Coluna Vitor Vogas
Luiz Paulo escolhe vice ligado a Rigoni para conter Marcelo Santos
Pré-candidato a prefeito de Vitória está jogando xadrez com o presidente da Ales. Bloqueando o avanço de Marcelo, usou um peão chamado Victor Ricciardi para proteger uma torre chamada União Brasil
Contrariando a máxima de que companheiro de chapa é a última coisa a ser definida, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) antecipou para a última sexta-feira (5) a escolha e o anúncio do candidato a vice-prefeito que o acompanhará na campanha para tentar voltar ao comando da Prefeitura de Vitória. Será o advogado Victor Ricciardi, de 34 anos, presidente municipal do partido União Brasil.
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A agremiação é uma das seis unidas na coligação formada em torno de Luiz Paulo. As outras são o PSB, o MDB e o PSD, além da federação composta pelo PSDB do próprio candidato com o Cidadania.
Do ponto de vista político, a característica mais marcante do jovem dirigente do União Brasil é sua ligação umbilical com o ex-deputado federal e atual secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, presidente estadual do mesmo partido e considerado por Victor o seu mentor.
Rigoni, por sua vez, é muito próximo politicamente de Luiz Paulo. Em março de 2022, quando o então deputado federal assumiu a presidência do União no Espírito Santo e se lançou ao Governo do Estado, Luiz Paulo desempenhou a função de coordenador do que seria o seu plano de governo.
O plano não foi à frente, na dupla acepção do termo, pois Rigoni acabou desistindo da candidatura ao Palácio Anchieta (contra o aconselhamento de Luiz Paulo). Mas ficou a amizade, assim como a afinidade política e de pensamento. Os dois não escondem a mútua admiração.
Antes mesmo de se erguer esse grupo de seis partidos em Vitória numa “frente de centro” liderada por Luiz Paulo, Rigoni já declarava que o tucano era o pré-candidato dele mesmo e do União. Pode-se dizer que o ex-deputado foi o primeiro a cerrar fileiras com Luiz Paulo. Depois, quando essa frente de centro se formou, mas ainda com alguns pré-candidatos na parada (entre março e junho deste ano), Rigoni defendeu internamente que o tucano fosse o candidato do grupo.
Rigoni é, resumidamente, o grande avalista político do apoio do União a Luiz Paulo. E o União não é um partido qualquer, do qual se possa abrir mão. Com uma das maiores bancadas eleitas na Câmara dos Deputados em 2022, a legenda aporta para Luiz Paulo, além de recursos financeiros, um tempo de TV considerável (na soma dos seis partidos, o candidato acredita que possa superar 4 minutos por bloco de 10, no horário eleitoral gratuito).
Muito bem…
Marcelo Santos à espreita
De repente esse “fiador político” passou a ver ameaçada a sua posição no topo da hierarquia do União Brasil no Espírito Santo. E a “ameaça” atende pelo nome de Marcelo Santos.
Com a oficialização da entrada do presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) no União Brasil, o que até então poderia ser tomado por alguns como hipótese remota ganhou ares de possibilidade concreta, de ameaça iminente: eventual tomada do União por Marcelo.
Dentro do QG de Luiz Paulo, passou a ser tratado como real o risco de queda de Rigoni da presidência estadual do União, por força de eventual golpe desferido de cima para baixo por Marcelo, em articulação direta com o novo comando nacional do partido, em Brasília. Com isso, a perda do União Brasil também passou a ser tratada como ameaça real no bunker de Luiz Paulo: se Rigoni perde a presidência para Marcelo, o União pode ir embora junto.
O sinal de alerta geral disparou na última quarta-feira (3), data em que Marcelo anunciou sua filiação ao União Brasil – não por acaso, diretamente em Brasília, sem nem sequer dar ciência a Rigoni e com a ficha abonada pelo novo presidente nacional do União, Antônio Rueda, empossado no início de junho. Marcelo, aliás, foi à sua festa de posse, em Brasília.
Em primeiro lugar, o presidente da Assembleia nunca escondeu que só iria para o União Brasil se fosse para presidir o partido no Espírito Santo. É exatamente nesse sentido que conduziu e segue conduzindo sua articulação. Ele não chega ao partido como novo presidente estadual (por ora e até segunda ordem, Rigoni segue no cargo). Mas seu objetivo segue sendo esse.
Em segundo lugar, apesar de ser aliado do governador Renato Casagrande (PSB), Marcelo apoia, na disputa em Vitória, a reeleição do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) – adversário de Luiz Paulo, de Casagrande e do Governo do Estado.
Ora, as convenções partidárias ainda não foram realizadas. Oficialmente, pelo calendário eleitoral, deverão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Nelas, cada partido lavrará em ata suas candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador, bem como a eventual participação em coligação na disputa majoritária.
A convenção dos seis partidos que hoje estão com Luiz Paulo será unificada, daqui a dois domingos, no dia 21 de julho.
Até lá, nada é oficial. O que há são intenções, acordos verbais, mãos apertadas e palavras empenhadas.
Vai que…
Sendo assim, vamos supor que, antes da temporada oficial de convenções partidárias, por intervenção da Executiva Nacional do União Brasil, Marcelo Santos assumisse a presidência estadual da sigla no lugar de Rigoni, sendo designado para presidir um órgão diretivo provisório no Espírito Santo.
A partir daí, ele teria poderes para desfazer todos os acordos costurados por Rigoni até então. No limite, poderia levar o União para a coligação de Pazolini em Vitória.
Seria traumático? Sim.
Seria impossível? Não.
Sem subestimar a astúcia de Marcelo Santos, Luiz Paulo não quis pagar para ver.
Que ele escolhesse um vice do União Brasil, era até natural… Já estava nos planos de Luiz Paulo. Fazer isso agora, com tamanha antecedência, é que não estava no script.
Luiz Paulo resolveu antecipar o movimento para se antecipar a eventual jogada de Marcelo. Precipitou o anúncio para evitar que as cosias se precipitassem sobre ele.
Ao anunciar para o mundo inteiro que seu vice é do União Brasil, tem nome, sobrenome, CPF, residência fixa etc., o pré-candidato tucano visa inibir qualquer eventual jogada contrária que objetive deslocar o apoio do União para Pazolini ou quem quer que seja.
Rigoni passa a ter um belo argumento a apresentar para a cúpula nacional, justificando o caminho tomado pelo União em Vitória, sob a sua direção.
Com o União tendo o candidato a vice, um quadro próprio na disputa majoritária, será constrangedor o partido voltar atrás para apoiar qualquer outro candidato. Esse é o raciocínio.
Luiz Paulo, enfim, está jogando xadrez com Marcelo Santos. Para bloquear uma investida do oponente, moveu um peão chamado Victor Ricciardi de modo a proteger uma torre chamada União Brasil, repleta de recursos e de tempo de TV.
O que dizem Luiz Paulo e Rigoni
Victor Ricciardi é advogado especializado em Direito Público, Processo Civil, Direito Civil e Empresarial. Já atuou como secretário Adjunto de Habitação na Serra de 2019 a 2020 e foi assessor especial na Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Sobre a escolha, Luiz Paulo afirmou:
“O União Brasil indicou o Victor para compor a nossa chapa, e ele representa exatamente o perfil que eu gostaria. É um jovem advogado com experiência na administração pública, atuava na Secretaria Estadual de Meio Ambiente na área de concessões de parques, temos afinidade de ideias. Ele é mais jovem, tem 34 anos, e tem muita disposição para trabalhar e nos ajudar a transformar Vitória de novo na locomotiva do Espírito Santo.”
Felipe Rigoni elogiou a escolha e destacou a sinonímia entre ele e seu pupilo:
“Victor é um dos meus maiores colaboradores na Seama. Ele é responsável pelo maior projeto, que é o de concessão dos parques ambientais. É um técnico e um político ao mesmo tempo, tem formação em Direito, especialização em Direito Administrativo e também consegue navegar em vários outros assuntos. Sem sombra de dúvida, vai cumprir um papel exemplar como vice-prefeito da cidade de Vitória. É importante dizer que o Victor na campanha é o Felipe Rigoni na campanha”.
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