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Coluna Vitor Vogas

Pesquisa em VV traz Arnaldinho sobrando e a pergunta do milhão

Análise: Ramalho não entrou chutando a porta, mas não pode ser considerado morto. Qual é o caminho que resta ao candidato de Bolsonaro na cidade?

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Os candidatos a prefeito de Vila Velha

Os candidatos a prefeito de Vila Velha

Assim como o cenário eleitoral da vizinha Cariacica, a pesquisa da Futura Inteligência realizada para a Rede Vitória e publicada nesta sexta-feira (23) indica um quadro de quase definição precoce da disputa pela Prefeitura de Vila Velha. Na segunda cidade mais populosa do Espírito Santo, o atual prefeito, Arnaldinho Borgo (Podemos), larga com uma vantagem tão dilatada, mas tão tão dilatada, que já podemos afirmar aqui e agora: no mínimo, já está no 2º turno. No mínimo.

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Na verdade, a grande dúvida que paira no ar político de Vila Velha, consolidada pelo levantamento da Futura, é se de fato chegará a haver 2º turno na cidade ou se o atual prefeito só precisará mesmo de um para fechar a conta. Hoje, com base nos dados da pesquisa, a tendência forte é de vitória em turno único. Arnaldinho não é só favoritíssimo para vencer a disputa. Tem também grandes chances de encurtá-la.

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Sem exceção, o pacote de dados fornecidos pela sondagem só traz notícias excelentes para o atual prefeito – e notícias excelentes só para ele. Para os demais, um conjunto de números desanimadores.

Na espontânea, Arnaldinho nada de braçada, manifestando um recall altíssimo: 62,4% das intenções de voto, contra 5,6% do seu adversário mais próximo, o Coronel Ramalho (PL). Atenção: esse número é boçal. Na espontânea, primeira pergunta do questionário, os 600 entrevistados não tiveram acesso à lista de candidatos. Às vésperas do início da campanha (a pesquisa foi feita de 10 a 12 de agosto), três em cada cinco eleitores de Vila Velha já tinham na ponta da língua o nome de Arnaldinho como seu candidato a prefeito.

Alguém poderia atalhar: mas o que vale mesmo é a estimulada. Passemos, pois, a ela.

Com a lista de candidatos apresentada aos entrevistados, Arnaldinho vai a 77,0%, contra 12,5% de Ramalho; João Batista Babá (PT), Maurício Gorza (PSDB), Gabriel Ruy (Mobiliza) e Nicolas Trancho (PSol), juntos, totalizam 2,3%.

Em votos válidos, Arnaldinho chegaria a 83%. Para liquidar a fatura no 1º turno, dia 6 de outubro, ele só precisa de 50% + 1. Significa que, em menos de dois meses, os oponentes do atual prefeito precisam, juntos, tirar-lhe mais de 30 pontos de vantagem.

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Como se fosse pouco, a rejeição de Arnaldinho é ridiculamente baixa: 4,9%. A de Ramalho, seu principal concorrente, bate em 33,4%. Não é nada desesperador, mas limita seu potencial de crescimento.

Na simulação de 2º turno contra Ramalho, Arnaldinho alcança 75,3%, contra 15,7% do ex-chefe da Sesp. Em votos válidos, o prefeito teria 82%, contra 17% do coronel. Em todas as simulações contra os outros quatro oponentes, Arnaldinho beira 90% de intenções de voto.

Na mesma esteira (está tudo conectado), a avaliação de Arnaldinho e de sua administração são altamente positivas, o que nos ajuda a compreender sua performance nas intenções de voto e sua pífia rejeição: 82,6% avaliam o prefeito como bom ou ótimo; só 3,8% o têm como ruim ou péssimo. Para 75,2%, a Prefeitura de Vila Velha é boa ou ótima; só 6,0% a consideram ruim ou péssima.

Cumpre reconhecer: estamos diante de um fenômeno de popularidade.

O que é preciso para que ainda haja 2º turno?

Para que haja 2º turno, em primeiro lugar, o segundo colocado, Coronel Ramalho (PL) – único que hoje demonstra condições de se aproximar um pouco mais do prefeito –, terá de crescer, substancialmente e o mais rápido possível, em uma campanha de tiro curto – sem trocadilho com sua origem militar.

E eventual crescimento do coronel pode ainda não ser o suficiente. Para levar a decisão para o 2º turno, os outros quatro candidatos – sobretudo o do PT – também precisam dar sua contribuição, acelerando nas respectivas raias.

Alguns problemas aparecem, porém.

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Em primeiro lugar, o patamar de partida de Ramalho é muito mais baixo do que se supunha que pudesse ser. Com 12,5% na estimulada a esta altura, ele larga bem mais de trás do que se poderia imaginar. Não entrou na campanha chutando a porta – aqui, sim, com muito trocadilho.

Em abril, quando a Futura foi a campo pela primeira vez para aferir as intenções de voto do eleitorado de Vila Velha, Ramalho havia acabado de se filiar ao PL, pelas mãos do senador Magno Malta, no dia 19 de março, e de se declarar o candidato bolsonarista a prefeito da cidade, com as bênçãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde então, o ex-secretário estadual da Segurança Pública investiu fortemente numa estratégia centrada em reproduzir, em Vila Velha, a polarização ideológica entre direita e esquerda, esforçando-se em atribuir a Arnaldinho o papel de representante do segundo campo.

Na primeira pesquisa da série Futura/Rede Vitória, realizada em abril, Ramalho tinha 5,3% na espontânea e 12,3% na estimulada. Quatro meses depois, enquanto Arnaldinho cresceu, Ramalho estagnou: tem agora, respectivamente, 5,6% e 12,5%.

Assim, o que a nova pesquisa da Futura prova é que, pelo menos até agora, essa estratégia de polarização não “colou”. Menos ainda o rótulo de “esquerdista” que ele tão tenazmente tem buscado afixar em Arnaldinho.

Mas o que resta a Ramalho fazer?

A grande questão que fica é: e Ramalho por acaso tem escolha? Que outra saída resta a ele para tentar tirar votos de Arnaldinho senão a de seguir investindo no debate e no embate ideológico, do maniqueísmo da direita contra a esquerda, falando diretamente ao eleitorado mais fiel a Bolsonaro e mais permeável a esse tipo de discurso?

Arnaldinho está bem avaliado demais, o que ergue ao redor do prefeito uma espécie de escudo protetor. Não que ele esteja 100% imune a críticas pessoais e à sua administração, mas está tão bem avaliado, tão ridiculamente bem avaliado, que uma campanha adversária focada em questões administrativas dificilmente o fará perder votos. Será muito difícil – e aparentemente inútil – tentar miná-lo por aí.

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Ao que parece, então, para conseguir crescer no decorrer da curta campanha, Ramalho precisa mesmo seguir tentando chegar aos ouvidos, corações e mentes desse estrato mais genuinamente “bolsonarista” do eleitorado canela-verde – e não percamos de vista: Vila Velha é um colégio eleitoral que votou com força em Bolsonaro nas últimas duas eleições presidenciais.

A própria pesquisa da Futura mais uma vez confirma um “antilulismo” cristalizado no eleitorado vilavelhense: para 45,0%, Lula (PT) é ruim ou péssimo, ante somente 29,9% de bom ou ótimo. Na série da Futura para a Rede Vitória, é o pior desempenho do presidente entre as quatro maiores cidades da Região Metropolitana.

Assim, resta a Ramalho, de fato, continuar investindo nessa estratégia e atacando Arnaldinho por esse flanco, pois a fração do eleitorado do prefeito que ele tem maiores chances de “tomar” é justamente aquela formada por eleitores que adoram Bolsonaro, mas, hoje, tendem a renovar o mandato de Arnaldinho.

É o nicho de eleitores potencialmente mais “volúvel”, mais “suscetível” à estratégia ramalhista: hoje votam em Arnaldinho por estarem satisfeitos com seu trabalho, mas, por paixão ideológica, podem até estar dispostos a oscilar na direção do candidato de Bolsonaro.

Ciente disso, Ramalho está determinado a cavar ainda mais essa trincheira. Há poucos dias, esteve em Brasília gravando vídeos de campanha com Jair e Michelle Bolsonaro.

O risco, para o coronel, é o “do efeito bolha”: ao escolher conscientemente falar tão somente para dentro de uma bolha, ele pode até crescer, mas tão somente dentro dessa bolha, até o limite da sua parede. Não conseguirá ir além dela.

Mesmo que tal estratégia seja incrivelmente exitosa – caso existam em Vila Velha muito mais eleitores sensíveis a esse discurso do que se imaginava –, esta pode, no limite, até levar Ramalho ao 2º turno, mas é insuficiente para ele vencer a disputa… Uma vez lá, o que ele fará? Para quem falará?

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E quanto aos demais?

O outro problema é que eventual crescimento de Ramalho pode não bastar para ele mesmo. O coronel talvez não consiga chegar lá sozinho. Para isso, pode precisar também contar com o crescimento dos demais sobre Arnaldinho.

Mas, se a largada de Ramalho é muito mais fraca do que se poderia imaginar, o que dizer dos demais? Babá, Maurício Gorza, Nicolas Trancho e Gabriel Ruy, somados, têm hoje votação residual.

Além do quê, sejamos francos: respeitosa, mas realisticamente, o único dos quatro com reais condições de crescer ao longo desse processo é o candidato do PT, pelas mesmas razões já expostas a respeito de Ramalho, mas com sinal invertido, isto é, se ele praticar a estratégia de campanha de Ramalho às avessas.

Ora, nessa disputa, Babá é o candidato do PT e do governo Lula. Se ele apostar numa campanha também de forte viés partidário e ideológico, associando ao máximo a sua imagem à de Lula e seu governo em Brasília, poderá, naturalmente, atrair a simpatia e os votos daquela fração do eleitorado vilavelhense mais ideologicamente enraizada no PT e na esquerda.

Na pré-campanha, em entrevistas e discursos, Babá já deu indícios de que seu caminho será por aí mesmo, fazendo “a defesa do governo Lula”, mas sem deixar de apresentar suas propostas para a cidade e suas críticas à gestão de Arnaldinho.

Quanto aos demais, não há um só dado alentador para nenhum deles.

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