Coluna Vitor Vogas
Entrevista exclusiva: Ricardo abre o jogo sobre candidatura a governador
“Estou pronto e preparado para ser candidato a governador, na hora certa”, anuncia vice-governador, mandando também um recado: “Podem vir quentes que estaremos fervendo”. Ele abre o jogo sobre o plano, já inaugurado, para se viabilizar até 2026
Como diria o prefeito de Cachoeiro, Theodorico Ferraço (PP), muito dado a citações bíblicas, “há tempo de calar e tempo de falar” (Eclesiastes). Desde o fim das eleições municipais, principalmente de dezembro para cá, muitos agentes políticos importantes do Espírito Santo falaram bastante sobre a próxima eleição para o Governo do Estado, em 2026, a começar por Renato Casagrande (PSB).
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Em uma série de entrevistas de fim de ano, de certo modo deflagrando o próprio processo sucessório, o governador destacou seu vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), como “candidato natural” à sucessão, caso ele mesmo renuncie em abril do ano que vem para disputar uma vaga no Senado.
Outros também falaram sobre o tema: Arnaldinho Borgo, Euclério Sampaio, Sérgio Vidigal. O próprio Ricardo, porém, possível protagonista desse enredo, vinha se mantendo mudo sobre o assunto. Até agora.
Quebrando o rumoroso silêncio, em uma entrevista exclusiva e altamente reveladora, o filho de Theodorico abre o jogo:
“Estou pronto e preparado para ser candidato a governador, na hora certa.”
E manda um recado, citando outro cachoeirense ilustre: “Podem vir quentes que estaremos fervendo”.
Ricardo também abre o plano dele mesmo, de Casagrande e do governo – já inaugurado, aliás – para aumentar sua visibilidade e sua competitividade até o ano que vem.
O vice-governador afirma que dará o melhor de si para, de fato, ser candidato a governador no próximo ano, em qualquer uma das duas hipóteses: com Casagrande deixando o cargo (e ele assumindo o governo) ou com o governador concluindo o atual mandato. “Trabalharei pela minha candidatura nos dois cenários”, avisa ele. Mas faz algumas ressalvas fundamentais.
Acrescentando dois nomes à lista de Casagrande (Da Vitória e Gilson Daniel), Ricardo cita cinco líderes políticos que, ao seu lado, fazem parte do mesmo movimento liderado pelo governador e que têm, segundo ele, iguais condições de representar esse grupo na corrida ao Palácio Anchieta. “Da mesma forma que estou pronto e preparado para receber apoio, estou pronto e preparado para apoiar qualquer um deles”, ressalta o vice-governador.
Segundo Ricardo, o mais importante é a manutenção da unidade desse grupo, pela qual ele trabalhará intensamente… enquanto também faz a sua parte para se viabilizar.
A seguir, a entrevista completa.
Antes de começarmos a gravar, o senhor me contava que, no ensino médio, estudou na escola João Guimarães Rosa, em Cachoeiro. Por coincidência, discursando em evento do governo pouco antes desta nossa entrevista, o senhor citou um célebre aforismo do Riobaldo, narrador de Grande sertão: veredas: “O que a vida quer da gente é coragem”. Como é que está a sua? Em dia para encarar grandes missões?
Claro!
Então vamos lá. Em uma série de entrevistas concedidas no fim do ano passado, o governador Renato Casagrande afirmou que, se ele renunciar em abril do ano que vem para disputar o Senado, o senhor se torna, palavras dele, o “candidato natural” a governador pelo grupo político liderado por ele. Disse, ainda: “Ricardo precisa se preparar e estar pronto”. O senhor está se preparando para assumir essa missão e ser candidato a governador em 2026?
Tenho duas determinações, e as duas funcionam com igual intensidade. Primeiro, eu sou parte de um projeto e de um movimento político amplo liderado pelo governador Renato Casagrande. Uma das coisas que deram certo no Espírito Santo foi a construção de frentes amplas para enfrentar desafios. Isso tem dado certo no Espírito Santo e tem produzido resultados. Então, minha primeira determinação é que sim: vou me colocar, no momento certo, como candidato a governador. Sim, estarei pronto e determinado para ser candidato a governador, na hora certa. E estarei pronto e preparado para ser candidato a governador nos dois cenários: com Casagrande saindo do governo e sendo candidato ao Senado e com Casagrande ficando no governo, concluindo o mandato e, portanto, coordenando a sucessão dele. Estou me colocando de maneira determinada, sim, no momento certo, como candidato a governador. Estou pronto e preparado para essa batalha, pela minha experiência acumulada de vida. Agora, da mesma forma que estarei pronto e preparado para ser candidato a governador, com a mesma intensidade que estou pronto e preparado para entrar em campo, eu também estou pronto e preparado para apoiar qualquer um dos grandes líderes que fazem parte do nosso movimento político. Essa é a segunda determinação.
O senhor pode nominá-los?
Temos um conjunto de grandes líderes que fazem parte desse movimento. Eu começo por Euclério Sampaio, de Cariacica. Eu falo de Arnaldinho Borgo, de Vila Velha. Falo no Sérgio Vidigal, ex-prefeito da Serra. Cito o presidente estadual do PP, o deputado Da Vitória. E cito o presidente do Podemos, o deputado Gilson Daniel. Então, a mesma intensidade que tenho para ser candidato e receber apoio, eu também tenho para apoiar. O importante é que esse movimento liderado pelo Casagrande continue junto e unido para continuar produzindo resultados para o Espírito Santo.
O senhor cita essas duas “determinações”, com “a mesma intensidade”. Mas o senhor vai trabalhar e fazer o que estiver ao seu alcance, o que depender do senhor, para ser o representante desse grupo na eleição para governador?
Claro que sim! Eu vou dar o melhor de mim para ser candidato a governador. Agora, da mesma forma que vou dar o melhor de mim para receber apoio, vou dar o melhor de mim para apoiar qualquer uma dessas lideranças políticas que fazem parte desse movimento liderado pelo governador.
A decisão final sobre quem será o representante desse grupo político na sucessão de Casagrande, o candidato desse grupo à sucessão, será do próprio governador?
Será de nós todos. Até porque o Casagrande é uma pessoa que dialoga muito. Essa não é uma decisão pessoal. Terá que ser uma decisão coletiva, qualquer que seja ela, porque o nosso movimento político liderado pelo governador tem um conjunto muito relevante de lideranças políticas.
Pois é. O senhor citou cinco desses líderes políticos estaduais, ao lado do senhor, unidos em um mesmo movimento político-eleitoral, sob a liderança de Renato Casagrande. O senhor considera todos eles potenciais candidatos a governador?
Da mesma forma que eles estão ao meu lado, eu estou ao lado deles. Nós somos um time. Esse time tem produzido resultados extraordinários. Euclério Sampaio e Arnaldinho foram reeleitos com mais de 80% dos votos válidos. Vidigal conseguiu produzir a eleição do Weverson Meireles na Serra, algo extraordinário. E, da mesma forma, temos a liderança política do Da Vitória no PP e do Gilson Daniel no Podemos. Eu me coloco na mesma condição e com a mesma intensidade. Então repito: da mesma forma que estou pronto e preparado para receber o apoio, estou pronto e preparado para apoiar. O que é o mais importante, na minha opinião? É que a gente não se descuide das nossas responsabilidades. Nós temos um 2025 inteiro para atravessar. Não podemos nos descuidar de algo que é fundamental para nós todos, que é a qualidade dos nossos mandatos e dos nossos governos. Então, esse é o foco e essa é a prioridade: chegar na hora certa com um governo pronto, organizado, com credibilidade e com reputação. Essa é uma premissa, não apenas para o governo, mas para os nossos companheiros também, que são esses que eu citei.
Em outras palavras, o que o senhor está me dizendo é que esses seis líderes políticos, incluindo o senhor, integrantes de um mesmo movimento político-eleitoral aqui no Estado, sob a liderança maior do governador, certamente estarão juntos em 2026; que o senhor trabalhará pela manutenção da unidade desse grupo; e que, de tal movimento, deverá sair só um candidato a governador, com o apoio dos demais, como o representante do projeto?
É isso. Mas veja: esse movimento é muito mais amplo. Esse movimento traz consigo a figura do prefeito de Viana, Wanderson Bueno, reeleito com mais de 90% dos votos. Traz consigo a figura do prefeito Ferraço, de Cachoeiro, a figura do prefeito de Linhares, Lucas Scaramussa, a figura do prefeito de São Mateus, Marcus da Cozevip, a do prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos… Tem um conjunto de outros. Mas, quando você olha para 2026, com perspectiva de disputar a eleição, é mais ou menos esse movimento. O que quero dizer é o seguinte: eu sou parte desse time. E, com a mesma disposição, determinação, prazer e motivação que estou me colocando para receber apoio, eu também posso apoiar. O mais importante para mim é que esse time continue junto, unido e trabalhando para dar o melhor para o Espírito Santo.
Como capixaba, como aliado dele e como parte desse movimento, o senhor torce para que o governador Renato Casagrande seja mesmo candidato a senador da República, independentemente da sua situação pessoal e das implicações diretas que isso terá para o senhor?
Eu trabalho e trabalharei para dar ao governador Casagrande o conforto que ele precisa para decidir o que ele considera mais importante, em função do papel que ele tem como líder desse movimento. O meu esforço estará sempre na direção de dar a ele o conforto e a tranquilidade para que ele decida aquilo que ele considera melhor. Não trabalharei para esse ou aquele cenário. Pelo contrário. Trabalharei para que ele possa ter diante de si o conforto para decidir.
Então vamos lá: são dois cenários. No primeiro, se o governador for mesmo candidato ao Senado, o senhor assumirá o cargo de governador e deverá conduzir o governo até o fim. Independentemente da sua vontade pessoal e da sua eventual participação no processo eleitoral, o senhor será o governador a partir de abril do ano que vem. Ponto. O que quero entender é o seguinte: existe, nesse caso, alguma chance de o senhor assumir o governo e não ser candidato à reeleição, cumprindo apenas um mandato tampão, ou isso está fora de questão?
Se eu tiver obtido sucesso na construção dessa unidade, isso vai ser uma coisa quase que natural. Em que circunstâncias não sou candidato? Não sou candidato na circunstância de ter que ser candidato a todo e qualquer custo. Não sou candidato a todo e qualquer custo.
Gostaria de lhe propor a situação inversa. O governador tem dito que também pode perfeitamente decidir ficar no governo e completar o mandato, se entender que é preciso que ele fique para “conduzir a própria sucessão”. Nesse caso, o senhor pode ser candidato a governador em agosto de 2026, mesmo não tendo assumido o governo?
Claro que sim! Claro!
Uma candidatura sua não está condicionada a Casagrande renunciar e o senhor se sentar na cadeira?
Não, não, não, de modo algum. Eu trabalharei pela minha candidatura nos dois cenários. E a minha candidatura nos dois cenários tem um pressuposto: o pressuposto da nossa unidade. Independentemente de eu estar como governador ou não, o que estou dizendo é que, da mesma forma e com a mesma intensidade que me coloco e me colocarei como candidato a governador, eu também estarei à disposição para apoiar qualquer uma dessas lideranças que fazem parte desse movimento e que estão determinadas a manter o Espírito Santo produzindo esses excepcionais resultados para a sociedade capixaba.
Ainda no segundo cenário, se Casagrande não for candidato ao Senado, o senhor pode ser candidato a senador pelo mesmo grupo? Passa por sua cabeça voltar ao Senado?
Essa hipótese não está posta.
O senhor não se vê voltando ao Senado?
Não.
Não só eu como todo mundo tem notado uma significativa mudança na sua atitude e na sua persona pública, nas últimas semanas. Esta entrevista mesmo, de certo modo, confirma isso. O senhor está mais presente nas ruas e nas redes, mais falante e opinante em eventos e entregas do governo que vão muito além da agenda da Secretaria de Estado do Desenvolvimento. A minha impressão é que, passada a eleição municipal, a virada do ano inaugurou um novo momento para o senhor, chamado por mim de “marcha da viabilização”. É isso mesmo? Agora o foco mudou e o senhor também entrou no “modo sucessão”?
É exatamente isso, considerando que qualquer governo tem um calendário que é dinâmico. As coisas precisam começar a acontecer na hora certa. Essas mudanças são reais e vão se intensificar muito daqui em diante.
De que maneira?
É muito provável que a gente participe não só das agendas relacionadas a desenvolvimento, mas que a gente possa participar das demais agendas que compõem o governo, como segurança, educação, saúde, infraestrutura e assim por diante.
O senhor vai gradativamente se colocar mais, ganhar uma exposição cada vez maior e um protagonismo dentro das ações do governo?
Sim. Essas mudanças aconteceram dentro de um planejamento e vão continuar acontecendo com muita intensidade. É uma intensidade acompanhada de muita determinação e motivação. Mas também é um planejamento feito com muita cautela e muito respeito, compreendendo que nós somos uma frente ampla e que precisaremos continuar trabalhando por essa unidade. Então não vou sair por aí atropelando o que quer que seja ou não considerando a legitimidade dos projetos ou pretensões que existam dentro do nosso movimento político liderado pelo Casagrande. Considero todas essas pretensões naturais e legítimas, assim como a minha. Não me coloco nem como maior nem como menor, mas com a mesma intensidade. Mas se vai se intensificar minha participação nas mais diversas agendas do governo, para além do desenvolvimento? Sim.
Daqui até 4 de abril de 2026, data limite para que o governador defina se sairá ou não do governo, são menos de 15 meses. Até lá, vamos ver cada vez mais Ricardo Ferraço?
É exatamente isso que já está começando a acontecer e que vai se intensificar nos próximos meses.
Quem está por trás desse planejamento? O senhor está trabalhando com algum estrategista político específico?
Não.
Algum consultor de marketing? Contratou alguém de fora para pensar e reforçar suas redes sociais?
Não, é o pessoal de casa mesmo.
Nenhuma assessoria política externa, pelo menos por enquanto?
Não. Tem não.
Vou usar uma analogia. Até então, a gente via Ricardo atrás de Renato. Agora, estamos começando a ver os dois lado a lado. Em algum momento, por curiosidade, o governador deve ou pode dar um passo atrás, um “vai, Ricardo, vai que é sua, agora é hora de você brilhar”?
Essa construção é feita com grande maturidade, com muita tranquilidade e com muita previsibilidade. Nosso diálogo e nossa relação é absolutamente tranquila. Então vamos construir isso juntos e sob a liderança dele.
Além do senhor, o governador também tem citado Arnaldinho, Vidigal e Euclério como aliados que têm condições de entrar em campo e que, segundo ele, não podem ser “descartados” como possíveis candidatos do grupo ao Governo do Estado…
Eu incluo mais dois: Gilson Daniel e Da Vitória.
Pois é. O senhor está seguro de que os respectivos partidos desses dois, tanto o Podemos como o PP, estarão mesmo firmes e fortes nesse projeto?
Não é que eu esteja seguro. Eu tenho confiança que a nossa capacidade política produzirá uma unidade nesse movimento, com a presença do Podemos e do PP.
No caso específico do PP, há uma peculiaridade, diria até uma ambiguidade, pelo fato de eles estarem presentes com força no segundo mandato, recém-iniciado, de Lorenzo Pazolini em Vitória, com direito à vice-prefeita, Cris Samorini. Pazolini é cotado para ser candidato a governador como adversário eleitoral do senhor ou quem quer venha a representar esse grupo de vocês. Então, o PP, na sua avaliação, fica desse lado?
Eu tenho, não é certeza, mas confiança que a nossa capacidade política produzirá essa aliança.
Bem, o governador, como eu dizia, cita Arnaldinho, Vidigal e Euclério como potencias candidatos, ao seu lado. Quando vamos ouvi-los, os três dizem praticamente a mesma coisa: “O Ricardo é o primeiro da fila. O candidato do grupo é o Ricardo”. O senhor tem tratado com eles sobre a sua possível candidatura?
Dia sim, outro também. Mas a nossa integração é tão natural e tão espontânea que a gente se coloca no processo como parte de um time. Somos um time. E conversamos muito sobre isso. E não tem essa conversa de “vai ser você, vai ser você”. Vamos ser nós. Mas vai ser no tempo. Isso não é decreto. É processo. O que existe é uma transparência e um respeito mútuo muito grande entre nós.
A partir dessa virada de chave, do ingresso do próprio Casagrande no “modo sucessão”, falando abertamente disso em entrevistas, vocês dois têm conversado diretamente sobre o tema eleição?
Todos os dias. E o que ele conversa comigo é o que ele conversou com você.
E existe algum compromisso do governador com o senhor? Algum combinando?
Não tem off nessa relação. Só tem on. Quando fui convidado pelo governador para ser candidato a vice-governador, em 2022, surgiram especulações sobre isso. A especulação e a política são irmãs siamesas. E o que eu disse lá atrás? Nós não combinamos absolutamente nada com relação à sucessão. Agora, vou repetir o que disse lá atrás: o Casagrande não tem compromisso com minha candidatura a governador. Nem ele me ofereceu nem eu pedi, porque a nossa unidade se dá em razão do governo que queremos continuar fazendo e das alianças que construímos. O nosso movimento político terá candidato a governador, a vice-governador e a senadores, no campo majoritário, além dos candidatos a deputados federais e estaduais. E todos nós estamos trabalhando com um nível de transparência, lealdade, caráter e cordialidade muito grande. Da mesma forma que esses companheiros admitem a possibilidade de me apoiar, eu também admito a possibilidade de apoiá-los.
Não tem risco de rasteira?
Não tem gol de mão entre nós. O que tem é o que estamos construindo coletivamente e o respeito que temos uns pelos outros.
E nas outras frentes? Quem o senhor enxerga hoje como potenciais adversários?
Na minha não tão curta trajetória política, eu nunca me preocupei com a estratégia do adversário. Eu vou me concentrar na nossa estratégia. E o quero dizer é que, dentro desse movimento político liderado pelo governador Casagrande, vamos nos preocupar com a nossa estratégia. Mas mando um recado: podem vir quentes que nós estaremos fervendo.
Pegando carona na sua citação…
… Do meu conterrâneo Roberto Carlos.
Vou pegar carona, então, nesse “fervor” para botar ainda mais pimenta. No lançamento do Expresso GV na quinta-feira passada (9), o senhor disse, em discurso: “Há governos que só se preocupam com responsabilidade fiscal, e a população sofre com falta de investimentos”. Foi uma indireta para alguém? Uma alfinetada, por exemplo, no ex-governador Paulo Hartung?
Foi uma defesa de um sistema de governo que praticamos. O nosso estado não é nota A em responsabilidade fiscal. É nota A+. O nosso governo é nota A+. Portanto, temos um cuidado fundamental com a responsabilidade fiscal, o que é fundamental. Se você não tem preocupação com a responsabilidade fiscal, você não tem capacidade de investir. Essa é uma marca do nosso governo e do nosso movimento liderado por Casagrande. Se você cuida desses números, você consegue botar de pé políticas públicas. A responsabilidade fiscal tem que ser um meio, não pode ser um fim. Então o que fiz ali não foi mandar recado para ninguém, pois se tiver que mandar recado eu falo diretamente. O que fiz foi fazer uma defesa de como nós governamos: numa ponta, com enorme responsabilidade fiscal, e, na outra ponta, fazendo os investimentos que são necessários, porque senão você vira um governo financista, um governo que tem prazer em acumular notas de boa gestão fiscal, mas não tem a sensibilidade ou a empatia para entender o sofrimento, a necessidade das pessoas nos mais diversos campos. Acho que essa combinação de responsabilidade fiscal com investimentos é uma marca de governo que estamos praticando no Espírito Santo.
A propósito, já que citei o ex-governador, como o senhor avalia a decisão de Paulo Hartung de se filiar ao PSD e a provável volta dele à atividade política e ao cenário político estadual?
Olha, a decisão de filiação partidária é uma decisão de cada um. E a decisão do ex-governador de voltar ao debate político eu acho muito interessante, porque acho que ele vai qualificar o debate político no Espírito Santo. Então acho que é muito bem-vindo o retorno dele à vida política, eleitoral e partidária.
O senhor acredita que, eleitoralmente, vocês estarão em lados diferentes?
Estaremos defendendo projetos diferentes.
Dentro dessa construção, o senhor pretende ficar no MDB e à frente do partido no Espírito Santo?
Sim. Permaneço à frente do MDB e vou trabalhar para ser candidato a governador pelo MDB.
Como o senhor se define ideologicamente? Centro? Centro-direita? Direita?
Acho que essas definições têm alimentado uma polarização que não tem feito bem à política brasileira, porque essas fronteiras não existem com essa precisão. Essa coisa virou antiquada.
Se o senhor for mesmo candidato, buscará fugir dessa questão de rótulos, categorias, classificações ideológicas?
Essa contaminação e essa polarização são incapazes de produzir uma melhora na vida das pessoas. E eu assisti agora, no último processo eleitoral municipal, uma redução muito forte dessa polarização, que não produz emprego, não melhora o dia a dia das pessoas. Tem pessoas que preferem dormir com a cabeça cheia e a barriga vazia. Deveria ser o contrário. Então, eu e todo nosso movimento político, inclusive o governador, trabalhamos pensando naquilo que interessa na vida das pessoas. Essa polarização é uma cortina de fumaça para esconder insegurança, incompetência, falta de conteúdo e de resultado para oferecer às pessoas.
Em 2022, o senhor foi “voto Casanaro”. O MDB está no governo Lula, desde o início. Se o MDB ficar com Lula nacionalmente em 2026, o senhor acompanhará o partido na eleição presidencial ou poderá apoiar outro candidato à Presidência?
A minha direção será a dessa construção coletiva, desse movimento de que sou parte.
Terá muito mais a ver com o plano local?
O meu foco é o Espírito Santo. São os capixabas.
Encerro com outra eleição para a presidência, mas a da Assembleia Legislativa. O tema sucessão no Palácio Anchieta e, especificamente, Ricardo Ferraço, virou fator preponderante na escolha do governador entre Marcelo Santos e Vandinho Leite e, portanto, na definição do próximo presidente da Casa. O senhor está participando disso?
O meu candidato a presidente da Assembleia é o candidato do governador Casagrande. O candidato dele será o meu.
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