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Rose de Freitas pode ser candidata ao Senado? Ela responde

Voltando à cena política, ex-senadora conversa com a coluna sobre o processo eleitoral de 2026 no Espírito Santo, que já está a todo vapor

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Senadora Rose de Freitas. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Senadora Rose de Freitas. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Engana-se quem pensa que a ex-senadora Rose de Freitas já está aposentada da vida pública ou pretende se retirar de cena. Aos 76 anos, Rose se diz disposta a ir à luta novamente nas eleições do ano que vem, para voltar ao espaço em que atuou por oito anos representando o Espírito Santo em Brasília. “Sim. Posso ser candidata ao Senado em 2026.”

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Deputada estadual por um mandato (1983-1987), Rose foi deputada federal constituinte (1988) e, entre 1987 e 2015, exerceu seis mandatos na Câmara dos Deputados. Foi a primeira mulher a ser membro titular da Mesa Diretora da Câmara, eleita vice-presidente em 2011.

Em 2014, elegeu-se para o Senado, com 776.978 votos. No ano seguinte, tornou-se a primeira mulher a presidir a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.

Nas eleições de 2022, não conseguiu renovar o mandato. No Espírito Santo, o atual senador Magno Malta (PL) ficou com a única vaga em disputa naquele pleito, com 821.129 votos. No entanto, Rose alcançou marca próxima à obtida por ela oito anos antes: 747.104 votos. Chegou perto, mas não foi suficiente. Desde 2023, a ex-senadora ocupa cargo de assessoria parlamentar vinculado à presidência do Senado, hoje exercida por Davi Alcolumbre (União-AP).

Candidata de Renato Casagrande (PSB) ao Senado em 2022, Rose segue sendo aliada do governador e integrante do seu grupo político. Filiada ao MDB desde março de 2021 – além de passagens anteriores pela sigla –, Rose foi presidente estadual do partido entre 2021 e 2023, sendo sucedida no cargo pelo vice-governador Ricardo Ferraço. Ela afirma não ter a menor intenção de trocar de legenda e que, se for candidata ao Senado, será pelo MDB. “Pelo MDB mesmo. Não cogito outro partido.”

Em primeira análise, eventual candidatura de Rose ao Senado “pelo MDB mesmo” pode ser complicada pelo fato de que o vice-governador Ricardo Ferraço, presidente estadual da sigla, é provável candidato ao Governo do Estado. A priori, considerando a extensão do raio de alianças do governo de Casagrande e Ricardo, não soa muito factível que o MDB preencha duas posições cobiçadas na coligação majoritária, em vez de usar os dois lugares de candidato ao Senado para fidelizar e prestigiar aliados.

Rose, porém, resgata alguns precedentes, um deles envolvendo ela própria e o mesmo partido: em 2014, pelo MDB (ainda chamado PMDB), Paulo Hartung foi candidato a governador e ela, candidata a senadora, na mesma chapa. Diga-se de passagem, os dois conseguiram se eleger naquele pleito para os respectivos cargos.

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A ex-senadora diz não considerar a hipótese de vir novamente candidata a deputada federal. “Não cogito. O chamamento que tenho recebido é para o Senado.”

Ela lamenta a exclusão das mulheres do debate político-eleitoral no Espírito Santo e faz um alerta: “O Espírito Santo não pode praticar a atitude machista de deixar as mulheres de fora, à margem das discussões políticas. É um erro.”

(Com efeito, vale o registro de que hoje, no Espírito Santo, nenhum dos partidos mais relevantes é dirigido por uma mulher. A exceção é o PT, sob a presidência da deputada federal Jack Rocha, mas esta, em setembro, será sucedida no cargo pelo deputado estadual João Coser. Em 2022, o Espírito Santo foi, proporcionalmente, o estado que menos elegeu mulheres para prefeituras municipais.)

Rose também afirma que ainda não definiu quem ela apoiará na eleição para o Governo do Estado:

“Ainda não decidi. Sei, é claro, que o Ricardo Ferraço pode ser candidato a governador. Mas ainda não ouvi isso dele, e ainda não conversamos especificamente sobre o assunto. Em breve devemos nos encontrar e conversar sobre isso. Essa é a primeira coisa que perguntarei a ele. Possivelmente haverá outros candidatos”.

Breve análise

Rose de Freitas poderá ter dificuldade para viabilizar uma candidatura ao Senado. Possivelmente já não tem a mesma força política de outrora. Aliás, na certa perdeu força desde que não teve êxito nas urnas em 2022 e ficou sem mandato eletivo. Não tem mais o controle da Codesa nem de partido político algum.

Todavia, a ex-senadora não pode ser subestimada, muito menos ignorada, no processo eleitoral em curso. É, de fato, um grande erro. Rose ainda é uma player importante. No mínimo, pode atuar como influente cabo eleitoral (para quem vier a ter o seu apoio), jogando o seu peso político a favor do agraciado, sobretudo no interior do Estado.

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Se é certo que ela perdeu poder e espaço, um capital político de cerca de 750 mil votos não se esvai da noite para o dia, e não necessariamente se esfuma em um quadriênio sem mandato. Pelo menos parte desse eleitorado ainda há de ter conexão com ela.

Certamente Rose ainda encontra, em muitos prefeitos do Estado, sentimento de gratidão por seu histórico municipalismo – sucessivos mandatos voltados a ajudar as prefeituras a garimpar recursos em Brasília e realizar melhorias nas cidades com dinheiro do caixa da União. Isso conta a seu favor.

Prova dessa gratidão é uma declaração bem recente dada aqui por um prefeito (aliás, da Grande Vitória): ninguém menos que Euclério Sampaio (também do MDB), chefe do Executivo de Cariacica e, hoje, maior cabo eleitoral de Ricardo Ferraço na Região Metropolitana:

“Para o Senado, vou apoiar o Renato [Casagrande]. Quanto ao segundo voto, para mim, se Rose for candidata, é ela. Tenho gratidão a ela. Terei dificuldade em apoiar um segundo candidato que não seja Rose, se ela vier candidata”, afirmou Euclério.

“Rose tem muitos dificuldades? Tem. Nós sabemos, entretanto, que ela tem personalidade para bancar coisas politicamente improváveis ou mesmo desafiar quem disser que ela não pode algo. Duvidar é perigoso”, avalia um analista político que conhece bem a senadora e prefere se manter no anonimato.

A coluna assina embaixo.

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