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Coluna Vitor Vogas

Arnaldinho começa a rodar o ES e tem novo papo com operador de Pazolini

Prefeito de Vila Velha se lançou em almoço e lembrou seu início em 2020; enquanto isso, o de Vitória não dá nem um passo atrás em seu planejamento eleitoral. Analisamos aqui o recado de Arnaldinho e seu desconforto com o Palácio Anchieta

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O prefeito Arnaldinho Borgo colocou seu time em campo de uma vez por todas. Decidido a ser candidato a governador do Espírito Santo, o chefe da Prefeitura de Vila Velha começou a percorrer o Espírito Santo nesta sexta-feira (30), a exemplo do que já têm feito, desde o início do ano, outros dois pré-candidatos ao mesmo cargo: o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) – em Barra de São Francisco nesta sexta – e o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

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A cidade escolhida para começar a odisseia terrestre de Arnaldinho foi Santa Leopoldina, na Região Serrana. Na manhã desta sexta, acompanhado pelo presidente da Câmara de Vila Velha, Osvaldo Maturano (PRD), ele visitou a prefeitura e a Câmara Municipal. Conversou com os vereadores e com o prefeito Fernando Rocha – por acaso, aniversariante do dia. Ao lado do prefeito, chegou a participar de um miniculto, entoando cantos de louvor, no Hospital Evangélico da cidade.

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Arnaldinho e articulador de Pazolini: aproximação e recados

Ainda nesta sexta-feira, Arnaldinho teve reunião com o secretário de Governo de Vitória, Erick Musso, em seu gabinete na Prefeitura de Vila Velha. Além de presidente estadual do Republicanos (sigla de Pazolini), Erick é o principal articulador político do prefeito de Vitória e procurador de Pazolini para assuntos eleitorais. Vale lembrar que o governante da Capital é adversário do governador Renato Casagrande (PSB), principal aliado de Arnaldinho na geopolítica estadual.

“Diálogo com Erick Musso sobre os principais assuntos do Espírito Santo”, postou o prefeito de Vila Velha. O principal assunto do Espírito Santo são as eleições de 2026.

A pessoas próximas, Arnaldinho tem confidenciado desconforto com a maneira como o Palácio Anchieta tem conduzido o processo sucessório de Casagrande, delimitando até onde os aliados podem ir, estabelecendo até onde podem se movimentar, determinado que potenciais candidatos joguem o jogo conforme as regras ditadas pelo governador – ou a música tocada por ele.

Na Prefeitura de Vila Velha, há a compreensão de que o governador já manifestou mais que claramente sua preferência por Ricardo Ferraço e que o governo Casagrande viria inclusive operando nos bastidores para dificultar o projeto de Arnaldinho de assumir um partido para si.

Insatisfeito, o prefeito não descarta migrar para um movimento alternativo ao do Palácio Anchieta, caso se sinta estrangulado no de Casagrande (e por ele). O encontro e a foto com Erick são mais um recado nesse sentido. Na conversa, os dois exercitaram cenários. Concordam que eventual aliança eleitoral entre Arnaldinho e Pazolini resultaria num palanque imbatível no Espírito Santo.

Repetição

No dia 15 de abril, acompanhado do deputado federal Victor Linhalis (Podemos), Arnaldinho recebeu Erick na Prefeitura de Vila Velha, o que alimentou especulações sobre uma possível aproximação eleitoral com o Republicanos (e o grupo de oposição ao governo Casagrande). Em Vila Velha, o Republicanos apoia a gestão de Arnaldinho. É do partido o seu líder na Câmara, Devanir Ferreira.

José Renato falou, José Renato avisou…

“Ter encontro é normal da política. Ter compromisso é diferente. Ter encontro é normal. Ter compromisso e uma articulação real com quem não é aliado, isso não é adequado. E não acredito que ele esteja fazendo isso.”

Foi o que declarou Casagrande a este espaço, no último dia 21, sobre as movimentações eleitorais de Arnaldinho.

Encontro com vereador de Pazolini

Arnaldinho também se encontrou com o vereador de Vitória Luiz Emanuel, filiado ao Republicanos e aliado de primeira ordem de Pazolini.

Arnaldinho se lançou em almoço

No último sábado (24), o prefeito de Vila Velha promoveu um almoço para o qual convidou diversos agentes políticos do Espírito Santo, incluindo prefeitos e vereadores de outras cidades. O almoço ocorreu num restaurante bem reservado próximo à área da Marinha, na Prainha, em meio às festividades pelo aniversário de 490 anos de Vila Velha. Antes de a comida ser servida, Arnaldinho fez uma fala em que lançou sua pré-candidatura diante de todos os presentes.

História pode se repetir…”

O prefeito declarou aos comensais que quer se candidatar a governador do Espírito Santo em 2026. E fez um paralelo da sua atual situação com a de 2020. Lembrou que, naquela campanha municipal, quando concorreu a prefeito pela primeira vez, poucos acreditavam que ele tivesse alguma chance de ganhar. E ele venceu com folga, derrotando no 2º turno o então prefeito, Max Filho (PSDB).

Novo segue de portas abertas

O evento também atraiu dirigentes partidários. Um dos que se sentaram com o prefeito, à mesma mesa, foi o presidente estadual do Novo, Iuri Aguiar. Sem se aprofundar no tema diante dos demais, Iuri comentou com Arnaldinho que as portas do Novo continuam abertas para ele, caso queira se filiar. Os dois devem se encontrar em breve.

Sem legenda desde março, o prefeito procura um partido que possa comportar o seu projeto de candidatura.

Desmobilização” do Palácio Anchieta

Entretanto, a adesão ao almoço de pré-lançamento promovido por Arnaldinho poderia ter sido maior. Informações de bastidores dão conta de que o Palácio Anchieta operou para “desmobilizar” o evento. Prefeitos teriam recebido ligações para não comparecerem ao almoço do agora, para todos os efeitos, “concorrente interno” de Ricardo Ferraço na disputa pelo lugar de candidato da situação à sucessão de Casagrande.

Pazolini: nem um passo atrás

Apesar das recentes turbulências de ordem pessoal e da reorientação da estratégia de comunicação em suas redes sociais, Pazolini não recuou um centímetro em seu movimento e em seu planejamento para viabilizar a candidatura a governador. Nem um passo atrás. Não interrompeu nem as andanças nem as mensagens subliminares. “Seguimos pisando no acelerador”, afirma uma fonte envolvida em sua pré-campanha.

No último dia 16, em resposta à investida de Arnaldinho sobre o Partido Social Democrático (PSD), seu parceiro eleitoral em 2024, Pazolini foi com Erick ao encontro do prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos, presidente da legenda no Espírito Santo. Durante as comemorações do aniversário de fundação de Vila Velha, o prefeito  de Vitória fez um post saudando a cidade vizinha (território de Arnaldinho).

Em uma série de postagens em seu Instagram, Pazolini usa uma camiseta com o dizer “Trabalha, confia e coopera”, adaptação do lema contido na bandeira do Espírito Santo… a mesma cujas três cores, desde o começo do ano, comparecem na logomarca com que todos os seus posts são assinados: seu nome estilizado, em branco, azul e rosa. No dia 20 de maio, Pazolini comemorou seu aniversário com bolo, óculos escuros e uma simbólica bandeira do Espírito Santo.

Erick, Pazolini e Da Vitória: PP mais distante

Na quinta-feira (29), Pazolini e Erick se reuniram, na Prefeitura de Vitória, com o deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP e da futura federação formada por esse partido com o União Brasil. No início da semana, em almoço no Palácio Anchieta, Da Vitória assumiu com Casagrande o compromisso de estar com ele, no movimento eleitoral liderado pelo governador para 2026.

Vale dizer: Da Vitória pretende levar a Federação União Progressista para a coligação e o palanque de Ricardo Ferraço, se o vice-governador for mesmo o candidato de Casagrande à sucessão. Se não for, o próprio Da Vitória pleiteia o lugar de candidato desse grupo governista ao Palácio Anchieta.

Pelas mãos do mesmo Da Vitória, o PP apoiou a reeleição de Pazolini e participa da atual administração municipal. A vice-prefeita, Cris Samorini, foi indicada pelo partido. Assumirá o cargo de prefeita se Pazolini renunciar, em abril do próximo ano, para ser candidato a governador.

No entanto, a combinação de Da Vitória com Casagrande e Ricardo, bem como suas declarações públicas, afastam o União Progressista do eventual palanque de Pazolini em 2026.

Haverá mudança na Fazenda

Pazolini busca um substituto para Régis Mattos na Secretaria Municipal da Fazenda. Seu secretário de Gestão e Planejamento acumula o comando interino da pasta desde que a economista e professora Neyla Tardin pediu as contas a Pazolini, em fevereiro. Mas o prefeito não pretende mantê-lo em definitivo. Continua sondando alternativas.

Erick Musso deixará equipe

Quem está mesmo decidido a sair da equipe é o já mencionado Erick Musso. Secretário de Governo de Pazolini desde janeiro, ele deixará o cargo, no fim de junho, em acordo com o prefeito. O objetivo é ficar livre para se dedicar mais à pré-campanha e à preparação da candidatura de Pazolini, bem como à construção das chapas proporcionais do Republicanos. Assim, o ex-presidente da Assembleia Legislativa (Ales) ficará só um semestre no secretariado.

Os motivos da saída prematura

A saída agora não estava prevista. O plano original era ele se desligar no fim deste ano. O desligamento foi antecipado por conta da “precipitação” do processo eleitoral, em dezembro passado, por parte do Palácio Anchieta. O núcleo de Pazolini entende que precisa correr atrás.

Os cotados e o favorito para a vaga

Para o lugar de Erick, este e o prefeito buscam uma solução caseira.

Hoje, há ligeiro favoritismo para o atual secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Luciano Forrechi. Muito leal a Pazolini e considerado um curinga, pela versatilidade, ele já passou pela Secretaria de Governo no mandato passado, no interstício entre Marcelo Oliveira e Aridelmo Teixeira (Novo).

Os outros cotados, hoje, são Alex Mariano, o chefe da Central de Serviços, Léo Formigão, e o advogado Diego Libardi (Republicanos), ex-secretário de Cidadania e Direitos Humanos e Trabalho.

O presidente do PP em Vitória, Marcos Delmaestro, chegou até a ter o nome especulado. Mas hoje, na Prefeitura de Vitória, existe a percepção de que o dirigente viria operando discretamente para levar vereadores da base de Pazolini na Câmara de Vitória ao encontro do governo Casagrande e do projeto deste para as eleições gerais.

A chapa de federais do Republicanos

Como em quase todos os partidos, a chapa do Republicanos para a Câmara Federal ainda é uma obra em construção. No momento, além do próprio Erick Musso, tem os dois atuais federais da sigla no Espírito Santo (Amaro Neto e Messias Donato), além de dois aliados recém-atraídos por Erick para a Prefeitura de Vitória e o movimento eleitoral que ele organiza em prol de Pazolini: o Coronel Alexandre Ramalho e a ex-deputada federal Soraya Manato.

Desde março, Ramalho está à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para assumir a pasta, saiu do PL. Desde o mesmo mês, Soraya dirige a Secretaria Municipal de Assistência Social. Está no PP, mas não ficará na sigla.

Com a decisão de Euclério Sampaio de não ir para a Federação União Progressista, Messias Donato tem chances de permanecer no Republicanos. Mas poderá sair para tentar a reeleição no ano que vem, já que Euclério, seu padrinho político, é aliado de Casagrande e de Ricardo Ferraço. E já até se estranhou publicamente com Pazolini.

Euclério e Pazolini se reencontram

A propósito, o dia foi mesmo de intensas movimentações e encontros políticos. Erick Musso e Pazolini estiveram pessoalmente com Euclério. O primeiro postou a foto do encontro, com os três muito sorridentes. Fumaram o cachimbo da paz.

Erick chamou Euclério de amigo. Os três foram deputados juntos na Ales, entre 2019 e 2020.

Mobilização de Marcelo Santos

E, por falar na Assembleia, quem também é pré-candidato a deputado federal, mas pela Federação União Progressista, é o presidente da Ales, Marcelo Santos. Neste sábado (31), ele promoverá, na sede da Aspomires, em Vitória, um evento que está sendo chamado de “Dialoga Grande Vitória”. “Vamos prestar contas, ouvir ideias e falar sobre os próximos passos da nossa missão. Agora é hora de avançar. E você é parte fundamental disso tudo!”, diz o pré-candidato, no convite.

Marcelo e sua equipe promoveram uma grande mobilização para o ato político (de fundo pré-eleitoral). Chamados em peso, muitos servidores comissionados da Ales são aguardados por lá.