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Coluna Vitor Vogas

Cachoeiro: candidato que queria ser padre agora será vice de Ferraço

“Quadrilha maluca”: após se escalar para o papel de padre na festa, Juninho Corrêa entra na dança como “noivo” de Ferração na chapa do PP com o Novo

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Juninho Corrêa (Novo) será candidato a vice-prefeito de Theodorico Ferraço (PP) em Cachoeiro de Itapemirim

Juninho Corrêa (Novo) será candidato a vice-prefeito de Theodorico Ferraço (PP) em Cachoeiro de Itapemirim

Ainda em clima de festa junina, três dias após as comemorações de São Pedro, a realização da quadrilha em Cachoeiro de Itapemirim foi naquele estilo “quadrilha maluca”: o rapaz que havia se escalado para o papel de padre mudou de ideia na última hora e entrou na dança como noivo. Mais precisamente, o noivo de Theodorico Ferraço (PP). Estamos falando do vereador Juninho Corrêa (Novo).

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Na manhã desta terça-feira (2), confirmando informação antecipada aqui no fim de maio, Juninho anunciou, em entrevista coletiva: após ter anunciado em fevereiro que largaria a política para se ordenar padre, decidiu voltar atrás e agora será candidato a vice-prefeito da maior cidade do sul do Espírito Santo, completando a chapa encabeçada pelo mais idoso deputado estadual capixaba. Aos 86 anos, Ferraço tem idade para ser avô ou até bisavô de Juninho, que tem 27.

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Mas, para entendermos melhor essa história, anarriê! (corruptela do francês en arrière: um passo atrás)

Retrospectiva: como chegamos aqui

No dia 14 de fevereiro, o vereador Júnior Corrêa fez um anúncio que sacudiu o tabuleiro eleitoral em Cachoeiro de Itapemirim e que até hoje reverbera na maior cidade do sul do Espírito Santo (e alhures).

Tido até então como a aposta do bolsonarista Partido Liberal (PL) para disputar a Prefeitura de Cachoeiro, Juninho, como é mais conhecido, convocou uma coletiva de imprensa para comunicar que não seria mais pré-candidato. A explicação que acompanhou o anúncio foi ainda mais impactante: declarando ter se reencontrado com seu primeiro e verdadeiro amor, Juninho informou ao mundo que pretendia voltar para o seminário para seguir a vocação religiosa e se ordenar padre da Igreja Católica.

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À parte as questões vocacionais e espirituais, também ficou flagrante uma razão política para a desistência: na coletiva de imprensa e, principalmente, em um post publicado dias antes, Juninho externou suas profundas discordâncias com o senador Magno Malta, presidente estadual do PL.

Assim como em todos os municípios capixabas, Magno acreditava (e acredita) que o PL pode disputar a Prefeitura de Cachoeiro sem partidos aliados. Discordando dessa estratégia, Juninho defendia uma aliança do PL com o Progressistas (PP). Em Cachoeiro, o presidente do PP é Theodorico Ferraço; o vice-presidente é ninguém menos que o empresário Zezé da Cofril, amigo de Ferração e pai de Juninho Corrêa.

No dia 2 de abril, durante a janela partidária, num primeiro sinal de revisão da própria decisão de “abandonar a política”, Juninho trocou o PL pelo partido Novo. Em Cachoeiro, o Novo está com o PP de Ferração e com o MDB do vice-governador Ricardo Ferraço em uma aliança eleitoral de centro-direita.

No dia 16 de maio, em uma carta aberta endereçada “ao povo amigo de Cachoeiro de Itapemirim”, Theodorico Ferraço anunciou sua decisão de encabeçar a chapa dessa coligação. Ele, que já governou Cachoeiro por quatro mandatos, será candidato a prefeito de novo. Aos 86 anos, está ostentando energia de garoto. Mas, até para equilibrar um pouco a chapa no quesito “juventude versus experiência”, quer ter um jovem de verdade ao lado dele. Por isso, no mesmo movimento, Ferração convidou Juninho para ser seu candidato a vice.

Juninho aceitou o convite de Theodorico Ferraço. O anúncio da sua decisão de compor a chapa encabeçada por Ferração deve ser feito nesta terça-feira (28), às 9 horas, em nova coletiva de imprensa convocada por Juninho, na residência dele, em Cachoeiro.

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Portanto agora, na reviravolta da reviravolta, em um ainda mais incrível plot twist desta trama eleitoral cachoeirense, Juninho não só desiste de desistir do processo eleitoral como abandona a sua decisão de abandonar a política. Ele, que desistira de ser vereador e candidato a prefeito para voltar ao seminário e se tornar sacerdote, agora desiste de ser padre para ser candidato a vice-prefeito de Theodorico Ferraço.

Ou, se não tiver desistido de ser padre, no mínimo terá de adiar um pouco mais esse projeto de vida. O outro “chamado vocacional”, aquele que o impele para a política, voltou a gritar mais alto em seus ouvidos.

Enquanto outras forças também se preparam para participar do processo eleitoral em Cachoeiro, o PL de Magno Malta escolheu outro vereador para representar o partido na disputa majoritária na cidade. O substituto de Juninho Corrêa é Léo Camargo.

As explicações de Juninho

Na coletiva de imprensa dada na manhã desta terça-feira (2), Juninho voltou a criticar, nas entrelinhas, a postura isolacionista do PL, sob a direção de Magno Malta, no processo eleitoral: “Onde eu estava não me deixavam ser um candidato de conciliação. Não me deixavam ser. Precisamos de diálogo e de construção. Ninguém governa sozinho”.

Print da live em que Juninho Corrêa anunciou que será vice de Theodorico Ferraço (à esquerda)Chegando a se emocionar um pouco, o agora companheiro de chapa de Ferraço afirmou que não tinha planejado nada disso (anunciar uma decisão em fevereiro e depois voltar atrás), mas decidiu entrar no Novo pois viu ali um espaço para construir a política conforme acredita e, em meados de maio, atendeu ao convite de Theodorico Ferraço.

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“Ele me disse que seria candidato a prefeito se eu aceitasse ser o vice dele. […] Eu não tenho vaidade. Não preciso ser o nome à frente. Não preciso ser eu o prefeito neste momento. Eu não tenho essa pretensão de querer ser mais do que eu real sou. Eu sei quem eu sou neste momento. E neste momento eu sou o pré-candidato a vice-prefeito do Ferraço”, declarou Juninho.

Ele também criticou a atual administração a atual administração, conduzida pelo prefeito Victor Coelho (PSB). Terminando o segundo mandato seguido, Victor lançou Lorena Vasques (PSB) como sua candidata à sucessão.

“Não podemos mais fazer laboratório eleitoral em Cachoeiro. Os números são bonitos, mas a realidade é feia. Precisamos ter a certeza de que a cidade vai dar certo. E, com Ferraço, eu tenho a certeza de que vai dar certo”, afirmou o ex-futuro padre.

Além de Ferraço, Lorena e Léo Camargo, disputarão a Prefeitura de Cachoeiro o advogado Diego Libardi (Republicanos) e o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT).


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