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Coluna Vitor Vogas

Vandinho: “Ricardo já está viável. Não tem mais esse debate”

Para Vandinho, movimentação do prefeito cria dificuldades para o próprio Casagrande. Leia aqui o que mais disse o aliado de Ricardo Ferraço

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Vandinho Leite. Foto: Ales

Vandinho Leite. Foto: Ales

Presidente estadual do PSDB, partido pelo qual Ricardo Ferraço se elegeu com Casagrande (PSB) em 2022, o deputado estadual Vandinho Leite é um dos principais aliados do vice-governador no cenário político do Espírito Santo. Nessa condição, em diálogo com a coluna, ele cravou sobre a pré-candidatura de Ricardo a governador: “Acho que nem existe mais essa conversa de viabilidade. No meu entender, Ricardo já está viável. Não existe mais esse debate”.

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“Em tão pouco tempo de movimentações mais fortes do nosso grupo, o grupo do governador, as pesquisas mostram um crescimento acentuado do Ricardo.”

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As considerações de Vandinho – que procurou a coluna – foram feitas em resposta ao post do secretário de Relações Parlamentares de Vila Velha, Robinho Leite (que já assessorou Ricardo). No último domingo, ao descrever o perfil que acredita que será priorizado pelo eleitorado capixaba em 2026, o articulador político do prefeito Arnaldinho Borgo (sem partido) opinou, “com todo [o] respeito ao Ricardo”, que só dois políticos hoje no Estado, Arnaldinho e Lorenzo Pazolini (Republicanos), correspondem a semelhante perfil:

“Aqui no ES estamos definitivamente num momento de mudança geracional com o final do ciclo das duas lideranças do século XXI que governaram o Estado por 24 anos [Casagrande e Paulo Hartung]. A população deseja para o futuro um governador jovem, moderno e que dialoga com a população pelas redes sociais. Deseja também [alguém] que já tenha sua liderança testada na gestão pública e com capacidade de montar equipe. Conservador nos costumes, mas com preocupações sociais. E neste momento só tem dois políticos em condições de fazer a disputa: Arnaldinho e Pazolini. Falo isso com todo [o] respeito ao Ricardo Ferraço.”

Como interpretei aqui, o post de Robinho Leite de certo modo explicita (ou “escancara”) a concorrência interna instaurada, dentro do grupo de Casagrande, de Arnaldinho com Ricardo, pelo posto de candidato da situação à sucessão governamental.

Vandinho contrapôs-se ao argumento da “mudança geracional”:

“Quando se coloca ‘fim de um ciclo geracional’, como se o eleitor estivesse preocupado com a faixa etária do candidato, não é isso que temos observado… porque, na última pesquisa da Paraná, dos três candidatos que passam dos dois dígitos [na intenção estimulada de voto], dois são políticos mais experientes: Ricardo e Sérgio Vidigal. No meu entender, o eleitor está dando um recado claro de que não está preocupado com a faixa etária e que tem, sim, uma preocupação com a experiência dos candidatos”, avalia Vandinho, também líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa.

Ricardo Ferraço tem 61 anos. Vidigal, 68; Pazolini, 43, e Arnaldinho, 41. Os principais resultados e minha interpretação da pesquisa citada pelo deputado, publicada na última segunda-feira (2), podem ser lidos aqui.

Dando prosseguimento, Vandinho avalia que a movimentação de Arnaldinho e do grupo do prefeito de Vila Velha, concorrendo abertamente com Ricardo, cria dificuldades para o próprio Renato Casagrande, na medida em que obstaculiza o caminho eleitoral que seria natural para ele: renunciar em abril de 2026, deixar o governo tranquilamente com Ricardo, candidatar-se ao Senado (como deseja), eleger-se com uma mão nas costas e apoiar Ricardo para o Governo do Estado. Segue Vandinho:

“Outro ponto de reflexão é que nós, aliados do governador, e aí incluo o prefeito Arnaldinho, temos que dar ao governador o direito que ele tem de ser candidato a senador. Então, forçar um cenário em que o governador não tem o direito de escolher se ele ficará ou não no governo, se ele é candidato ao Senado ou não, não faz muito sentido. Não faz muito sentido qualquer aliado que tem ajuda do governo se posicionar dessa forma neste momento.”

Em outras palavras, na opinião de Vandinho, Arnaldinho está criando dificuldades para Casagrande. Se pressentir o risco de desmanche de seu grupo político, o governador pode se ver forçado a permanecer no cargo, abrindo mão de uma eleição certíssima ao Senado, para conduzir pessoalmente a própria sucessão, preservar a unidade do grupo e evitar entregar de mão beijada o governo para um adversário – como Pazolini. A fragmentação interna favorece o outro lado.

“No meu entendimento, para o governador ser candidato ao Senado e ter o controle da própria sucessão, é extremamente importante que ele tenha o seu grupo organizado e que o Ricardo seja o candidato natural à sucessão, por assumir o governo. Para o governador ser candidato ao Senado sem o Ricardo ser candidato a governador, só se Ricardo não for candidato a nada!”

Em outras palavras, Casagrande só deixará o governo e só será candidato a senador se Ricardo puder mesmo ser o seu candidato a governador. Do contrário, ele fica. Se for “obrigado” por algum motivo a escolher outro candidato à sucessão (Arnaldinho ou quem quer que seja), Casagrande não passará o governo para Ricardo (e, assim, não irá para o Senado). Não sujeitará seu vice-governador ao constrangimento de assumir o governo em seu lugar só para completar seu mandato, negando seu apoio a Ricardo e privando-o do direito de concorrer à reeleição em outubro de 2026. Não, ele não fará isso.

E é por isso que a “pressão” de Arnaldinho gera “incômodo” para Casagrande. É o que se depreende do raciocínio de Vandinho.

“Isso deve incomodar o governador, uma vez que ele quer ter o direito de ser candidato ao Senado. Acho que ele merece esse direito de todos nós no seu entorno. Ele [Arnaldinho], como aliado do governador, acho que deveria, ou poderia, fazer um movimento mais em sintonia. Quem está fazendo um movimento muito bacana, que eu gostaria de elogiar, é o prefeito Euclério Sampaio, que tem deixado clara a sua gratidão ao governo nos avanços em Cariacica e, paralelamente, tem dito que estará no projeto político do governador”, compara Vandinho, que assim desfecha o raciocínio:

“Mas esse tipo de movimentação não está tendo eficácia. O eleitor não está dando eco a esse tipo de argumento”.