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Coluna Vitor Vogas

Pré-candidatura de Soraya a prefeita de Vitória morre em menos de 24h

Diretório Municipal do PP decide arquivar sumariamente pedido da ex-deputada para ser considerada como pré-candidata. Saiba aqui por quê

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Soraya Manato foi deputada federal de fevereiro de 2019 a janeiro de 2023. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Soraya Manato foi deputada federal de fevereiro de 2019 a janeiro de 2023. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Médica obstetra como o marido, a ex-deputada federal Soraya Manato já ajudou a trazer muitas crianças ao mundo em suas décadas de exercício profissional. Ontem (8), a esposa de Carlos Manato (PL) enviou à direção do Progressistas (PP) um ofício no qual formalizou sua intenção de se candidatar pelo partido à Prefeitura de Vitória. Mas esse surpreendente movimento foi um bebê que não vingou. Pereceu em menos de 24 horas. Morreu logo depois de nascer. Ou, a bem da verdade, “já nasceu morto”, na definição do presidente municipal do PP, Marcos Delmaestro.

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A Executiva Municipal do PP em Vitória decidiu simplesmente arquivar o pedido de Soraya para ser considerada como pré-candidata a prefeita. Na prática, o pleito dela nem sequer será submetido à deliberação dos membros do partido na convenção municipal, marcada para o dia 27 de julho. Confirmada por Delmaestro, a decisão foi anunciada pelo vereador Anderson Goggi, único membro da bancada do PP, na sessão plenária da Câmara de Vitória realizada na manhã desta terça-feira (9). Goggi é o vice-presidente do PP na Capital e também integra o Diretório Estadual.

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O PP, assim, segue firme em sua decisão de cúpula de apoiar a reeleição de Lorenzo Pazolini, buscando indicar seu candidato a vice-prefeito, numa coligação da qual também fazem parte o Novo e o Republicanos, partido do prefeito. O PP participa da administração de Pazolini, com cargos. No ano do passado, partiu da legenda a indicação do jornalista Edu Henning para assumir a Secretaria Municipal de Cultura, depois de o próprio Goggi ter recusado convite de Pazolini para o mesmo cargo.

Segundo Delmaestro, a decisão de arquivar o requerimento de Soraya foi tomada por ele e Goggi em conversa na noite de ontem (8). Em reunião na noite desta terça (9), será comunicada aos demais membros em reunião do órgão diretivo municipal.

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“Ela não participou da construção, não participou de nada, não teve diálogo com o partido, e não é agora que pode chegar querendo ser candidata a prefeita”, afirma Delmaestro, sem disfarçar o descontentamento com a iniciativa do casal Manato.

Ainda mais enfático foi o vereador Anderson Goggi, em seu pronunciamento mais cedo da tribuna da Câmara. Ele lembrou que a aliança do PP com o Republicanos, no governo e na campanha de Pazolini, vem sendo dialogada e construída desde o ano passado. Frisou também que, ao se filiar ao PP, no início de abril deste ano, o acordo de Soraya Manato com o partido era o de só disputar uma cadeira de deputada federal, na eleição seguinte, em 2026, sem nada pleitear no pleito municipal deste ano.

“No Progressistas nós cumprimos acordo. O acordo que a Soraya Manato fez no nosso partido foi um: ‘Estou entrando no partido para colocar meu nome à disposição para o processo de 2026. Do processo municipal agora, eu não participarei’. […] Ela não se colocou à disposição para prefeita. […] Nós temos um combinado com o prefeito Lorenzo Pazolini, combinado esse que foi honrado pelo prefeito desde o primeiro dia. O Progressistas hoje tem uma indicação nossa na Secretaria de Cultura. O Progressistas hoje participa da gestão do prefeito Lorenzo Pazolini. O prefeito tem um acordo com o partido Progressistas e até hoje não deixou de honrar nenhum dos combinados que nós temos com ele e com o partido dele, liderado pelo presidente Erick Musso, que foi a ponte que nos aproximou.”

Goggi ainda afirmou que Soraya não participou da construção da chapa de candidatos a vereador do PP (ao contrário de Pazolini) e que a ex-deputada federal nem sequer conhece as mulheres que serão candidatas pela agremiação em Vitória.

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“Se, quando ela entrou, ela quisesse ser pré-candidata a prefeita, ela teria que começar a construir um diálogo com a cidade, ela teria que ter colocado esse ponto na pauta quando ela entrou. Então ela não colocou nada disso, ela não construiu com a cidade, não ajudou a construir, ela não conhece a nossa chapa de vereador, ela não conhece as mulheres que estão no partido. Como é que agora, faltando 20 dias para a nossa convenção, ela vem se colocar à disposição?”

Goggi relatou que, por telefone, o deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP, confirmou para ele o que disse ontem a esta coluna: “A conversa [com Pazolini] continua a mesma”.

O vereador ainda lembrou que o empresário Du da Kawasaki, que também tenta viabilizar candidatura a prefeito de Vitória, estava no PP até março, mas precisou trocar de partido justamente devido ao compromisso do PP com Pazolini. O empresário filiou-se ao Avante.

“O Progressistas tem o compromisso com a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini. Então fica aqui o recado de um membro da Executiva Municipal e da Executiva Estadual”, finalizou Goggi, diante de Marcos Delmaestro, presente no plenário da Câmara durante o discurso.

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Nas últimas semanas, Delmaestro foi visto muitas vezes no palanque de Pazolini, marcando posição ao lado dele, durante a maratona de anúncios e inaugurações protagonizada pelo prefeito na reta final do prazo em que a Justiça Eleitoral autoriza esse tipo de evento. Desde o último sábado, três meses antes do 1º turno, agentes públicos não podem promover nem participar de cerimônias públicas do gênero.

Em entrevista ontem a este espaço, a ex-deputada Soraya Manato afirmou que seguiria a decisão do partido no processo eleitoral em Vitória, ainda que seja a manutenção do apoio a Pazolini. “Sim, claro. Serei fiel ao meu partido.”

Um processo eleitoral é feito de fatos e factoides. Faz parte do jogo, cada um puxando para o seu lado. Este seguramente entra na segunda categoria.


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