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Coluna Vitor Vogas

Kawasaki: candidato mais azarão a prefeito de Vitória dá a largada

Quem é Du da Kawasaki, o empresário que esquenta o motor para entrar na disputa pela Prefeitura da Capital, e por que suas chances remotas

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Du da Kawasaki (à direita) com Luis Tibé

Du da Kawasaki (à direita) com Luis Tibé

O trocadilho nasce pronto: o Du é Kawasaki; sua candidatura, kamikaze. Por um partido muito pequeno (o Avante), com minúsculo tempo de TV, sem chapa de vereadores, nenhuma sigla aliada nem político de peso a apoiá-lo, além de baixíssimo recall político, o empresário Eduardo Spadetto Ramlow, mais conhecido como Du da Kawasaki, ainda assim está determinado a ser candidato a prefeito de Vitória.

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A pré-candidatura é confirmada pelo presidente estadual do Avante, o ex-deputado federal Jorge Silva. A informação também foi publicada na conta oficial do Avante-ES no Instagram. Desse modo, mesmo com chances remotas de vitória, o empresário se junta no grid de largada às outras seis pré-candidaturas já posicionadas em suas marcas: o pole position, Lorenzo Pazolini (Republicanos); João Coser (PT); Capitão Assumção (PL); Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB); Camila Valadão (PSol); e Capitã Estéfane (Podemos).

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Largando de trás, Du da Kavazaki tentará surpreender os favoritos. Isso é muito pouco provável. Se ele mantiver a candidatura – isto é, se de fato largar – e se chegar a completar a prova, poderá ao menos ganhar alguma visibilidade junto ao eleitorado e se projetar, quem sabe, para uma eleição a deputado em 2026.

“Todo mundo que coloca seu nome como pré-candidato sempre acredita numa possibilidade de vitória. Acredito que o Du, sendo um empresário bem-sucedido, uma pessoa que venceu na vida, colocou o nome dele porque acredita que tenha condições de participar desse processo e crescer dentro da política. Como presidente estadual, eu o apoio, e vamos ver o que vai dar”, afirma o experiente Jorge Silva.

Um dos articuladores da candidatura de Du é o também empresário Alberto Campos, que já foi líder comunitário de Jardim Camburi e participante do movimento Vem pra Rua. Outro colaborador é o estrategista político Aldeci Carvalho, que atuou nas campanhas de Marcos do Val, então também um outsider, a senador, em 2018; Coronel Wagner a prefeito de Vila Velha, em 2020; Philipe Lemos a deputado federal e Nelson Júnior a senador (também pelo Avante), em 2022. Somente Do Val se elegeu – por uma rara combinação de fatores, em uma eleição excepcional em muitos aspectos.

Para entrar nessa corrida, Du na verdade precisou trocar de motocicleta. A volta de apresentação ele fez por outra equipe: o partido Progressistas (PP).

Bem relacionado com o deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP, Du filiou-se ao partido no ano passado. Nos primeiros três meses deste ano, fez uma movimentação aberta para ser o companheiro de chapa do prefeito Lorenzo Pazolini.

Com a ajuda de Alberto Campos, passou a frequentar espaços políticos da cidade, sendo apresentado como potencial candidato na chapa majoritária do prefeito. Em fevereiro, por exemplo, durante o desfile das escolas de samba de Vitória, foi visto circulando intensamente no Sambão do Povo.

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Àquela altura, em entrevista à coluna, Du já esclarecia que, na realidade, era pré-candidato a prefeito de Vitória, mas seu nome estava à disposição para ser vice de Pazolini – até porque o PP já tinha o compromisso de apoiar a reeleição do prefeito, coligando-se com o Republicanos e indicando seu companheiro de chapa.

Em fevereiro, Du declarou à coluna:

“Não existe pré-candidato a vice-prefeito. Sou pré-candidato a prefeito de Vitória. Estou no PP, que está para fazer uma aliança com o Republicanos. […] Da Vitória disse que haveria uma possibilidade de indicar o vice de Pazolini. Então coloquei meu nome como pré-candidato a prefeito de Vitória e também à disposição para ser indicado pelo PP como vice”.

Só que, nessa corrida à parte dentro do PP pelo preenchimento da vaga, Du também ficou lá na última fileira do grid. O partido de Da Vitória filiou outros nomes cotados como potenciais candidatos a vice. Entre eles, o presidente da Câmara de Vitória, Leandro Piquet (ex-Republicanos), e a presidente licenciada da Findes, Cris Samorini. A empresária tem total favoritismo para ocupar o posto.

Em tais circunstâncias, sem espaço no PP para emplacar candidatura majoritária, Du trocou o partido pelo Avante, perto do fim do prazo para a filiação de pré-candidatos (no dia 6 de abril). Começou, então, a articular sua pré-candidatura a prefeito pelo pequeno partido. Primeiramente, ele foi ao encontro do presidente nacional do Avante, o deputado federal por Minas Gerais Luis Tibé. Este, segundo Jorge Silva, chancelou sua filiação e sua pré-candidatura a prefeito.

“Ele fez um contato inicial com o Tibé. Filiou-se diretamente em Brasília, pela direção nacional, e tudo isso ficou acertado. Ato contínuo, entrei como presidente estadual, e temos apoiado essa pré-candidatura dele a prefeito de Vitória.”

Na verdade, Silva não teve escolha. Ele mesmo também entrou no Avante no fim de março e já chegou para assumir a presidência do partido nanico no Espírito Santo, com a situação de Vitória resolvida diretamente entre Du da Kawasaki e Tibé.

Silva entrou no Avante cogitando ser candidato a prefeito de São Mateus, seu reduto político. Mas, desistindo do plano, decidiu apoiar o empresário Marcos da Cozivip (Podemos).

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Quem é o pré-candidato

Muito mais conhecido pelo apelido, Eduardo Spadetto Ramlow é neófito na política e nunca disputou mandatos.

Natural do município de São Gabriel da Palha, já morou em Teófilo Otoni (MG) e Salvador (BA). Há dez anos mora em Vitória, onde está seu título eleitoral. É empresário com atuação em várias áreas. Conta que, desde 2014, sua principal atividade é loteamento. Antes disso, destacou-se como dono de concessionárias de motocicletas.

Há 14 anos, possui o contrato de concessão da Kawasaki e é o representante exclusivo da marca japonesa no Espírito Santo (daí o apelido). Tem graduação em Gestão Pública pela faculdade Estácio de Sá.

Sem nunca ter sido candidato, Du afirmou à coluna, em fevereiro, que começou a se interessar mais pela atividade política em 2017 (ano do início da ascensão de Jair Bolsonaro ao poder no país). “Ou você faz política ou é mandado por quem faz”, explica. Em meados do ano passado, filiou-se ao PP, primeiro partido de sua vida, porque “queria estar num partido de centro”. Ele próprio se define como homem de centro-direita.

“Sinto que hoje estou preparado tanto para essa candidatura como para as próximas em 2026, para deputado, senador ou o que for”, declara o empresário, sonhando alto. “Estou preparado para estar no mundo da política.”

E por que entrar nesse mundo? – lhe perguntamos. “Para ajudar as pessoas. Já ajudo como empresário. Agora quero ajudar na política.”

A “ajuda” pode ter de esperar. Mesmo que entre na corrida com a moto Kawasaki mais potente, ele vai competir contra carros de Fórmula 1.

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O Avante

O Avante é o antigo Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB). Em 2022, superou por muito pouco a cláusula de barreira (passou por um triz). Só elegeu sete deputados na Câmara Federal, mas obteve mais de 2% dos votos válidos nas eleições para a Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos nove unidades federativas, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas.

No Espírito Santo, além de Du da Kawasaki, o Avante só terá um candidato a prefeito: será Jovane Clarindo, em Conceição da Barra, cidade vizinha a São Mateus, com o apoio de Jorge Silva. É nessa candidatura que o presidente estadual está mais concentrado.

Em Vitória, o Avante não conseguiu montar chapa de vereadores. É mais uma desvantagem para a candidatura majoritária de Du. Ele assumiu a presidência do partido na Capital logo depois de se filiar. Desde 3 de abril, está à frente de um órgão provisório, com vigência até 30 de setembro.

Mas, como ele próprio chegou à sigla no limite do prazo de filiações de pré-candidatos a qualquer cargo, incluindo vereadores, nem sequer teve tempo de tentar erguer uma chapa proporcional.

Tempo de rádio e TV

Nesta eleição municipal, assim como na anterior, o horário eleitoral de TV terá dois blocos diários de dez minutos, exibidos na hora do almoço e à noite. Esse tempo será dividido entre todos os candidatos a prefeito em função do tamanho da bancada eleita do partido ou coligação na Câmara dos Deputados. Além dos blocos fixos, há as inserções de 30 segundos, distribuídas ao longo da programação. A quantidade de inserções para cada um segue o mesmo critério.

Pelas contas de Jorge Silva, o Avante só terá direito a míseros 7 segundos por bloco de 10 minutos, acrescidos de mais alguns segundos (pois uma fração do tempo total é dividida por igual entre os candidatos). Será muito pouco, de todo modo.

Debates eleitorais

Apesar do tamanho diminuto do Avante, Du terá presença assegurada em debates eleitorais promovidos por emissoras de rádio e TV.

A legislação vigente obriga as emissoras a convidar todos os candidatos cujo partido tenha, no mínimo, cinco parlamentares no Congresso Nacional (contando Câmara e Senado). O Avante cumpre a regra. O partido não tem nenhum senador, mas tem sete deputados federais.

A norma em vigor, ditada pela Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 (Lei das Eleições), diz o seguinte:

Art. 46. Independentemente da veiculação de propaganda eleitoral gratuita no horário definido nesta Lei, é facultada a transmissão por emissora de rádio ou televisão de debates sobre as eleições majoritária ou proporcional, assegurada a participação de candidatos dos partidos com representação no Congresso Nacional, de, no mínimo, cinco parlamentares, e facultada a dos demais, observado o seguinte […]. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 6 de outubro de 2017, que alterou a Lei das Eleições; grifo da coluna)


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