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Coluna Vitor Vogas

PL: quatro baixas e uma quase baixa no ES em menos de dois anos

É preciso prestar atenção ao que está acontecendo no partido presidido, no ES, pelo senador Magno Malta. Sigla tem demonstrado dificuldade em “reter ativos”

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No sentido da leitura: Callegari, Maguinha, Magno Malta, Nikolas Ferreira e Gilvan da Federal. Foto: PL-ES

No sentido da leitura: Callegari, Maguinha, Magno Malta, Nikolas Ferreira e Gilvan da Federal. Foto: PL-ES

Na semana passada, os bastidores políticos capixabas foram marcados pelo anúncio do deputado estadual Wellington Callegari de que vai se desfiliar do Partido Liberal (PL) para ser candidato a senador. Como noticiamos aqui, ele irá para o nanico Democracia Cristã (DC), a fim de viabilizar a candidatura, uma vez que no PL estava sem espaço para isso.

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Callegari sai em acordo com Magno Malta, presidente estadual do PL, e até já recebeu dele a carta de anuência para que possa trocar de legenda sem perder o atual mandato na Assembleia Legislativa. Na Casa de Leis, dos cinco deputados eleitos pelo PL em 2022, restarão apenas três: Bahiense, Polese e Assumção. A bancada encolhe; o partido, idem.

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Quadro orgânico do PL e um dos mais ideológicos bolsonaristas do Espírito Santo, Callegari sai por não concordar com a escolha, muito pessoal e familiar, feita por Magno Malta para representar a agremiação na disputa por uma das duas vagas em jogo no Senado: a legenda está reservada, pelo próprio senador, para uma de suas duas filhas, a publicitária Maguinha Malta. “Não concordo que seja o melhor nome”, verbalizou Callegari, encerrando assim seus dias de PL.

Nos últimos tempos, essa não é a primeira baixa de um quadro importante da legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro no Espírito Santo – nem a segunda, nem a terceira… Do início de 2024 para cá, ou seja, num intervalo de menos de dois anos, contabilizam-se quatro desfiliações de peso, além de outra que parece tão somente uma questão de tempo.

Considerando que partidos fortes se fazem com ideias (ideologia clara e consistente) e pessoas (líderes políticos capazes de alcançar e exercer mandatos relevantes), é preciso prestar atenção ao que está acontecendo no partido presidido, no Espírito Santo, pelo senador Magno Malta. A legenda tem demonstrado dificuldade em “reter ativos”.

Relembre abaixo quem já deixou as fileiras do PL-ES no referido período, e quem pode estar prestes a deixar, com os respectivos motivos.

> “O Democrata Cristão”: por vaga no Senado, Callegari troca PL por DC

Zé Preto

Criador de cavalos e vereador mais votado de Guarapari em 2020, Zé Preto foi um dos cinco deputados estaduais eleitos pelo PL em 2022. Tão logo foi eleito, passou a dizer algo que muito desagradou a Magno: anunciou que se integraria à base aliada do governo Casagrande, e assim de fato agiu desde os primeiros meses do mandato.

Zé Preto é deputado do PL. Crédito: Lucas S. Costa/Ales

Já em meados de 2023, sua relação com a direção estadual azedou, assim como o ambiente para ele no partido. Todos sabiam que Zé Preto queria ser candidato a prefeito de Guarapari no ano seguinte. Mas Magno o pôs na geladeira. Em eventos preparatórios para o pleito, não lhe dava nem direito a fala. Logo restou claro para todos: o senador não teria da direção do PL a legenda para concorrer. O que ele fez, então? Com uma carta de anuência de Magno, trocou a sigla pelo Progressistas (PP), no começo de 2024.

De fato, foi candidato a prefeito de Guarapari, com o apoio de boa parte do governo Casagrande e partidos da base governista. Seu candidato a vice-prefeito foi Gedson Merízio (Podemos), aliado de Casagrande. E um dos seus principais apoiadores foi o casagrandista Tyago Hoffmann (PSB). O PL, por sua vez, partiu para um caminho esquisito: lançou a candidatura do também deputado estadual Danilo Bahiense, que até tem casa em Guarapari, mas mora em Vila Velha.

Não deu nem um nem outro. Quem ganhou foi o vereador Rodrigo Borges (Republicanos), agora prefeito.

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Juninho Corrêa

Ex-seminarista e membro de uma ala bem conservadora do catolicismo, o jovem Juninho Corrêa elegeu-se vereador de Cachoeiro em 2020. Até o início do ano passado, era cotado para se candidatar a prefeito pelo PL e considerado bem competitivo, num município altamente permeável ao bolsonarismo.

Porém, em fevereiro de 2024, anunciou a decisão de se desfiliar do PL, não ser candidato a nada e voltar ao seminário para se ordenar padre. Ao expor seus motivos, queixou-se da condução do partido por Magno Malta e da estratégia eleitoral ditada pelo senador, que o impedia de se coligar com outras siglas (até siglas de direita). Desentendeu-se também com Callegari, influente na mesma região.

Mas a decisão durou pouco, e ele logo desistiu de desistir. Em vez de voltar para o seminário, Juninho filiou-se ao Novo e foi candidato a vice-prefeito do veteraníssimo Theodorico Ferraço (PP). A chapa foi vitoriosa. O PL chegou em segundo lugar, com o então vereador Léo Camargo. Juninho já até assumiu a Prefeitura de Cachoeiro por um período no lugar de Ferraço, durante licença do prefeito para tratar de questões de saúde.

Alexandre Ramalho

O ex-secretário estadual de Segurança teve uma passagem bem mais curta no PL do que se poderia imaginar, haja vista seu entusiasmo enquanto ali esteve. Em março de 2024, após entregar o cargo de secretário e se desfiliar do Podemos, Ramalho entrou no PL, a convite de Magno Malta, tendo a ficha de filiação abonada pessoalmente por Jair Bolsonaro. Filiou-se para ser candidato a prefeito de Vila Velha e o foi.

Durante a temporada eleitoral, radicalizou o discurso e revelou-se um dos mais fervorosos bolsonaristas, participando de atos públicos com Gilvan da Federal, Eduardo Bolsonaro, Sargento Fahur, entre outros. Apostando na divisão ideológica, passou a campanha a tachar o prefeito Arnaldinho Borgo de “esquerdista” e criticou bastante o governo Casagrande e o PSB, partido do governador, por serem de esquerda. Mas a tática falhou: aliado de Casagrande, o prefeito canela-verde se reelegeu com quase 80% dos votos válidos.

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Sem mandato nem cargo público, Ramalho fez nova revisão de rota. Em abril deste ano, após 13 meses de filiação ao PL, o coronel da reserva da PMES aceitou o convite de Erick Musso e Lorenzo Pazolini (ambos do Republicanos) para assumir a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória. Para isso, saiu do PL, pois Magno não queria participação na gestão de Pazolini. A mudança é parte de um plano maior: Ramalho deve se filiar ao Republicanos para se candidatar a deputado no próximo ano.

Carlos Manato

A rigor, ainda está no PL, mas a desfiliação oficial é só uma questão de tempo. Pelo partido de Bolsonaro, foi candidato a governador do Espírito Santo em 2022, e a verdade é que chegou muito perto. Levou a eleição para o segundo turno, no qual teve 46,1% dos votos válidos. Deu trabalho para Casagrande, mas o viu se reeleger.

Após o pleito, não partiu para a oposição. Ao contrário, deu um tempo da política e foi se concentrar em seus negócios empresariais: construiu e inaugurou uma pousada em Pedra Azul. No começo deste ano, dizendo querer ser candidato a senador em 2026, voltou a fazer algumas movimentações políticas. Mas suas chances de ficar no PL são remotas.

Primeiro, pelo mesmo motivo que levou até Callegari a decidir agora sair do PL: para ser candidato a senador, terá de procurar outra legenda, pois o lugar no PL está guardado, pelo próprio Magno, para Maguinha Malta.

Mas, no caso de Manato, há uma questão adicional: um desentendimento pessoal com Magno. Após a derrota nas urnas em 2022, ele passou a exteriorizar algo que era evidente (bastava olhar os números informados ao TSE): como presidente estadual do PL, Magno concentrou os recursos do Fundo Eleitoral na própria campanha a senador, deixando a de Manato, financeiramente, em segundo plano. Manato fala em uma dívida de campanha milionária que teria sobrado para ele mesmo quitar, após supostas promessas não cumpridas pela direção partidária.

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