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Coluna Vitor Vogas

Republicanos quer formar frente ampla de direita para eleições 2026

Segundo Erick Musso, partido conservador quer ter protagonismo na próxima eleição estadual. Objetivo é consolidar frente com Podemos e PP, podendo ainda atrair outras siglas de direita como o União e o PSD, visando à sucessão de Casagrande no Governo Estadual

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Pazolini ao lado de Erick Musso na convenção do Republicanos em Vitória. Crédito: Max Fonseca

Pazolini ao lado de Erick Musso na convenção do Republicanos em Vitória. Crédito: Max Fonseca

Fortalecido nas urnas no Espírito Santo na atual eleição municipal, o partido Republicanos quer formar uma frente ampla de direita para disputar o Palácio Anchieta em 2026. “O Republicanos vai trabalhar para ser protagonista na próxima eleição estadual”, conta Erick Musso, presidente estadual do partido. Ele revela que a ideia é formar uma aliança entre Republicanos, PP e Podemos, que pode ainda atrair outros partidos de direita (União Brasil, PSD e PL), visando à sucessão do governador Renato Casagrande (PSB) daqui a dois anos.

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Na presente eleição municipal, o Republicanos foi um dos partidos que acumulou melhores resultados nas urnas no Espírito Santo. Com oito prefeitos eleitos, é a quarta agremiação que mais vai governar municípios capixabas a partir de janeiro (atrás de PSB, PP e Podemos).

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Somando a população dessas oito cidades, serão mais de 600 mil pessoas sob governos municipais do Republicanos. Nesse quesito, o partido só fica atrás do Podemos. Os destaques são a eleição do vereador Rodrigo Borges em Guarapari e, acima de tudo, a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini em Vitória.

“Fizemos a joia da coroa, que é a reeleição do prefeito de Vitória, no primeiro turno, contra tudo e contra todos, graças a Deus e ao povo, contra todas as expectativas e perspectivas”, comemora Erick, o grande arquiteto político da coligação que viabilizou a vitória de Pazolini no 1º turno.

Em adição aos prefeitos já eleitos, o partido ainda disputa o 2º turno no município da Serra com o deputado estadual Pablo Muribeca, adversário de Weverson Meireles (PDT). As últimas pesquisas do Ipec para a Rede Gazeta e da Futura para a Rede Vitória indicam favoritismo, hoje, para Weverson. Mas Erick acredita na virada de Muribeca, em cuja campanha está completamente engajado: “Surge uma nova liderança, com 33 anos, na maior cidade do Espírito Santo”.

Se Muribeca se eleger, o número de municípios capixabas governados pelo Republicanos subirá para nove, e a legenda superará o Podemos em “população governada” nos municípios, com cerca de 1,2 milhão de habitantes no total.

O Republicanos ainda emplacou sete vice-prefeitos eleitos, em Castelo, Fundão, Guarapari, Ibitirama, Iúna, Pedro Canário e São Roque do Canaã.

Além disso, o partido de Erick Musso teve bom desempenho nas disputas parlamentares. Em todo o Espírito Santo, a sigla elegeu um total de 70 vereadores. Na Grande Vitória, ampliou sensivelmente sua presença nas Câmaras Municipais. Em 2020, o Republicanos só fez três vereadores na região. Dessa vez, elegeu 11.

O bom resultado do Republicanos chama a atenção porque o partido tem uma peculiaridade que não se pode deixar de ressaltar. E o próprio Erick a destaca: “O Republicanos e o PL são os únicos dois partidos que não estão debaixo da asa do Palácio Anchieta. Isso requer uma força e uma engenharia política muito grande na montagem das chapas e palanques nos municípios”.

É verdade. No atual governo (2023-2026), o governador Renato Casagrande lidera uma coalizão muito robusta, que vai de partidos de esquerda (PSB, PT, PDT) a partidos de direita (PP, Podemos, União Brasil), passando por outros mais ao centro (MDB, PSDB).

Das siglas mais relevantes do espectro partidário, de fato hoje, no Espírito Santo, somente PL e Republicanos, ambas de direita, estão totalmente à margem da coalizão de Casagrande.

Na prática, isso significa que o Republicanos, assim como o PL, não recebeu ajuda alguma do Palácio Anchieta na construção de chapas de vereadores e coligações nas disputas majoritárias (por prefeituras municipais). Em algumas poucas cidades, pontualmente, o Republicanos e o PSB até se coligaram. Por exemplo, em Pedro Canário, o prefeito eleito, Kleilson Rezende, é do PSB, enquanto o vice, Denis Amâncio, é do Republicanos.

No Espírito Santo, o Republicanos se saiu, de modo geral, bem melhor que o PL. Aliado a outro fator – justamente a independência do partido em relação ao Palácio Anchieta –, isso coloca o Republicanos em ótima posição para ambicionar conquistas políticas maiores já no próximo pleito estadual, em 2026. “Saímos fortalecidos”, ratifica Erick. “Vamos trabalhar para que o Republicanos mantenha o tamanho adquirido e para que seja um dos protagonistas em 2026.”

A sucessão de Casagrande, como já analisamos aqui, é um jogo praticamente zerado, cujo início se dá exatamente agora – ou, mais precisamente, a partir do 2º turno na Serra, no próximo domingo (27), quando tivermos conhecido todos os vencedores e soubermos como ficará o tabuleiro geopolítico estadual a partir de janeiro.

É certo, contudo, que o PSB de Casagrande não tem pré-candidato algum à sucessão do governador e que hoje existem muitos possíveis candidatos à sucessão pertencentes ao grupo político de Casagrande, mas nenhum deles pode se considerado um “candidato natural”. Além disso, nada garante que a imensa coalizão casagrandista, reunindo de partidos de esquerda a siglas de direita, manter-se-á aglutinada até o próximo pleito (e para o próximo pleito).

Na verdade, dependendo dos próximos movimentos, é até mais provável que essa grande coalizão edificada em torno de Casagrande se desmantele até lá, que surjam dissidências e que se formem novos arranjos político-partidários tendo em vista a próxima eleição estadual. Para dar um exemplo evidente, sob influência da conjuntura nacional, partidos de esquerda e de direita, unidos circunstancialmente na reeleição de Casagrande e em seu atual governo, dificilmente estarão do mesmo lado na próxima disputa pelo Palácio Anchieta.

Não com essas mesmas palavras, é nisso que Erick Musso parece acreditar. Sem perda de tempo, o dirigente máximo do Republicanos no Estado, articulador político de Pazolini e companhia, já começou a se movimentar nesse sentido, visando à formação de uma frente de direita, agregando algumas siglas de centro-direita, que chegue unida e fortalecida para a próxima corrida ao Palácio Anchieta. Os primeiros passos desse movimento, na realidade, já foram dados agora, nestas eleições municipais.

Erick conta que, nas costuras para formação de alianças e coligações nos municípios, o principal parceiro político do Republicanos foi o Progressistas (PP). O exemplo mais ilustrativo é Vitória, onde o PP filiou e emplacou a empresária Cris Samorini como vice-prefeita de Pazolini. Oficialmente, o PP faz parte do governo Casagrande e, desde o começo de 2019, dirige a financeiramente turbinada Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, com o ex-presidente estadual da legenda, Marcus Vicente.

Ainda de acordo com Erick, o segundo partido com o qual o Republicanos mais fez parcerias nos municípios foi o Podemos. Presidida no Espírito Santo pelo deputado federal Gilson Daniel, a agremiação de centro-direita também faz parte do governo Casagrande e também tem lugar no secretariado – é do partido a secretária estadual de Governo, Emanuela Pedroso.

“A eleição de 2026, naturalmente, terá outros protagonistas. Estamos aliançados com o PP, com quem construímos uma parceria muito forte para estas eleições municipais. Há caminhos para que possamos mantê-la. Também construímos uma parceria muito forte com o Podemos. Esses foram os dois partidos com quem mais construí parcerias. E os três partidos fizeram bonito nas urnas”, destaca Erick.

E fizeram mesmo, estatisticamente. Juntos, Republicanos (8), Podemos (11) e PP (12) elegeram 31 dos 78 prefeitos no Espírito Santo e vão governar praticamente metade dos cidadãos capixabas nos municípios. Com eventual vitória de Muribeca na cidade mais populosa do Estado, o número subirá ainda mais.

Mas o ponto principal é o seguinte: como o próprio Erick sinaliza, as articulações relativas ao pleito municipal de 2024, envolvendo esses três partidos, já serviram de ensaio de dissidência, ou princípio de deslocamento, do PP e do Podemos em relação ao Palácio Anchieta. As duas siglas de centro-direita começaram a se libertar do raio de influência do governo Casagrande em direção a outro movimento, ao lado do partido de direita liderado por Erick no Espírito Santo.

Se vão se desligar de vez da órbita de Casagrande, o próximo ano dirá, mas as chances não são pequenas, pois tanto o PP de Josias da Vitória como o Podemos de Gilson Daniel também serão movidos por projetos próprios de crescimento nas próximas eleições, os quais não necessariamente se darão em sintonia com o do grupo liderado por Casagrande – do qual também fazem parte, por exemplo, Ricardo Ferraço (MDB), Arnaldinho Borgo (hoje no Podemos), Euclério Sampaio (MDB) e Sergio Vidigal (PDT).

Erick confirma que o objetivo é construir uma frente eleitoral de direita para 2026, partindo desse tripé Republicanos/Podemos/Progressistas, mas podendo incorporar outras siglas do mesmo campo. Uma delas é o PSD, presidida no Estado pelo prefeito eleito de Colatina, Renzo Vasconcelos. PSD e Republicanos foram aliados eleitorais em cidades importantes, como Colatina, Vitória e Serra.

Outra sigla que Erick considera aglutinável é o União Brasil, caso um grande aliado dele, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, assuma a presidência estadual no lugar de Felipe Rigoni – hipótese que Erick acredita seguir viva.

“No que depender de mim, vou trabalhar para que isso se mantenha, respeitando a posição de cada um e dialogando com cada um, com o PP, com o Podemos, com o Renzo no PSD, com Marcelo Santos dentro disso, se ele pegar o União… Ainda há essa expectativa. No que depender de mim, não faltarão café e biscoitos para a gente dialogar lá na sede do Republicanos (risos)”.

Erick não descarta nem a adesão do PL a essa frente eleitoral, apesar do afastamento e das críticas do senador Magno Malta, presidente estadual da legenda, ao Republicanos nas eleições municipais. “Se o PL quiser dialogar, estamos de portas abertas.”

Assim que acabar o 2º turno, Erick reunirá todos os líderes do Republicanos no Espírito Santo em um café da manhã para, segundo ele, começar a planejar 2026.

“Agora é trabalhar. Não tenha dúvida de que vamos trabalhar para ter protagonismo em 2026. Não quero falar em cargos. Mas acho que temos tamanho para isso e vamos trabalhar para estarmos na eleição majoritária. E aí a majoritária terá três cargos: governador e dois senadores. O Republicanos naturalmente vai trabalhar com muito afinco, muitas entregas e muito diálogo, sobretudo com a população, para que possamos manter esse tamanho e ser um dos protagonistas da eleição de 2026, debatendo o futuro do Espírito Santo.”


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