Coluna Vitor Vogas
Raio-x: o perfil dos candidatos a prefeito e vereador nas cidades do ES
Os dados mais importantes e os mais curiosos sobre o candidatos, por gênero, idade, estado civil, escolaridade, orientação sexual e identidade de gênero
Um homem branco, empresário, casado e heterossexual, com idade entre 60 e 64 anos e ensino superior completo. Esse é o típico candidato a prefeito de uma cidade do Espírito Santo, nesta eleição municipal.
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Já o protótipo do candidato a vereador no Espírito Santo é um homem negro, agricultor, casado e heterossexual, com idade entre 45 e 49 anos e baixa escolaridade (ensino fundamental completo ou incompleto).
Os perfis predominantes são deduzidos do cruzamento de dados disponibilizados pelo TSE. A página oficial do tribunal oferece um manancial de estatísticas a partir das informações fornecidas por todos os candidatos a prefeito e a vereador no ato de solicitação do registro de candidatura.
Os dados são discriminados e estratificados por categorias como gênero, idade, estado civil, escolaridade, ocupação, cor/raça e orientação sexual. Combinando os segmentos predominantes em cada categoria, chegamos ao “típico candidato” a prefeito e a vereador no Espírito Santo em 2024.
Mas tem muito mais que isso.
A análise detida dos resultados leva a algumas conclusões bem interessantes. A mais importante delas já até foi destacada aqui, num texto à parte: com míseros 7% de candidaturas femininas, o Espírito Santo é o estado com menos mulheres, proporcionalmente, concorrendo a prefeituras municipais no presente processo eleitoral.
Outra conclusão interessantíssima: dos 277 candidatos a prefeito espalhados pelo Espírito Santo, metade preferiu não informar a própria orientação sexual. Dos 138 que responderam, simplesmente todos declararam ser heterossexuais. Ninguém declarou ser gay, lésbica ou ter outra orientação sexual.
Dos 228 que informaram sua identidade de gênero (82% do total), todos disseram ser cisgênero: “pessoa que se apresenta ao mundo e se identifica com seu gênero de nascimento”, segundo a definição do TSE. Portanto, nenhum candidato a prefeito no Espírito Santo se declarou transgênero. E nenhum usa nome social.
A maioria dos candidatos a prefeito é casada (73%), branca (59,5%) e com ensino superior completo (62%). Não há analfabetos declarados, mas dois admitem só saber ler e escrever: o ex-prefeito João Paganini (Podemos), que quer voltar a governar Iconha, e o agricultor Duda Zanotti (Podemos), candidato a prefeito de Ibiraçu.
Quando se trata dos candidatos a vereador, os casados ainda são maioria, embora em percentual menor: 57%. Mas, em outros critérios, observam-se profundas diferenças em relação aos candidatos a prefeito.
A primeira delas é o percentual muito maior de candidaturas femininas: 35% das candidatas à vereança no Espírito Santo são mulheres, contra somente 7% de candidatas a prefeituras municipais.
A explicação é evidente: a cota de gênero imposta pela legislação eleitoral, que obriga cada partido ou federação a preencher, com candidaturas femininas, pelo menos 30% das vagas de candidatos a vereador nas respectivas chapas. A cota não vale em eleições para cargos majoritários, só em disputas proporcionais. No caso concreto, só se aplica na disputa para as Câmaras e não para prefeituras municipais.
Outra diferença está no recorte por grau de instrução. Entre os candidatos a prefeito, os que têm diploma universitário são 62%; entre os candidatos a vereador, não passam de 23,3%. Arredondando as contas, de cada quatro candidatos a vereador no Estado, um não chegou ao ensino médio.
Entre os postulantes a mandatos nas Câmaras Municipais, negros (pretos e pardos) são a maioria (57,1%), enquanto brancos são a maioria (59,5%) dos que buscam governar seus municípios. Arredondando as contas, enquanto três em cada cinco candidatos a prefeito são brancos, só dois em cada cinco candidatos a vereador declaram ter essa cor ou raça.
Por outro lado, nas categorias “orientação sexual” e “identidade de gênero”, o quadro não é muito diferente. Como no caso dos candidatos a prefeito, o grau de “subdeclaração”, ou omissão dessas informações, é bem elevado entre os postulantes a vereador.
Dos mais de 9,2 mil candidatos a vereador pelo Espírito Santo, quase 60% optaram por não divulgar a orientação sexual.
Dos 3.797 que divulgaram, quase 99% declararam ser heterossexuais. Só 42, o equivalente a 1,1%, disseram ser gays (20), lésbicas (13), bissexuais (7) ou pansexuais (2).
Quanto à identidade de gênero, 18% preferiram não informá-la. Dos 7.606 que a divulgaram, só 19 declararam ser transgênero, “pessoa que se apresenta ao mundo e se identifica com gênero diferente do seu gênero de nascimento”, conforme a definição adotada pelo TSE. O conceito engloba tanto as travestis quanto as pessoas transexuais.
Cinco usam nome social.
A seguir, apresentamos o detalhamento das informações:
O RAIO-X DOS CANDIDATOS A PREFEITO NO ES
Gênero
Total: 277
Homens: 258
Mulheres: 19
Só 7% das candidatas a prefeita no ES são mulheres.
Idade
Faixa etária predominante: entre 60 e 64 anos (44 candidatos)
De 85 a 89 anos: dois candidatos (João Paganini em Iconha e Theodorico Ferraço em Cachoeiro de Itapemirim)
Estado civil
Casados: 203 (73%)
Escolaridade
Superior completo: 172 (62%)
Ensino fundamental: 13 (4,7%)
Fundamental incompleto: 8 (2,9%)
Lê e escreve: 2 (0,7%)
Ocupações mais comuns
Empresário: 38 (13,7%)
Prefeito: 36 (13%)
Agricultor: 32 (11,5%)
Cor/raça
Branca: 165 (59,5%)
Parda: 92 (33,2%)
Preta: 19 (6,8%)
Indígena: 1 (0,36%)
Orientação sexual
Dos 277, a metade optou por não divulgar sua orientação sexual.
Dos 138 que divulgaram, todos disseram ser heterossexuais.
Identidade de gênero
Dos 228 que informaram sua identidade de gênero (82% do total), todos disseram ser cisgênero.
Nenhum declarou nome social.
Quilombolas
Dois candidatos a prefeito (1%) declaram ser quilombolas.
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O RAIO-X DOS CANDIDATOS A VEREADOR NO ES
Total: 9.226
Homens: 6.036 (65%)
Mulheres: 3.189 (35%)
Estado civil
Casados: 57%
Idade
Faixa etária predominante: entre 45 e 49 anos (1.544 candidatos)
Só 22 têm 80 anos ou mais, sendo quatro com pelo menos 85 anos.
Seis têm apenas 18 anos.
Escolaridade
Ensino superior completo: 2.153 (23,3%)
Fundamental completo: 1.056 (11,4%)
Fundamental incompleto: 1.153 (12,5%)
Lê e escreve: 174 (1,89%)
Analfabeto: 5 (0,05%)
Portanto, 25,9% dos candidatos a vereador no ES não foram além do fundamental.
Arredondando as contas, de cada quatro candidatos a vereador no ES, um não chegou ao ensino médio.
Curiosamente, os cinco candidatos declaradamente analfabetos (dois homens e três mulheres) fazem parte da mesma chapa: a do Partido da Mulher Brasileira (PMB), em Cachoeiro de Itapemirim.
Ocupações mais comuns
Agricultor: 780 (8,4%)
Servidor público municipal: 690 (7,4%)
Empresário: 631 (6,8%)
Donas de casa correspondem a 241 candidatas (2,61%).
Cor/raça
Brancos: 3.885 (42,1%)
Pretos e pardos (negros): 5.274 (57,1%)
Amarelos: 28 (0,3%)
Indígenas: 15 (0,16%)
Orientação sexual
58,84% optaram por não divulgar.
Dos 3.797 que divulgaram, 3.753 declararam ser heterossexuais, o equivalente a 98,84%.
Só 42, o equivalente a 1,1%, disseram ser gays (20), lésbicas (13), bissexuais (7) ou pansexuais (2).
Identidade de gênero
18% preferiram não informar.
Dos 7.606 que divulgaram, só 19 declararam ser transgênero, enquanto 7.587 disseram ser cisgênero.
Cinco candidatos/as declararam nome social.
Quilombolas
71 disseram ser quilombolas, o equivalente a 1%.
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