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Coluna Vitor Vogas

O que diz Paulo Hartung sobre a chegada de Eduardo Leite ao PSD

Após 24 anos de PSDB, governador do Rio Grande do Sul acaba de se filiar ao futuro partido de Hartung. Ex-governador avalia o sentido da mudança

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Post de Paulo Hartung saudando a filiação de Eduardo Leite ao PSD

Post de Paulo Hartung saudando a filiação de Eduardo Leite ao PSD

O ex-governador Paulo Hartung saudou a chegada do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao Partido Social Democrático (PSD). Os dois em breve serão colegas no partido de centro-direita, pois Hartung também se filiará ao PSD, no dia 26 de maio. A filiação de Leite se concretizou oficialmente na tarde desta sexta (26), em ato realizado na sede nacional do PSD, em São Paulo.

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Em declaração à coluna, Hartung opinou que “é essencial que líderes como Eduardo Leite estejam em partidos com a força e o tamanho do PSD”. “Com as mudanças na legislação, torna-se ainda mais importante que as melhores lideranças migrem para essas siglas, garantindo uma oferta sólida de novos quadros para os próximos desafios. Precisamos elevar o sarrafo da boa política no Brasil.”

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As “mudanças na legislação” a que o ex-governador se refere são a cláusula de desempenho – número mínimo de deputados federais eleitos ou votos obtidos para o cargo nas eleições gerais de 2026 para que um partido possa seguir recebendo recursos públicos –, além da possibilidade de formação de federações, fusões e incorporações – parceria temporária, no primeiro caso, e definitiva nos outros dois. Combinadas, tais alterações tendem a enxugar consideravelmente o número de agremiações existentes no Brasil.

Nesta sexta-feira (9), em seu perfil no Instagram, o ex-governador publicou foto dele mesmo e do apresentador de TV Luciano Huck com Leite durante visita ao governador gaúcho, em 2021, no Palácio do Piratini. Na legenda, Hartung disse valorizar a iniciativa de Leite, definido por ele como “jovem e promissora liderança brasileira”.

“É fundamental que as boas lideranças políticas do nosso país se filiem a grandes partidos. A realidade partidária mudou muito nos últimos anos. Para que essas lideranças tenham relevância no futuro, é necessário que estejam vinculadas a agremiações fortes e expressivas. Por isso, valorizo a atitude de Eduardo Leite, uma jovem e promissora liderança brasileira”, publicou Hartung, sem mandato desde 2018 e, desde 2019, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

Nos comentários ao post de Hartung, o próprio Leite agradeceu: “Super obrigado, meu amigo! Seguiremos pensando e construindo um Brasil melhor!”

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Eduardo Leite anunciou na quinta-feira (8), oficialmente, sua decisão de trocar o PSDB pelo PSD, após 24 anos de militância no ninho da social-democracia brasileira. O PSD é uma derivação do Democratas (DEM), antigo Partido da Frente Liberal (PFL), descendente em linha reta da Arena (partido da situação durante a ditadura civil-militar que governou o Brasil de 1964 a 1985).

Hoje integrante do chamado “Centrão” no Congresso Nacional, o PSD tornou-se uma potência nacional nos últimos anos, sob a liderança do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional da sigla. Na última eleição municipal, foi o partido que mais elegeu prefeitos no Brasil, governando atualmente um em cada seis municípios do país – apenas três no Espírito Santo, entre os quais Colatina.

Governando o Rio Grande do Sul pelo segundo mandato, Leite, 40 anos, chega ao PSD para ser candidato à Presidência da República – o que tentou sem sucesso em 2022, pelo PSDB. “Será uma grande liderança a se somar ao PSD, partido que quer oferecer os melhores quadros e as melhores políticas públicas aos brasileiros. Chega ao partido como um pré-candidato à Presidência da República, por todas as suas qualidades e experiência”, afirmou Kassab.

Para se viabilizar, contudo, Leite terá de enfrentar a concorrência interna de outro governador da Região Sul do país, também presidenciável pelo PSD: o do Paraná, Ratinho Junior.

Em nota oficial comunicando sua mudança de partido, publicada em suas redes sociais na noite de quinta-feira (8), o governador do Rio Grande do Sul afirmou:

“As circunstâncias do cenário político e eleitoral, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, exigem novos caminhos. Caminhos que percorro com a mesma convicção de sempre: a de trabalhar por um país justo, mais eficiente, mais equilibrado e mais comprometido com o futuro”.

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Na nota, ele agradeceu muito ao PSDB e aos ex-companheiros tucanos e tucanas, enaltecendo o ideário social-democrata do partido no qual aprendeu “a fazer política com seriedade, com responsabilidade fiscal, sensibilidade social e foco na transformação completa da vida das pessoas – especialmente daquelas que mais precisam do poder público”. “Levo comigo os princípios, os aprendizados e, acima de tudo, o respeito e a admiração por todos que fizeram e fazem esse partido ser o que é.”

Ainda na nota, ele desejou sucesso ao PSDB na proposta de fusão com o Podemos, aprovada no dia 29 de abril pelos dirigentes nacionais e congressistas tucanos: “Que seja um caminho exitoso”.

Entretanto, em entrevista ao portal InfoMoney publicada no mesmo dia (antes de sua nota oficial), Leite avaliou que o PSDB está desaparecendo:

“O PSDB a que eu me filiei há 24 anos está deixando de existir. Tomou-se uma decisão de fazer uma fusão com o Podemos e, provavelmente, essa fusão vai ensejar um novo nome, um novo número, uma nova marca, um novo programa partidário. O PSDB, no formato que historicamente se apresentou para a população brasileira, está saindo do cenário. Vai ser um novo partido”.

Na entrevista, o governador gaúcho se disse preparado para disputar a Presidência da República, o que dificilmente ocorreria pelo PSDB. “Quando eu sento para conversar sobre o meu destino político, estou discutindo também a construção de uma candidatura presidencial. Eu tenho a aspiração pessoal, eu tenho disposição e me sinto preparado para liderar uma candidatura”, declarou Leite.

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Na conversa com o InfoMoney, ele criticou a condução econômica do governo Lula (PT) e defendeu a construção de um “terceiro polo” – o qual ele pretende liderar –, alternativo ao de Lula e ao de Jair Bolsonaro (PL).

A princípio, o ex-governador Paulo Hartung certamente tende a apoiar com muita facilidade uma candidatura presidencial de Leite, ainda mais no mesmo partido, caso o projeto evolua. Os dois sempre cultivaram excelente relação. Em 2022, Hartung foi um entusiasta de eventual candidatura de Leite ao Palácio do Planalto, a qual acabou não se confirmando.

Desde sua última passagem pelo Palácio Anchieta (2015/2018), Hartung tem mantido o discurso de que é fundamental a ascensão de novos líderes políticos no cenário estadual e nacional. Do ponto de vista do ex-governador, Leite parece representar justamente essa ideia de renovação e de qualificação da política brasileira, como um dos melhores exemplares da nova safra de gestores públicos forjados no país na última década.

Com a saída de Eduardo Leite, o PSDB fica com só um governador filiado, pelo menos por enquanto. É o do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. Em março, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, também trocou o PSDB pelo PSD, assim como Leite faz agora. Lyra assumiu a presidência do partido de Kassab em Pernambuco. Do mesmo modo, Leite ficará com o comando do PSD no Rio Grande do Sul.

Os #tbts de Hartung

Na quinta-feira (8), Hartung meteu em seu Instagram um #tbt com imagens de sua última campanha a governador do Espírito Santo (a do “abrace o Paulo”), pelo PMDB (atual MDB), incluindo fotos de material de campanha e dele mesmo num debate promovido pela Rede Gazeta. “Uma lembrança especial da minha terceira candidatura ao governo do Espírito Santo, em 2014”, legendou.

Na verdade, esse é o quarto de uma série de posts nostálgicos iniciada por Hartung no dia 11 de abril. Desde então, regularmente, ele tem postado em seu Instagram material de campanhas antigas. Já tinha relembrado suas campanhas para deputado estadual, deputado federal em 1990, prefeito de Vitória em 1992 e senador em 1998. Agora, a de governador em 2014.

É também um modo de ir se recolocando aos poucos no jogo político.