Coluna Vitor Vogas
Mais um secretário de peso de Casagrande quer ser candidato a federal
O secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli, prepara-se para disputar sua primeira eleição, a deputado federal, com apoio de governador e vice

Enio Bergoli é secretário estadual de Agricultura. Foto: Secom/ES
O secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli, prepara-se para disputar as próximas eleições gerais. Ele quer ser candidato a deputado federal. Se o plano se concretizar, essa será a primeira candidatura da vida do secretário – cujo perfil sempre foi, reconhecidamente, muito técnico.
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Enio tem conversado sobre a ideia com o governador Renato Casagrande (PSB) e com o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB). O secretário pertence ao grupo político dos dois, tem sido incentivado por ambos e pretende ser candidato dentro do mesmo movimento eleitoral. Casagrande quer ser candidato a senador, enquanto Ricardo planeja disputar a eleição para governador do Estado, com o apoio do primeiro.
O chefe da Seag não deseja ser candidato a deputado estadual, já que isso poderia atrapalhar sobremaneira o desenvolvimento de seus trabalhos à frente da Seag. A pasta realiza entregas nos redutos eleitorais de muitos deputados estaduais que são do interior e que poderiam passar a encará-lo como um concorrente direto ao mesmo cargo, uma vez que a maioria buscará a reeleição. Esse é um dos fatores que o levam a preferir disputar sua primeira eleição diretamente para deputado federal.
Além disso, a capilaridade da Seag, por toda a zona rural do Espírito Santo, pode favorecê-lo na busca por uma vaga em Brasília. A eleição para deputado federal exige uma boa votação espalhada por todo o Estado – a não ser naqueles casos específicos em que determinado candidato tem inserção acima da média, ou um padrinho muito forte, em um município populoso, como tiveram, por exemplo, Victor Linhalis (Podemos) em Vila Velha e Messias Donato (Republicanos) em Cariacica, no pleito de 2022.
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Antigamente, a Seag era conhecida como uma “fábrica de fazer mandatos”. Para citar só dois exemplos, Ricardo Ferraço, após comandar a pasta no primeiro governo Paulo Hartung (2003/2006), tornou-se vice-governador em 2006. César Colnago, após chefiar a Agricultura no segundo governo Paulo Hartung (2007/2010), virou deputado federal pelo PSDB em 2010.
A experiência recente vem relativizando um pouco o poder eleitoral da Seag. A fábrica, por assim dizer, perdeu potência. Mas suas máquinas ainda pulsam. Após ter comandado a Agricultura por quase todo o terceiro governo Paulo Hartung (2015/2018), Octaciano Neto, criador de rebanhos ovinos, desistiu de ser candidato a federal em 2018 – e não lhe faltou empenho para ser. Já Paulo Foletto (PSB), após ter chefiado a secretaria por quase todo o segundo governo Casagrande (2019/2022), conseguiu se reeleger para deputado federal em 2022, mas por um triz e com votação bem abaixo da que ele mesmo esperava colher das urnas.
Enio ainda não definiu o partido político pelo qual concorrerá a federal. A decisão será tomada mais à frente, mais perto do momento fatal (abril do ano que vem), em diálogo com Casagrande e Ricardo e de acordo com o que for mais conveniente para eles. Por sinal, muitos outros aliados de governador e vice estão na mesma situação.
À frente de uma aliança hoje muito extensa e que provavelmente assim também será durante o processo eleitoral, Casagrande e Ricardo buscarão montar e formatar as chapas de federais dos vários partidos em seu raio de influência de modo que os candidatos competitivos fiquem bem distribuídos e as forças, equilibradas. Por exemplo, a chapa do Podemos não pode ficar muito mais forte que a do MDB, que não pode ficar muito mais forte que a do PDT… e por aí vai.
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Enio está bem comprometido com o projeto de ajudar a viabilizar a candidatura de Ricardo a governador e de apoiar a sua chegada (e permanência) no Palácio Anchieta. Até porque, no atual governo Casagrande, o secretário pode ser considerado cota pessoal do próprio Ricardo.
No 2º turno da última eleição estadual, entre Casagrande e Manato (PL), foi combinado com Ricardo e anunciado pelo governador que, em caso de reeleição, seu vice ficaria responsável por toda a interface do governo com o setor produtivo. E assim foi feito. Ricardo teve direito a porteira fechada no Desenvolvimento e na Agricultura. Ele mesmo assumiu a Secretaria de Desenvolvimento (Sedes). Indicou Enio para a Seag. Também influiu na nomeação de Felipe Rigoni (União) para o Meio Ambiente. E por muito pouco não emplacou o secretário estadual de Saúde, em dezembro de 2022.
Miniperfil
Servidor de carreira do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desde 1986, Enio Bergoli é engenheiro agrônomo formado pela Ufes e pós-graduado em Administração Rural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Entre 2003 e 2008, foi diretor-presidente do Incaper; de 2008 a 2009, foi secretário estadual de Gerenciamento de Projetos. Nas duas oportunidades, trabalhou sob o comando de Ricardo.
De 2009 a 2014, teve sua primeira (longa) passagem pelo cargo de secretário estadual de Agricultura, começando no fim do segundo governo Paulo Hartung e entrando por todo o primeiro governo Casagrande. No terceiro governo de Hartung, de 2016 a 2018, foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito Santo (DER/ES). De 2021 a 2022, foi secretário de Serviços da Serra, durante o quarto e último mandato de Sérgio Vidigal (PDT). Em janeiro de 2023, reassumiu a Seag, nas circunstâncias resgatadas acima.
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