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É preciso rever as regras da Linha Verde na Terceira Ponte

Terceira Ponte teve final de semana acidentado. Motoristas ainda têm muitas dúvidas sobre o uso da faixa exclusiva, principalmente nos casos de acidente

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Carros nos dois sentidos da Terceira Ponte e muitas nuvens no céu.

Terceira Ponte. Foto: Danielli Saquetto

Eu não sou motorista. Não tenho carteira de habilitação. Não sei dirigir. Adianto esses pontos para admitir minha limitação no tema abordado aqui. Isso, no entanto, não me impede de vocalizar uma queixa comum entre muitos motoristas a respeito das regras para a utilização da faixa extra, a chamada Linha Verde, na Terceira Ponte, via pela qual passo de forma constante e diária. É preciso rever essas regras ou, no mínimo, deixá-las mais claras.

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O final de semana foi especialmente complicado na Terceira Ponte. Acidentes na noite de sexta-feira e sábado impuseram aos motoristas uma espera de mais de uma hora no congestionamento para fazer a travessia entre Vitória e Vila Velha e vice-versa. Enquanto esperavam, os motoristas viam a Linha Verde vazia ao seu lado, sem poder utilizá-la. Logicamente, os questionamentos surgiram, e o governo do estado foi lembrado de maneira nada elogiosa.

O funil na Terceira Ponte

Vamos pegar como exemplo o acidente ocorrido na noite de sábado, no trecho inicial da Terceira Ponte, sentido Vila Velha-Vitória. O congestionamento travou todos os acessos. Estava tudo parado. Como normalmente ocorre nesses casos, não havia orientação para os motoristas, nem informação sobre qual o motivo da interrupção do tráfego.

Os motoristas entravam na Terceira Ponte e respeitavam a ordem: não usar a tal Linha Verde. Ela, como se sabe, está reservada para ônibus, motos e veículos identificados, como ambulâncias e viaturas policiais. O acidente de sábado ocorreu na faixa da esquerda, ao lado do canteiro central. Os veículos ficavam afunilados entre essa faixa, bloqueada, e a Linha Verde. Ou seja, havia uma só faixa para ser usada. O resultado era um congestionamento parecido com o da noite de sexta-feira, no sentido Vitória-Vila Velha. Tudo parado e a terceira faixa vazia.

A faixa é dos ônibus. Mas..

O argumento mais comum apresentado pelo governo em relação à Linha Verde é o de garantir prioridade para o transporte coletivo. Nada contra. A iniciativa é realmente boa (embora existam muitas outras questões em torno dessa proposta). Assim funciona em outras capitais em relação às faixas exclusivas para o transporte coletivo.

No entanto, a regra não pode ser inflexível, e é preciso tratar de forma diferente as situações excepcionais. Durante a noite, por exemplo, há um ponto a ser avaliado: o número de ônibus transitando pela Terceira Ponte cai de maneira bastante sensível. O intervalo entre eles, cronometrado, era, em média, de dez minutos, por volta das 22 horas de sexta-feira, quando o trânsito estava todo parado na ponte. Sem poder usar a terceira faixa, os motoristas e os passageiros de carros de aplicativo se sentiam praticamente punidos por estarem usando um veículo particular, e não um dos coletivos.

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Os questionamentos dos motoristas

Os motoristas têm muitas dúvidas. Podem usar a Linha Verde em caso de acidente? Não podem? Se podem, em quais ocasiões? Usando ainda como exemplo o acidente no sábado à noite, em Vila Velha, os motoristas não poderiam usar a terceira faixa desde o início da Terceira Ponte, para dar mais agilidade ao trânsito? Não é melhor termos uma orientação caso a caso, liberando ou não a terceira faixa conforme o local do acidente, por exemplo? Não é possível melhorar o sistema de informação para os motoristas?

Solução pode ser melhorada

A reforma da Terceira Ponte visou, inicialmente, eliminar um enorme drama humano e social, com consequências diretas no dia a dia da Grande Vitória. Esse objetivo foi alcançado, com a redução quase total das tentativas de suicídio na via. Pouquíssimas vezes o trânsito foi parado para operações de resgate desde a entrega da Ciclovia da Vida.

A criação da terceira faixa veio como parte do projeto. E um de seus objetivos era diminuir os congestionamentos no local. A fluidez do tráfego obviamente aumentou. A velocidade dos ônibus para fazer seus trajetos também. Esse sucesso, no entanto, não impede uma revisão ou melhoria das regras de uso da ponte. E também a retomada de práticas anteriormente adotadas, como a divulgação das imagens das câmeras de acesso, sempre úteis quando se desejava saber se o trânsito no local estava livre ou não.

A Ceturb, encarregada da administração da via, e a Secretaria de Mobilidade poderiam promover uma discussão ampliada com os usuários da Terceira Ponte para buscar alterações capazes de livrá-los do sofrimento de ter de enfrentar quase duas horas de congestionamento sem nenhum auxílio. Isso precisa ser revisto o mais rápido possível. Se não for para livrar os motoristas de uma “punição” indevida, que seja, ao menos, para evitar o desgaste para a imagem do governo, tão mal lembrado por esses mesmos motoristas durante um trajeto tão demorado quanto irritante…

Antonio Carlos Leite

Antonio Carlos tem 32 anos de jornalismo. E um tempo bem maior no acompanhamento das notícias. Já viu muitos acontecimentos espantosos. Mas sempre se sente surpreendido por novos fatos, porque o inesperado é a maior qualidade das coberturas jornalísticas. E também da vida...

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