Coluna Vitor Vogas
Incrível! Só 9 partidos têm chapa completa de vereadores em Vitória
Exércitos de verdade e outros de Brancaleone: saiba quantos candidatos a vereador estão no palanque de cada candidato a prefeito
O fim da possibilidade de coligações partidárias nas eleições para deputados e vereadores, vigente desde a disputa municipal de 2020, foi medida extremamente salutar para o processo democrático brasileiro. Racionalizou o sistema de distribuição das vagas, depurou-o, gerou maior transparência, uma relação mais direta entre o voto do eleitor e os resultados e, acima de tudo, favoreceu o fortalecimento de identidades partidárias. Acabou aquela mistura insana de outrora, ideologicamente caótica.
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Mas tudo na vida tem dois lados (pelo menos). Se para o eleitor a medida foi ótima, para os dirigentes partidários se provou um problemão. Desde 2020, eles precisam rebolar para construir chapas completas formadas exclusivamente por quadros do próprio partido.
Pouquíssimos têm conseguido isso.
Os dados oficiais do TSE na presente eleição municipal reforçam essa conclusão. Emblemático é o caso de Vitória – por motivos óbvios, cidade politicamente mais importante do Espírito Santo.
Na Capital, nesta eleição parlamentar, cada partido ou federação pôde registrar uma chapa com até 22 candidatos a vereador. O número equivale ao número de cadeiras em disputa na Câmara Municipal de Vitória (CMV). Como o número de vereadores, a partir de 2025, passará de 15 para 21, a conta é 21 + 1.
Hoje, no Brasil, existem oficialmente 22 partidos e três federações partidárias, sempre com base em dados do TSE.
O número chocante vem agora. Na capital do Espírito Santo, somente 12 partidos e duas federações lançaram chapa de candidatos a vereador. Desse total, somente nove partidos lançaram chapa completa, com os 22 candidatos possíveis: DC, MDB, Novo, PL, Podemos, PP, PRD, PSB e Solidariedade.
Grandes legendas, como o União Brasil e o PSD, simplesmente não constituíram chapa para a CMV.
Dos seis candidatos a prefeito, apenas um pode dizer que seu próprio partido ou federação tem uma chapa completa para a Câmara Municipal: o Capitão Assumção (PL).
A Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), de João Coser, lançou chapa com 21 candidatos, assim como o partido Republicanos, de Lorenzo Pazolini.
A Federação Rede/PSol, de Camila Valadão, só tem 13 candidatos a vereador.
O Avante, de Du, não lançou chapa proporcional. Por incrível que pareça, a Federação PSDB/Cidadania, de Luiz Paulo, também não.
Eis a relação oficial, com os partidos e federações que lançaram chapa para a Câmara de Vitória, o tamanho de cada uma e os respectivos candidatos a prefeito
- DC: 22 (Pazolini)
- MDB: 22 (Luiz Paulo)
- Novo: 22 (Pazolini)
- PL: 22 (Assumção)
- Podemos: 22 (neutro)
- PP: 22 (Pazolini)
- PRD: 22 (Pazolini)
- PSB: 22 (Luiz Paulo)
- Solidariedade: 22 (Du)
- PT/PV/PCdoB: 21 (Coser)
- Republicanos: 21 (Pazolini)
- Agir: 16 (Assumção)
- PDT: 14 (Coser)
- PSol/Rede: 13 (Camila)
Quantos candidatos a vereador tem cada um?
No caso de Luiz Paulo, um fato chama a atenção. Pouco atrás de Pazolini neste quesito, o ex-prefeito tem o segundo maior tempo de TV e rádio. Ao lado de Pazolini, tem a maior coligação, com seis siglas. A do tucano é formada por MDB, PSB, União Brasil e PMB, além da Federação PSDB/Cidadania.
Mas, dessas seis agremiações, apenas dois partidos (MDB e PSB) registraram chapas de vereadores (ambas completas), graças a uma articulação conduzida por Tyago Hoffmann, Sérgio Borges e Ricardo Ferraço.
Isso significa que Luiz Paulo, apesar da grande coligação majoritária, só terá 44 candidatos a vereador em seu palanque.
No caso de Pazolini, sua coligação é formada por Republicanos, PP, PRD, Novo, DC e PSD. Apenas o último, presidido em Vitória pelo deputado estadual Fabrício Gandini, não bateu chapa de vereadores.
O Republicanos tem chapa quase completa (21); os outros quatro partidos aliados vêm com chapa completa. Significa que Pazolini terá um exército de 109 candidatos a vereador pedindo votos para ele. Sai em larga vantagem neste aspecto. Tem mais que o dobro do segundo colocado, Luiz Paulo.
Dos 283 candidatos a vereador que pediram registro em Vitória, Pazolini terá 38,5% deles em seu time. Arredondando as contas, é quase como dizer que, de cada cinco candidatos à CMV, dois estão com ele.
Por sua vez, o Capitão Assumção, além dos 22 candidatos a vereador do PL, poderá contar com os 16 candidatos do Agir, que também o apoia. A coligação do deputado é completada pelo Mobiliza, que não tem chapa de vereadores. No total, o candidato de Bolsonaro conta com 38 candidatos a vereador.
Quanto a João Coser, o deputado estadual e ex-prefeito vem à frente de uma coligação que, além da Fe Brasil (PT/PCdoB/PV), tem o PDT. O partido de Sergio Vidigal virá com uma chapa modesta na Capital: 14 candidatos a vereador. Somados aos 21 da Fe Brasil, serão 35 candidatos a vereador apoiando o petista.
O empresário Du tem os 22 candidatos a vereador da chapa completa do Solidariedade, um dos três partidos integrantes de sua coligação. Os outros dois são o Avante e o PRTB, que não lançaram chapa à Câmara.
Camila Valadão conta apenas com os 13 candidatos da Federação PSol/Rede, que vem isolada na disputa.
O saldo final fica assim:
Número de candidatos a vereador com cada candidato a prefeito
- Pazolini: 109
- Luiz Paulo: 44
- Assumção: 38
- Coser: 35
- Du: 22
- Camila: 13
Se tivéssemos aqui um gráfico de pizza dividido em cinco fatias de igual tamanho, Pazolini ficaria com duas. Os outros cinco postulantes a prefeito dividiriam as outras três.
Por evidente, nossa contabilização se baseia exclusivamente nos dados oficiais do TSE, desconsiderando eventuais defecções ou infidelidades (candidatos a vereador que apoiem um candidato a prefeito diferente daquele apoiado pelo próprio partido ou federação). Aí só analisando caso a caso, o que está fora do nosso alcance.
Vestibular para vereador: a relação candidatos/vagas em Vitória
Como frisado acima, em Vitória, um total de 283 candidatos a vereador pediram registro à Justiça Eleitoral. As vagas em disputa são 21.
Logo, podemos dizer que a concorrência na eleição legislativa em Vitória é de 11,33 candidatos por vaga no plenário da CMV.
Está mais fácil entrar no curso de Letras Português da Ufes… do qual, aliás, é bem difícil sair. 😛
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