Coluna Vitor Vogas
Ramalho e Soraya Manato podem virar secretários de Pazolini em Vitória
Coluna analisa aqui o que a concretização desse movimento pode significar no cenário político e eleitoral do Espírito Santo. Saiba quais são as pastas

Soraya Manato, Lorenzo Pazolini e Alexandre Ramalho
O ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho (PL) está fortemente cotado para ingressar no secretariado de Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Prefeitura de Vitória, assim como a ex-deputada federal Soraya Manato (PP). Ramalho pode ser nomeado para comandar a Secretaria de Meio Ambiente, enquanto Soraya pode assumir a de Assistência Social.
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Desde a primeira administração de Pazolini, as pastas são chefiadas, respectivamente, pelo geógrafo Tarcísio José Föeger e pela cientista social Cintya Silva Schulz, secretários de perfil muito técnico. Föeger é servidor efetivo da Secretaria de Meio Ambiente.
Se concretizada, a absorção dos dois políticos de direita na Prefeitura de Vitória significará mais um passo da estratégia implementada pelo partido de Pazolini, o Republicanos, sob a condução do secretário de Governo de Vitória, Erick Musso, com vistas às eleições estaduais de 2026. O partido planeja lançar o prefeito ao cargo de governador do Espírito Santo. Para isso, desde já, está procurando agrupar as mais diversas forças da direita capixaba ao redor de Pazolini.
No caso da possível nomeação de Soraya, o gesto é em direção ao marido dela, Carlos Manato (PL). Médica ginecologista como o marido e lançada por ele na política, Soraya foi deputada federal por um mandato, de 2019 a 2022. Em 2022, pelo PTB, não conseguiu se reeleger na Câmara Federal.
Desde 2024, Soraya está filiada ao PP, mas sua atração para o “time Pazolini” não é propriamente uma maneira de reforçar a aliança com o partido, até porque o PP já está na gestão de Pazolini, com a vice-prefeita Cris Samorini, secretária de Desenvolvimento da Cidade. O movimento visa atender, pessoalmente, Carlos Manato.
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Ainda filiado ao PL, o ex-deputado federal está sem mandato desde janeiro de 2019 e distanciou-se do senador Magno Malta, presidente estadual da legenda, desde que perdeu para Renato Casagrande (PSB) a última eleição para o Governo do Estado, em 2022.
Manato tem por prioridade lançar de novo Soraya à Câmara dos Deputados em 2026. Para tanto, a Secretaria de Assistência Social de Vitória pode servir de vitrine para ela.
Já a possível nomeação de Ramalho, além de selar uma parceria política com o próprio, simboliza o estreitamento da relação política com o PL de Magno Malta e a entrada oficial do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro na administração de Pazolini. Após manterem rusgas nas eleições municipais do ano passado, o Republicanos e o PL têm se aproximado muito no Espírito Santo.
No fim de fevereiro, pouco antes do Carnaval, os presidentes de ambas as siglas, Erick Musso e Magno, se encontraram pessoalmente em Brasília, no gabinete do segundo no Senado. “Zeraram 2024” e concordaram em, daqui para a frente, buscar construir estratégias conjuntas visando ao fortalecimento mútuo na disputa eleitoral do ano que vem no Espírito Santo. O objetivo último é a formação de uma frente eleitoral conservadora de direita.
Coronel da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), Ramalho foi comandante-geral da corporação e, de abril de 2020 a janeiro de 2024, foi secretário estadual de Segurança Pública, sob a liderança do governador Renato Casagrande (PSB) – com um intervalo para disputar a eleição a deputado federal em 2022, pelo Podemos, sem sucesso nas urnas.
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Nos primeiros meses do ano passado, o coronel entregou o cargo, saiu do Podemos e filiou-se ao PL para disputar o cargo de prefeito de Vila Velha. Ao longo desse processo, rompeu com o governo Casagrande. Assumindo a bandeira do bolsonarismo, fez uma campanha marcada por críticas ao Governo Estadual, ao PSB de Casagrande e à esquerda de modo geral. Associou o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), à esquerda, por sua aliança com Casagrande e o PSB.
Desde que deixou o comando da Sesp, Ramalho não voltou a assumir função pública. Está “livre no mercado”. Dois assessores dele, que trabalharam em sua campanha em Vila Velha, foram nomeados em janeiro para cargos comissionados na Prefeitura de Vitória – em primeiro indício da aproximação com Pazolini e Erick Musso.
À coluna, Ramalho afirmou que tem uma reunião marcada com Pazolini na próxima semana e que, até o momento, não recebeu nenhum convite do prefeito. Acrescentou, porém, que está aberto a dialogar e que, se de fato for convidado para colaborar na Prefeitura de Vitória, está disposto a ouvir e avaliar a proposta. “Meu relacionamento com o Erick Musso é muito bom. Temos dialogado. Estou sem trabalhar. Se for um espaço em que eu tenha condições de contribuir, vamos avaliar, sim.”
Em 2026, assim como Soraya, Ramalho pode ser novamente candidato a deputado federal. Outra hipótese é ele concorrer a deputado estadual. Em primeira análise, a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória não condiz tão diretamente com o perfil de Ramalho, cuja atuação sempre se deu em cargos ligados à segurança. Por outro lado, pode ser precisamente uma oportunidade para ele diversificar seu campo de atuação e seu eleitorado.
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Aumento da distância
Tanto Soraya como Ramalho se mostram grandes adeptos do bolsonarismo – Soraya, desde que surgiu na política; Ramalho, desde o ano passado. Se confirmadas as nomeações dos dois para o secretariado de Pazolini, o movimento também acentuará a distância entre a gestão de Pazolini em Vitória e o governo Casagrande no Estado.
O marido de Soraya foi o principal opositor e adversário eleitoral de Casagrande nas últimas duas disputas ao Palácio Anchieta, em 2018 e 2022, tendo perdido ambas para o pessebista. Particularmente, o 2º turno de 2022 foi marcado por ataques de parte a parte, e alguns golpes abaixo da cintura desferidos pela campanha de Manato. Para citar um exemplo, no auge do 2º turno, em uma propaganda eleitoral do candidato, uma das filhas de Magno Malta afirmou que Casagrande não tinha medo de perder a eleição, “mas de ser preso”.
Já Ramalho talvez tenha sido, entre todos os candidatos a prefeito de todas as cidades capixabas, o que fez ataques mais frontais ao Governo do Estado. Em Vitória, por exemplo, como grande favorito nas pesquisas, Pazolini se esquivou de polêmicas relacionadas ao governo Casagrande e limitou-se a defender-se de ataques de adversários diretos (revidando-os em alguns debates). E mesmo Capitão Assumção, o candidato do PL, poupou o governo Casagrande, centrando munição em Pazolini.
Resumindo: se Soraya e Ramalho entrarem mesmo no seu secretariado, Pazolini levará dois grandes opositores de Casagrande para o alto escalão do seu governo em Vitória.
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Diego Libardi de volta
Enquanto isso, o advogado Diego Libardi (Republicanos) foi reincorporado à gestão de Pazolini em Vitória. Secretário municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho por cerca de um ano, entre 2023 e 2024, ele foi candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim no ano passado, mas chegou em terceiro lugar, atrás do eleito, Theodorico Ferraço (PP), e de Léo Camargo (PL).
Na última quinta-feira (13), Pazolini o nomeou para o cargo de subsecretário de Qualidade Ambiental e Bem Estar Animal, na Secretaria de Meio Ambiente.
Só por um ano…
Se Ramalho e Soraya virarem mesmo secretários, ficarão no cargo só por cerca de um ano. Para disputar as eleições 2026, terão de se desincompatibilizar.
