Pazolini ganha apoio inesperado de deputado da base de Casagrande

Lorenzo Pazolini (ao centro, com o microfone) e José Esmeraldo, do lado direito dele (04/07/2024). Foto: Vitor Vogas

“Esta é a joia da coroa!”, celebrou o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), na manhã desta quinta-feira (4), em alusão ao Mercado da Capixaba, durante a cerimônia de inauguração da obra de restauração do espaço histórico para o comércio local, situado no Centro de Vitória. O evento não era eleitoral, mas, em alguns momentos, ganhou ares de pré-campanha. E Pazolini também saiu dali com uma nova joia em sua coroa de candidato à reeleição. Algo assim, como uma “esmeralda”… no masculino.

De maneira inusitada, o deputado estadual José Esmeraldo apareceu ao lado de Pazolini e declarou apoio à reeleição do atual prefeito. “Inusitada” porque, na Assembleia Legislativa, o veterano deputado faz e sempre fez parte da base aliada do governador Renato Casagrande (PSB), adversário de Pazolini. Casagrande apoia dois oponentes do atual prefeito: o deputado estadual João Coser (PT) e o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).

Esmeraldo tem reduto eleitoral em Vitória, onde já foi vereador, principalmente em Jardim Camburi, o bairro mais populoso da cidade e do Espírito Santo. Ainda é muito influente por ali e pode ser muito útil como cabo eleitoral.

O deputado é pai do engenheiro Sérgio Sá, que foi vice-prefeito durante a administração do antecessor (e adversário) de Pazolini, Luciano Rezende (Cidadania). Serginho, como é mais conhecido, foi candidato a prefeito em 2020 pelo PSB (oponente de Pazolini, portanto) e, por muitos anos, militou no partido de Renato Casagrande.

Segundo Esmeraldo, seu filho agora está sem partido e vai seguir seu movimento eleitoral. “Ele apoia quem eu apoiar”, resumiu.

Não consegui um retorno de Sérgio Sá para saber se ele confirma as afirmações do pai.

“Traidores” e “traidores”…

Esmeraldo e Pazolini foram colegas no plenário da Assembleia de 2019 a 2020. Chamando o prefeito de “jovem brilhante e competente”, o deputado exortou a plateia, formada por apoiadores do prefeito: “Ninguém aqui vai trocar o certo pelo duvidoso! Levanta a mão quem quer trocar o certo pelo duvidoso! Vamos ver se tem algum traidor aqui!”

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Retribuindo os afagos, Pazolini disse ao público que aprendeu muito na Assembleia com Esmeraldo e que era uma honra tê-lo ali.

2026 é logo ali…

Nas entrelinhas, Esmeraldo deu a entender que, se reeleito, Pazolini pode renunciar antes da metade do segundo mandato (até abril de 2026) para ser candidato a governador: “Se esse cara fez o que fez em quatro anos, imagine se a gente der pra ele mais um tempo, que todo mundo sabe qual é…”

Polícia Federal

“Na Prefeitura não tem mais Polícia Federal, porque o cara trabalha direito…”, também disse Esmeraldo. A alusão, maliciosa, foi a uma operação realizada pela Polícia Federal na sede da Prefeitura de Vitória em 2020, em plena campanha eleitoral. Até hoje a história é mal explicada.

Assinatura simbólica

Esmeraldo até assinou como testemunha, simbolicamente, o termo de concessão do Mercado da Capixaba por cinco anos, prorrogáveis por igual período, ao lado de Pazolini e de outros signatários.

“Quero trocar de partido”

O PDT, partido de Esmeraldo, pelo qual ele se reelegeu na Assembleia em 2022, pertence à base de Casagrande e apoia João Coser em Vitória, conforme decisão tomada na última terça-feira (2).

Esmeraldo afirma que quer mudar de legenda e que, para isso, já até pediu liberação à direção estadual do PDT.

Ele não é o único

O deputado estadual Denninho Silva, da Grande Goiabeiras, também pertence à base governista na Assembleia, mas apoia a reeleição de Pazolini. Denninho pediu para sair do União Brasil e já recebeu a carta de anuência da direção da sigla, que apoia a volta de Luiz Paulo à Prefeitura de Vitória.

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Estéfane passou longe

A inauguração do Mercado da Capixaba restaurado atraiu vários vereadores da base do prefeito e quase todos os seus secretários municipais. Quem passou longe foi a vice-prefeita, Capitã Estéfane (Podemos), pré-candidata a prefeita e adversária política de Pazolini.

Ela não passou em branco, porém. Como vice-prefeita, seu nome consta nas duas placas inaugurais: a do Mercado da Capixaba e a do Pátio Cultural Alexandre Lima, o pátio interno do edifício, em justa homenagem ao falecido músico.

Gafe: “Ninguém achava que ia trabalhar muito…”

O vereador governista Maurício Leite (PRD) foi o responsável pela grande gafe do dia. No meio do discurso mandou esta, querendo dizer que o prefeito surpreendeu positivamente: “Pazolini, que ninguém achava que ia trabalhar muito…”

Como assim, vereador?!?

Modo reeleição, só em agosto

À coluna, Pazolini afirmou que só pretende mesmo entrar no modo “campanha à reeleição” em agosto.

Quem está tocando as articulações eleitorais em seu nome, segundo ele, são o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, e o antecessor deste no cargo, Roberto Carneiro.

Parceiro político de Erick, Roberto é o atual presidente do Republicanos em São Paulo, mas segue muito influente no partido no Espírito Santo.

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A convenção municipal do Republicanos, na qual Pazolini terá a candidatura lançada e homologada, ainda não está marcada.

Aridelmo deixa cargo na gestão

No início de junho, Aridelmo Teixeira (Novo) foi exonerado do cargo de secretário de Governo de Vitória, deixando de ser ordenador de despesas e assim mantendo-se apto a completar a chapa de Pazolini, eventualmente, como pré-candidato a vice-prefeito.

Nessa sexta-feira (5), respeitando nova exigência legal imposta pelo calendário eleitoral, Aridelmo deve ser exonerado do cargo comissionado de assessor especial da Secretaria de Governo, assumido por ele por um mês. Desse modo, seguirá vivo no jogo como opção na manga de Pazolini.

Como está essa concorrência

Os concorrentes de Aridelmo são dois nomes do partido Progressistas (PP): a empresária Cris Samorini e o presidente da Câmara de Vitória, Leandro Piquet. Ambos têm interesse na vaga. Cris é mais ligada ao deputado federal Evair de Melo; Piquet, ao deputado federal Josias da Vitória, presidente estadual do PP.

Dos três nomes, Aridelmo é disparadamente o mais próximo de Pazolini e quem priva da confiança pessoal do prefeito. Mas o PP tem os recursos de campanha e o tempo de TV para a coligação (o que o Novo não oferece).

Se Pazolini e seus estrategistas sentirem que dá para levar no 1º turno, aumentam as chances de Aridelmo (já que os ativos do PP seguirão sendo importantes, mas já não tanto assim). Se houver grandes chances de eleição em dois turnos, as chances do PP crescem muito.

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