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Coluna Vitor Vogas

Colatina: tudo sobre a eleição para prefeito mais imprevisível do ES

No maior município do noroeste capixaba, disputa entre Guerino Balestrassi e Renzo Vascocelos chega à reta final com desfecho totalmente emocionante. Saiba como está o cenário local nesta véspera da votação, com a análise completa da coluna

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Guerino Balestrassi x Renzo Vasconcelos

Guerino Balestrassi x Renzo Vasconcelos

Entre as cidades de médio porte do Espírito Santo (entre 100 mil e 200 mil habitantes), duas prometem eleições para prefeito bastante apertadas, decididas por margem pequena neste domingo: Guarapari e Colatina. Nenhuma delas pode ter 2º turno. Os respectivos vencedores serão conhecidos amanhã. Em Guarapari, na véspera da votação, a disputa segue indefinida entre o vereador Rodrigo Borges (Republicanos) e o deputado estadual Zé Preto (PP).

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Mas, nas últimas 48 horas, Colatina assumiu o posto de eleição com a linha de chegada mais emocionante do Espírito Santo. No maior município da Região Noroeste, a disputa chega à reta final com desfecho totalmente imprevisível, polarizada entre o atual prefeito, Guerino Balestrassi (MDB), e o ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSD).

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A última pesquisa do Ipec para a Rede Gazeta, publicada na noite de sexta-feira (4), mostrou empate técnico entre os dois nos votos válidos, separados por 4,0 pontos percentuais.

Guerino: 43%

Renzo: 39%

A margem de erro da pesquisa Ipec é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos.

Já o último levantamento da Futura Inteligência para a Rede Vitória, também publicado na sexta, deu Guerino na liderança, pouco fora do limite da margem de erro, mas não com uma vantagem que se possa considerar confortável. Em votos válidos:

Guerino: 41,4%

Renzo: 31,3%

A margem de erro da pesquisa Futura é de 4,9 pontos para mais ou para menos.

Apoiadores: Casagrande com Guerino

Assim como a de Guarapari, onde Casagrande declarou apoio a Zé Preto, membro de sua base na Assembleia, a eleição para prefeito de Colatina se tornou um grande teste político para o governador: ele entrou pessoalmente na campanha de Guerino Balestrassi, podendo ajudá-lo a ganhar, mas também correndo o risco de perder solidariamente. No último caso, a derrota eleitoral também será debitada de sua conta política.

Na verdade, Casagrande decidiu declarar apoio a Guerino de maneira até um pouco surpreendente, após muito relutar. O governador também considera Renzo um aliado. Mas Guerino coordenou sua campanha em Colatina para governador em 2022 – evitando uma derrota ainda pior para Manato (PL) no município –, o PSB está na coligação do atual prefeito, as pressões foram se acumulando… até que, na última terça-feira (1º), Casagrande gravou um vídeo declarando seu apoio pessoal à reeleição do atual prefeito.

A coligação de Guerino, “O Futuro é Agora”, é enorme: tem 14 partidos, da esquerda (PT/PcdoB/PV, PDT, PSB) à direita (PP, Podemos).

Além de Casagrande, Guerino reuniu um time de apoiadores de peso em seu palanque, com destaque para os deputados federais. Dos dez membros da bancada capixaba na Câmara dos Deputados, nada menos que sete manifestaram apoio a ele, também da esquerda à direita: Paulo Foletto (PSB), Da Vitória (PP), Victor Linhalis (Podemos), Jack Rocha (PT), Helder Salomão (PT), Gilson Daniel (Podemos) e Evair de Melo (PP).

Curiosamente, os cinco primeiros são de Colatina, ainda que só Foletto e Da Vitória tenham construído lá a sua história política. Aliás, merece destaque o fato de, pela primeira vez na história da cidade, Guerino, Foletto e Da Vitória – três importantes líderes políticos de Colatina neste século – terem subido no mesmo palanque em uma eleição no município, unidos em torno de Guerino.

Além desses, o atual prefeito conta com o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), e de outros deputados estaduais, como Tyago Hoffmann (PSB), Alcântaro Filho e Hudson Leal – os dois últimos, filiados ao Republicanos, partido que está na coligação de Renzo.

Aos 65 anos, Guerino tenta chegar ao seu quarto mandato na Prefeitura de Colatina. Os dois primeiros foram exercidos em sequência, pelo PSB de Casagrande, de 2001 a 2008. Na década seguinte, ele não exerceu mandatos, acumulando passagens por cargos no Governo do Estado e na Prefeitura de Aracruz.

Em 2020, pelo pequeno Partido Socialista Cristão (PSC), sigla agora incorporada ao Podemos, Guerino voltou a se eleger prefeito, após 12 anos sem mandato. Em outubro do ano passado, filiou-se ao MDB, partido presidido no Estado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, de quem também é aliado.

Apoiadores: Meneguelli com Renzo

Já Renzo Vasconcelos disputa pela primeira vez a Prefeitura de Colatina, aos 40 anos, após ter exercido mandatos na Câmara de Colatina e na Assembleia Legislativa. Vem à frente de uma coligação mais modesta, chamada “Unidos por uma Colatina Forte” e formada por quatro siglas: PSD, Republicanos, União Brasil e Avante.

Renzo é membro de uma família tradicional e influente na economia da cidade. Seu pai, Pergentino Júnior, é dono da Unesc, faculdade particular, e do Hospital São José. É também presidente municipal do Republicanos, principal partido coligado ao PSD de Renzo nessa eleição.

O ex-deputado, aliás, é o presidente do PSD (Partido Social Democrático) no Espírito Santo. Para garantir o apoio do Republicanos em Colatina, ele levou o PSD, em Vitória, da coligação de Luiz Paulo (PSDB) para a de Lorenzo Pazolini (Republicanos).

O time de apoiadores de peso de Renzo é puxado pelo ex-presidente da Assembleia Erick Musso, dirigente maior do Republicanos no Estado. Ele também tem o apoio (distante) de Lorenzo Pazolini, ocupado com a própria campanha na Capital. Mas o apoio mais importante (este, sim, muito presente) partiu de outro membro do Republicanos: o deputado estadual Sérgio Meneguelli, prefeito de Colatina por um mandato, de 2017 a 2020.

Após fazer longo mistério, Meneguelli decidiu declarar apoio a Renzo e entrar com tudo na campanha do ex-deputado no momento decisivo da campanha. Na semana passada, mais discretamente, Meneguelli cumprimentou Renzo na propaganda eleitoral do candidato na TV, dizendo que, com ele, Colatina “estará em boas mãos”.

Na última terça-feira (1º), durante sessão virtual da Assembleia, o ex-prefeito e agora deputado explicitou o apoio, entrando para valer na campanha do ex-colega na Câmara de Colatina. E o fez naquele estilo que lhe é peculiar: causando furor.

No mesmo pronunciamento em que declarou voto em Renzo, Meneguelli acusou dois aliados de Guerino – a primeira-dama e chefe de gabinete, Mara Oliveira, e o ex-secretário municipal de Obras João Paulo Calixto da Silva – de o virem abordando com “chantagem” e “ameaças”. Segundo Meneguelli, os dois viriam lhe dizendo que, se ele entrasse na campanha de Renzo, ele sofreria uma tomada especial de contas do seu exercício como prefeito.

Na sessão, o deputado ergueu a voz: “Não admito isso! Não sou moleque!” No mesmo dia, Guerino negou tudo à coluna e afirmou que o comportamento de Meneguelli “causa estranheza”.

Também no mesmo dia – aliás, poucas horas depois –, a campanha de Guerino publicou nas redes sociais a fala de apoio de Renato Casagrande. É impossível não inferir daí uma relação de causa e consequência: a ressoante entrada de Meneguelli na campanha de Renzo, acompanhada de graves acusações, teria dado no Palácio Anchieta aquele click que faltava: era preciso reagir, com o ingresso pessoal de Casagrande na campanha de Guerino, apoiado pelo PSB.

De terça para cá, Meneguelli entrou de corpo presente na campanha, participando de atividades de rua ao lado de Renzo Vasconcelos.

Além dos políticos, a assessoria de campanha de Renzo declarou à coluna que seu “maior apoiador é o povo de Colatina, cansado do mesmo grupo, que está no poder há quase 20 anos”. A conta é discutível: de fato, somando os três mandatos de Guerino e os dois de Leonardo Deptulski, o grupo do atual prefeito soma 20 anos no poder, mas não está no poder há 20 anos de maneira ininterrupta… afinal, de 2017 a 2020, quem governou a cidade foi o próprio Meneguelli, apoiador de Renzo.

A campanha de Renzo ainda diz ter o apoio de vereadores de Colatina, empresários, médicos e servidores públicos, que “ficaram com medo de demonstrar apoio, receosos de retaliação da atual administração”. “Temos o apoio de todos que querem mudança na Princesinha do Norte.”

Os motes das campanhas

O mote central da campanha de Guerino é a ampliação do desenvolvimento econômico e dos investimentos em obras que, segundo a assessoria do prefeito, quebraram recordes ao longo do atual mandato. Após quatro anos de “plantio”, o prefeito defende que sua permanência permitirá a “colheita de projetos maiores”:

“Passamos pelos quatro anos de maior desenvolvimento e investimento em obras da história de Colatina. Plantamos muito e agora é hora de colher os projetos maiores. Colocamos Colatina de volta no rumo dos investimentos e não podemos ter retrocesso. Guerino sabe como construir parcerias com o governo do Estado e com a bancada federal para atrair investimentos e tirar do papel grandes projetos para Colatina”, afirma a assessoria do candidato do MDB.

Já o mote principal da campanha de Renzo é a mudança, não só do ocupante do gabinete na prefeitura, mas da política econômica e social da cidade. O oponente de Guerino argumenta o contrário do prefeito: a cidade, segundo ele, não vive dias de desenvolvimento e investimentos, antes estagnou:

“Colatina precisa mudar os rumos de sua política econômica e social para entrar de vez no século 21. Estamos atrasados, a cidade não gera empregos, não atrai investimentos. A cidade está estagnada. A população entendeu a mensagem desses 60 dias de campanha. Domingo será o dia da virada em nossa cidade”, diz a assessoria do candidato, em nota.

Principais propostas de cada um

Quanto às principais propostas das respectivas campanhas – pedimos a cada uma para elencar três –, Guerino destaca:

. Construção da Terceira Ponte (edital já publicado e dinheiro já reservado pelo Governo do Estado e pela bancada federal);

. Construção da nova Avenida Beira Rio no lado norte (como há atualmente no lado sul);

. Alcançar a meta estipulada pelo MEC de colocar 25% das escolas do município em tempo integral (já há 18%, segundo a assessoria do prefeito).

Estes são, por sua vez, os destaques de Renzo:

. Recuperação econômica;

. Investimentos em emprego e renda;

. Aposta em tecnologia para desafogar o caos da mobilidade urbana.


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