato Casagrande (PSB) nas próximas eleições.
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O projeto é tão sério que, segundo Da Vitória, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do Progressistas, virá ao Espírito Santo em breve, para lançar a pré-candidatura do União Brasil na disputa majoritária – especificamente, a do próprio Da Vitória a governador do Estado. É possível, segundo o deputado, que o presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, também compareça.
Reiterando algo que já dissera aqui, Da Vitória topa ser candidato a senador ou a governador. Na primeira hipótese, quer ser candidato a senador numa chapa que tenha o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) como candidato a governador. No segundo caso, se Ricardo por algum motivo não viabilizar a candidatura à sucessão de Casagrande, o deputado do PP não quer ficar no fim da fila, muito pelo contrário. Entende que, pelo porte e pelo peso político do União Progressista, a ser dirigido por ele no Espírito Santo, a federação deve ter precedência na mesa de negociações com Casagrande.
“Se por algum motivo Ricardo não se viabilizar, não há motivo para outra legenda ter precedência sobre nós.”
Em todo caso, é fato que o União Progressista pretende ter candidatura majoritária no Espírito Santo em 2026. Na prática, isso significa ter um representante na chapa majoritária a ser construída pelo Palácio Anchieta: senador ou governador. Vice-governador não está em discussão, salienta Da Vitória (dando a entender que isso é pouco para o tamanho do União Progressista).
O protagonismo na disputa majoritária, com participação na chapa montada por Casagrande e Ricardo Ferraço, é uma das condições fundamentais para que a federação, na hora certa – em meados de 2026 –, carimbe o apoio ao projeto eleitoral liderado por Casagrande no Espírito Santo para o próximo ano… Um apoio que, se ainda não está formalizado, ficou muito bem encaminhado nessa segunda-feira (26).
Ao lado do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, Da Vitória almoçou no Palácio Anchieta com Casagrande e Ricardo Ferraço. Além de presidente estadual do PP, Da Vitória, como lembrado acima, será o presidente da Federação União Progressista no Espírito Santo. Marcelo Santos, por sua vez, será o próximo presidente estadual do União Brasil, no lugar do secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni. Parceiros políticos de longa data, Marcelo e Da Vitória serão os dois principais dirigentes dessa futura federação em terras capixabas, com poder maior para o progressista.
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Fontes do Palácio Anchieta afirmam que, no almoço, ficou combinado que o União Progressista estará no projeto eleitoral que tem em Casagrande o timoneiro no Espírito Santo. Em outras palavras, foi firmado o compromisso verbal de que PP e União Brasil (doravante inseparáveis) farão parte da coligação que representará o atual governo na eleição que vai definir o próximo governador e na que vai preencher as duas vagas do Estado a serem abertas no Senado.
O próprio Da Vitória confirma algo que também já havia indicado aqui:
“Exercitamos um diálogo sobe o futuro e sobre a construção que estamos fazendo juntos. Decidimos que estaremos juntos com o governo de Renato Casagrande. Estaremos no mesmo projeto. Nosso compromisso é o de construirmos juntos.”
Casagrande já deu várias entrevistas, desde dezembro, dizendo que Ricardo Ferraço é, hoje, o nome preferencial para representar o seu grupo e o seu governo no processo sucessório, mas listando alguns outros aliados que também podem exercer esse papel. Entre eles, Da Vitória – os outros são o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), o de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), o secretário estadual de Desenvolvimento, Sérgio Vidigal (PDT), e o deputado federal Gilson Daniel, presidente estadual do Podemos.
Ricardo, por sua vez, de janeiro para cá, também já deu algumas entrevistas citando os mesmos cinco aliados e frisando estar disposto a apoiar qualquer um deles para governador tanto quanto está aberto a receber o apoio dos mesmos aliados citados.
Desde fevereiro, Marcelo Santos tem participado ativamente da “pré-campanha” de Ricardo, para ajudá-lo a se viabilizar. Da Vitória, por sua vez, não está em pré-campanha por ninguém, mas já havia dado declarações positivas em relação à eventual candidatura do vice-governador. Agora, ele afirma, de maneira mais categórica, sua predisposição em apoiar Ricardo para o Governo do Estado, mas deixa claro que, se o plano A de Casagrande não deslanchar, quer disputar essa vaga de igual para igual com qualquer concorrente interno no rol de aliados do governador. Aliás, acredita que o União Progressista (portanto ele mesmo, como postulante da federação) deve ter a precedência nessa disputa pelo lugar seguinte na fila.
“O governador já deu várias entrevistas citando alguns nomes, inclusive o nosso, e sempre afirmou a prioridade do Ricardo, que, neste cronograma, tem requisitos a cumprir para a viabilização do projeto. Em cima disso, reiteramos que estaremos nessa construção. Havendo a viabilização do Ricardo, não temos dificuldade alguma em estar com ele, muito pelo contrário. Mas, suponhamos que, por alguma razão, Ricardo não se viabilize… Qual seria a razão para outro partido vir antes da nossa federação?”
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Em outras palavras, se Ricardo é inquestionavelmente, na cabeça de Casagrande, o primeiro da fila de aliados que podem sucedê-lo com seu apoio, Da Vitória demonstra querer ocupar o segundo lugar nessa fila. Não se considera atrás de ninguém (incluindo Arnaldinho Borgo) para ser o plano B do governo.
Para Da Vitória, as palavras-chave nessa composição – em linha com entrevista recente concedida à coluna por Marcelo Santos –, são “prioridade” e “reciprocidade”. Na discussão sobre chapa majoritária, o União Progressista quer ter prioridade e entende fazer jus a isso. Afinal, passando a ter automaticamente a maior bancada da Câmara dos Deputados, essa superfederação será a dona, em 2026, do maior volume de recursos públicos para financiamento de campanhas e do maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Somando-se à participação na chapa majoritária, há duas outras condições colocadas por Da Vitória e Marcelo na mesa compartilhada com Casagrande e Ricardo: um programa de governo que contemple a federação e, acima de tudo, apoio integral do governo Casagrande, do próprio governador e de Ricardo Ferraço (se for ele o governador e o candidato à reeleição em 2026) à chapa do União Progressista para a Câmara dos Deputados.
Marcelo Santos será candidato a deputado federal. Assim também o deputado Evair de Melo – se não conseguir se candidatar a senador. O mesmo vale para o próprio Da Vitória, a quem restará buscar a reeleição se não der certo o plano de entrar na disputa majoritária (a governador ou senador). O União Progressista faz questão de ter a sua chapa de federais tratada como prioridade pelo Palácio Anchieta, para ter condições de fazer pelo menos três deputados, como eles calculam ser possível.
Exemplo prático, já dado aqui: Felipe Rigoni é considerado importantíssimo nessa chapa, para ajudar a federação, com seus votos, a atingir a meta. Se Casagrande orientar seu aliado e secretário de Meio Ambiente a se encaixar em outro partido para tentar voltar à Câmara dos Deputados, os dirigentes do União Progressista lerão isso como um sinal de que a chapa de federais da federação talvez não esteja recebendo um tratamento tão prioritário…
“Temos um cronograma a percorrer. O PP já tinha esse interesse de discutir a eleição majoritária. Agora, a federação nos une. O Marcelo Santos vai presidir o União Brasil. E, como federação, também temos interesse em discutir a majoritária. Quero registrar que, em momento nenhum, discutimos minha participação como candidato a vice. O Evair quer ser senador. E eu topo disputar qualquer uma das duas possibilidades: governador ou senador. O que não aceitamos é estar num movimento que não priorize nossa chapa de federais”, arremata Da Vitória.
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