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Coluna Vitor Vogas

O exército de candidatos de Magno Malta nas eleições municipais no ES

PL é, com folga, o partido que mais terá candidatos a prefeito no ES. Leia aqui a lista completa, a estratégia do partido para eleger mais prefeitos e os riscos contidos nela

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Magno Malta é o presidente do PL-ES

Magno Malta é o presidente do PL-ES

Presidido no Espírito Santo pelo senador Magno Malta, o Partido Liberal (PL) tem planos ambiciosos nestas eleições municipais. Hoje, tomando por critério o número de prefeitos filiados, a sigla de Jair Bolsonaro não tem, em terras capixabas, tamanho condizente com a dimensão adquirida no país e mesmo no Espírito Santo nas eleições gerais de 2022. Somente um dos 78 prefeitos dos municípios capixabas é do PL: Tiago Rocha, de São Gabriel da Palha.

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Para mudar esse quadro e dar um salto exponencial, a estratégia de Magno parte de uma premissa: lançar o maior número de candidatos próprios a prefeito, pelos quatro cantos do Espírito Santo. Com o período de convenções partidárias já iniciado (o prazo se encerrará no dia 5 de agosto), já podemos afirmar aqui: o PL será, disparadamente, o partido que mais terá candidatos a prefeito nestas eleições no Espírito Santo.

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A planilha da Executiva Estadual do PL, compartilhada com a coluna pela assessoria de Magno, já apresenta um total de 53 pré-candidatos a prefeituras de cidades capixabas (veja a lista completa ao fim desta análise). E o número é parcial, podendo ainda aumentar. No evento de lançamento do pré-candidato da legenda em Vila Velha, o Coronel Ramalho, no dia 27 de junho, o 1º vice-presidente da Executiva Estadual, pastor Carlos Salvador, anunciou que o partido teria 51 candidatos a prefeito (ou seja, o número já cresceu), além de chapa proporcional completa em 65 municípios, totalizando aproximadamente 800 candidatos a vereador.

Para efeito de comparação, o segundo escalão nesse ranking é composto por partidos que devem lançar de 30 a, no máximo, 40 candidatos próprios a prefeito no Estado. Estamos falando do PSB do governador Renato Casagrande, do Progressistas (PP), do Podemos e do MDB.

O raciocínio do PL é simples. Parte do pressuposto de que, quanto mais candidatos você lançar, mais chances terá de eleger prefeitos. E o PL quer eleger muitos, tendo em mente não somente o sucesso nas urnas em outubro.

Como têm declarado os principais líderes do PL no Espírito Santo, a compreensão geral dentro do partido é que as eleições municipais deste ano são uma escala para a de 2026 (e são mesmo). Um bom desempenho nas urnas no Estado em outubro, com a eleição do maior número possível de vereadores, vice-prefeitos e, principalmente, prefeitos, ajudará o partido a fazer ainda mais bonito nas urnas nas próximas eleições estaduais, daqui a dois anos.

Para o próximo pleito estadual, o PL tem planos ainda mais audaciosos. Depois do retorno de Magno ao Senado em 2022, o partido de Bolsonaro pretende eleger o atual deputado federal Gilvan da Federal para uma das duas cadeiras do Espírito Santo que estarão em disputa no Senado (as de Contarato e Marcos do Val). Se conseguir, o partido emplacará a dupla Gilvan e Magno (que terá mais quatro anos de mandato), ocupando duas das três cadeiras da bancada capixaba no Senado.

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No mesmo embalo, ainda na eleição majoritária, o PL provavelmente tentará chegar ao Palácio Anchieta. Será mais um vetor de força buscando chegar ao poder em um cenário pós-Casagrande hoje totalmente aberto e imprevisível.

Isso sem falar nas eleições de deputados federais e estaduais.

Ora, vereadores e prefeitos com mandato são, de modo geral, cabos eleitorais privilegiados, influentes na definição de voto dos cidadãos dos respectivos redutos. É por isso que obter o melhor resultado agora é tão importante, estrategicamente, para o cumprimento desse projeto que tem 2026 no horizonte.

Ressalvas à estratégia

Algumas considerações, no entanto, precisam ser feitas. Há alguns possíveis pontos vulneráveis nessa estratégia, que devem ser objeto de atenção.

Em primeiro lugar, lançar o maior número de candidatos próprios não significa, necessariamente, eleger o maior número de candidatos. Não existe uma relação exata e proporcional entre A e B, ou seja, não é certo dizer que, quanto mais candidatos você tiver, maiores serão suas chances e, consequentemente, mas candidatos serão eleitos. Isso é absolutamente incerto, depende de diversas variáveis. Uma delas é a competitividade de cada um desses candidatos, individualmente. O quão competitivo é cada um, no contexto de sua cidade?

Apesar de rimarem, quantidade não necessariamente quer dizer competitividade. E, ressalvadas as exceções e os “fenômenos eleitorais” que sempre podem despontar aqui e ali, a competitividade de um candidato, isto é, suas chances reais de vitória, normalmente está muito relacionada ao tamanho de sua aliança, ao seu conjunto de apoiadores, ao número de partidos aliados reunidos em sua coligação.

Nesse sentido, uma crítica recorrente à estratégia que Magno tem colocado em prática neste pleito no Espírito Santo é que, movido pela obstinação em lançar o máximo de candidatos próprios a prefeito, o PL na verdade “condenou-se” ao isolamento eleitoral na grande maioria dos municípios. Vale dizer: em grande parte deles, o candidato do PL ou não terá coligação ou será apoiado apenas por partidos bem pequenos (o PRTB é um exemplo).

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A bem da verdade, o grande número de candidatos próprios vem a ser exatamente um indicador desse isolamento. Pragmaticamente, a única maneira de um só partido disputar a prefeitura em quase 70% dos municípios do Estado é não se dispor a construir uma política de alianças em nível estadual.

A aliança partidária selada em determinado município geralmente passa por outro(s). Se você apoia meu candidato aqui, eu apoio o seu ali. Se você fecha comigo na cidade A, eu fecho com você na cidade B… E assim por diante. Quid pro quo. É assim que as parcerias costumam ser construídas… A menos que você não faça questão alguma, ou simplesmente se recuse a fazer parcerias. Essa tem sido uma crítica que surgiu até internamente no PL, levando a defecções importantes.

Um exemplo veio de Cachoeiro, com Juninho Corrêa (agora no Novo e candidato a vice de Theodorico Ferraço). Em fevereiro, o vereador simplesmente abandonou o PL e uma pré-candidatura altamente competitiva a prefeito da maior cidade do Sul. E saiu justamente reclamando de que Magno se recusaria a fazer alianças.

Esse é um ponto.

A aposta na transposição

Para compensar essa falta de aliados, ou isolamento eleitoral, Magno e os outros líderes locais do PL vêm investindo pesadamente (para não dizer “apostando tudo”) na estratégia de “bolsonarizar” e eleição municipal, transpondo para as disputas locais aquela polarização ideológica que tem regido a política nacional; transformando a disputa para prefeito numa disputa da direita com a esquerda (quando não uma cruzada do “bem contra o mal”, haja vista discursos como os de Gilvan e Magno Malta, fazendo eco a Michelle Bolsonaro e ao próprio Jair).

No Espírito Santo, dirigentes e candidatos do PL estão acreditando no próprio taco, na força do partido e do nome de Jair Bolsonaro. Escorados no fato de o PL ser o partido do ex-presidente (para eles, “eterno presidente”), os candidatos da sigla reivindicam o título de “único representante da direita” nos respectivos municípios, como têm feito Ramalho em Vila Velha, Igor Elson na Serra, Capitão Assumção em Vitória e por aí vai.

A aposta é na popularidade de Bolsonaro (de fato, muito grande), na identificação do eleitor bolsonarista com esses candidatos a prefeito e na transferência direta de votos (quem votou em Bolsonaro votará neles).

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É uma aposta alta, de resultado também incerto. Como nenhuma outra, esta eleição vai colocar à prova a eficácia desse tipo de estratégia de transposição da polarização ideológica para o palco municipal, mostrando até que ponto, numa eleição para a prefeitura da cidade, o eleitor brasileiro realmente leva em conta essa questão de ser de direita, de esquerda etc.

Será que isso pesa tanto, será que terá tanta influência (como parecem estar convencidos Magno e seu exército), ou será que, num pleito municipal, o que o eleitor realmente privilegia na tomada de decisão são fatores mais palpáveis, mais ligados ao dia a dia da cidade e à sua vida cotidiana.

Em outubro, teremos a resposta.

Mas um registro é oportuno que se faça:

Em 2020, ao menos no Espírito Santo, esse tipo de estratégia não deu certo. Naquele ano, Bolsonaro ainda não estava no PL (estava sem partido). Magno estava sem mandato, e o líder do bolsonarismo no Estado era Carlos Manato. Espalhados por vários partidos, entre os quais o PSL, os candidatos mais ligados a Manato não tiveram sucesso nas maiores cidades capixabas. Militares também não. E vejam: Bolsonaro era o presidente da República.

É bem verdade que apoiadores e/ou eleitores de Bolsonaro se elegeram: Guerino Zanon em Linhares; Euclério Sampaio em Cariacica; Victor Coelho em Cachoeiro (é do PSB, mas votou em Bolsonaro contra Haddad). E assim também outros candidatos de direita, como Pazolini em Vitória. Nenhum deles, porém, fez do bolsonarismo uma bandeira, nem se elegeu por conta disso.

Confira abaixo a lista completa de 53 pré-candidatos do PL a prefeituras no Espírito Santo:

  1. Água Doce do Norte: Charles
  2. Alfredo Chaves: Boldrini
  3. Anchieta: Dr. Luiz
  4. Aracruz: Pastor Marcelo
  5. Baixo Guandu: Saulo Busollar
  6. Barra de São Francisco: Tavinho
  7. Brejetuba: Wilson Ambrozim
  8. Cachoeiro de Itapemirim: Léo Camargo
  9. Cariacica: Ivan Bastos
  10. Colatina: Luciano Merlo
  11. Conceição da Barra: Tarquinho
  12. Domingos Martins: Edu do Restaurante
  13. Ecoporanga: Laureci (mulher)
  14. Fundão: Aélcio Peixoto
  15. Guaçuí: Carlos Gouveia
  16. Guarapari: Danilo Bahiense
  17. Ibatiba: Dr. Pancotti
  18. Ibiraçu: Milte (mulher)
  19. Ibitirama: Dr. Hugo
  20. Itaguaçu: Arnaldo
  21. Itapemirim: Vinícius
  22. Iúna: Ronaldo
  23. Jaguaré: Thiago Camata
  24. Laranja da Terra: Helder Perozini
  25. Linhares: Maurinho Rossoni
  26. Mantenópolis: Salatiel
  27. Marataízes: Jaiminho
  28. Marilândia: Simão
  29. Montanha: Carlinhos
  30. Mucurici: Railton
  31. Muniz Freire: Vilma (mulher)
  32. Muqui: Camarão
  33. Nova Venécia: Antonio Emílio
  34. Pancas: Dr. Grobério
  35. Pedro Canário: Buga Gás
  36. Pinheiros: Pablo
  37. Piúma: Kauê
  38. Rio Bananal: Jonacir Patrocínio
  39. Rio Novo do Sul: Enildo Ferreira
  40. Santa Leopoldina: a confirmar
  41. Santa Maria de Jetibá: Ronan Zucoloto
  42. Santa Teresa: Bruno Araújo
  43. São Gabriel da Palha: Tiago Rocha
  44. São Mateus: Nils Castiberg
  45. São Roque do Canaã: Lelo da Tita
  46. Serra: Igor Elson
  47. Sooretama: Gerson
  48. Vargem Alta: Luciano
  49. Venda Nova do Imigrante: Rafael Monteiro
  50. Vila Pavão: Mônica Zivi (mulher)
  51. Vila Valério: Negão
  52. Vila Velha: Coronel Ramalho
  53. Vitória: Capitão Assumção

Obs: Outros municípios estão em tratativas


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