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Coluna Vitor Vogas

Karla Coser: “Tenho vontade de disputar a Prefeitura de Vitória”

Em entrevista exclusiva, a vereadora do PT abre as portas do seu gabinete e o jogo para a coluna. Revela, em detalhes, o que planeja fazer em 2026 e em 2028. Mas, primeiro, Maria Vitória

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Karla Coser é vereadora de Vitória

Karla Coser é vereadora de Vitória

Logo na entrada do gabinete de Karla Coser (PT) na Câmara de Vitória, há um mural cheio de adesivos e cartazes com palavras de ordem de organizações do movimento feminista: “Ni una menos” (“Nem uma a menos”), “Não é não”, “Não mexe comigo que eu não ando só”. Há cerca de oito meses, esse “não ando só” ganhou sentido literal para a vereadora. Aonde quer que vá, ela leva no ventre Maria Vitória, sua primeira filha, com nascimento previsto para meados do mês de julho. Por conta da chegada da criança, muito desejada por ela e seu marido, Karla tirará licença-maternidade do mandato, por seis meses, a partir da próxima segunda-feira (1º).

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Como boa parte da vida de Karla, a maternidade foi bastante planejada. E mais: o planejamento familiar, neste caso, foi perfeitamente sincronizado com o planejamento do mandato e de sua carreira política, na qual ela tem planos de ascensão.

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A concepção se deu logo após sua reeleição, com a maior votação para a Câmara de Vitória (7.256 votos), em 2024. Aos 34 anos, desejando ser mãe, Karla sabia que essa era a sua estreita “janela” para viabilizar o projeto pessoal – sem colocar em risco os de ordem político-eleitoral. No início do ano que vem, finda a licença-maternidade, ela precisará estar inteiramente disponível e concentrada no processo eleitoral: pretende subir um degrau e chegar à Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

Mas essa é só uma escala. O planejamento vai além, e o norte é 2028. Com olhar direcionado à próxima eleição municipal, Karla admite à coluna: não apenas tem vontade como está se preparando para ser candidata a prefeita de Vitória, pelo PT, daqui a três anos.

“Quem sabe não é a hora de Vitória eleger uma mulher prefeita? […] Essa é uma das minhas vontades, sim. Tenho vontade de disputar a Prefeitura de Vitória se o Partido dos Trabalhadores acreditar que esse é o melhor projeto para a cidade.”

Abaixo, apresento, por tópicos, os principais trechos das declarações da vereadora, que me recebeu em seu gabinete na última segunda-feira (23).

MOTIVAÇÃO DAS URNAS

Karla Coser afirma que a ótima votação colhida das urnas em 2024 a motiva a buscar novos desafios na política capixaba:

“Acho que essa reeleição, com uma votação tão expressiva, num contexto tão desafiador, num contexto de única mulher por dois anos na Câmara de Vitória, de violência política de gênero, de oposição ao prefeito que não me recebe e tem dificuldade de seguir as minhas indicações ou acompanhar as pautas que a gente defende aqui, enfim, ser reeleita com essa votação extremamente expressiva me dá uma possibilidade de sonhar em alcançar novos espaços.”

O PRIMEIRO SONHO (ADIADO)

Como ela mesma não nega, o primeiro sonho de Karla, quando decidiu entrar para a política, em 2018, era se tornar deputada federal. Mas o projeto foi adaptado.

“Ser deputada federal foi o primeiro espaço que eu sonhei quando assumi para mim mesma que eu queria entrar na política. É onde os grandes debates acontecem e onde o futuro do Brasil está sendo decidido. Então, estar nesse espaço de fato foi meu primeiro sonho e nunca deixou de ser um sonho. Mas eu acho que esse sonho foi se modificando com o tempo”.

O PROJETO PARA 2026: TORNAR-SE DEPUTADA ESTADUAL

No Partido dos Trabalhadores, Karla pertence à corrente Alternativa Socialista (AS), a mesma do seu pai, o deputado estadual e ex-prefeito de Vitória João Coser. Os líderes da corrente decidiram lançar Coser novamente a deputado federal (cargo exercido por ele duas vezes, de 1995 a 2003) e, para deputado estadual, Karla Coser e outros companheiros, como Julinho da Fetaes.

“Eu tenho esse sonho, a partir dessa construção do Partido dos Trabalhadores, que é disputar a eleição para deputada estadual, não deputada federal ainda, também por uma construção coletiva. A gente acredita que o João, que fez um mandato muito bom de deputado estadual, tem condição de ajudar ainda mais o Espírito Santo estando nesse espaço de deputado federal. E a gente achou que, enquanto grupo político, fazia sentido fazer essa divisão. A gente dialoga muito sobre isso. Foi uma decisão não só da Karla, mas do grupo.”

ABRIU MÃO EM 2022

Karla conta que, em 2022, abriu mão de ser candidata a deputada federal em favor de Jack Rocha e de outros correligionários. Isso foi fruto de um entendimento entre a sua corrente partidária, a AS, e a de Jack, a CNB – então unidas no contexto estadual, mas hoje separadas e disputando a presidência estadual do partido (Jack versus Coser), em eleição interna marcada para o próximo dia 6.

“Eu abri mão de ser candidata a deputada federal, na verdade, em 2022. Porque era um sonho e, como eu estava no mandato aqui, enquanto vereadora, e com uma projeção pública também, seria natural ter sido candidata. Várias colegas do PT foram vereadoras em 2020 e já se lançaram deputadas. Mas nosso grupo entendeu que a prioridade era que o João fosse deputado estadual e a Jack, deputada federal. Então, naquele momento, eu e outras pessoas deixamos de nos candidatar para a Câmara dos Deputados. Foi uma aposta coletiva na Jack e no João para os dois espaços que eram muito importantes de serem conquistados, e de fato foram conquistados”, recupera a vereadora.

POR QUE ESTADUAL EM 2026?

Karla e seu pai têm eleitores parcialmente com perfis distintos, quer dizer, alguns dos eleitores que votam nela não votam em João Coser e vice-versa. Mas também há uma interseção importante aí: aquele voto mais orgânico e ideológico dos militantes e simpatizantes do PT. Assim, se Karla concorresse a federal em 2026, os dois brigariam em grande medida pelos mesmos votos e poderiam se atrapalhar mutuamente.

Por isso, a corrente de ambos, AS, decidiu lançar o pai a federal e a filha a estadual.

PREFEITURA DE VITÓRIA

Com o horizonte em 2028, o passo seguinte planejado por Karla é ser candidata a prefeita de Vitória. Ela terá 38 anos (mesma idade que tinha o prefeito Pazolini ao chegar ao cargo, em 2020). O sonho maior ganhará ainda mais força se ela obtiver sucesso na eleição para a Assembleia Legislativa.

“Seria um sonho ser prefeita da cidade de Vitória. Eu acho que a gente tem trabalhado muito pela cidade e tenho mostrado para a cidade de que forma a gente tentaria conduzir se a gente estivesse à frente. Quando a gente discute os problemas da cidade, a terceirização dos prontos atendimentos, a valorização dos servidores públicos, os próprios servidores aposentados, a gente tem mostrado como é que o PT faria essa gestão. Então, inevitavelmente, é um sonho ocupar esse espaço, também porque a cidade de Vitória nunca teve uma prefeita eleita. E eu acho que isso é um ponto significativo de a gente registrar: quem sabe não é a hora de Vitória eleger uma mulher prefeita?”

A vereadora confirma que a Prefeitura de Vitória está, sim, no caminho traçado por ela, sua equipe e seu grupo político:

“Isso está no caminho. Não é um objetivo pequeno, eu tenho plena consciência disso. Nós precisamos nos estruturar enquanto Partido dos Trabalhadores, nós precisamos nos constituir enquanto uma oposição, como a gente tem feito nesses cinco anos, que não é uma oposição feita despropositadamente, mas uma oposição qualificada”.

OPOSIÇÃO E “PROJETO DIFERENTE”

A petista afirma que sua intenção é construir e apresentar, nos próximos anos, “um projeto diferente” daquele do partido de Pazolini, o conservador Republicanos:

“Eu voto com a gestão quando eu acho que os projetos são bons para a cidade, mas ninguém me confunde com a base do prefeito. Todo mundo sabe os nossos posicionamentos e onde a gente vai divergir. Então, eu acho que isso apresenta para a cidade uma nova visão. E é a partir dessa visão que a gente vai tentar construir nos próximos anos, se for da vontade da cidade de Vitória, um projeto diferente do projeto dos Republicanos”.

“TENHO VONTADE” E “ESTOU ME PREPARANDO”

Karla também admite: tem vontade de ser prefeita e está se preparando para disputar o cargo.

“Essa é uma das minhas vontades, sim. Eu tenho vontade de disputar a Prefeitura de Vitória se o Partido dos Trabalhadores acreditar que esse é o melhor projeto para a cidade”, afirma a parlamentar.

“Eu estou me preparando para ser candidata a prefeita. Hoje [segunda, 23], no plenário da Câmara, aconteceu uma coisa até curiosa e interessante: um reconhecimento da base do Republicanos de que eu sou, nas palavras do vereador Luiz Emanuel, ‘a grande liderança do Partido dos Trabalhadores na cidade de Vitória’. Eu estou me preparando para ser reconhecida pela cidade assim, para que a cidade reconheça a nossa liderança no protagonismo da cidade de Vitória. Tem que ser um projeto construído com muitas mãos e com muitas pessoas que acreditam que nós precisamos e podemos ter melhores rumos para a cidade”, completa.

INCENTIVOS EXTERNOS

Karla diz que tem sido encorajada a dar esse passo por pessoas que não a assessoram nem militam no PT, mas que têm acompanhado seu mandato:

“Tenho tentado construir isso tanto internamente quanto para a cidade. E é muito legal, eu fico muito lisonjeada quando vejo as pessoas que acompanham o nosso mandato e não são militantes do PT nem meus assessores falando isso nas redes sociais. São pessoas que têm falado que gostariam muito que a Karla fosse candidata a prefeita. Eu acho que é isso: a palavra é de felicidade de você ver que o seu trabalho está sendo reconhecido nesse sentido, com muita humildade, mas de alguém que tem se preparado para isso também”.

CONVENCER TODO O PARTIDO

Por enquanto, esse é o projeto de Karla e da corrente dela, a AS, mas o PT, como partido, ainda não deliberou sobre isso – até porque ainda nem se sabe quem serão os dirigentes municipais e estaduais nos próximos quatro anos, a serem escolhidos no dia 6 de julho. Mas ela diz que buscará fazer tal construção com os outros segmentos e agrupamentos do PT:

“Apesar de ser muito cedo para a gente falar sobre isso, a gente tem tentado construir esse caminho. O PT é, essencialmente, muito democrático e participativo. Nenhuma decisão, nenhuma candidatura, é feita por somente um grupo. Então, ainda que seja da minha vontade pessoal, eu preciso ter o convencimento do PT, que tem nomes muito qualificados para ocupar esse espaço também”, pondera a vereadora.

“A gente precisa ter muito cuidado em dizer que está se preparando para ocupar esse espaço, porque não é uma decisão da Karla, é sim do PT. Por isso é que eu sempre friso isso, de estar à disposição do PT e de entender que esse projeto coletivo vai fazer sentido para o nosso partido e para esse campo progressista da cidade de Vitória.”

Entre os outros quadros que podem vir a disputar a prefeitura da Capital em 2028, a própria vereadora cita a deputada federal Jack Rocha (candidata a vice-prefeita de João Coser na eleição de 2020, vencida por Pazolini), o senador Fabiano Contarato e a deputada estadual Iriny Lopes (candidata ao cargo em 2012).

“Mas eu fico muito orgulhosa de ser reconhecida pela base do prefeito como essa liderança e pelas pessoas, pelo trabalho que foi exercido. Então, eu acho que por isso é que há uma naturalidade e uma percepção das pessoas de que, se o PT tiver candidato à Prefeitura de Vitória em 2028, o meu nome seria o que as pessoas estão esperando, vamos colocar assim”, complementa a filha de João Coser.

METAS DO PARTIDO PARA 2026

Nas eleições gerais de 2026 no Espírito Santo, Karla acredita que o PT possa reeleger Contarato no Senado, manter dois deputados federais (os atuais são Jack Rocha e Helder Salomão) e ampliar de dois para três membros a bancada na Assembleia, além de ajudar a reeleger Lula na Presidência.

“Hoje, o Partido dos Trabalhadores está focado na eleição de 2026, por isso é temerário falar de 2028. Mas, inegavelmente, a gente acredita que essa escada pode ser construída e, por isso, temos priorizado políticas aqui na cidade de Vitória.”

PERFIL

Nascida em 1990, Karla Coser é bacharel em Direto pela Ufes, com especialização em direito trabalhista. No último governo de Paulo Hartung (2015/2018), quando seu pai foi secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, ela foi, por breve período, assessora jurídica da Superintendência dos Projetos de Polarização Industrial (Suppin), órgão ligado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento (Sedes).

Ela destaca o ano de 2018 como crucial para sua decisão de entrar na política institucional, após anos militando em movimentos sociais, em virtude de três fatos ocorridos.

O primeiro foi o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), no Rio de Janeiro. “A execução dela me marcou enquanto pessoa e enquanto mulher, porque era uma mulher que debatia pautas que me atravessavam e que eu concordava. Eu conseguia me enxergar nela e via uma ausência muito grande disso na política.”

O segundo foi a participação intensa de Karla na campanha do pai a deputado federal, como coordenadora. João Coser então vivia um quadro de depressão e não conseguiu se eleger. O engajamento na campanha do pai a fez sentir com força a escassez de candidaturas femininas de modo geral. “Foi um momento muito significativo, com a percepção da ausência de mulheres nesses espaços. Percebi que havia muitas mulheres envolvidas com a política, mas elas nunca eram as líderes dos projetos. Eram sempre as assessoras, as secretárias, as coordenadoras de campanha, mas nunca eram o projeto político.”

O terceiro foi a vitória de Jair Bolsonaro, contra Fernando Haddad (PT), na eleição a presidente do país. “Para coroar o final do ano, veio a eleição do ex-presidente Bolsonaro, que representava um projeto que eu tinha muita preocupação com o que isso significaria para o Brasil. E eu falei: não quero mais ser aquela pessoa que vai estar apenas na eleição reclamando, ou falando assim no sofá. Eu não estava nunca no sofá, sempre estive nos movimentos sociais, militando na juventude, participando de movimentos de mulheres, participando de atividades do movimento negro, várias questões nesse sentido, mas eu não queria estar desse lado do movimento social. Eu decidi que eu queria mudar de lado, eu queria ir para a política institucional.”

Determinada a disputar mandatos, já em 2019, Karla passa no processo seletivo do RenovaBR, movimento nacional dos empresários Eduardo Mufarej e Luciano Huck, voltado à formação de jovens líderes políticos. Ela não se arrepende: “Foi super interessante para mim, com críticas de companheiros do PT, de que eu não deveria ocupar esse espaço, que era um espaço mais à direita, mais liberal, mas que me deu uma qualificação muito importante”.

Karla também participou de projetos de formação com proposta similar, porém mais à esquerda, como o Representa, atividade organizada pelo PT para candidaturas jovens, e o Elas por Elas, projeto organizado pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT. Em 2020, em sua primeira candidatura, ela alcança a vaga na Câmara de Vitória, como única representante do PT, com apenas 20 votos a mais que o companheiro de chapa Professor Jocelino. Em 2024, reelege-se com mais de 7 mil votos. Dessa vez, Jocelino também belisca uma vaga e passa a ombrear com ela na bancada petista.

Quando Karla se elegeu em 2020, ela e Camila Valadão (PSol) tornaram-se apenas a sétima e a oitava mulheres vereadoras na história de Vitória. Em 2024, com as vitórias de Ana Paula Rocha (PSol) e Mara Maroca (PP), o número chegou a 10. Por óbvio, ainda é irrisório.

RESUMO DO MANDATO

Instada a resumir seus quatro anos e meio de mandato até aqui na Câmara de Vitória, a petista o faz assim:

“Foi um mandato extremamente combativo, um mandato que escutou muito as pessoas, um mandato de portas abertas, que foi o nosso lema, como você pode ver aqui na nossa parede, ‘por todas as vozes’, um mandato que deu voz, ampliou as vozes das pessoas que foram silenciadas durante muito tempo. Eu acho que essa é a nossa perspectiva: todo mundo pode falar. As pessoas reclamam nas redes sociais, fazem uma postagem, às vezes fazem um desabafo no grupo do WhatsApp, mas eu tenho um microfone onde a cidade de Vitória está me ouvindo, a imprensa está me ouvindo, o prefeito está me ouvindo, porque eles acompanham tudo, meus stories, as coisas que a gente faz… Não estão presentes nas nossas atividades, mas acompanham todos os nossos questionamentos e às vezes dão as respostas que a gente precisa, e é isso que importa para a cidade.”

DIREITOS DAS MULHERES

A vereadora destaca os direitos das mulheres não só como a principal pauta do seu mandato, mas como a causa maior que a mobiliza na política e na vida.

“Minha pauta principal de vida são os direitos das mulheres. Quando fui candidata em 2020, o nosso grande guarda-chuva era a construção de uma cidade para as mulheres. Esse é o lema maior do nosso mandato, é a nossa campanha, porque eu acredito que a política foi pensada por homens, para homens, construída por homens durante muito tempo. Ser mulher atravessa a gente o tempo todo na política, desde pensar que as reuniões acontecem depois de determinado horário, que as mães às vezes não conseguem participar, que as mulheres não conseguem participar por conta de dupla, tripla jornada”.

Ela dá o que considera um “exemplo básico”: “Transporte público: é preciso pensar como ele pode melhorar a vida das mulheres. Por exemplo, temos aqui uma indicação do ‘caminho seguro’: gostaríamos que os ônibus pudessem, depois de determinado horário, parar fora dos pontos de ônibus, porque isso daria mais segurança para as mulheres. Isso parece uma coisa pequena para algumas pessoas, mas é muito significativo para mulheres, que são assediadas no transporte público, no caminho de volta para casa, depois de determinado horário. O nosso olhar é muito voltado para isso. O que me trouxe para dentro da política foi a defesa dos direitos das mulheres, com a certeza e a convicção de que, se melhoramos a vida das mulheres, que são 53% da população, melhoramos a cidade para todas as pessoas”.

LICENÇA-MATERNIDADE

Por falar em direitos das mulheres, por conta da futura mulher que está a caminho, Karla tirará licença-maternidade (remunerada), para se concentrar por seis meses nos necessários cuidados para com Maria Vitória. Trata-se de um dos mais importantes direitos trabalhistas conquistados pelas mulheres, incluído no Regimento Interno da Câmara apenas muito recentemente, na reforma regimental relatada por Camila Valadão (PSol) em 2021 e vigente desde princípios de 2023.

Karla conta que, incrivelmente, houve quem questionasse a licença, dizendo que ela não poderia tirá-la nem ser remunerada durante esse período.

“Tenho muito orgulho do trabalho que a gente fez durante esses quatro anos e meio, tiro licença-maternidade com a consciência tranquila de que esse é um direito das mulheres lutado e conquistado e que eu preciso, mereço e reconheço que todas as mulheres deveriam ter essa oportunidade dos seis meses de licença-maternidade para aleitamento exclusivo.”

No lugar de Karla, o primeiro suplente do PT, Raniery Ferreira, assumirá a partir da próxima semana. Ele é empresário e líder comunitário na Grande Goiabeiras.

CURIOSIDADES

Nascida em Vitória, Karla passou o comecinho de sua vida em Itararé, onde moravam seus pais e onde ainda tem parentes. Depois, ainda na infância, acompanhou as mudanças da família, para Maria Ortiz e, depois, Jardim da Penha. Hoje, mora com o marido em Santa Helena. É vizinha dos pais.

Católica praticante, frequenta as missas na Igreja Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, cujo pároco é o padre Kelder Brandão. Conhecido como um sacerdote progressista (e, por vezes, polemista), Kelder foi quem realizou a cerimônia de matrimônio de Karla. “A concepção que ele prega do Evangelho tem muito a ver com o que acredito.”

Para quem estiver se perguntando, o nome “Vitória”, de Maria Vitória, não é inspirado na cidade que a mãe pretende governar. Ela só gosta mesmo do nome.