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Coluna Vitor Vogas

Os números deixados por Eugênio Ricas em seis meses na Segurança

Nos 6 meses em que comandou a Sesp, Ricas, o Breve, estabeleceu recorde positivo no combate a homicídios. Mas resultado do seu último mês não foi bom

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em

Secretário Estadual de Segurança Pública, Eugênio Ricas

O ex-secretário estadual de Segurança Pública Eugênio Ricas

A passagem foi brevíssima: nada mais que seis meses no cargo. Tendo assumido a chefia da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) em fevereiro, no lugar do Coronel Alexandre Ramalho (PL), o delegado federal Eugênio Ricas se despediu do cargo nessa segunda-feira (12). Aceitou convite para assessorar o futuro secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, na sede da instituição, em Lyon, na França.

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Embora curta, a passagem do delegado pela Sesp deixou uma marca importante, traduzida em números. Para avaliar com justeza e exatidão os resultados de Ricas, o Breve, pegamos os números oficiais de registros de assassinatos (disponibilizados pela Sesp) de fevereiro a julho deste ano e os comparamos com os registrados no mesmo intervalo nos anos anteriores.

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O site da Sesp oferece os registros, discriminados por mês, de 2014 para cá.

Como os números não mentem, a conclusão é que Ricas estabeleceu um novo recorde positivo.

Comparando esse mesmo recorte – os seis meses de fevereiro a julho –, a gestão de Ricas alcançou o melhor resultado da série histórica nos últimos 11 anos. Vale dizer: de fevereiro a julho deste ano, o Espírito Santo alcançou o menor número de homicídios dolosos para esse mesmo intervalo de seis meses, desde 2014.

Durante a passagem de Ricas pela Sesp, entre fevereiro e julho deste ano, foram registrados 440 homicídios dolosos no Espírito Santo. Até então, o melhor resultado nesse mesmo intervalo tinha sido registrado de fevereiro a julho de 2019: 457 assassinatos. Nesse intervalo em 2023, foram 485.

A tabela abaixo nos permite comparar os números da gestão de Ricas com intervalos iguais, de fevereiro a julho, dos anos anteriores.

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

Fev

150

122

227

100

94

109

85

69

85

69

Mar

154

114

130

112

86

140

97

86

100

81

Abr

122

100

134

94

78

94

91

90

82

92

Mai

97

100

97

89

80

75

82

71

80

74

Jun

71

78

100

99

57

80

86

62

71

39

Jul

120

90

93

67

62

71

80

92

67

85

Total

714

604

781

561

457

569

521

470

485

440

> O desafio do novo secretário de Segurança, inclusive para ser mantido

Oscilações e “última impressão” ruim

Se por um lado os números se destacam positivamente, por outro não há motivo para celebração. Aliás, no lugar de comemoração, o que os números recomendam, quando os analisamos com lupa, é cautela e muita atenção.

No total, somados os resultados de fevereiro a julho (sim, a amostragem é muito curta, mas é a única que podemos considerar para avaliar a passagem do secretário), Ricas deixa um resultado positivo. Mas, mesmo num percurso tão curto, pode-se verificar que houve oscilações e sobressaltos (especialmente no último mês).

Conforme podemos constatar se compararmos meses iguais em 2023 e 2024, a redução dos homicídios não foi contínua. Dos seis meses da gestão de Ricas, em quatro deles o resultado foi melhor que no mesmo mês do ano passado. Em dois, porém (abril e julho), o resultado foi pior.

Em abril de 2023, houve 82 assassinatos. Em abril deste ano, 92.

Em julho do ano passado, foram 67. Em julho deste ano, 85.

A prova maior do quão desafiadora é a área e do quão difícil é estabilizar os números é a comparação de junho com julho deste ano.

Em junho, com grande repercussão, o governo Casagrande celebrou a menor marca já computada, em qualquer mês, desde o início da série histórica, em 1996. Nesse mês, o Estado só contabilizou 39 assassinatos.

Aí veio julho, trazendo um choque de realidade. O resultado do Estado (e de Ricas, em seu último mês na pasta) foi ruim: passamos de 39 assassinatos em junho para 85 em julho. O número mais que dobrou de um mês para o outro.

Ah, mas julho costuma ser um mês complicado? Não exatamente. Basta consultar a tabela acima: em julho do ano passado, assim como em 2018, foram cometidos 67 assassinatos no Espírito Santo. Em julho de 2019 (melhor marca para o mês na série histórica), foram 62. Agora, 85.


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