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Coluna Vitor Vogas

Estes são os maiores vencedores da eleição municipal no ES

Quais são os partidos que mais cresceram em número de prefeituras governadas? Quais os líderes políticos capixabas que saem fortalecidos deste pleito municipal, já pensando na próxima eleição estadual, em 2026

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Arnaldinho na convenção conjunta dos 12 partidos que o apoiam em Vila Velha. Foto: assessoria de Arnaldinho

Arnaldinho, ao lado de Euclério, na convenção conjunta de 12 dos 13 partidos que apoiaram o prefeito de Vila Velha (20/07/2024). Foto: assessoria de Arnaldinho

A partir dos resultados das urnas neste domingo (6), podemos destacar quem saiu politicamente mais forte destas eleições municipais. Não nos referimos apenas aos candidatos vitoriosos, mas também a partidos, dirigentes e líderes políticos do Espírito Santo, já tendo como horizonte a próxima eleição estadual, em 2026 – da qual este pleito municipal é, ante de tudo, uma “escala preparatória”.

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Na categoria “partidos”, há cinco grandes vencedores em território capixaba:

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. o Partido Socialista Brasileiro (PSB), comandado no Estado, há décadas, mesmo sem cargo de presidente, pelo governador Renato Casagrande: elegeu 21 prefeitos, sendo, de longe, o recordista em número de municípios.

. o Progressistas (PP), cujo presidente estadual é o deputado federal Josias da Vitória, desde abril de 2023: elegeu 12 prefeitos.

. o Podemos, presidido no ES pelo deputado federal Gilson Daniel: elegeu 11 prefeitos.

. o Republicanos, dirigido no ES, desde 2022, pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa Erick Musso: elegeu 8 prefeitos (e levou Pablo Muribeca para o 2º turno na Serra).

. o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) – conduzido no ES, há um ano, pelo vice-governador Ricardo Ferraço: elegeu 6 prefeitos.

> O Índice Casão de Sucesso: as vitórias e as derrotas políticas do governador nas urnas

Confirmando uma pedra cantada aqui na manhã deste domingo, esses cinco partidos, juntos, conseguiram eleger, 74% dos prefeitos capixabas, ou seja, 58 dos 78 prefeitos eleitos no Espírito Santo (ressalvando, é claro, que a decisão na Serra terá de esperar até 27 de outubro e talvez também em Vitória). De cada quatro prefeitos no ES a partir de janeiro, três pertencerão a uma dessas cinco legendas.

Isso considerando o universo de 78 cidades, que vai de quase “vilas” com menos de 10 mil habitantes a uma cidade como a Serra, com mais de meio milhão.

O domínio nos maiores municípios

Façamos, então, outro recorte, restringindo nossa análise às 10 cidades mais populosas do Estado: Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina, São Mateus, Guarapari e Aracruz.

Considerando apenas essas dez cidades, que respondem por bem mais da metade da população capixaba, os prefeitos eleitos em primeiro turno neste domingo ficaram restritos a cinco partidos: Podemos, PP, Republicanos, MDB e PSD.

O Podemos reelegeu o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo. Também fez o de Linhares, Lucas Scaramussa, e o de São Mateus, Marcus da Cozivip. Viana não entra nesta lista, mas o prefeito Wanderson Bueno, também do Podemos, reelegeu-se com os dois pés nas costas.

> Veja quem são os 21 vereadores eleitos em Vitória

O PP elegeu o prefeito da maior cidade do sul, Cachoeiro de Itapemirim, com o retorno apoteótico do lendário Theodorico Ferraço (merece uma biografia, aliás, por que ainda não escreveram?). Em Aracruz, pelo mesmo partido, o prefeito Doutor Coutinho renovou o mandato com ampla margem de votos.

O Republicanos reelegeu Lorenzo Pazolini em Vitória no 1º turno e chegou à Prefeitura de Guarapari com Rodrigo Borges, além de estar no 2º turno na Serra com Muribeca.

Pelo MDB, o prefeito Euclério Sampaio, de Cariacica, reelegeu-se com folga. Pelo PSD, ex-deputado Renzo Vasconcelos, presidente estadual da sigla, chegou à Prefeitura de Colatina.

E quanto ao PSB?

O PSB veio para esta eleição no ES com uma estratégia parecida com a do PT em âmbito nacional: em cidades importantes, privilegiou o fortalecimento de parceiros estratégicos de outros partidos, inclusive de centro-direita, já visando à preparação de uma frente ampla para as eleições de 2026 (Senado e sucessão de Casagrande no Palácio Anchieta).

Tipo assim: “Vamos nos dispor a perder aqui e ali, abrir mão de cidades importantes em favor de aliados estratégicos, para começar a formar uma frente ampla visando à eleição de Casagrande para o Senado em 2026 e à sucessão do governador…”

Com isso em mente, o PSB lançou muitos candidatos, mas, basicamente, em cidades pequenas. Conseguiu eleger a incrível marca de 21 prefeitos (mais da metade dos candidatos lançados pelo partido). Mas, somando todas as cidades governadas, talvez não alcance a população de uma Serra ou de uma Vila Velha…

Nos dez maiores municípios listados, o PSB só lançou uma candidata a prefeita, em Cachoeiro: Lorena Vasques, aliada do prefeito Victor Coelho, também do PSB. Ela passou longe da vitória na cidade, que voltará a ser governada por Theodorico Ferraço (PP).

> Theodorico Ferraço alcança feito histórico de amplitude nacional. Saiba qual

Possíveis candidatos ao Governo do ES e ao Senado: quem sai fortalecido para 2026

É consequência do tópico “partidos que saem mais fortes”. Na categoria “líderes com aspirações eleitorais majoritárias em 2026” (Palácio Anchieta ou Senado), saíram fortalecidos, respectivamente:

. Gilson Daniel, dono da máquina do Podemos no ES: pode ser candidato a governador.

. Da Vitória e Evair de Melo. O primeiro pilota o PP no Estado. O segundo é o 02 do partido no ES. Ambos querem concorrer ao Palácio Anchieta.

. Erick Musso e seu grupo político, albergado no conservadoríssimo Republicanos. O “me dei bem e cresci para 2026” inclui Lorenzo Pazolini, Reeleito no 1º turno, algo que não ocorria em Vitória desde João Coser (PT) em 2008, torna-se automaticamente o potencial do Republicanos a governador.

. Correndo por fora, Ricardo Ferraço também fez seu dever de casa e, se for candidato ao Palácio Anchieta em dois anos (ou à reeleição, caso Casagrande renuncie para disputar o Senado), deverá ter uma “base emedebista” espalhada pelo ES para sustentar a candidatura, alicerçada em Cariacica, onde o partido reelegeu Euclério.

. Renato Casagrande, eminência parda do PSB. Tendo ajudado a eleger um bom número de aliados na Grande Vitória e um batalhão de prefeitos pelo PSB no interior, ele facilita seu próprio caminho para ficar com uma das duas vagas do ES no Senado… Mas, mesmo com duas cadeiras, será uma eleição difícil (há os extremos: PT e PL…).

Para fortalecer a provável candidatura ao Senado, Casagrande na certa terá de fazer uma boa composição com a centro-direita, como de fato começou a construir neste pleito municipal, com o PSB privilegiando parceiros desse campo na Grande Vitória.

> Lorenzo Pazolini é reeleito prefeito de Vitória no 1º turno

Arnaldinho, Euclério e Wanderson: prefeitos terão lugar à mesa

Dada a votação consagradora que obtiveram, Arnaldinho (Podemos) e Euclério Sampaio (MDB) também poderão reclamar um lugar à mesa com os políticos citados acima e entrar no mesmo carteado, embaralhando ainda mais o jogo sucessório do Palácio Anchieta.

Wanderson Bueno (Podemos) alcançou votação ainda mais estupenda. Por governar um município pequeno como Viana, falar em Palácio Anchieta é demais para o jovem político em franca ascensão. Mas ele certamente se colocará na “plataforma de lançamento dos foguetes”, em posição de pleitear coisas maiores na política estadual nos próximos anos – a exemplo do seu mentor político, Gilson Daniel.

Vidigal: individualmente, o maior vencedor deste 1º turno

Por fim, ao conseguir levar seu candidato, Weverson Meireles (PDT), para o 2º turno na Serra, o prefeito Sergio Vidigal (PDT) conseguiu cumprir a primeira parte da sua missão pessoal. Se o eleger no dia 27 (cumprindo, assim, a segunda etapa), Vidigal também se colocará bem no jogo visando às próximas eleições majoritárias estaduais.

Consagrado e “aposentado por cima” em seu reduto (nada menos que a maior cidade do ES), o atual prefeito poderá tirar uns meses sabáticos e então começar a pavimentar candidatura ao governo pelo PDT em 2026, ancorada no maior colégio eleitoral do Estado, governado então pelo seu aluno. Não terá absolutamente nada a perder.

Mas repito: a viabilidade do projeto depende de eventual sucesso do “Plano Weverson”. Como ninguém neste processo eleitoral no ES, Vidigal foi para o risco total, encarando praticamente um tudo ou nada.

Se o plano der certo, o prefeito alcançará um feito inédito. Fará barba, cabelo e bigode, saindo como o maior vencedor destas eleições municipais no Estado e ficando muito fortalecido para um voo maior em 2026. Mas, se Weverson for derrotado por Muribeca no 2º turno, Vidigal ficará sem a prefeitura e sem base de lançamento alguma para 2026. Sairá derrotado do pleito jogando em casa, sem ter conseguido fazer seu sucessor mesmo tendo a máquina na mão. Aí, adeus 2026.


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