fbpx

Coluna Vitor Vogas

Partido de Pazolini já fala em “trajetória rumo ao Governo do ES”

Tomates verdes fritos: como parte da estratégia declarada do Republicanos “rumo às eleições 2026”, prefeito de Vitória começa a percorrer cidades do interior. Primeiro passo foi visita à Festa do Tomate, ao lado de Evair de Melo

Publicado

em

Pazolini entre Erick Musso e Evair de Melo: Festa do Tomate. Foto: reprodução Instagram

Pazolini entre Erick Musso e Evair de Melo: Festa do Tomate. Foto: reprodução Instagram

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), visitou, no último sábado (25), a tradicional Festa do Tomate, em Venda Nova do Imigrante, município da Região Serrana. Num autêntico corpo a corpo, cumprimentou pessoas, conversou e tirou fotos com elas, ao lado do deputado federal Evair de Melo (PP) e do presidente estadual do seu partido, Erick Musso.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Poderia ter sido só mais um compromisso trivial de fim de semana, daqueles que rendem algumas centenas de curtidas nas redes sociais, mas logo depois são esquecidos, não fosse pela conotação dada pelo próprio Republicanos à presença de Pazolini no evento em Venda Nova.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Em nota enviada à imprensa, a assessoria do partido informou, com todas as letras, que a participação do prefeito de Vitória na Festa do Tomate foi seu “primeiro passo rumo às eleições de 2026” e que marca o início da “caminhada estratégica” de Pazolini a fim de viabilizar sua candidatura a governador do Espírito Santo. Informou, ainda, que o prefeito daqui para a frente vai intensificar atividades como essa (em dias de folga, presume-se), visando “construir uma base sólida” e fortalecer “sua trajetória rumo ao Governo do Estado”.

Segundo a assessoria do Republicanos, “os benefícios” da gestão Pazolini em Vitória “podem se estender para todo o Espírito Santo com o projeto político do Republicanos para o Governo do Estado em 2026”.

Para inaugurar esse “Projeto Pazolini 2026”, a tradicional festividade em Venda Nova do Imigrante não foi escolhida ao acaso. Trata-se do município de Evair de Melo, que não acompanhará Pazolini apenas nessa agenda.

A nota do Republicanos, reproduzida abaixo, é autoexplicativa. Conduz muito fortemente a três conclusões:

1) O partido de Pazolini já o trata, sem rodeios, como “um dos principais nomes na disputa ao governo em 2026”.

2) O próprio Pazolini nunca se declarou assim, mas, evidentemente, está de acordo com o teor da nota. Erick e ele são unha e carne. Além de presidente do Republicanos no Espírito Santo, o ex-presidente da Assembleia é o principal articulador político do prefeito e, desde a última quarta-feira (22), seu secretário de Governo em Vitória. Erick jamais teria emitido essa nota sem o conhecimento e a concordância de Pazolini.

Em outras palavras, Pazolini não se declara pré-candidato a governador do Estado, mas consente que o partido o trate dessa forma. Mostra-se à disposição do partido e disposto a fazer sua parte para se viabilizar.

3) Evair de Melo está no projeto de Pazolini e Erick, e ajudará o prefeito de Vitória a se viabilizar – independentemente da posição do seu partido, o PP, hoje dúbia no Espírito Santo. O grupo que quer lançar Pazolini a governador é um; o do governo Casagrande, que terá candidato próprio, é outro. Hoje, porém, o PP tem um pé em cada canoa, sob a presidência do deputado federal Josias da Vitória.

Nos comentários ao post de Pazolini, muita gente o chamou de futuro governador. O logotipo usado por Pazolini, com o nome dele, tem as cores da bandeira do Espírito Santo: azul, rosa e branco. Em sua foto de perfil, a bandeira do Espírito Santo está ao fundo, assim como a do Brasil.

A nota do Republicanos

O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), deu seus primeiros passos rumo às eleições de 2026, quando pode se viabilizar para disputar o cargo de governador do Espírito Santo. Neste sábado, Pazolini esteve em Venda Nova do Imigrante, onde marcou presença na tradicional Festa do Tomate.

Com foco em ampliar seu capital político e dialogar com diferentes setores da sociedade, o prefeito busca estreitar laços com lideranças locais, produtores rurais, empresários e moradores. Um dos objetivos é construir uma base sólida de apoio que fortaleça sua trajetória rumo ao Governo do Estado.

A escolha de Venda Nova do Imigrante para dar início a essa jornada não foi aleatória. A cidade é um dos principais polos do agronegócio capixaba e a Festa do Tomate reúne produtores, comerciantes e visitantes de todo o Estado, sendo uma excelente oportunidade para Pazolini reforçar sua visão de desenvolvimento para o interior.

Venda Nova é também a cidade do deputado federal Evair de Mello, um dos maiores líderes da direita do Estado, sendo citado inclusive pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como possível candidato ao Senado em 2026.

Com uma gestão voltada para eficiência e resultados, o prefeito tem como meta expandir sua atuação política para além da capital, destacando avanços obtidos durante seu mandato em Vitória como exemplos do que pode ser implementado em âmbito estadual.

A agenda no interior marca o início de uma caminhada estratégica para consolidar sua posição como um dos principais nomes na disputa ao governo em 2026.  

Como ficam Evair e o PP

Nas eleições municipais de 2024, o PP apoiou Pazolini e elegeu a vice-prefeita dele, Cris Samorini, sinalizando possível reedição da parceira com o Republicanos e apoio eleitoral a Pazolini em 2026.

No início deste ano, contudo, atendendo a Da Vitória, o governador Renato Casagrande (PSB) mudou o comando da Secretaria Estadual de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb), trocando Marcus Vicente por Marcos Soares – indicação pessoal do presidente estadual do PP.

A princípio, isso reverteu ou, pelo menos, brecou a inflexão do PP para o movimento eleitoral de direita liderado pelo Republicanos no Espírito Santo. Hoje, o PP continua firme no governo Casagrande no Estado, enquanto também amplia sua participação na administração Pazolini em Vitória.

Em qual palanque estará o partido no ES no ano que vem? Ninguém sabe. Mas o assédio está forte. Por essa razão, o vice-governador Ricardo Ferraço, ao praticamente lançar sua pré-candidatura à sucessão de Casagrande, citou o próprio Da Vitória (ao lado dele mesmo e de outros quatro nomes) como possível candidato a governador em 2026, pelo grupo de Casagrande. Também disse querer que o PP permaneça na coalizão governista e que trabalhará para manter essa unidade.

Isso no que se refere ao PP e a Da Vitória.

Mas e quanto a Evair de Melo? Tratado na nota do Republicanos como “um dos maiores líderes da direita do Estado”, o deputado é um dos principais opositores do governo Casagrande. Hoje, parece o político capixaba pessoalmente mais próximo de Jair Bolsonaro (PL) – mais até que o senador Magno Malta (PL). O ex-presidente já disse, numa entrevista, que apoiará Evair se ele for candidato a senador. O deputado capixaba assistiu à posse de Donald Trump, no dia 20, ao lado de Bolsonaro.

Se o PP decidir ficar na coligação majoritária de Casagrande e apoiar seu candidato ao Palácio Anchieta, Evair dificilmente acompanhará a posição partidária. E nesse caso, para ser candidato ao Senado, terá de sair do PP.

Resumindo: se Pazolini for mesmo candidato a governador, o PP estará com ele? Indefinido. Mas Evair de Melo estará.

Tomates verdes fritos

No último dia 16, em entrevista à coluna, o vice-governador diz querer “mandar um recado” para seus eventuais adversários: “Podem vir quentes que nós estaremos fervendo”. Pazolini e os seus responderam aumentando o fogo para fritar os seus tomates, colhidos no festival correspondente em Venda Nova do Imigrante.

Os tomates podem até estar um pouco verdes, isto é, prematuros. Mas não só os de Pazolini.

É verdade que uma eleição sempre leva à outra e que os agentes políticos já saíram das últimas disputas municipais pensando nas próximas eleições gerais. Mas o grau de “ansiedade” e de precocidade neste caso está até um pouco acima do normal.

O próprio governador, de certo modo, desencadeou a própria sucessão ao enumerar possíveis sucessores em uma série de entrevistas no fim do ano passado. E o vice-governador de fato aumentou a fervura do processo eleitoral ao declarar-se “pronto, preparado e determinado” para ser candidato a governador e ao admitir que intensificará sua presença nas ações do Governo do Estado com o objetivo confesso de se viabilizar eleitoralmente.

O movimento do Republicanos, menos de dez dias depois, inaugurando o giro de Pazolini pelo interior do Estado, parece também ter sido uma espécie de resposta… Algo como: “Não podemos ficar aqui parados, assistindo a Ricardo circular por todo o Estado capitalizando entregas e anúncios, enquanto nosso pré-candidato fica preso à agenda de prefeito de Vitória”.

Como chefe do Executivo da Capital, Pazolini não tem, logicamente, entregas e anúncios a fazer em benefício de outros municípios. Mas nada o impede de fazer o bom e velho corpo a corpo com potenciais eleitores, para começar a se tornar mais conhecido para além das divisas de Vitória. Se quiser ser candidato a governador, ele de fato precisará aumentar seu recall fora da Capital e da Grande Vitória, já que o interior responde por metade da população capixaba.

Como delegado, Pazolini até passou por outras cidades, como Aracruz, mas ganhou fama mesmo atuando em delegacias sediadas em Vitória. Depois, passou menos de dois anos como deputado estadual e é prefeito há pouco mais de quatro anos. Na sua cidade, já provou ser muito popular e bom de voto, mas Vitória não tem nem 10% da população capixaba.

Durante as eleições municipais, com sua vitória já resolvida no 1º turno, ele aproveitou a última semana do 2º turno na Serra para circular pela cidade, sem a menor cerimônia, ao lado do candidato do seu partido, Pablo Muribeca. Ali já ficou explícita a estratégia do Republicanos de torná-lo mais conhecido fora de Vitória e ainda mais explícita a intenção de lançá-lo a governador do Estado em 2026.