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Juízes e advogados viram réus por esquema de herança no ES

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Ministério Público

Juízes e advogados viram réus por esquema de herança no ES. Foto: Divulgação

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) decidiu, por unanimidade, nesta quinta-feira (12), receber a denúncia contra 20 pessoas investigadas na Operação Follow The Money, incluindo os juízes Bruno Fritoli Almeida e Maurício Camata Rangel. A operação apura um esquema criminoso que teria causado um prejuízo material superior a R$ 17 milhões, envolvendo corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e uso de documentos falsos.

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A denúncia, apresentada pelo procurador-geral de Justiça, Francisco Martinez Berdeal, detalha um esquema que teria como objetivo o enriquecimento ilícito por meio de heranças. Além das acusações criminais, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) solicitou o pagamento de R$ 34 milhões a título de dano moral coletivo.

Os acusados, que agora são réus na ação penal, incluem advogados, familiares de envolvidos e outros profissionais supostamente ligados ao esquema. A lista completa inclui:

  • Maurício Camata Rangel – juiz
  • Bruno Fritoli Almeida – ex-juiz
  • José Joelson Martins de Oliveira – advogado
  • Ricardo Nunes de Souza – advogado
  • Veldir José Xavier
  • Denison Chaves Metzker – advogado
  • Wisley Silva Oliveira – advogado
  • Luana Esperandio Nunes de Souza – esposa de Ricardo
  • Luiz Antônio Esperandio – sogro de Ricardo
  • Luam Fernando Giuberti Marques – advogado
  • Vicente Santório Filho – advogado
  • Vaguiner Coelho Lopes – advogado
  • Hayalla Esperandio
  • Mauro Pansini Junior
  • Victor Hugo de Mattos Martins
  • Claudio Márcio Mothé Cruzeiro – advogado
  • Gabriel Martins de Oliveira – advogado
  • Eraldo Arlindo Vera Cruz
  • João Autímio Leão Martins – produtor rural
  • Juarez José Campos

Follow the Money

A Operação Follow the Money foi deflagrada em 1º de agosto, conduzida pela Procuradoria-Geral de Justiça e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos Central e Norte) do MPES, com apoio da Polícia Militar.

Durante a operação, foram cumpridos 7 mandados de prisão preventiva, 30 de busca e apreensão, 2 de afastamento funcional, 13 de suspensão do exercício profissional, além de outras medidas restritivas, como monitoramento eletrônico. Os alvos incluíram tanto agentes públicos quanto particulares supostamente envolvidos no esquema.

Os mandados, expedidos pelo TJES, foram solicitados pelo MPES contra 34 pessoas no total. A operação envolveu 9 membros do Ministério Público e 97 policiais, que reuniram evidências suficientes para embasar a denúncia apresentada na última quinta-feira (22).

Como funcionava o esquema

Conforme publicado na Coluna Vitor Vogas e apurado com o MPES, os suspeitos de pertencer à quadrilha utilizavam, reiteradamente, técnicas para identificar pessoas já falecidas, sem herdeiros necessários ou interessados, com valores vultosos em contas de instituições financeiras e/ou imóveis.

Uma vez localizados esses mortos com elevado patrimônio, cheios de dinheiro “parado na conta” e sem ninguém a reclamar esses valores, os investigados pleiteavam, perante o Poder Judiciário, o cumprimento de supostos acordos extrajudiciais, com bloqueios de contas e bens e, posteriormente, levantamento, liberação e saque de valores. Era aí que entravam os advogados, simulando tais ações, isto é, promovendo esses litígios fraudulentos na Justiça.

Uma vez bem-sucedido mais um golpe, os membros da organização passavam a realizar várias transferências financeiras entre si, a fim ocultar o aumento do patrimônio por meios ilícitos.

“Depreende-se do caderno investigativo que, aparentemente, o advogado Ricardo Nunes de Souza, em conluio com outros advogados e partes localizavam pessoas falecidas em todo o território nacional, sem herdeiros necessários e com valores vultosos em suas contas bancárias e ajuizavam ações judiciais com finalidade fraudulenta, a fim de levantar valores sem a percepção por eventuais interessados”, explica o relator, nos autos.

Para tanto, eles realizavam acordos extrajudiciais fraudulentos, simulando litígios com outros advogados que “representavam” a outra parte (“representar”, neste caso, no sentido teatral termo, de “interpretar” a outra parte na falsa contenda judicial). Entre eles, estavam José Joelson Martins de Oliveira e Vicente Santório Filho. O relator expediu ordem de prisão preventiva contra os três.


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