Coluna Vitor Vogas
Paulo Hartung sobre Presidência: “Por mim já tínhamos resolvido em 2018, mas vamos resolver em 2026”

Paulo Hartung se filia ao PSD nesta segunda-feira (26)
Prestes a se filiar ao PSD na tarde desta segunda-feira (26), evento que marca seu retorno efetivo à atividade política, o ex-governador Paulo Hartung quer ter participação ativa na próxima eleição presidencial. Após o Tufão Lula versus Bolsonaro que varreu o país nas últimas duas disputas nacionais, ele prevê o alargamento da “Avenida Brasil” em 2026, ou seja, muito mais espaço para uma ou mais candidaturas à Presidência pelo centro democrático e liberal.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Na mesma resposta, Hartung fala em “gota d’água” e “construção” – canções de Chico Buarque e nomes, respectivamente, das chapas com que ele chegou à presidência do Diretório Acadêmico do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) em 1976 e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) em 1978, iniciando sua trajetória política.
Sabe que é só uma “gota d’água” e que uma “construção” visando chegar ao governo central do país demanda muito mais gente… mas quer contribuir ativamente para isso, nem que seja com ideias, no debate e na formulação de um plano de governo para o candidato do PSD (que pode ser Ratinho Júnior ou Eduardo Leite) ou a ser apoiado pelo partido (Tarcísio de Freitas, por exemplo).
Lembrando o episódio de antes da eleição de 2018, no qual, ainda governador do Espírito Santo, topou ser vice de Luciano Huck em eventual chapa presidencial (mas o apresentador de TV recuou), Hartung ressalta que, por ele, o problema do país já tinha se resolvido ali.
“E agora, se depender de mim, nós vamos dar rumo ao país em 2026, mas eu sou um grão de areia, uma gota d’água. Tem muita gente que me ouve e tal, mas eu sou um grão de areia. Essa é uma construção muito maior, que precisa de muito mais gente. Por mim nós vamos resolver em 2026. […] Se depender de mim, nós destravamos este país em 2026. Sou muito pequenininho, inclusive baixinho (risos). Mas quero dar minha contribuição!”, assevera o ex-governador.
“A ideia de um programa para o país é uma ideia que eu estou dentro dela.”
Abaixo, a segunda parte da nossa entrevista com Hartung. Boa leitura!
E na próxima eleição presidencial? Até pelo porte nacional adquirido nas últimas eleições, mais ainda nas últimas municipais, em que o partido foi com sobras o que mais fez prefeitos no país, sem falar no tamanho da bancada congressual, o senhor acha que o PSD tem “bala na agulha” para participar com protagonismo da próxima corrida à Presidência? E o senhor defende isso?
O partido já tem dois nomes se propondo essa tarefa. Tem o nosso governador do Paraná, o Ratinho Júnior. Ele mesmo fala isso o tempo inteiro: depois de eleito governador do Paraná [em 2018], a primeira coisa que ele fez foi vir ao Espírito Santo. Eu o recebi aqui ainda como governador. Agora mesmo, em São Paulo, ele foi na Faria Lima e contou isso para os ouvintes. Eu estava terminando o meu ciclo de governador aqui em 2018. Ele falou: “Paulo, eu quero ir ao Espírito Santo e conhecer o trabalho de vocês, que é o melhor trabalho de Governo do Estado que tem no Brasil”. E ele veio para cá, trouxe uma equipe, passou um dia com a gente aqui, tentou carregar para a equipe dele Bruno Funchal, então secretário da Fazenda, Haroldo Corrêa Rocha, então secretário de Educação, tentou carregar um time, ele montou um bom time lá. Então, ele está se dispondo a participar desse processo, já está rodando o país e conversando com as pessoas.
E quanto ao Eduardo Leite, que acaba de trocar o PSDB pelo PSD?
Tenho muita relação com ele, vocês sabem disso. É outro que me levou ao Rio Grande do Sul para conversar com a equipe dele mais de uma vez, é um amigo e é um belo gestor também. Aliás, são dois bons gestores, dois governadores que estão fazendo um trabalho exitoso, trabalho de muita qualidade. Então, você tem nomes.
E o senhor incentiva algum deles, ou apoia algum deles, ou ambos, para a Presidência?
Agora tem que ver a conformação. Quando eu falo de tempo, as pessoas falam “lá vem o Hartung querendo empurrar a gente com a barriga”, mas o tempo na política é uma ferramenta essencial. Não existe “antes do tempo”, também não existe “depois do tempo”, existe “o tempo”, por isso a expressão “timing da política”, que os ingleses inventaram. Essas coisas não vão ser decididas por antecipação, mas o importante é o seguinte: já tem dois nomes num partido político, e tem muitos outros nomes. O Caiado [Ronaldo Caiado, governador de Goiás] está andando o país como candidato.
O senhor está muito próximo do Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo…
O Caiado está andando o país. Estive recentemente com o Zema [Romeu Zema, governador de Minas Gerais]. Fui fazer uma palestra em Belo Horizonte, e ele me chamou para conversar. O Zema se mostrou animado para participar do processo, não sei em que posição, mas ele se mostrou animado. Tem se movimentado também. Tem o governador de São Paulo, que é um estado muito importante dentro do Brasil e está muito bem avaliado, fazendo um bom trabalho em São Paulo.
Com a sua ajuda, segundo ele mesmo disse dia desses… Agradeceu publicamente ao senhor pelos “conselhos”…
No partido tem dois nomes, e fora do partido é só lembrar que o Kassab está lá, o Kassab é secretário do Tarcísio [o presidente nacional do PSD é secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo]. Acho que o lado bom dessa coisa é que você hoje tem lideranças no país para evoluir para um outro ciclo político. Acho que esse é o lado bom, tem um monte de problemas no Brasil: populismo, medidas que não param em pé…
E qual é o novo ciclo que o senhor defende? Na penúltima eleição presidencial, a de 2018, ainda como governador, o senhor defendia muito “nem lado A, nem lado B”. Nem populismo de esquerda, o senhor dizia, representado pelo Lula, pelo petismo, tendo Haddad então como o candidato ao Planalto, nem o populismo de direita, o extremismo representado então pelo Bolsonaro. “A gente precisa sair dessa dicotomia”, o senhor dizia. Mas naquela eleição presidencial não houve espaço para isso, na de 2022 muito menos. Na do ano que vem, o senhor enxerga finalmente esse espaço para uma discussão mais racional, uma candidatura e um projeto de país que fuja desse Fla-Flu e que esteja mais posicionado em um centro liberal, democrático?
Vamos por partes, como o Jack, porque a pergunta pauta uma outra entrevista. O que aconteceu em 2018 foi um vazio de liderança no país. Eu já escrevi sobre isso, já falei muito sobre isso. E 2022 foi, basicamente, a confluência do final do mandato do Bolsonaro com o Lula readquirindo os direitos políticos. A questão da pandemia, não preciso entrar no assunto, a relação do governo Bolsonaro com a pandemia teve um papel decisivo na resultante da eleição.
Relação ruim, vamos falar claramente. Na sua avaliação, foi uma condução ruim da crise sanitária?
Conduziu errado. E isso teve um papel decisivo no desfecho da eleição de 2022. Então a campanha de 2022 teve dois elementos importantes: a retomada dos direitos políticos do Lula e o governo Bolsonaro em relação à pandemia. Não sei nem se é o governo Bolsonaro, ele próprio, né, porque o governo até comprou vacina, é incrível isso (risos), mas ele próprio.
Para 2026, o senhor acha que o cenário pode ser outro?
Estou chegando lá. Em 2018 e 2022, a expressão é de Paulo Hartung, a Avenida Brasil estava meio fechada. Estava difícil passar pela Avenida Brasil, por vários motivos. Eu já citei aqui o vazio de lideranças, a pandemia…
E um tiroteio dos dois lados com um monte de balas perdidas (risos), pegando carona na sua metáfora…
Eu li a semana passada essa pesquisa muito boa. A pesquisa mostra que a Avenida Brasil está se abrindo, ou seja, além de você ter um conjunto de lideranças se formando no país e querendo ser presidente da República, que é uma coisa fundamental, você tem a sociedade também olhando já novos nomes. É isso que eu estou querendo dizer.
A sociedade está mais permeável agora a novos nomes? A sociedade está cansada dessa dicotomia?
Isso quer dizer que a polarização acabou? Eu estou te respondendo: não. Mas tem um cansaço com essa coisa, tem um estresse, e aí já tem uma procura. Qual é o tamanho dessa procura? Nós vamos ter essa dimensão na virada do ano e início do ano que vem.
Ou seja, qual é o tamanho desse “alargamento” da Avenida Brasil…
É isso. Eu estou animado, acho que a gente tem que fazer o debate. A vida é um formulário contínuo. Tem uns caras aí que acham que o mundo está acabando, “catástrofe” e assim por diante. Não tem isso. O mundo está continuando, o Brasil vai continuar, e uma hora nós vamos achar o caminho. Se depender de mim, aliás, se dependesse de mim, já tinha achado em 2018, mas, enfim, isso é uma outra história…
Com o Alckmin, candidato apoiado pelo senhor em 2018?
Não. Foi quando o Luciano [Huck] foi chamado para ser candidato [à Presidência] e me chamou para ser vice.
Ahhhh, sim… E o que aconteceu ali, exatamente? Foi decisão pessoal dele?
Foi. Mas foi uma decisão bacana.
Estou perguntando porque o senhor teve muita relação com ele e proximidade naquela construção, mas ele refugou?
Ele achou que tinha que se preparar mais para o feito. E tem estudado muito, criou grupo de trabalho, criou grupo de estudo e tal. Isso é outra conversa. Mas por mim já tinha se resolvido há muito tempo, porque, em algum momento da conversa com ele, ele falou assim: “Eu quero saber se você topa ser meu vice”. Eu topei.
Até o Paulo Guedes participou, não foi?
Foi. Topei. Por mim, já tinha se resolvido. E agora, se depender de mim, nós vamos dar rumo ao país em 2026, mas eu sou um…
Um grão de areia? Uma gota d’água?
Um grão de areia, uma gota d’água. Tem muita gente que me ouve e tal, mas eu sou um grão de areia. Essa é uma construção muito maior, que precisa de muito mais gente. Por mim nós vamos resolver em 2026. Eu não acho que a questão é ideológica. Se tiver um governo de razoável para bom no Brasil, este país voa.
E o senhor quer ter participação ativa nesse projeto?
Vou repetir o que eu estou dizendo aqui: se tiver um governo de razoável para bom, o país voa. Nós estamos vivendo um campo de oportunidade extraordinária. Roberto Campos Avô, que era um frasista espetacular, inteligente pra caramba, dizia que “o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades”. Essa frase é matadora. Nós estamos de novo dentro de um campo de oportunidades. O planeta precisa descarbonizar sua economia. O Brasil tem potencial para ser um provedor não só de energia limpa, mas de produtos fabricados a partir de energia limpa. Você está vendo aí o secretário de Estado americano falando no Congresso Nacional sobre a energia de Itaipu. Depois dá uma olhadinha nisso. Por quê? Porque a inteligência artificial precisa de energia e precisa trabalhar com energia limpa, que é o futuro. O Brasil pode ser um provedor na área de produtos fabris, mas na área de serviços, que é a área do futuro, que é a área pós-industrial. Nós precisamos deixar de ser Cafuringa, para sermos Ademir da Guia. Cafuringa corria muito o campo, às vezes ele passava da linha do campo de tanta força física que tinha. E Ademir da Guia era um cara elegante, jogava com a cabeça erguida, enxergava o campo inteiro.
Aquele meia clássico do Palmeiras nos anos 1970…
Nós, Brasil, precisamos virar Ademir da Guia. Ter capacidade de colocar esse país nosso para a frente. Estou te dizendo: se depender de mim, nós destravamos este país em 2026. Sou muito pequenininho, inclusive baixinho (risos). Mas quero dar minha contribuição! Meu pai… ontem ele faria 100 anos se estivesse com a gente aqui… até engasguei. Meu pai falava assim: “Olha, a gente vem para o mundo como um papel, uma página. E precisa preencher essa página”. E falava para os dois filhos, eu e Júlio: “De preferência, preencher de maneira correta, de maneira íntegra, ajudando a sociedade a evoluir”. Eu vou ser até o final da vida um militante para preencher essa página, tentando dar contribuições para o país. “Ah, Paulo, você é otimista demais”… Não sou otimista demais. Eu não sou de um pessimismo paralisante. Eu estou vendo os problemas do país. Estou vendo as mancadas que estamos dando, uma atrás da outra. Estou vendo tudo. Mas eu também estou vendo, do outro lado, a oportunidade que a gente pode transformar. Temos que militar por isso.
Ao longo da conversa, falamos muito em projeto, em programa partidário. O senhor disse que quer contribuir para essa formulação programática do PSD. Essa formulação toda, essa sua contribuição intelectual, com ideias, o senhor gostaria que fosse revertida para um programa de governo? Para o programa de governo de um candidato do partido, ou de um aliado do partido, à presidência da República?
Pode ser do partido, pode ser um aliado do partido, né? Agora, a ideia de um programa para o país é uma ideia que eu estou dentro dela. Você vai se lembrar, eu ajudei a montar as ideias básicas, algumas das ideias trabalhadas pela nossa candidata Simone Tebet [candidata do MDB à presidência da República em 2022]. Eu venho tentando, doutor. O Luciano [Hulk] me chamou lá, junto com o Armínio [o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central]. Se eu topava? Topei. A engrenagem acabou não rodando. Vamos ver se conseguimos encaixar em 2026. Eu volto a dizer: eu não tenho expectativa nem da necessidade de um governo ótimo para o país. Nós não vamos chegar no ótimo. E o ótimo é inimigo do bom. Se a gente tiver um governo de razoável para bom aí, esse país decola. A gente deve isso. Nós que democratizamos o país, que fizemos o SUS, que fizemos SUAS, que fizemos o Fundeb, que debelamos a inflação com o Plano Real, que modernizamos a autoridade monetária do Banco Central…
Governador, onde é que o senhor situa hoje a si mesmo do ponto de vista ideológico?
Os conceitos ideológicos estão muito velhos. Tudo o que falar sobre isso é um pouco um retrovisor de 20, 30 anos atrás. Eu sou um cara que tem uma formação democrática forte? Tenho. Democracia, para mim, não é tático. É estratégico. É valor. E, para mim, é valor universal. Estou descrevendo aqui o meu pensamento. Já escrevi sobre isso.
É um valor inegociável?
Inegociável. “Ah, porque esses governos autocratas estão conseguindo resolver coisas mais rapidamente”… Não é sustentável! Estou pensando para a frente. Segunda coisa importante: não é possível um país desigual como o nosso. Então, a questão social, para mim, é uma questão essencial. Nós temos que subir esse sarrafo do desenvolvimento social do país. Você tem que diminuir a desigualdade do país. E você só faz isso com oportunidade. Eu sempre fui a favor de cuidar da emergência, tá? Se tem gente passando fome, nós temos que chegar em quem está passando fome. Tem que cuidar da emergência. Mas tem que cuidar do estrutural. Você tem que tratar estruturalmente disso.
Tenho orgulho de ter levado a educação do Espírito Santo para o primeiro lugar do Ideb em Português e Matemática, porque isso é estrutural. Você encontra com uma pessoa na rua que pega no meu braço e fala assim: “Você mudou a vida da minha família”. Aí você vai conversar sobre o quê? É escola. Eu levei o Estado para a menor mortalidade infantil do Brasil, segundo o IBGE. Estou colocando exemplos práticos, não é teoria. No exercício do poder, eu fui lá com a equipe boa. É evidente que ninguém faz essas coisas “eu, eu, eu”… Você faz com um time. O que isso é, do ponto de vista político, nesse mundo moderno que nós estamos vivendo? Tem que achar a definição. Eu não sou o cara do carimbo para isso. Mas isso vai ter um carimbo uma hora pelos nossos cientistas políticos.
Mas, por fim, e o PSD? Direita? Centro-direita? O senhor está entrando num partido de qual coloração ideológica?
É um partido de centro. É um partido de centro que aglutina gente com pensamentos diferentes. Se você olhar o partido lá na Bahia, ele está muito próximo à militância do PT.
Diferentemente do Sul, por exemplo…
Quando você olha o partido lá em Santa Catarina, para dar um exemplo concreto, o partido está mais ligado a uma centro-direita.
É o novo MDB (risos)…
Não, tem uma diversidade. É partido. Se você estudar o que é o Partido Republicano nos Estados Unidos, você vai ver as correntes que tem dentro do partido. Mas é um partido. Está lá, brigou Trump, Trump entrou, teve resistência, até que ele virou majoritário. Você vai olhar o Partido Democrata nos Estados Unidos, você tem ali dentro correntes socialistas, até uma centro-direita civilizada e não sei o quê. “Civilizada” no meu modo de pensar. Tem de tudo ali dentro. Partido é isso. Agora, você precisa ter grandes partidos, grandes bancadas no Congresso Nacional. Você precisa ter lideranças que falam por esse partido, que negociam posição. Porque, só para o seu raciocínio final, você precisa entender a minha alma. A eleição alemã anterior a essa última que teve agora, os social-democratas ganharam com 23%, 24% dos votos. Não dava para governar a Alemanha! Aí os social-democratas começaram a conversar com os liberais. Água e óleo. Os liberais alemães. E depois chamaram os verdes e fizeram uma coalizão. O que eles fizeram? Fizeram um programa. Escreveram um programa. Posso estar errando por uma página ou duas, mas acho que são 183 páginas de convergência para governar a Alemanha. Governaram a Alemanha até três meses atrás.
A gente precisa aprender a fazer isso. Lembrar lá do doutor Tancredo, que falou para o Gerson [Camata] na minha frente: ganhar é uma coisa, governar é outra. Para governar, você tem que ter base no Parlamento. “Ah, mas para isso o partido tal vai ter que indicar o ministro dos Transportes”… É isso mesmo. Mas ele vai vir ser base programática do governo. Com isso vamos aprovar a reforma tal, vamos modernizar tal marco regulatório no país. Os últimos dois governos erraram nisso. Bolsonaro só compôs com o Congresso no meio do governo, quando chamou o Ciro Nogueira para ser chefe da Casa Civil. E o PT, toda vez que vai para o governo, tem dificuldade de negociar. Quem não é PT vai para a lateral do governo. E quem vai para a lateral do governo não é governo. Quando chega a lista para assinar CPI vai lá e assina CPI, óbvio. Está claro o que estou falando?
Sim. Governo de coalizão.
Aí as pessoas me perguntam: nós não vamos para o parlamentarismo? Eu já fiz campanha pelo parlamentarismo [no plebiscito de 1993]. Eu era prefeito de Vitória, o prefeito mais bem avaliado do Estado e um dos mais bem avaliados do país. Tomei um couro aqui em Vitória. Veja os números dos votos do parlamentarismo e os do presidencialismo. Eu, na rua, pedindo pelo parlamentarismo. E meus eleitores dizendo “sai dessa”… Aliás, meu pai falava “não gasta o seu tempo com isso, porque o brasileiro é presidencialista”. A cabeça do brasileiro é achar um salvador da pátria. Então, ele não vai virar essa chave. Se é presidencialismo, então temos que aprender a operar o presidencialismo. Se é o presidencialismo com emendas parlamentares impositivas ao orçamento, teremos que saber organizar esse troço. Agora, de uma coisa eu tenho clareza: tem conserto. Teve conserto para o Espírito Santo. Teve para o Ceará, com Tasso Jereissati, antes de eu chegar ao governo aqui com a sociedade civil. Tem conserto para as coisas ruins que estão no Brasil, para o desequilíbrio entre os Poderes que estamos vivendo no país, Executivo, Legislativo e Judiciário. Tem conserto. Mas, para tudo, precisa de liderança. As máquinas são lindas e maravilhosas. Mas elas não nos substituem. Precisa de gente.
Leia aqui a primeira parte da entrevista de Paulo Hartung.
LEIA TAMBÉM
> Análise – as cartas de Paulo: e se o plano de Hartung for outro?
