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Coluna Vitor Vogas

João Coser se lança em Vitória prometendo campanha com Lula e por ele

Em convenção do PT, Gleisi Hoffmann anuncia que eleição de João é prioridade nacional para o partido. Ambos garantem que o candidato petista fará defesa do governo Lula em campanha à Prefeitura de Vitória

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João Coser e Gleisi Hoffmann na convenção do PT em Vitória (03/08/2024). Crédito: Ademir Ribeiro

João Coser e Gleisi Hoffmann na convenção do PT em Vitória (03/08/2024). Crédito: Ademir Ribeiro

No auge do antipetismo, período compreendido entre o “Fora, Dilma” (2015/2016) e a ascensão do bolsonarismo ao poder central no Brasil (2018), um João Coser um pouco tímido na defesa do PT foi o que se viu no Espírito Santo. É absolutamente o contrário do que se vê agora.

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Na convenção municipal do partido do presidente Lula, realizada na manhã deste sábado (3), a candidatura de Coser à Prefeitura de Vitória foi homologada diante da militância, na presença de figuras de renome nacional do partido e mediante algumas promessas. A mais importante delas, feita por Coser e ratificada por ninguém menos que Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, é a defesa veemente do governo Lula durante o processo eleitoral.

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Em sua campanha para tentar voltar a governar Vitória, o ex-prefeito e hoje deputado estadual tratará, naturalmente, das questões locais, mas não se furtará a entrar no “debate nacional”. Ao contrário, além de defender Lula e sua administração, Coser pretende fazer uma campanha “conectada” com o Governo Federal, tentando demonstrar ao eleitor que, com ele de volta à prefeitura, Vitória poderá “sair do isolamento” não só em relação ao Estado, mas também a Brasília.

É exatamente o que se extrai, por exemplo, das palavras da própria Gleisi Hoffmann, em entrevista à imprensa na chegada ao local da convenção, ao lado de João Coser, e no discurso feito à militância que encheu o auditório do Alice Vitória Hotel, no Centro de Vitória:

“É impossível fugir desse debate, porque é um campo da política. O João está no campo democrático, progressista, popular, que é comandado pelo Lula, a nossa grande liderança. E, obviamente, os programas e projetos do governo Lula têm um impacto na vida das pessoas aqui. O João, como do PT, como do time do Lula, vai ter muitas condições de ter uma relação próxima com o presidente e trazer recursos para Vitória, através de projetos que o Governo Federal está lançando. É impossível fazer uma campanha municipal sem falar nessa referência nacional”.

Respondendo à mesma pergunta – se pretende fazer esse debate nacional na campanha municipal –, Coser foi assertivo:

“Cem por cento. O governo Lula sempre colaborou muito com Vitória. Quando eu fui prefeito, nós tínhamos articulações, e uma boa parte dos projetos estruturantes aqui foram do PAC, com recursos federais, com recursos estaduais. A cidade hoje está isolada, não se relaciona com o Governo do Estado nem com o Governo Federal”, afirmou o candidato do PT, repetindo uma crítica que não só ele como muitos outros concorrentes, de Camila Valadão (PSol) ao Capitão Assumção (PL), têm feito ao prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).

“Nós estamos perdendo recursos. Enquanto Vila Velha partiu de R$ 2 bilhões e Cariacica partiu de R$ 2 bilhões, nós não temos nenhum recurso externo em Vitória, porque [o atual prefeito] não só não se relaciona com o Governo Federal como até chegou a fazer críticas ao governador Renato Casagrande”, comparou Coser, apertando a farpa. Ao lado do também ex-prefeito Luiz Paulo (PSDB), ele é um dos candidatos apoiados por Casagrande na Capital.

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“Minha intenção é fazer o inverso: ter capacidade de articulação com os entes federados, com os parceiros da Grande Vitória e, principalmente, com o governo do presidente Lula, que sempre olhou e olhará ainda mais para a cidade de Vitória e para o estado do Espírito Santo.”

Coser é prioridade nacional

Garantiu Glesi Hoffmann:

“A candidatura do João é uma das prioridades da direção nacional do PT. E hoje estou aqui […] exatamente para dizer isso: olha, o João é prioridade, a gente aposta aqui. Temos certeza que vamos para o 2º turno em Vitória e vamos fazer uma bela eleição depois, no 2º turno, para ganhar a eleição. E também vim trazer para ele um recado do presidente Lula, que mandou um abraço e já disse que vai apoiá-lo e estar junto”, declarou, em entrevista, a presidente nacional do PT.

“Para nós, Vitória é fundamental. Eu vim aqui para dizer que a candidatura do João é uma das candidaturas prioritárias para a direção nacional do PT. Nós já governamos Vitória. Ela tem um simbolismo muito grande para o PT. E, obviamente, o estado [do Espírito Santo] é importante também. Nós queremos voltar a governar Vitória. E achamos que temos todas as condições de fazer isso agora”, completou a deputada federal pelo Paraná.

No discurso à militância, Gleisi afirmou que “Lula estará na campanha do João”.

Estratégia para chegar ao 2º turno

Gleisi fez as contas. No discurso aos apoiadores, a dirigente nacional disse que Coser lhe contou que, em 2022, Lula teve 40% dos votos válidos contra Bolsonaro em Vitória. Segundo ela, são esses os votos que é preciso assegurar que sejam transferidos para Coser, pois, se isso ocorrer, ele na certa chegará ao 2º turno.

“Transferência de votos” não é ciência exata. É preciso considerar, por exemplo, os muitos eleitores que podem ter votado em Lula mesmo não sendo petistas nem morrendo de amor pelo PT, mas simplesmente porque a aversão a Bolsonaro era ainda maior (numa disputa presidencial realizada, como “nunca antes na história deste país”, sob a égide da rejeição ao outro).

De todo modo, se isso se confirmar, com 40% dos votos, Coser de fato estará no 2º turno. “Aí é outra eleição que nós temos que fazer. Então a importância de a gente fazer uma campanha alinhada com a questão nacional é muito grande”, emendou Gleisi, completando o raciocínio.

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Como se pode concluir, a estratégia de “colagem em Lula” também tem um sentido muito prático.

Por outro lado, ao dizer que “2º turno é outra eleição”, Gleisi revela a consciência de que 40% são suficientes para Coser passar ao 2º turno, mas não para vencê-lo. Para tanto, será preciso atrair outros eleitores de Vitória para além dos que votaram em Lula e arregimentar outras forças políticas (quiçá o governo Casagrande em peso) a fim de derrotar o atual prefeito.

Onde se vê Gleisi, enxergue-se Lula

Evidenciando, também aqui, sua estratégia de colagem em Lula, Coser tratou Gleisi como uma porta-voz de Lula ou até mais que isso: como se fosse sinônimo do próprio presidente.

“Gleisi foi a coordenadora da eleição vitoriosa do Lula. Lula confiou a esta mulher a difícil coordenação de sua campanha. Então ela não é só a presidente nacional e uma deputada. Ela é a líder que mais se relaciona com o presidente”, destacou o candidato do PT aos apoiadores.

Debate nacional, sim, mas sem ideologização

Reparem: ao se defender um “debate nacional” na campanha à Prefeitura de Vitória, em momento algum se falou em pauta ideológica (muito menos de costumes) ou se quis dar tal conotação. Ninguém falou em “combate à direita” ou algo assim. O sentido foi muito mais relacionado ao de parceria com o Governo Federal para obtenção de investimentos em Vitória. Muito mais prático, portanto.

Linhas gerais do discurso de campanha

“Como achamos que deve ser essa disputa?”, perguntou Coser, retoricamente, para ele mesmo responder: “Com muito amor, com muita solidariedade, com muito carinho, defendendo o projeto do Lula, defendendo o nosso projeto passado, mas, principalmente, indicando o que nós faremos se voltarmos a governar Vitória, porque o povo não vota pelo que você fez. Ele admira o que você fez, ele gosta muito, mas ele vota quando ele tiver esperança.”

Coser é aposta no Sudeste

Segundo Gleisi Hoffmann, o PT terá candidato a prefeito em 13 capitais do país (a metade delas, praticamente). O número é simbólico para a sigla. No Sudeste, serão apenas duas: a de Coser em Vitória e a do deputado federal Rogério Correia em Belo Horizonte.

Em São Paulo, a Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PCdoB) apoia o deputado federal Guilherme Boulos (PSol). No Rio de Janeiro, endossa a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Na real, a única candidatura competitiva do PT em uma capital do Sudeste é a de Coser, o que também ajuda a explicar por que ela é tratada como prioritária para a cúpula nacional do partido.

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João Coser na convenção do PT em Vitória. Crédito: Ademir Ribeiro

João Coser na convenção do PT em Vitória (03/08/2024). Crédito: Ademir Ribeiro

Comitiva nacional

Além de Gleisi, a comitiva nacional do PT para prestigiar o lançamento de Coser incluiu o deputado federal Odair Cunha (MG), líder da bancada do partido na Câmara Federal desde fevereiro, e a secretária nacional de Planejamento e Finanças da legenda, Gleide Andrade.

Reconexão com o Brasil”

“Vitória é a prioridade nacional. É uma capital importantíssima para nós aqui no centro do país”, discursou Gleide. Na mesma sintonia, Odair afirmou que a volta de Coser ao governo municipal é o que vai “reconectar Vitória com o Brasil”: “Essa é a oportunidade que está dada para nós”.

Time local completo

Entre as autoridades locais da legenda, o time esteve completo. Compareceram o senador Fabiano Contarato, os deputados federais Helder Salomão e Jack Rocha, os estaduais Iriny Lopes e Julinho da Fetaes (suplente de Coser durante sua licença sem remuneração do mandato), a vereadora da Serra Elcimara Loureiro e a de Vitória Karla Coser (filha do candidato). Portanto, todos os parlamentares do PT no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa e em Câmaras Municipais da Grande Vitória.

Coser escolheu mulher para vice

Coser não quis revelar o nome, mas já escolheu sua candidata a vice-prefeita.

“Temos um nome alternativo. Não vamos anunciar hoje. É uma mulher de luta, corajosa, pra nos ajudar nessa empreitada. É mediana de idade, tem consciência política, pode contribuir no debate do ponto de vista de desenvolvimento social, econômico, ambiental. É uma vice qualificada.”

Coligação de esquerda

Por ora, João Coser vai para a campanha numa coligação formada apenas pelo PDT, além dos partidos que compõem a Federação Brasil da Esperança (Fe Brasil): PT, PV e PCdoB. E pelo jeito será isso.

O presidente do PDT em Vitória, Junior Fialho, compareceu à convenção e subiu ao palanque.

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Detalhes

A convenção teve muitos gritos de “Volta, João!”, bateria de escola de samba e um João Coser de papelão, em tamanho real, ao pé da escadaria que levava ao auditório, para os apoiadores fazerem fotos “ao lado dele”.

Maratona de convenções

No discurso, Coser afirmou que Odair, Gleisi e Gleide (aliás, dupla femineja?), imbuídos do espírito olímpico, estão em verdadeira maratona eleitoral pelo país: “Deveriam estar em Paris”. E não é brincadeira, não.

O trio está mesmo “maratonando”, voando de uma convenção do PT para outra nos quatro cantos do Brasil. Eles chegaram a Vitória (Sudeste) vindos de Natal (Nordeste). De Vitória, ainda neste sábado, seguiram diretamente para Campo Grande (Centro-Oeste). No dia seguinte, a escala é em BH (de volta ao Sudeste).

“Estão acompanhando as cidades mais importantes, onde o PT tem capacidade de ganhar as eleições. Estão aqui em Vitória porque acreditam nisso”, disse Coser.

Lula em Vitória?

Gleisi aventou a possibilidade de Lula vir pessoalmente a Vitória durante a campanha eleitoral, em ato de apoio a João Coser. “Não sabemos se a agenda do presidente vai permitir, mas queremos muito que ele venha.”

Roberto Carlos, Célia e seus vices

Os candidatos do PT a prefeito da Serra, Roberto Carlos, e de Cariacica, Célia Tavares, compareceram à convenção da Fe Brasil em Vitória. As deles serão realizadas na manhã deste domingo. Os respectivos vices já estão definidos.

A de Roberto Carlos é Cida Alves (PCdoB), servidora do Governo Federal que trabalha no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam).

O de Célia é o assistente social Hudson Vassoler (PSol).

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PV e PCdoB vão boicotar convenção de Célia

A propósito, a coluna apurou que a convenção da Fe Brasil para aprovação da candidatura de Célia, na Câmara de Cariacica, não terá a presença de representantes municipais dos outros dois partidos da federação: PV e PCdoB. Apoiadores do prefeito Euclério Sampaio (MDB) e insatisfeitos com a candidatura de Célia, eles vão boicotar a própria convenção.

Assinarão a ata oficial (que é o que tem valor legal, para a Justiça Eleitoral), mas não participarão para demonstrar, simbolicamente, que não concordam nem apoiam a candidatura de Célia, isto é, a candidata da própria federação da qual fazem parte.

É uma situação esquizofrênica.

Tem o pra frente e o pra trás

O próprio João Coser afirmou que as pessoas não votam pelo que você fez. Mas um panfleto distribuído durante a sua convenção concentrava-se justamente nos feitos de seu governo em Vitória por dois mandatos, de 2005 a 2012:

“Com João é diferente. Com João é pra sempre. Um tempo em que Vitória tinha destaque e protagonismo. Veja o que a cidade colheu com uma gestão de verdade”.

Momento Galvão Bueno

No verso do flyer, uma lista de realizações em seis áreas (saúde, segurança, educação, habitação, infraestrutura e assistência social), introduzida por estas linhas: “Você sabe quem é João! Um líder experiente, atencioso, focado e comprometido. Um líder que tem muito para mostrar e ainda muito a oferecer. Olha o que ele fez!”

A síntese

Esta declaração de Gleisi Hoffmann, em seu discurso, resume o pensamento do cacicado nacional do PT em relação à candidatura de Coser em Vitória:

“A imprensa me perguntou se tinha que fazer uma campanha colada no Lula. Nem tem que fazer uma campanha ‘colada’ no Lula. É porque é a nossa base política. É quem acredita em nós. É quem nos levou de novo à Presidência da República e está do nosso lado. E, obviamente, o João já tem a experiência de governar e sabe a importância que têm os projetos e programas que o presidente Lula está levando a todo o Brasil. E, como ele é próximo ao Lula, conhecedor do Lula, não tenho dúvidas de que essa ligação vai ser muito forte entre ele prefeito e o Lula presidente da República”.


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