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Coluna Vitor Vogas

O palanque histórico de Guerino Balestrassi em Colatina

Pela primeira vez, ele e os deputados Foletto e Da Vitória estão do mesmo lado numa disputa local. Mas Casagrande mantém distância protocolar. Saiba por quê na análise da coluna

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Guerino Balestrassi com sua esposa, Da Vitória, Marcelo Santos e Paulo Foletto

Candidato à reeleição em Colatina, o prefeito Guerino Balestrassi (MDB) se vê diante de uma disputa difícil e inteiramente aberta, mas pode dizer que já protagonizou um feito histórico nesta eleição municipal. Pela primeira vez, ele e os deputados federais Paulo Foletto (PSB) e Josias da Vitória (PP) dividem o mesmo palanque. No caso, o palanque do próprio Guerino, apoiado por Foletto e Da Vitória.

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Em termos de consistência e influência, o atual prefeito e os dois deputados podem ser considerados os principais líderes políticos de Colatina ao longo das últimas duas décadas. Mas esta, repito, é a primeira vez que somam forças numa disputa eleitoral na maior cidade da Região Noroeste do Estado.

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Na medição de forças locais, Guerino e Da Vitória sempre tinham ficado em lados diferentes. Quanto a Foletto, ele e Guerino já foram até correligionários no PSB, mas o relacionamento político dos dois é marcado por um episódio traumático (para o atual deputado).

Em 2008, filiado ao PSB e concluindo seu segundo mandato seguido na Prefeitura de Colatina, Guerino bancou a candidatura de Leonardo Deptulski (PT) à sua sucessão. Preferiu fazer isso a apoiar Foletto, o candidato do próprio partido. Com o apoio de Guerino, Deptulski venceria aquele pleito, derrotando justamente Foletto – que nunca esteve tão perto de governar Colatina. A diferença foi pequena: 4.356 votos.

Naquele pleito, aliás, Da Vitória chegou em terceiro lugar. Candidatou-se a prefeito novamente em 2012, amargando uma segunda derrota.

Tudo isso parece ter ficado para trás. Guerino e Foletto voltaram às boas, e o primeiro ainda incorporou a seu palanque Da Vitória, presidente estadual do PP. Cumprindo sua parte no acordo, o atual prefeito escolheu um quadro do PP como candidato a vice-prefeito: o médico Dionisio Boschetti.

O palanque foi materializado na última quinta-feira (22), durante o desfile cívico realizado como parte das festividades pelo aniversário de 103 anos da emancipação de Colatina. Na foto acima, entre os três, também se vê o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil).

Embora obviamente tenha havido exploração político-eleitoral das festividades organizadas pela prefeitura, esse não foi, oficialmente, um palanque eleitoral. Em todo caso, o simbolismo é fortíssimo: a simples presença dos três, lado a lado, na mesma foto, é eloquente o bastante por si, ainda mais no momento e no contexto em que tudo se deu.

Além disso, a junção dos três líderes colatinenses no palanque de Guerino – este, sim, eleitoral – já ocorreu. Foi no dia 2 de agosto, na convenção do MDB em Colatina, na qual foi confirmada a candidatura do prefeito à reeleição. Os deputados federais Victor Linhalis (de Colatina) e Gilson Daniel, ambos do Podemos, também compareceram a esse evento.

Guerino, Foletto e Da Vitória também estiveram juntos no evento de “adesivaço” de carros com material do prefeito, no dia 17 de agosto, logo após o começo oficial da campanha.

Tyago Hoffmann com Guerino

Na véspera da parada cívica, dia 21 de agosto, quem apareceu em Colatina ao lado de Guerino, gravando um vídeo de apoio ao prefeito, foi o deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB), vice-líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa.

No vídeo, Hoffmann ressaltou a pareceria da administração de Guerino com o mandato dele e de outros deputados, com a bancada capixaba no Congresso e, “principalmente, com o nosso governador Renato Casagrande, transformando a realidade de Colatina”.

Um dos motes explorados pela campanha de Guerino é precisamente o poder de articulação do prefeito, seu bom trânsito e suas parcerias com o Palácio Anchieta, com os deputados estaduais e com a bancada do Espírito Santo em Brasília, o que se traduz, segundo ele, em investimentos, permitindo-lhe transformar Colatina em um canteiro de obras.

Aliados de Guerino vibraram com a mensagem de Hoffmann, interpretando o apoio eleitoral do deputado, por metonímia, como apoio do próprio governador (tipo “onde se escreve Hoffmann, leia-se Casagrande”). O próprio prefeito, na legenda do post em questão, escreveu que o deputado governista fez a manifestação “representando o governador Renato Casagrande”.

Mas há controvérsias.

A neutralidade de Casagrande

Nesse processo eleitoral, Hoffmann não é necessariamente porta-voz nem procurador eleitoral de Casagrande em toda parte. Em alguns municípios, ele tem feito movimentos descolados até do PSB.

Mais importante que isso é a posição do próprio Casagrande, reiterada ontem por ele mesmo à coluna: em Colatina, o governador mantém equidistância entre Guerino e o principal adversário eleitoral do atual prefeito: o ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSD).

Casagrande não pretende entrar pessoalmente na campanha de Guerino.

Institucionalmente, o PSD, presidido por Renzo no Estado, não está no governo Casagrande – embora alguns cargos comissionados sejam preenchidos por indicações pessoais do deputado estadual Fabrício Gandini, presidente do partido em Vitória, como o subsecretário estadual de Esporte Educacional, Comunitário e Lazer, Deyvid Alberto Hehr.

No nível pessoal, porém, Casagrande considera Renzo um aliado importante, tanto quanto o prefeito, e pretende assim preservá-lo. Não deseja se indispor nem com ele nem com Guerino.

Por que a equidistância?

Se algo tem presidido os movimentos de Casagrande da sua reeleição em 2022 para cá, chama-se “dívida de gratidão”.

Desde que se sagrou vencedor daquela que ele mesmo considera a mais difícil eleição de sua vida, um critério muito simples tem se revelado determinante nas escolhas que o governador tem feito e nos passos que tem dado: quem esteve ou não com ele quando ele mais necessitou de ajuda, no momento mais crítico da caminhada?

Até então, em suas quatro campanhas anteriores a governador, perdendo (1998, 2014) ou ganhando (2010, 2018), ele nunca havia nem sequer disputado um 2º turno. Já naquele pleito, precisou derrotar Manato (PL), com muito suor, num inesperado 2º escrutínio. Cada manifestação de apoio foi importantíssima, com peso e valor multiplicados na proporção da necessidade.

Guerino foi o coordenador da campanha de Casagrande em Colatina. Mas Renzo também declarou de público seu apoio a Casagrande. Não precisava tê-lo feito, mas o fez, após ter recebido 82.276 votos para deputado federal e sido o terceiro candidato mais votado para o cargo no Espírito Santo – só não entrou porque o PSD não atingiu o quociente eleitoral.

Casagrande já declarou que, onde quer que haja dois ou mais aliados dele disputando a mesma prefeitura, ele não se envolverá pessoalmente na campanha.

Há algumas exceções bem importantes, já conhecidas por todos, à regra estabelecida pelo governador, especialmente na Grande Vitória: em Vila Velha, Cariacica e Viana, ele apoia, respectivamente, os prefeitos Arnaldinho, Euclério e Wanderson Bueno, além de Werverson Meireles, candidato de Sergio Vidigal na Serra. Já gravou vídeo de apoio para eles e até, literalmente, subiu no palanque de Euclério.

Em todos os quatro municípios, os candidatos apoiados por Casagrande têm concorrentes que também fazem parte de seu arco de alianças. Mas aqui, mais uma vez, falou mais alto a dívida de gratidão por 2022: Arnaldinho, Euclério, Wanderson e Vidigal foram cabos eleitorais importantíssimos em sua própria campanha à reeleição. Por isso, nessas quatro cidades, o governador quebrou a própria regra de ouro.

Em Colatina, não.

A coligação de Guerino

Em Colatina, a coligação liderada por Guerino é, com folga, a maior de todas.

A megacoligação impressiona não só pela extensão, mas também pela pluralidade ideológica: vai da federação de esquerda formada por PT, PCdoB e PV a partidos mais à direita, como o PP do seu vice e o Podemos (partido em que estava Guerino antes de migrar para o MDB, no ano passado).

Também inclui PSB, PRD, PDT, Agir, PMB, Solidariedade e Federação PSDB/Cidadania, além do MDB de Guerino.

Os concorrentes

Renzo Vasconcelos vem à frente da coligação “Unidos por uma Colatina Forte”, formada por PSD, Republicanos, União Brasil e Avante.

Além dele e de Guerino, há quatro candidatos no páreo: o administrador Luciano Merlo (PL/PRTB), bolsonarista que por pouco não levou a melhor sobre Guerino no pleito de 2020; a professora Renata Marquesini (Federação PSol/Rede); o gerente Ronaldo Jorge (DC); e o empresário Vinicius Bragatto (Novo).


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